Dulce Maria

Saímos do quarto muito tempo depois, tínhamos conversado sobre tudo. E chorado muito. Ficamos tanto tempo trancadas que já anoitecia. Não tínhamos almoçado e tão pouco Chris ou Alfonso apareceram. Elizabeth segurava minha mão durante todo o caminho até a sala. Ela não parava de sorrir. E eu também não.

Apesar de começar à me preocupar por não ter dado de mamar durante todo esse tempo. Também não tinha ouvido o choro de Maria Paula. Voltamos para a sala e a primeira coisa que vi foi Alfonso segurando minha filha e mexendo na mãozinha dela. Christopher estava jogado no sofá ao lado apenas olhando a cena dos dois. Os dois nós encaravam curiosos quando notaram nossa presença.

Alfonso: Então? - olhava para a mãe e para mim. - Está tudo bem?

Dulce: Por quê você não deixa sua sobrinha com o pai dela e vêm dar um abraço na sua irmã mais velha? - estiquei meus braços sorrindo.

Na mesma hora Alfonso levantou entregando minha filha para os braços do pai e praticamente correu na minha direção me dando um forte abraço.

Alfonso: Nem acredito que você nós aceitou. - falou me apertando - Eu te amo tanto Alys...quer dizer, Dulce. - riu.

Dulce: Desculpe pelo ataque de mais cedo. - fechei os olhos - É muito bom ter um irmão. Muito bom mesmo. - sorri.

Alfonso: Tudo bem. Acho que qualquer um ia agir assim. - se afastou o suficiente para me encarar. Seus olhos verdes brilhavam - Estava torcendo para que nós aceitasse. Estava louco para poder chama-lá de irmã.

Dulce: Bom, agora você pôde. E vocês são minha família. Nem acredito que tenho realmente uma.

Alfonso: Não acredito que tenho você como minha irmã. - voltou a me abraçar mais uma vez - E ainda tenho uma sobrinha. Você é incrível Dul.

Dulce: Vocês que são incríveis Alfonso.

Alfonso: Poncho. Me chama de Poncho. - beijou meu rosto antes de se afastar e ir abraçar a mãe - Eu falei que no fim, ia dar tudo certo, não?

Elizabeth: Falou sim filho. - seus olhos vermelhos brilhavam - Agora minha vida está completa de novo. - segurou na mão dele e na minha - Agora posso viver tranquila com vocês comigo. Meus dois filhos. Amo tanto vocês. - soltou nossas mãos e nos abraçou de lado.

Sorri.

Dulce: Isso é um pouco estranho. Mas vou me acostumar. 

Alfonso: Posso imaginar. Mas não quero me desgrudar agora que a encontramos. - falou feliz.

Dulce: E não vão. - garanti também feliz.

Meus olhos foram para o sofá onde Christopher olhava a cena calado. Maria Paula estava quieta no colo dele. Não quis, mas precisei me afastar do abraço de Elizabeth e ir direção dos dois no sofá, Christopher tinha um leve sorriso nos lábios quando me aproximei.

Dulce: Ainda tinha leite na geladeira? - perguntei tirando minha filha do colo dele. Ela resmungou, mas não chorou. - Oh, meu amor. Mamãe estava com saudades. - beijei seu rostinho.

Christopher: Sim. Ainda tem. A idéia de armazenar leite não poderia ter sido de melhor hora. - me encarava ansioso. - Então, você é uma Saviñón Jones. - sorriu petulante.

Dulce: É. Parece que sim. - sussurrei.

Elizabeth e Alfonso se aproximaram ficando no sofá. Fitei minha filha que tinha outra roupa. E estava bastante cheirosa. Com aquele cheirinho de shampoo de bebê inconfundível.

Alfonso: Expliquei tudo para Christopher. - falou para a mãe e ela assentiu - A gente não quis atrapalhar vocês, então, como a Maria Paula tinha leite na geladeira - me encarou - Não precisamos leva-lá até lá. Ucker e eu cuidamos muito bem dela. A gente até deu banho nela. E ela quase não chorou a tarde inteira também. - falou de uma forma orgulhosa. - Aprendi a trocar fralda e colocar ela para dormir.

Dulce: Você deu banho, nela? - falei surpresa encarando meu noivo. Ele tinha medo de "afoga-la" ou entrar água nos ouvidos dela. Pensei que fosse levar muito tempo para isso acontecer.

Christopher: Precisei e como não queríamos atrapalhar, Alfonso me ajudou muito. - beijou o rostinho da nossa filha - Foi tudo com cuidado extremo, mas ela ficou cheirosa, não é? O shampoo está até agora nela.

Dulce: Muito bem papai. Parabéns! Ela está muito cheirosa até agora. - dei um rápido selinho nele.

Elizabeth: Posso segurar ela um pouquinho? - pediu tímida.

Dulce: Claro. - apenas me inclinei e passei Maria Paula para os braços dela.

Elizabeth: Ela é tão linda. - aconchegou ela tão bem e com tanta facilidade nos próprios braços. - A minha neta é a bebê mais linda do mundo. - tocou na mãozinha dela.

Christopher passou o braço em volta da minha cintura me levando para mais próximo dele no sofá. Ficamos olhando Elizabeth, Maria Paula e Alfonso.

Alfonso: Ela é muito parecida com Christopher. O nariz é idêntico do pai dela. E o sinal? Eu amo esse sinal no ombro mocinha..- falou todo bobão para a sobrinha. - Acredita que já é avó, mamãe? - riu.

Os dois babavam nela completamente intertidos. Elizabeth venerava minha filha. E os olhos verdes de Alfonso só faltavam me cegar com tanto brilho.

Elizabeth: Amo que já sou vovó. - sorriu - E eu amo aquele sinal que parece uma tatuagenzinha. Combinou tão bem com ela, ficou um charme. Perfeito.

Christopher: Alfonso me contou tudo. - falou baixinho no meu ouvido - Passamos a tarde inteira falando sobre sua origem. - segurou na minha mão - Está feliz com tudo isso?

Desviei o olhar dos três no sofá e encarei Christopher.

Dulce: Sim. Vai ser difícil colocar na minha cabeça que agora tenho uma mãe, um irmão e uma tia também, enquanto minha vida inteira achava que só tinha Maite e Zoraida. - expliquei - Amei Elizabeth desde que a vi pela primeira vez e amo ela ainda mais depois dessa... revelação. É do fundo do meu coração quando digo que não preciso de uma mãe. Porque eu não preciso mesmo. Mais eu quero uma mãe. - falei séria - Quero muito uma mãe. Quero poder conhece-lá como filha, quero fazer parte da vida dela e quero que ela faça da minha vida, quero conhecer meu irmão melhor, quero que tenhamos uma relação de família. Quero tudo o quê um dia me foi negado por direito.

Ele levou as mãos até meu rosto e acariciou. Fechei os olhos e sua boca foi de contra à minha. 

Christopher: Você nunca me permitiu ir atrás da sua origem. Mas sua origem andou ao seu lado por meses. Estava em todos os momentos importantes na sua vida. O jantar de noivado, quando retornou para mim, durante o final da gravidez e na hora do parto. Sua mãe esteve ao seu lado em todos esses momentos e agora é tudo tão claro pra mim que fico me sentindo um idiota e burro por não ter reparado ou descoberto antes. Vocês duas tem uma conexão tão forte. Que tenho certeza que apenas mãe e filha têm. As vezes vocês pareciam perdidas no olhar uma da outra, que chegava à me espantar. 

Dulce: O coração sempre sente, não é? 

Christopher: Você já tinha uma família. Maite e Zoraida sempre foram sua família independente de qualquer coisa. Mas agora, essa família aumentou. - sorriu. - Agora você sabe toda sua origem, seu passado. Você é uma Saviñón Jones. Tem noção disso?

Dulce: O sobrenome deles não me importa. E você sabe disso. Acho que nem quero que mude nada na minha certidão se não for, seu sobrenome, claro. - sorri - A única coisa que quero, é começar uma relação que está à vinte e um anos atrasada. 

Christopher: E você terá. Elizabeth e Alfonso estão loucos para isso também.

Dulce: Eu fui adotada uma vez...

Christopher: Alfonso me contou pequena. Ele me contou tudo. 

Dulce: Então, é isso. - o abracei fechando os olhos.

Christopher: Não amor. Ainda precisamos falar sobre aquele maldito orfanato. - me apertou em seus braços.

Dulce: Por favor Chris. Por favor. - pedi - Eu não quero lembrar de nada daquilo. Foi a muito tempo. E eu superei. Assim como Maite. A última coisa que quero é falar sobre isso. 

Christopher: Ele está fechado?

Dulce: Há muito tempo. Nenhuma criança continua nas mãos delas. E eu não quero e não posso voltar para o passado. - o encarei - A única coisa que quero é aproveitar o presente e planejar o nosso futuro juntinhos.

Ele beijou meu rosto.

Christopher: Então assim será. - finalizou me dando um beijo na boca.

"Fecha os olhos golfinhazinha! Está muito cedo para ver as servergonhices dos seus pais" Alfonso provocou.

"Cala a boca Alfonso! Deixa eles." Elizabeth brigou divertida.

Paramos o beijo e eu encarei meu agora irmão. Ele era meu irmão. Alfonso era meu irmão. Irmão.

Dulce: Golfinhazinha..?

Ele riu.

Christopher: Nem pergunte sobre seu apelido meu amor. - sussurrou em advertência no meu ouvido arrepiando meu corpo inteiro.

Os apelidos do Poncho kkkkkkkkkkk

Enfim, a Dulce agora têm uma mãe e irmão *_* 

É de partir o coração tudo o que ela sofreu junto com a Mai, né?

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