Dulce Maria

Christopher andava em direção ao elevador, quando consegui o alcança-lo e o segurei pelo braço. Ele parou de andar mas não virou para mim. Ficou apenas parado olhando fixamente para o elevador. Ele não conseguiu nem ao menos me encarar.

Dulce: Christopher, meu amor...

Christopher: Cala a boca! - falou baixinho.

Dulce: Amor..- minhas lágrimas quase me cegaram - Eu..eu eu..eu não..eu

Ele puxou o braço me obrigando a solta-lo e me encarando.

Christopher: Como pôde? - seus olhos estavam cheios de lágrimas - Como pôde fazer isso...comigo? - uma lágrima desceu por seu rosto, seguida de outra e outra e outra.

Se antes meu coração estava partido com tudo que aconteceu, agora ele estava destroçado em vários pedacinhos ao olha-lo daquele jeito.

Dulce: Eu não..não tive culpa. Eu...

Ele riu sem humor e ficou ainda mais sério.

Christopher: Ele te obrigou? Foi isso? Ele te obrigou? - de repente me segurava pelos ombros - Foi isso, não foi? Ele te obrigou! Diz. Por favor.

Dulce: Christopher..

Christopher: Diz que foi isso. - me balançava - Diz que foi isso. Por favor. Diz que foi isso. Por favor! Diz. - implorou.

Dulce: Não. Mas eu..

Christopher me soltou como se eu estivesse em chamas.

Christopher: Você quis! - constatou com a voz embargada. - Você quis. Como pôde Dulce? Como pôde? 

Dulce: Christopher, meu amor, eu não percebi. - falei rápido segurando na camisa dele - Eu...vocês são tão idênticos, eu...eu você...- falei totalmente desorientada pelo choro e pelos acontecimentos 

Christopher me afastou dele.

Christopher: Você me traiu! Me traiu! - acusou.

Dulce: Christopher... não...

Christopher: Te quero longe de mim. - falou limpando o rosto, respirou fundo e deu as costas chamando o elevador.

Dulce: Não. - o segui - Não. Vamos conversar. Por favor! Por favor! Eu não..tive culpa. Não tive. 

Christopher: Merda! - socou o quadro na parede - Vou de escada! - andou até o final do corredor e abriu as portas começando a descer.

Dulce: Não. Não. Não. Não. Não. - corri e desci as escadas rapidamente o seguindo - Christopher por favor, por favor, meu amor, não. Eu te amo. Não foi culpa minha. Por favor. Me escuta. Vamos conversar. Por favor. - implorei.

De repente ele parou e me encarou com raiva. Desci a última escada. Ainda tinha duas inteiras pela frente, mas tínhamos parado no canto estreito.

Christopher: O quê disse? - murmurou.

Dulce: Eu te amo. Por favor amor, eu não tive culpa. - tentei tocar no rosto dele, mas ele se afastou.

Christopher me encarou voltando a chorar. 

Christopher: Como pôde dizer que me ama se transou com ele?

Dulce: Eu não percebi que não era você. - falei rápido - E...

Christopher: COMO PÔDE DIZER QUE ME AMA SE NEM AO MENOS CONSEGUIU ME RECONHECER? - gritou furioso e caiu num choro compulsivo.

Dulce: Eu..eu..eu...- guaguejei e solucei não conseguindo mais falar.

Christopher: Você diz que me ama, mas não recon..hec..eu minha voz, o meu ch..eiro, o meu beijo. - falou magoado.

Baixei a cabeça soluçando mais.

Christopher: Que amor é esse Dulce Maria? - questionou decepcionado. - Voc..ê nem....- não conseguiu completar soluçando.

Dulce: Christopher..- tentei respirar fundo e limpar meu rosto.

Christopher: Você gostou? Heim? Gostou? 

Dulce: Não. Não. Não. Não. - balancei a cabeça - Christopher, você...

Christopher: Cala a boca! - mandou irritado - Você nem aos menos me reconheceu, você e ele...- deu as costas - Te quero bem longe de mim. Não se aproxima mais de mim. 

Dulce:  Christopher...por favor. - pedi tentando toca-lo. Ele me olhou com dor, muita dor. - Por favor! - sussurrei.

Christopher: Não se aproxima mais de mim. - falou baixinho e voltou descer as escadas rapidamente.

Para não cair, tive que sentar no degrau e chorei. Chorei. Chorei. Chorei. Meu corpo não parava de tremer. Pensava em tudo e em nada. 

Como fui burra!

Meu Deus!

O quê eu fiz?

O quê eu fiz?

Solucei.

A forma que ele me olhou...

Ele não ia me perdoar nunca. 

Nunca!

Nunca!

Solucei.

Não sei quanto tempo fiquei ali encolhida, mas levantei ainda chorando e desci as escadas, percebi que tinhas duas grandes portas, mas não vi qual escolhi, só entrei e andei com as mãos no rosto. Eu não parava de soluçar. 

Xxx: Moça?! O que houve? - uma voz falou ao longe.

Ignorei, mas levantei a cabeça para ver onde estava. Olhei ao redor. Era uma espécie de corredor e ao fundo, podia ver uma enorme porta aberta que dava para a parte de fora atrás do hotel.

Xxx: Moça? - falou atrás de mim.

Dulce: Me deixa..- murmurei seguindo em direção a porta.

Xxx: Creio que não será possível. - tocou no meu ombro me virando para encara-lo, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, um pano com um forte cheiro cobriu minha boca e meu nariz. Me debati inteira e tudo que vi antes de um forte sono me invadir, foi a lâmpada do corredor e tudo ficou escuro.

Christopher Uckemann

Não vi como sai do hotel e nem vi como cheguei no apartamento. Tudo estava fora do ar, minha cabeça repassava as cenas anteriores sem parar. As lágrimas desciam livremente, nem que eu pudesse controlar, não ia conseguir, estava doendo. Como estava doendo, estava doendo tanto. A última vez que senti isso, não era verdade. Não era real.

Mas agora é.

De tudo o quê aconteceu e que não era pouco, o quê mais doía e me destruía era saber que Dulce, o amor da minha vida, me traiu. E para acabar de vez comigo, era saber que ela me traiu porque não me reconheceu. 

Caralho!

Como isso doía!

Ela não me reconheceu!

Meu carinho, meu beijo, meu cheiro e até a forma como fazíamos amor ela não reconheceu. Simplesmente não reconheceu. Como podia ser possível? Já que ela me amava?

Como alguém não reconhece o seu amor?

A imagem dela nua assustada ao chão. 

Aquele desgraçado rindo.

Aquela maldita cama!

Christopher: INFERNO! - gritei derrubando tudo que via pela sala. 

O ódio, a raiva e a decepção dominava cada parte do meu ser. A imagem dos dois não saia da minha cabeça. Eu queria mata-lo. Eu queria mata-lo. Eu juro que queria mata-lo. Eu deveria tê-lo matado naquele maldito quarto. Por que porra não fiz isso?

Ele veio para destruir minha família.

E conseguiu.

Maldito!

"Christopher? O quê aconteceu? Por quê está desse jeito?" Senti duas mãos tocando meu rosto e uma voz preocupada ao longe.

Maldito!

Maldito!

Maldito!

Maldito!

Maldito!

Maldito!

Maldito!

Maldito!

"Christopher olha para mim! Christopher olha para mim!" As mãos tentaram levantar meu rosto. "Christopher por Deus! A Maria Paula está chorando com todo esse barulho. O quê aconteceu? Por quê está desse jeito? Cadê a Dulce? Christopher! Por favor! Olha pra mim!" 

Ao ouvir o nome da minha filha, as cenas na minha cabeça sumiram e eu encarei vários vidros espalhados pelo chão. Pisquei controlando o choro e ouvi minha filha chorar ao longe. Levantei a cabeça percebendo que estava ao meio da sala e dona Clarice segurava meu rosto. Seus olhos mostravam preocupação.

Me afastei dela balançando a cabeça.

Christopher: Preciso ficar sozinho. Vou ficar com a minha filha. - murmurei indo em direção ao quarto dela. Mas a mão dela me impediu puxando meu braço.

Clarice: Nesse estado? Não! - falou sério - O quê aconteceu Christopher? Cadê a Dulce? - voltou a perguntar.

Olhei a destruição que tinha deixado na sala que nem aos menos era mais minha. O nó se formou na minha garganta e eu engoli em seco.

Christopher: Não vou machucar minha filha. - puxei meu braço e tentei respirar fundo indo em direção ao choro.

Clarice: Cadê a Dulce, Christopher? 

Não respondi. 

Estava no automático.

Entrei no quarto dela e a vi chorando no berço. Parecia assustada. O barulho. Eu tinha assustado minha filha. A peguei no colo carinhosamente e abracei o mais forte que consegui sem machuca-la. Ela continuou chorando em meus braços, sentei na poltrona ao lado do berço e fechei os olhos sem deixar de abraça-la e chorei junto com ela. 

Estava doendo.

Meu coração estava doendo.

E a fase do sofrimento chegou!

Aiiii estou chorando aqui em vê-los assim :(

Quem pegou Dulce? 

Não quero deixar ninguém mais triste, mas Christopher quando assunto é traição, é muito difícil. Irão ver em breve. 

Poxa, Dul! Como não conseguiu perceber que não era ele? :(

Estou sentindo falta de algumas leitoras, heim?

Comentem!!!