Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Christopher Uckemann

Minha filha parou de chorar aos poucos, dormiu em meus braços e fiquei quase a madrugada inteira fitando seu sono, acariciando seu rostinho, seu nariz e sua boquinha. A madrugada adentrou e eu estava mais calmo, só não menos triste. Era melhor inventar outra palavra para o que estava sentindo.

Triste não chegava nem perto.

Decepção e mágoa eram as palavras certas para mim. Elas me consumiam.

Fitando minha filha, minha doce filha, que tanto se parecia comigo, podia por alguns instantes afastar as cenas de horas atrás na minha cabeça. Olhando para ela em seu soninho, minha mente voo para quando tudo ainda parecia ser perfeito. 

"Minha noiva deitou na maca na sala de Elizabeth e eu fiquei ao lado dela. Dulce usava uma calça que segundo ela, ainda cabia no corpo, botas sem salto e uma camiseta azul. Não pude deixar de sorrir.

Minha mulher estava linda.

Ela era linda.

Elizabeth sentou na cadeira ao lado da máquina e começou a mexer no aparelho.

Dulce: Da última vez o bebê estava com as perninhas abertas. E ele andou fazendo festa aqui dentro.

Elizabeth: Vamos ver querida. - pegou um gel e levantou a blusa de Dulce, fazendo minha noiva rir - Gelado...- também riu enquanto passava na barriga dela.

Dulce segurou na minha mão e eu beijei a testa dela. Elizabeth pegou o pequeno aparelho e passou em volta da barriga, a tela antes escura, agora ficou com a imagem do rosto do meu filho...

Senti meu coração acelerar ao decorar cada parte de seu rostinho. Dulce apertou minha mão sem tirar os olhos da tela.

Dulce: O bebê está bem?

A tela mudou e agora era a imagem completa do nosso filho.

Ele era perfeito.

Elizabeth: Muito bem! O bebê está perfeito..- sorriu olhando encantada para a tela - Cada centímetro correto para o tempo de gestação. É perfeito! Escutem..- apertou um botão na máquina e o som mais lindo do mundo preencheu.

As batidas do coração do bebê soaram por toda sala. Rápido, forte, claramente cheio de vida. Abracei o amor da minha vida sentido lágrimas cairem por meu rosto, o nosso bebê era perfeito.

Dulce: Seu bebê...- sorriu - Não é lindo? - falou com voz embargada - É o meu som favorito do mundo inteiro. - começou a chorar nos meus braços.

Christopher: É o meu também. - fechei os olhos ouvindo o coração do meu filho sentindo o meu próprio bater disparadamente - Obrigado por me dar o melhor presente que um homem pode querer. - beijei seu rosto - Amo você! Amo vocês dois! Amo nossa família. - as lágrimas não paravam de descer por meu rosto - Obrigado Dul! Obrigado!

Dulce: Eu te amo Chris. Você e o nosso bebê são tudo pra mim. - falou em meio ao choro - Tudo! Amo vocês! - me beijou e depois nós abraçamos. "

Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Deus ou o universo tinha me dado a chance da minha vida ter sentindo novamente. E uma das razões, estava adormecida em meus braços. 

"Christopher: Te amo...- falei quando nós encostamos na borda. Minhas mãos foram para o rosto dela - Sei que estou falando isso o tempo todo. Mas é uma coisa que nunca vou parar. Eu amo você.

Ela sorriu.

Dulce: Eu que te amo! Amo nossa família e...- tocou meu rosto - Sou e estou completamente feliz ao seu lado. Apesar de tudo que anda acontecendo, as coisas ruins, sei que nada poderá destruir o nosso amor. É para sempre...

Christopher: Sempre...- uni nossas testas - Não vejo a hora da nossa princesa nascer, quando isso acontecer, acho que vou literalmente explodir de tanta felicidade. - toquei na barriga dela - Vocês duas são minha vida. Sem vocês, eu não existo.

Dulce: Também não existo sem vocês dois. - fechou os olhos - It`s the family I asked for so much...(É a família que tanto pedi)...

Christopher: Seu inglês é perfeito...- falei distribuindo vários selinhos.

Dulce: I learned from the master(Aprendi com o mestre). - sorriu.

Ela passou os braços em volta dos meus ombros e me beijiu com todo amor. Retribuiu da mesma forma."

Solto um longo suspiro e levanto colocando minha filha no berço. Tantas coisas para ir atrás, mas ainda não tinha cabeça para isso. Minha mente não saia de algumas horas atrás. O relógio do quarto marcava as 03:49 da manhã. Me inclinei dando um beijinho no rosto da minha filha e sai do quarto dela.

Meus olhos estavam ardendo e minha cabeça ia explodir. Precisava tomar algum remédio. Não ia conseguir dormir e nem podia. Assim que amanhecesse ia atrás dos malditos dos meus pais, das minhas irmãs, dos advogados e do todo o resto para tentar reverter a situação. Ainda não acreditava que tinha um gêmeo. 

Um maldito gêmeo.

Fechei meus punhos com ódio. O que me causa mais dor. Os dois estavam machucados pelos socos, como queria ter desfigurado a cara daquele maldito. Como se não bastasse a traição de Dulce, ainda deveria dizer a minha família que nossa empresa e todo nosso dinheiro foram roubados pelo maldito gêmeo do mal. Gêmeo esse que ainda foi para cama com a minha mulher.

Porra!

Senti vontade de quebrar esse maldito apartamento de novo. Mas ao chegar na sala, notei que quase tudo estava em seu devido lugar novamente. Dona Clarice. Só agora percebo o quanto devo ter assustado minha filha e ela. Ando em direção à cozinha e procuro nós armários mais altos, algum remédio para dor, quando pego o primeiro que vejo, abro a geladeira e na jarra de água mesmo tomo o remédio. 

Fecho a geladeira com força e volto para a sala, antes de ir para o quarto, encaro a porta da sala por alguns segundos. 

Ela deveria está aqui, não?

Suspiro.

Não. 

Ela não deveria está aqui agora.

Depois de tudo achou melhor vir quando amanhecesse. E com razão. Com certeza estava com as minhas irmãs ou com a mãe dela. Julie deveria está aqui também, mas deve está com Lucy. Melhor assim.

Entro no meu quarto e ao invés de ir para cama, vou para o único sofá. Evito ao máximo olhar para cama. Com a cabeça jogada para trás, encaro o teto e fecho os olhos exausto.

Maldito dia!

Maldita noite!

No dia que chegamos em São Paulo só foi enrolação. No dia seguinte, a polícia federal tomou nossos celulares e Brayan e eu ficamos incomunicáveis. Eles sabiam que não só meu celular e de Brayan, como da família inteira estava grampeados. E que ainda naquele dia iam saber quem era a pessoa que estava me roubando. Tanto Brayan quanto eu formos proibidos de nós comunicar com qualquer pessoa além daqueles. Durou horas, muitas horas, quando por fim descobriram quem estava por trás de tudo.

Tinham conseguido rastrear o computador da pessoa e quando acessaram a câmera. O susto que levei foi tão grande quanto dos policiais. Era eu ali. Literalmente. Eu sorria enquanto mexia no computador. Era um sorriso debochado e arrogante.

Era eu.

Precisei de minutos para entender que aquele homem não era uma alucinação e sim um maldito gêmeo. Descobriram o nome dele e fizeram imediatamente as primeiras investigações. Encontraram um endereço no Rio Grande Do Sul, a polícia de lá foi acionada e os responsáveis da investigação viajaram para lá às pressas. Antes disso, me orientaram a não falar absolutamente nada sobre isso por celular para minha família, eles estavam com medo de com isso estragar o plano de surpreender Christóvão, mas quem foi surpreendido foram eles, já que ele tinha passado pistas falsas.

Durante o caminho de volta para o Rio, Brayan e eu formos discutindo sobre como nunca soubemos de um possível irmão, ainda mais sendo gêmeo. Foi quando também descobrimos que Christóvão tinha passado absolutamente tudo para o nome dele.

A empresa, as ações, os investimentos, as casas, fazendo uma verdadeira limpa em nossas contas no banco. Se abrir lá, tudo que vai ter vai ser...nada. Nenhum centavo. Aquilo foi assustador. Tanto quanto descobrir o gêmeo do mal.

Respirei fundo.

Quando pousamos, o desfile já tinha acabado a muito tempo e seguimos em direção do hotel da festa. Quando chegamos, Brayan foi o primeiro a descer do carro e praticamente saiu correndo em direção aonde acontecia a festa para encontrar minha irmã. Já eu estava lento, em choque. Ainda tentando raciocinar sobre tudo o que estava acontecendo. No hall de entrada, fui parado por um funcionário que me entregou um bilhete.

" Tenho uma surpresa para você "

A letra estava diferente, mas era assinado com o nome de Dulce e tinha o número do quarto. Segui em direção à ele e então...

Soquei o sofá com força.

Aquela cena não ia sair da minha mente.

Maldição!

Maldição!

Maldição!

Maldição!