Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Três meses depois...

Xxx: O quê acham dessa casa? É ideal para a família de vocês. - a corretora falou após a tour pela mansão. 

Olhava para a sala com desdém. Ainda achava pequeno, mas estava cansada demais para continuar procurando casas, só fazia uma semana que tínhamos voltado da lua de mel pela Europa. E andar muito procurando casas estava me cansando. Acabei me sentando no sofá. Hoje completava o 4° mês de gestação. Estava imensa, minha barriga tinha dobrado de tamanho.

Richard: Quer água meu amor? - falou ao meu lado tocando na minha barriga.

Alexandra: Manda essa inútil parar de falar e ir atrás de água para mim. - fiz o sinal com a mão para a corretora ir procurar água para mim.

Richard: Não ouviu minha esposa? - a encarou sério - Se quer mesmo que eu compre a casa com você, então, vá atrás de água para minha mulher.

A inútil balançou a cabeça e saiu correndo para fora da casa procurando algum lugar que venda água. Richard pegou meus pés com saltos e os retirou colocando meus pés quase inchados na perna dele começando uma massagem.

Gemi.

Alexandra: Isso Ric. A mãe de seu filho precisa disso. - suspirei e toquei na barriga - Amanhã temos consulta. Não esqueça de avisar aos seus pais. 

Richard: Ainda não acredito que pode ser gêmeos. - falou igual um idiota olhando minha barriga. 

Sorri.

Alexandra: Pelo tamanho e o peso, o médico tem quase certeza. Amanhã pelo exame do coração vamos realmente saber. - acariciei minha barriga - Sempre lembre que sou eu, agora sua esposa, que está te dando seus dois filhos legítimos.

Richard: Sim. Você merece tudo o que quiser por me dar meus filhos Alexandra. Tudo que quiser. 

Sorri.

Tínhamos nós casados na cerimônia e festa que já estava organizada. A única coisa que mudou foi a noiva, ou seja, ao invés de Ivy era eu. Os pais de Richard acharam melhor. Devo dizer que quando descobriram que o filho engravidou outra garota ao invés da noiva a reação deles não foi nada agradável. Mas quando descobriram que Leon além de perder tudo se matou, manchando de uma vez o que sobrou do sobrenome Brendon, eles tiveram que me engolir na família.

Assim como o casamento e a festa para mais de mil pessoas, também aproveitamos a lua de mel pela Europa de dois meses, quando acabou, pedi para prolongarmos e só chegamos da nossa lua de mel maravilhosa a uma semana e agora estamos procurando uma casa. Devo dizer que nasci para essa vida de milionária. Nós últimos meses estou vivendo o que sempre quis, almejei e consegui.

Depois que Richard chegou de New York com os pais souberam que Leon perdeu tudo e que se matou, além disso também souberam que eu estava presente na hora já que tive quer chamar a emergência, registrar boletim e toda aquela burocracia chata. A mosca morta da Ivy não foi nem mesmo para o enterro do pai. A polícia foi atrás dela e ela literalmente sumiu. O pai dela só não foi enterrado como indigente porque Richard não deixou, arcou com todas as despesas

Óbvio que foi um escândalo, só se falava sobre isso durante semanas, deixamos o país e parece que desde que voltamos o escândalo já foi esquecido. Toquei na minha barriga e suspirei cansada.

{...}

Cinco meses depois...

Andava pelo shopping center e segurava algumas sacolas. Já estava de nove meses e nem deveria está andando dessa forma, mas não resisti em fazer as últimas comprinhas dos meus gêmeos. Além disso, Christóvão ligou marcando um almoço. Desde que tudo aconteceu e dividimos o dinheiro não tínhamos nós vistos. Ele estava de ida para Itália. Ia morar lá por um bom tempo, segundo ele, ia fazer mais dinheiro. Esse almoço era de despedida. Richard não queria que eu fosse, nas últimas semanas ficou ainda mais meloso e grudento do que nunca. 

Mas consegui convence-lo que depois da saída de hoje ia ficar em casa esperando nossos filhos decidirem nascer. Entrei no restaurante e de longe o vi olhando o cardápio. Me aproximei devagar chamando atenção dele que rapidamente se levantou para me ajudar a sentar.

Christóvão: Que barrigão Ale. - puxou a cadeira e colocou minhas sacolas na cadeira ao lado.

Alexandra: Obrigada por me chamar de gorda. - revirei os olhos. Ele riu - Estou com fome. Vamos logo pedir. Estou comendo por três. - bufei. - Assim que essas crianças nascerem vou malhar até voltar ao meu corpinho maravilhoso.

Christóvão me entregou o cardápio e fizemos os pedidos. Ficamos nos encarando, ele tinha um sorriso nos lábios quando observou minhas mãos na minha enorme barriga.

Christóvão: Quem diria que são gêmeos. Seu marido deve está radiante. Já escolheu os nomes? - cruzou os braços.

Alexandra: Não. Richard acha que é um casal. Eu acho que é dois meninos. - balancei a cabeça - Ele está pensando num nome se for menino, mas não quer dizer qual. Essas crianças pesam demais. Não tem noção.

Christóvão: Então porque aceitou meu convite? Está para parir Ale. 

Alexandra: Porque não vou ver você por muito tempo. - o encarei séria - Somos cúmplices e você é meu único amigo. 

Christóvão: Ainda não acredito que seu plano deu certo. - sorriu.

Alexandra: Quase. Ainda falta saber aonde está a mosca morta. - lembrei.

Christóvão: Quanto a isso, fiz umas investigações melhor que a polícia e soube que ela saiu da cidade. Queria recomeçar longe de tudo e..sozinha.

Ri.

Alexandra: Ela se tornou mesmo uma pobre. Esse pensamento de recomeçar é tão...de pobre - gargalhei. 

Christóvão: Ivy não vai causar problemas. Acabou Ale. Conseguimos o que queríamos. Agora estamos muito ricos. Richard sabe que o dinheiro foi parar com você?

Alexandra: Não. Nem a casa. Estou quase fechando a compra dela. Se um dia ele descobrir vamos está a tanto tempo casados que..ele nem vai se importar de qualquer modo. - dei de ombros - Agora sou a senhora Alexandra Uckemann. Gasto a fortuna infinita do meu marido. - sorri.

Christóvão: Você o ama? Sempre quis perguntar isso. Sei que engravidou só para dar o golpe da barriga. 

Alexandra: Não o amo. Mas também não o odeio. Gosto dele. É lindo, gostoso, rico, maravilhoso na cama. - mexi no meu cabelo loiro - O único defeito é ser mulherengo, mas não ligo. Não me importa quem ele vai comer além de mim amanhã.

Christóvão: Cuidado para não se apaixonar por ele. A paixão pode destruir sua relação com ele. Não acho que ele vá mudar esse lado mulherengo no futuro. Ele pode ter aparentemente mudado agora, mas é por causa da sua gravidez, quando a novidade dos filhos passar, ele deve voltar a ser o mulherengo de sempre.

Alexandra: Por quê está falando isso?

Christóvão: Porque não quero que se machuque. Você também é minha única amiga Alexandra. Me importo com você.

Ficamos nós encarando por alguns minutos em silêncio. Sorri nervosa. Pela primeira vez fiquei sem graça.

Alexandra: Quando eu for a Itália com os meus filhos você irá conhecê-los. 

Christóvão: Será uma honra. - sorriu.

O almoço durou mais de uma hora, não consegui resistir a sobremesa e Christóvão me acompanhou, durante todo o tempo ficamos conversando e rindo como nunca fizemos antes. Eu juro que quis registar esse momento, por isso, guardei tudo o que conversamos e esse tempo juntos na memória. Não íamos nos ver por muito tempo e cada um ia seguir seu caminho

Depois do almoço Christóvão insistiu para que fossemos até a joalheria, ele queria comprar uma pulseira para mim para ficar de lembrança. Na joalheria ele escolheu a pulseira mais cara e colocou no meu pulso. Os diamantes brilhavam tanto e faziam um lindo par com o meu anel de casamento.

Christóvão: Gostou? - sorriu. 

Alexandra: Amei. - levantei o pulso mostrando a pulseira para a vendedora que sorria - É lindo. Ficou perfeito em mim. - o encarei - Obrigada. 

Mais uma vez ficamos nós encarando, como se uma energia estivesse nós conectando. Ele se inclinou aos poucos e então a boca colou na minha. Aos poucos fui retribuindo o beijo e quando vi estávamos nós beijando apressadamente. Só nós soltamos quando ouvimos um estrondo com os vidros da loja todos voando para todos os lados e vários barulhos de tiros. E gritos. Muitos gritos.

Xxx: ISSO AQUI É UM ASSALTO - dois homens encapuzados entraram atirando para todos os lados e redendo o único segurança. 

Christóvão me jogou para atrás dele nos afastando dos bandidos. Olhei a cena nervosa. Meu coração começou a disparar. O outro bandido fazia a limpa nas caixas com jóias enquanto o outro rendia o segurança. Tinha seis clientes, contando comigo e com Christóvão.

Xxx: FILHA DA PUTA! ESSA AQUI CHAMOU A POLÍCIA - gritou o que fazia a limpa apontando agora uma arma para a vendedora que chorava de medo segurando a bolsa cheia com jóias - SUA FILHA DA PUTA! - bateu com a arma com tanta força na cabeça da mulher que ela caiu desmaiada...ou morta.

Engoli em seco.

Xxx: MERDA! AGORA VAMOS TER QUE LEVAR ALGUÉM - olhou para todos os lados até parar em mim atrás de Christóvão - A GRÁVIDA ALI! - bateu no segurança com a arma fazendo-o cair no chão como a mulher.

Os dois se aproximaram de mim e Christóvão não saiu da minha frente tentando me proteger. Comecei a chorar em desespero. Ele me empurrava para atrás quando começou a lutar com os bandidos e então, ouvimos um tiro alto. Os três pararam de lutar e ficaram se encarando.

Aos poucos os bandidos foram se afastando mostrando que quem pegou o tiro foi Christóvão, comecei a gritar desesperada. Um deles olhou para minha cena e puxou outra mulher mais próxima de mim e saiu os três com ela gritando com uma arma na cabeça.

Encarei Christóvão que aos poucos ia caindo ao chão. O segurei com as mãos trêmulas sem parar de chorar. Ele tinha as mãos ao peito e não conseguia respirar. Seus olhos castanhos me encaravam enquanto seu corpo chegava em fim ao chão.

Alexandra: SOCORRO, ALGUÉM LIGA PARA A EMERGÊNCIA AGORA! RÁPIDO! - gritei desesperada sem tirar os olhos de Christóvão que começou a tossir sangue. - NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. FICA AQUI COMIGO, OUVIU? FICA AQUI COMIGO. - tentava tocar em seu rosto, mas minhas mãos estavam trêmulas demais para isso. - FICA AQUI COMIGO! FICA AQUI COMIGO! FICA AQUI!

Christóvão: A...l...e...- ele não parava de cuspir sangue. - A..l...e...

Alexandra: FICA AQUI COMIGO! NÃO ME DEIXA CHRISTÓVÃO! POR FAVOR NÃO ME DEIXA...- gritei aos prantos.

Uma lágrima desceu por seus olhos, enquanto sua cabeça estava encostada no meu ombro, seus olhos me fitaram mais uma vez antes de se fecharem para sempre.

Alexandra: NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. CHRISTÓVÃOOOOOOO - gritei abraçando seu corpo.

Não sei quanto tempo se passou, apenas quando um policial levantou meu rosto perguntando se eu estava bem e pedindo para que me afastasse para levar o corpo de Christóvão que voltei para mim. Dois policiais colocaram o copo dele numa maca e o cobriram com um pano preto. 

Voltei a chorar vendo se afastar. Senti uma mão no meu ombro. Encarei o policial em meio ao choro.

Xxx: Você se feriu?

Senti uma dor no meu ventre e os bebês agitados. Levei minhas mãos trêmulas até a barriga como se estivesse abraçando para aliviar a dor, balancei a cabeça negando.

Xxx: Tem certeza? Está de quanto tempo? - falou preocupado.

Alexandra: D...AIII - gritei quando uma dor forte e aguda me atingiu. Olhei para baixo ao mesmo tempo que o policial e arregalei os olhos assustada vendo um líquido de sangue sair de mim, como se eu estivesse fazendo xixi.

Não.

Não.

Não.

Meus filhos não....

{...}

Eu rosnava de tanta dor quando cheguei ao hospital. Enquanto estava sendo preparada para a cirurgia de emergência, conseguiram falar com Richard e ele estava a caminho. Eu não conseguia parar de chorar de dor, medo e pelo Christóvão. Ele já não estava mais aqui comigo. Ele não ia ver meus filhos, não íamos mais sair juntos.

Não.

E meus filhos.

Meus filhos.

Nada podia acontecer a eles.

Não meus bebês.

Não

Richard: ALEXANDRA - gritou entrando na sala preocupado - O quê aconteceu? Por que emergência? Que assalto? Eles te machucam? E meus filhos? Cadê o médico? - olhou em volta vendo a sala vazia - CADÊ A PORRA DESSES MÉDICOS?

Alexandra: E..st..ou c..o..m m..edo - falei aos soluços. Richard segurou na minha mão e me encarou tentando passar tranquilidade.

Richard: Vai ficar tudo bem. Nossos filhos vão nascer forte e saudável. Você vai ficar bem. Tudo vai ficar bem.

Alexandra: D..ói m..ui..t..o - solucei.

Richard: Você é forte querida. Vai ficar tudo bem. - garantiu olhando nós meus olhos e apertando minha mão.

A porta foi aberta e o médico junto com os enfermeiros entraram. Os enfermeiros já foram preparando a anestesia para o médico aplicar em mim ainda no quarto. Enquanto isso ele conversava com meu marido, devido ao susto e de todo o choque do assalto tinham que fazer uma cesárea de emergência, meus filhos corriam riscos de vida se demorasse ainda mais.

O médico aplicou anestesia e logo já estávamos na sala de cirurgia. Richard ia acompanhar tudo ao meu lado. Vestido adequadamente ele segurou na minha mão e ficamos vendo apenas o pano azul que colocaram na minha frente. Ele acariciava minha mão.

Podia ouvir o médico conversar com os enfermeiros, sabia que já tinham cortado minha barriga, mas não sentia nenhuma dor. Não sentia nada. Mais rápido que pensei, logo um forte choro tomou conta da sala. Meus olhos encheram de lágrimas e Richard largou minha mão e encarou o médico em espectativa. Segundos depois, uma enfermeira trazia meu filho aos berros para o colo do pai.

Richard: Filho. Meu filho....- começou a chorar segurando o bebê. - Meu filho. Você é lindo. Lindo. Tão lindo. - o beijou e se aproximou de mim - O nosso primogênito Ale. - o sorriso era gigante - Christopher. O nosso Christopher.

Com ele em meu peito voltei a chorar com aquela sensação, ele era perfeito. Minúsculo como todo bebê. Lindo. Perfeito. Ele já tinha aberto os olhos e berrava em plenos pulmões.

Alexandra: Oiii filho...- murmurei o beijando em meio ao choro.

Minutos depois, a sala voltou a ser preenchida por outro forte choro. Outra enfermeira apareceu segurando mais um menino. Richard segurou nosso segundo bebê voltando a chorar.

Richard: Oii meu filho. Você é tão perfeito. Tão lindo. - o beijou. - Lindo. - o beijou - Perfeito. - várias lágrimas desceram emocionado. - Bem-vinda ao mundo meu filho. Meu filho.

Ainda segurando o primeiro bebê, Richard colocou o segundo também em meu colo. Encarei o segundo completamente deslumbrada. Estava com os meus dois filhos no colo. Ambos berrando alto e sem parar. O segundo era tão lindo e tão perfeito quanto o primeiro, mais uma vez aquela sensação me dominou. Eu mataria e morreria pelos meus filhos.

Richard: Qual é o nome do nosso segundo filho? - perguntou ao meu lado sem tirar os olhos deles.

Alexandra: Christóvão...- murmurei e comecei a chorar compulsivamente olhando o meu bebê Christóvão 

Christopher e Christóvão Uckemann.

{...}

Horas depois...

Estava no quarto particular e a dores da cesárea começaram a poucos minutos, era horrível, mas eu ignorava porque meus olhos estavam no meu filho em meus braços. A enfermeira tinha me ensinado amamenta-los. Era difícil, porém, Christopher tinha pegado com muita facilidade. Ele mamava de olhinhos abertos. Era o bebê mais lindo do mundo junto com o irmão. 

Ambos tinham saído da sala de cirurgia para o banho e exames, enquanto eu descansava no quarto. O primeiro a chegar foi Christopher, que vestia um macacãozinho branco e chorava, segundo a enfermeira, de fome. Christóvão ainda não tinha chegado dos exames. Por isso, minha atenção e de Richard estava somente em nosso primogênito perfeito.

Richard: Ele é lindo. - falou babão e tocou na mãozinha do nosso filho - O sinal dele e do irmão é minúsculo. Já liguei para os meus pais e contei, eles estarão aqui amanhã. - avisou.

Alexandra: Eu não falei? - o encarei - São seus filhos. - dei um meio sorriso, só não sorri mais por causa da dor. - Seus legítimos filhos Ric. Todos tem que saber quem eles são.

Richard: Eu sei que você me deu o golpe da barriga Alexandra, mas..obrigado por isso. - me agradeceu sem tirar os olhos do nosso filho - É o melhor golpe que alguém pode ter.

Alexandra: Agora somos de verdade uma família. - murmurei voltando a olhar nosso filho. Richard beijou meus lábios me fazendo sorrir.

Christopher parou de mamar ao mesmo tempo que a porta do quarto foi aberta e a enfermeira entrou com nosso outro filho, ele estava com o macacãozinho amarelo e estava surpreendentemente quieto, ela se aproximou de mim e colocou ele no meu colo me auxiliando em como segurar os dois.

Sorri. 

Beijei meus dois filhos feliz.

A enfermeira saiu e o médico entrou com um rosto muito sério observando meus filhos. Richard que sorriu, parou de sorrir aos poucos e encarou o médico franzido o cenho.

Richard: Algo de errado, Josuah? - perguntou preocupado.

Josuah: Infelizmente sim. Com um dos bebês. - foi direto e eu engoli em seco abraçando apertado mais meus filhos - Christopher está perfeito. Nasceu super saudável, mas Christóvão apresentou um quadro crítico em seu coração nos exames. - encarou nós dois - É muito sério. Mandei chamar o pediatra neo-natal para...olha-lo.

Alexandra: Como assim? - encarei Christóvão que estava quietinho e parecia tão saudável quanto o irmão.

Richard: O quê meu filho têm? - perguntou assustado.

Josuah: É melhor esperarmos o médico. - sentenciou.

{...}

Dois dias depois...

" É um defeito na parte inferior do coração, onde se forma uma abertura na parede entre os ventrículos, câmaras que bombeiam o sangue. Quando a abertura é grande, o coração fica sobrecarregado. Em casos mais graves, como do Christóvão, a criança desenvolve sopro cardíaco. "

Pisquei ouvindo o que médico neo-natal falava sem acreditar. Agarrava meu bebê completamente em choque. Christóvão não chorava desde que saiu da minha barriga e não queria mamar, o que mostrava a gravidade da doença dele. Ele me olhava quietinho.

" O que podemos fazer? Me fala! Qual cirugia? Faça! Anda! Faça agora para que meu filho viva! " Richard falou nervoso segurando na gola da camisa do médico. 

" Infelizmente a medicina ainda não avançou tanto, mas temos um tratamento de baixa eficaz, porém..."

" O quê? Se existe tratamento então faça! Anda! Chame os melhores médicos, não importa o valor ou o tempo, só salve a vida do meu filho. Entendeu? SALVE A VIDA DO MEU FILHO! "  Richard gritou completamente nervoso.

" Não irá adiantar. As chances do tratamento além de ser mínimas, o Christóvão..infelizmente pela gravidade o Christóvão não tem muito tempo. Eu sinto muito. Não há nada que eu ou outro médico e tratamento possa fazer. "

Comecei a chorar compulsivamente segurando meu bebê em meus braços, ouvindo os gritos de Richard para cima do médico. Meu bebê me olhava parecendo entender o que estava acontecendo. O beijei e o abracei aos soluços. 

Não.

Não.

Você não filho.

Não.

Não

Não.

Você também não meu Christóvão.

Não.

Não.

Não.

Tentei respirar fundo e perguntei em voz baixa.

Alexandra: Quanto tempo? - Minhas lágrimas desciam sem parar.

" Apenas lgumas horas. Sinto Muito" O médico lamentou.

Apertei meu filho aos prantos.

Pisquei balançando a cabeça com o pensamento de algumas horas atrás, já era noite, Christopher estava com os pais de Richard sendo mimado em outro quarto de hospital e eu continuava com Christóvão em meu colo, Richard estava sentado ao meu lado na cama enquanto chorávamos vendo nosso filho desfalecendo aos poucos em meus braços.

Ele estava roxinho, o corpo gelado e os olhos se fechavam aos pouquinhos. Nossos lágrimas o molhavam, eu soluçava sentindo o que pela primeira senti meu coração morrendo junto com aquele bebê tão pequeno e meu, meu bebê indo embora para sempre.

Richard: Fil..ho...- soluçou o abraçando e o beijando - Eu te a..m..o. - beijou nosso bebê mais uma vez. 

Alexandra: C..ui..da do s..eu ir..mão aon..de est..iver - pedi em meio ao choro e observei seus olhinhos se fecharem e a respiração fraquinha parar de uma vez - AHHHHHHH - gritei sentindo a pior do mundo enquanto abraçava meu filho...morto.

Os meus gritos foram altas o suficiente para o médico entrar na sala já sabendo que já tinha acontecido. Senti Richard me abraçar enquanto eu gritava segurando o corpo do meu bebê.

" Hora da morte...23:36 da noite." Anunciou em voz alta e escreveu algo num papel e então se retirou.

Solucei ainda mais.

{...}

Os transmites para colocá-lo no jazigo da família Uckemann ocorreram rápido, um dia depois, nem eu e nem Richard conseguimos mais olhar o corpo do nosso de filho, então, preferimos o caixaozinho fechado. Sai do hospital completamente desvatada, definitivamente uma parte minha morreu junto com o meu filho.

Quando chegamos em nossa casa, uma babá temporária para me ajudar nos primeiros meses de Christopher já estava nós esperando. Entreguei ele a ela no automático e fui direto para o meu quarto, deitei na cama e comecei a chorar. Senti Richard me abraçar apertado também chorando.

Horas depois, a babá levou Christopher depois que ele mamou e uma empregada trouxe nosso jantar até o quarto e se retirou me deixando sozinha de novo com Richard. Voltei a deitar na cama sem tirar a imagem de Christóvão. Olhar para Christopher é olhar para Christóvão.

Solucei.

Richard: Ale, você precisa comer. 

Alexandra: Não quero.

Ele sentou na cama ao meu lado e tocou no meu braço como uma carícia.

Richard: Você não pode, nós não podemos - se corrigiu com voz extremamente baixa - Nós destruir. É horrível. A dor é insuportável, mas tempos que seguir em frente o quanto antes, ainda temos nosso Christopher, temos que ser fortes por ele. 

Alexandra: Eu sei..- murmurei tentando controlar o choro.

Richard: Vamos superar Ale. Eu sei que vamos. - se inclinou limpando minhas lágrimas e beijou meu rosto.

Fechei olhos e respirei fundo.

Alexandra: Não quero que ninguém além da gente e dos seus pais saibam que tivemos gêmeos e um deles morreu. - falei séria parando de chorar - Para todas as hipóteses tivemos apenas Christopher. Somente ele. 

Richard: Por quê?

Alexandra: Vai ser mais fácil superar. - engoli em seco - Se Christopher ou qualquer outra pessoa ver nossas fotos e perguntar porque da minha barriga tão grande, vamos dizer que Christopher nasceu muito grande e espaçoso. Jogue o segundo berço, o carrinho e tudo que era de Christóvão. 

Richard: Tem certeza?

Assenti.

Alexandra: Christopher jamais vai saber que teve um irmão gêmeo, entendeu? Não quero lembrar de mais nada do nosso Christóvão. Ele já se foi. Não quero reviver toda essa dor de novo. - não consegui controlar uma lágrima.

Richard: Vamos fazer isso Ale. Ninguém nunca vai saber que tivemos gêmeos. Não se preocupe. - garantiu e me abraçou apertado. - Vamos superar Ale. Sei que vamos...- murmurou.

Fechei os olhos e respirei fundo.

Ainda tenho meu outro bebê.

Meu Christopher.