Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Dulce Maria

Observava minha filha no colo de Marcela, mãe da Fuzz, estávamos no jardim da mansão e ela completamente encantada pela minha filha, arrancou ela dos braços de Fuzz e fazia vários movimentos delicados e devagar de avião em Maria Paula que soltava algumas gargalhadinhas baixinhas todas as vezes que ela fazia isso.

Fuzz e eu ríamos da felicidade da minha filha. Sentadas a mesa próximo da piscina depois de aproveitar uma mesa farta de lanche da tarde, sentíamos os poucos ventos do final daquela tarde, o clima estava bem gostoso. Tinha avisado Elizabeth que estava na casa de Fuzz e que depois Poncho ia passar aqui para nós buscar e íamos para casa.

Confesso que olhei o celular várias vezes durante aquele dia em busca de qualquer indício que Christopher estava nós procurando, mas nada. Nem mesmo para perguntar da própria filha ele mandou nada. O que me deixava ainda mais triste. A imagem daquela camisa com batom e o cheiro rodava minha mente de hora e hora.

Quem eram elas?

Ou era ela?

Foi casual ou ele trouxe ela para o Rio?

Ela estava aqui a pedido dele?

Os dois estavam se encontrando nesse exato momento? Por isso ele não se importava aos menos com a filha?

Engoli o choro que já queria sair.

Marcela: Quando vai me dar netos, Maria Fernanda? - gritou para a filha balançando minha filha no ar. - Eu quero ser vovó logo garota. Faz logo um bebê por favor. - pediu.

Fuzz balançou a cabeça.

Fuzz: Não. - gritou de volta - Se ela ao menos soubesse. - sussurrou.

Dulce: O quê foi? - a encarei.

Fuzz: Aí Dul, Derrick realmente quer estudar fora. Ele quer desperdiçar toda a conquista que conseguiu, ainda mais com a Elizabeth como mentora, para ir estudar em Cuba. - revirou os olhos - A gente só anda brigando por causa disso ultimamente. Ele está louco.

Dulce: Pensei que fosse o sonho dele estudar com a Elizabeth.

Fuzz: Eu também. Mas pelo visto não é.

Dulce: Você não o apoia. - concluí.

Fuzz: Claro que não. Aqui no Rio ele tem tudo. A família dele, o trabalho, a melhor faculdade, a melhor médica existente da história e ainda tem eu, o quê mais ele quer? - abriu os braços completamente indignada. 

Dulce: As vezes os sonhos mudam.

Fuzz: Eu sei que Cuba tem umas das melhores faculdades de medicina, mas caramba. Aqui ele tem tudo. O que faz ele querer ir para outro país, sem conhecer ninguém, sem trabalho e sem mim? - balançou a cabeça - Eu estou muito satisfeita de estudar aqui. Não quero e nem penso mais estudar fora, mesmo que meu pai ganhe a presidência ano que vêm.

Dulce: Ele não revelou o motivo?

Fuzz: Apenas disse que..queria estudar fora. Apenas isso. - bufou - Se ele ficar com essa idéia, fazer a prova final do ano, passar e realmente ir...o nosso namoro vai acabar para sempre.

Dulce: Imagino que namorar a distância n..- ela me interrompeu.

Fuzz: Namoro a distância nunca acaba bem. Pode dar certo no começo, mas não funciona. Está fracassado antes mesmo de começar. E eu não vou mudar meus planos por causa dele, por mais que eu o ame muito. - me olhou com lágrimas nos olhos - Eu amo ele muito Dul. Muito mesmo. Mas não vou mudar minha vida inteira por algo sem necessidade. Por puro capricho dele. Eu também tenho planos. Ele pensou neles? Não. Ele nem ao menos pensou no nosso namoro. - suspirou.

Dulce: Sinto muito. E o pior é que eu não consigo dar nenhum conselho. É complicado. Estamos falando do futuro de vocês dois que acabe somente a vocês decidirem e eu também não estou lá muito... aconselhável no momento. - confessei fitando minhas mãos pensando em Christopher.

Fuzz: Desculpa amiga. Eu sei que você está cheios de problemas, muito mais sérios que os meus. - pediu arrependida de desabafar comigo.

Dulce: Não peça desculpas, ok? Sou sua amiga e sempre vou te ouvir, não importa o momento que estou passando. Sempre vou está aqui.

Fuzz: Obrigada. Bom, de uma coisa todos nós temos certeza. Christopher jamais vai te trocar por nada da vida. Aquele homem chega ser até doente por você. - sorriu - No bom sentido, é claro. - falou apressada esclarecendo.

Já isso Fuzz, comecei a duvidar.

A imagem da camisa voltou e eu balancei a cabeça tomando um gole do meu suco de maracujá.

{...}

Meu irmão apareceu as 19:00, Marcela e Fuzz até tentaram nós fazer ficar para jantar, mas já tínhamos marcado com a nossa mãe, nós despedimos das duas e formos para casa. Minutos depois, eu entregava Maria Paula para um Alfonso todo animado e pulando tentando chamar atenção da sobrinha.

Dulce: Cuida dela. Vou fazer o nosso jantar. - anunciei passando minha filha para ele - Ela precisa trocar a fralda.

Poncho: Por quê não deixa a Rosa fazer o jantar? - me encarou.

Dulce: Porque eu gosto de cozinhar e quero que minha família aprove o meu talento na cozinha. - sorri - Posso dar o resto da noite de folga para ela?

Poncho: Claro. - ajeitou Maria Paula melhor nós braços - Vêm golfiazinha, o titio vai trocar você. - subiu as escadas conversando com ela.

Fui para a cozinha e entrei justamente quando Rosa, a cozinheira, ia começar a preparar o jantar, pedi para usar a cozinha e falei que ela estava livre o resto da noite. Quando ela saiu, olhei os armários e as geladeiras pensando no que fazer naquela noite.

Comecei fazendo uma rápida salada de grão-de-bico, poucos minutos depois, já preparava risoto de grãos com cogumelos, era um dos poucos pratos mais "sofisticado" que sabia fazer, eu gostava muito de cozinhar. Me acalmava e relaxava, era como uma terapia para mim. Minutos depois, terminei de mexer nas panelas e fiz uma rápida sobremesa colocando no congelador em seguida.

Limpei as louças e lavei as mãos, quando sai da cozinha encontrei Poncho na sala lendo uma historinha infantil para minha filha. Ela estava deitada no colo dele e parecia prestar atenção no que ele narrava, apesar dos olhinhos começarem a piscar de sono. Me aproximei deles tocando no ombro dele que parou de narrar e me encarou.

Poncho: Terminou? - sussurrou baixando o pequeno livro.

Dulce: Sim. Ela está quase dormindo. Vou aproveitar que está quietinha aí e vou tomar banho. - avisei.

Poncho: Ok. - sussurrou e voltou a narrar a história dos três porquinhos.

Subi as escadas e entrei no meu quarto, já de baixo do chuveiro senti a água cair e suspirei lentamente. Estava muito tensa, só queria essa ducha e minha filha deitada comigo na cama. Era tudo o precisava no momento. Estava quase terminando o banho, quando ouvi uma batida na porta e Poncho abrir um pouco ela, apenas o suficiente para ele poder falar e ouvir bem.

Dulce: O quê foi? Ela está chorando? Já estou terminando aqui - falei tirando o shampoo do cabelo.

Poncho: Não é isso. É que.. Christopher está aqui e pediu para ver ela. Quando ela viu o pai ficou toda animada e eu deixei os dois lá na sala. Eu fiz mal?

Encarei a porta surpresa.

Então ele veio ver a filha agora?

Poncho: Fiz mal? - insistiu.

Dulce: Não. Não. Claro que não.

Poncho: Certo. Ele também quer falar com você. - avisou.

Fitei o vidro do box e engoli em seco.

Só de pensar nele a vontade de chorar queria voltar, estava cansada. Exausta de chorar desde de ontem. E pensar nele só conseguia lembrar daquela camisa. Era isso que ia falar? Ele queria falar sobre ela? Eu não tenho condições ainda de falar com ele.

Poncho: Dul?

Dulce: Diga que estou ocupada e se ele falar que espera, diga que tomei remédio para dormir e que não vou ter condições de conversar...hoje. 

Poncho: Ok. - fechou a porta me deixando sozinha.

Terminei o banho e vesti apenas um roupão e coloquei uma toalha no cabelo, sai do quarto e parei no corredor vendo Christopher com Maria Paula nós braços na sala. Estavam no sofá e Poncho estava ao lado deles. Me encostei atrás da parede e fiquei olhando para eles. Aonde estava não notavam minha presença já que estava no corredor de cima.

Poncho: Não sei o que aconteceu, mas espero que resolvam logo isso. 

Christopher: É complicado. - abraçou nossa filha - Estava com tanta saudades minha princesa. - beijou ela - Papai passou a tarde inteira te esperando chegar na portaria, mas aí tive que sair, mas voltei o mais rápido que pude. Não ia conseguir dormir sem dar seu beijo de boa noite meu amor. - a encheu de beijos a fazendo rir.

Ele ficou a tarde aqui? Cruzei os braços prestando mais atenção na conversa.

Poncho: A tarde a Dul foi para o hospital e..

Christopher: Ela está bem? - o interrompeu preocupado.

Poncho: Está sim. Ela foi acompanhar a mamãe, aí depois fui buscar as duas na Fuzz e chegamos faz algumas horas. 

Christopher: Dulce está comendo direito? 

Poncho: Sim. Inclusive ela fez o jantar. Já jantou? Estamos esperando a mamãe chegar para jantar. Quer jantar aqui?

Christopher: Não disse que ela tomou remédio para dormir? 

Poncho: Ah, é...bom..isso, é..sim, claro. - se enrolou e eu suspirei. Ele não sabia mentir, o que não era de tão ruim.

Christopher: Ela não quer me ver, não é? Por isso inventou isso. - foi direto.

Poncho: Desculpa. - deixou os ombros cair envergonhado - Ela precisa de um tempo Christopher. Seja lá o que aconteceu entre vocês, ela precisa de um tempo para si.

Christopher assentiu lentamente.

Christopher: O quê você fez o dia inteiro, heim mocinha? - a ergueu a fitando com atenção - O papai está morrendo de saudades. - abraçou ela apertado fechando os olhos.

Fiquei olhando os dois por mais alguns minutos até voltar para o quarto, coloquei uma roupa e fiquei no quarto mesmo, ia deixar ele ficar sozinho com a nossa filha. Peguei meu celular e mandei mensagens para Mai e Zora, ficamos trocando mensagens até Poncho entrar no quarto com minha filha nós braços chorando.

Poncho: Ele já foi e a mamãe acabou de chegar. Minha golfinhazinha está com fome e sono. - entregou ela para mim.

Dulce: Não percebi a hora passar. - comentei dando de mamar fazendo ela parar de chorar na hora.

Poncho: Ele disse que vai vir ver ela todos os dias. 

Dulce: Tá bom. - murmurei e acariciei o rosto da minha filha que tinha os olhos fechados enquanto mamava.

Dei um meio sorriso.

Poncho: Mamãe foi tomar banho, daqui a quinze minutos ela vai está na sala de jantar. Vou colocar a mesa e esquentar tudo. - avisou antes de sair do quarto.

Alguns minutos depois, colocava Maria Paula no berço do quarto dela e liguei a babá eletrônica. Observei minha filha dormir igual um anjinho e sorri. Desci as escadas e entrei na sala de jantar vendo Poncho terminar de arrumar a mesa.

Poncho: Pronto. - sentou - Estou morto de fome..e você caprichou ardilla. Não precisava de tanto. - sorriu.

Dulce: Você ainda nem provou. - sorri sentando de frente para ele, Elizabeth ficava na ponta em nosso meio.

Poncho: Pela cara e o cheiro já está mais que aprovado o sabor. - garantiu.

Elizabeth: Desculpa a demora fui ver minha neta no quarto. - entrou na sala de jantar falando e se aproximou de mim dando um longo beijo na testa e em seguida de Poncho - Não precisava ter feito o jantar filha, mas o cheiro está muito bom. - sentou olhando as panelas com atenção - Muito bom mesmo.

Dulce: Eu amo cozinhar. É um prazer. - sorri.

Poncho: Rosa ficou feliz com a noite de folga. - garantiu e começou a se servir.

Coloquei pouca comida no meu prato, nós últimos dias não tinha muito apetite, até emagreci uns 2kg por causa disso, já Poncho colocou uma montanha no prato e começou a devorar como se estivesse com fome a dias, acabei rindo.

Elizabeth: Uma delícia. Muito muito gostoso. - falou depois de alguns garfos cheios - Não herdou de mim o talento de cozinhar. - sorriu.

Poncho: Hum....não mesmo. Está uma delícia ardilla. - falou de boca cheia.

Dulce: Obrigada.

Elizabeth: Como foi o dia de vocês?

Poncho: Prova, trabalho e mais trabalho. Nem consegui ver a Michele hoje. - falou um pouco triste.

Elizabeth: Namorar na faculdade é difícil mesmo. Mas isso é só uma fase, logo vem a formatura e passa. - me encarou - Como foi na Fuzz? Se divertiram?

Dulce: Sim. A mãe dela amou a Maria Paula, ficou o tempo todo com ela. 

Elizabeth: Difícil não amar minha neta. 

Dulce: Vovó coruja...- sorri.

Ficamos conversando até acabar o jantar, Poncho pegou a sobremesa e só ele pegou metade da tigela, a desculpa era que estava em fase de crescimento, na hora de limpar tudo, nenhum dos dois me deixaram ajudar. Só pude ficar olhando os dois lavar e guardar tudo.

Em seguida Poncho deu "boa noite" beijando nós duas e foi para o quarto, também ia para o meu, mas Elizabeth me chamou para o quarto dela. Ela apontou para a cama para que eu sentasse e entrou no closet, fiz o que ela pediu e quando voltou tinha uma caixinha nas mãos.

Elizabeth: Ainda não mostrei o seu pai. 

Dulce: As duas fotos que têm. - sorri.

Ela ficou ao meu lado e abriu a caixinha, tinha um cordão e duas fotografias.

Elizabeth: Esse cordão ele me deu quando completamos um mês de namoro. - segurou a corrente entre os dedos fitando o pingente.

Dulce: É lindo. - sorri vendo o pingente de coração e dentro o infinito.

Elizabeth: Esse aqui é seu pai. - pegou as duas fotos. Uma estavam os dois abraçados sorridentes e a outra ele estava sozinho.

Dulce: Ele era muito bonito. - peguei as fotos olhando cada detalhe dele. - Temos os mesmo olhos e nariz.

Elizabeth: Sim. - sorriu - E por mais que Maria Paula se pareça muito com o pai, também consigo ver um pouquinho do avô dela. 

Dulce: Queria muito...ter conhecido ele. - falei triste olhando as fotos. - Faziam um lindo casal mãe. 

Elizabeth suspirou.

Elizabeth: Tenho certeza que ele ia ficar muito feliz se eu tivesse tido a chance de contar para ele sobre você filha. - a voz embargou.

A encarei.

Dulce: Já sai espontâneo. - soltei um sorrisinho.

Elizabeth: Você me chamou de mãe pela primeira no dia do seu resgate, foi tão...natural, tão espontâneo que não achei que tivesse percebido. Mas aí continuou me chamando de mãe fazendo meu coração acelerar todas as vezes que essa palavra sai da sua boca. - uma lágrima desceu por seu rosto perfeito - Sonhei tanto com isso filha, minha filha. Sonhei tanto com esse momento que me chamava de mãe. 

Dulce: Você é minha mãe, não é? Não queria que fosse nada forçado, assim como sempre foi nossa relação antes de sabermos da verdade. E agora tudo é natural como deve ser mãe. - sorri - E eu te amo muito..

Elizabeth: Te amo muito muito minha filha - me abraçou apertado.

Dulce: Obrigada pela paciência de ter esperado tudo ser natural. - fechei os olhos sentindo o cheiro dela.

Elizabeth: Não tem que me agradecer filha. - se afastou limpando os olhos. - E eu também quero pedir uma coisa.

Dulce: O quê quiser mãe. 

Elizabeth: A vida é curta demais para deixar que brigas sejam elas sérias ou bobas, afaste quem a gente ama. - tocou no meu rosto - Seu pai partiu cedo e nem conseguimos viver todo o amor que sentíamos pelo outro. Não deixe que coisa insignificantes faça você perder o tempo com as pessoas que você ama..por favor, não deixe.

A mão que acariciava meu rosto foi para meu ombro dando um leve aperto. Encarei a foto dos meus pais abraçados e sorridentes. Muito felizes.