Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Dulce Maria

Domingo

Terminava de arrumar as malas, íamos voltar daqui algumas horas para o Rio, esses dias foram maravilhosos e céus, como estávamos precisando desse tempo. Todos nós estávamos precisando. Não só eu e Christopher. Mas especialmente nós dois. Foram poucos dias, mas conseguimos nós reconectar de novo. Tínhamos voltado definitivamente para o que éramos.

E eu não poderia está mais feliz. 

Aproveitamos muito bem o lugar. 

Aproveitamos nossa filha e quando ela estava sendo disputada, aproveitamos apenas nós dois. Enfim, esses dias foram necessários. Por algum tempo esquecemos de tudo e focamos apenas em nossa família. Terminei de arrumar a última mala e fui para a pequena varanda do quarto, onde Christopher sentado na cadeira tinha colocado nossa filha nas coxas dele deitada e fazia ela rir beijando os pezinhos dela.

A gargalhada era alta.

Me encostei na parede do quarto sorrindo observando a cena. Aqueles dois eram minha vida. Minha família. Meu destino. E eu não ia deixar mais ninguém atrapalhar nossa vida. Custe o que custar.

Christopher: Será que a mamãe está com ciúmes, filha? - falou olhando pra mim - Por que está parada aí? 

Dulce: Nada. - balancei a cabeça - Já terminei as malas. Vou tomar um banho. Daqui a duas horas temos que fazer o checkout, não esqueça.

Christopher: Ok..- voltou a olhar nossa filha - Que tal eu te deixar na sua tia Lucy para o papai tomar banho com a mamãe? - falou sorrindo.

Dulce: Amor! - ri. - Não! 

Christopher: O quê? - voltou a beijar os pezinhos dela a fazendo rir - Ana Brenda, Maite e Christian já foram?

Dulce: Sim. Eles mandaram uma mensagem. Querem fazer isso o mais rápido possível. Ninguém ainda sabe de nada.

Christopher assentiu.

Fui em direção ao banheiro pensando no que aconteceu na quinta-feira quando Christian falou na mesa os nomes dos pais de Ana Brenda, todos ficamos surpresos e então...

Sentada no sofá encarava o quadro do hall do hotel fazenda e até agora estava tentando entender o que ouvi da boca de Christian Chávez à alguns minutos. Ana Brenda e Maite não paravam de se encarar um minuto, desde que Christian contou mais de duas vezes o que ele descobriu. Era bem surreal. 

Christopher passou o braço em volta dos meus ombros e assim como todos nós, ele estava calado desde que Christian terminou de relatar pela segunda vez. A música da pista podia ser ouvida ao longe. Estávamos no hotel para podermos conversar melhor. Minha filha estava com a Julie.

Ana Brenda: É impossível! - balançou a cabeça - A minha irmã está morta.  

Christian: Você viu o corpo?

Ana Brenda: Eu era muito criança na época. - as mãos começaram a se contorcer de nervosismo - Mas lembro da minha mãe grávida e depois, lembro de vê-la sem a barriga pelos cantos chorando muito. O que eu sei a minha vida toda é que minha irmã morreu por negligência de um homem. Meu pai confiou nele e..ela morreu por culpa dele. Meu pai se culpa a vida toda por isso, então, para não faze-lo sofrer ainda mais eu nunca pedi mais explicações. Assim como minha mãe, que não aguentou a dor de perder a filha, terminou o casamento e sumiu pelo mundo. Eu nunca ousei trazer essa dor de novo na vida dela perguntando sobre o que de fato aconteceu.

Maite: Isso é loucura Christian! - encarou o noivo - Tem certeza que isso está correto? Que não confundiram?

Christian: Não. - se apressou em dizer - Não houve nenhum enganou. Eu confio nos meus amigos agentes do FBI, Mai. 

Dulce: Você não tem idéia do que aconteceu mesmo, Ana? 

Ana Brenda: De uma coisa eu sei. Quando minha irmã nasceu, minha mãe estava sozinha em casa. Meu pai tinha ido para Portland e eu fui com ele, no meio da viagem voltamos com urgência para casa e...- balançou a cabeça - Já não consigo me lembrar de quase nada, só minha mãe chorando muito, meu pai e ela discutindo horrores e...enfim. - se encheu fechando os olhos - É tudo que consigo me lembrar. 

Christian: Me falaram que o bebê registrado na biometria com a mesma digital da Mai, provavelmente nasceu num lugar remoto ou em casa..- encarou Ana Brenda sério - Ana, talvez...

Ana Brenda: Maite é minha irmã? - riu nervosa e levantou - É loucura Christian! Minha irmã tem até um túmulo. 

Christopher: O lixo do outro lá também tinha um túmulo e olha só...- a encarou sarcástico e com irritação - Ele está vivíssimo!

Toquei na mão dele o acalmando.

Ana Brenda: Não é verdade! Não é verdade isso! - começou andar de um lado para o outro extremamente nervosa.

Observei Maite olhar para ela com sentimento de tristeza. 

Maite: É tão ruim assim a hipótese de que eu possa ser sua..irmã? - falou sendo abraçada por Christian.

Ana Brenda parou de andar e a encarou.

Christian: Tenha muito cuidado com o que vai falar a partir de agora Contreras. - avisou sério.

Ana Brenda: Que você possa ser minha irmã? Uma parte minha que eu sempre quis ao meu lado? Uma parte que quando se foi destruiu a nossa família? Uma dor tão absurda que dia pós dia matou meus pais ainda em vida? - os olhos encheram de lágrimas - E depois de toda essa dor, anos e após anos sofrendo enquanto você estava muito bem viva e passou os últimos meses ao meu lado? Conversamos e riamos e ficamos uma ao lado da outra sem saber que a parte que faltava na minha vida e da minha família era você...- as lágrimas caíram por todo rosto - Você. É você Maite. Sempre foi você.

Maite chorava ouvindo Ana Brenda. 

De repente, levantou e ficou frente a frente dela ainda chorando.

Maite: Então... você... gosta da ideia que talvez eu possa...ser sua irmã?

Ana Brenda: E você ainda pergunta? Eu já te adorava por ser a noiva do meu melhor amigo, sempre te vi como uma amiga e agora, com essa possibilidade, Mai... você minha irmãzinha...a que eu tanto amei e desejei..e é você..- no impulso abracou-a. - Eu te amo. Eu sempre te amei Mai. Eu sempre te amei.

As duas se abraçaram chorando muito. Ambas ficaram assim por um tempo. Tanto eu, quanto Christopher e Christian ficamos calados respeitando esse momento entre elas. Confesso que me emocionei um pouco também.

Depois de um tempo, um pouco mais calmas, as duas sentaram uma ao lado da outra abraçadas. Os olhos de ambas vermelhos pelo choro.

Maite: Quando vamos fazer o teste de DNA? - falou fechando os olhos enquanto Ana Brenda abraçava ela de uma forma bem apertada.

Ana Brenda: Acho melhor fazermos no Texas. O mais rápido possível. Mas no fundo, a gente já sabe que vai dar positivo. - deu um meio sorriso.

Maite: Como é o seu pai? - se afastou um pouco e a encarou - Digo, Jennifer e eu não gostamos uma da outra quando nós virmos pela primeira vez. 

Ana Brenda: Eu sei. O que é estranho, já que normalmente as mães e os filhos se gostam de primeira como aconteceu com a Dul e a tia Liz. 

Dulce: As vezes não é assim. Sempre tem algumas incessões. - comentei.

Christian: Não acha melhor chamar a Elizabeth e o Poncho também? Afinal, eles também fazem parte dessa família. - sorriu.

Maite: Ainda não. É melhor termos a prova que eu sou mesmo da família. 

Christian: Claro, amor.

Christopher começou a rir do nada e nós três encaramos ele.

Dulce: O quê foi?

Christopher: Já repararam? Dulce é filha de Elizabeth, que por sua vez, tem uma gêmea chamada Jennifer, já essa tem Ana Brenda de filha e Maite, Dulce e Maite passaram a vida inteira juntas como irmãs, sem saberem que de fato, ambas tem o mesmo...sangue. Sem falar Zoraida que é minha irmã. 

Christian: O destino é tão... surpreendente. Quanto coincidência. E por fim, todos nós estávamos ligados de qualquer maneira. - concordou com o melhor amigo.

Dulce: Dar um bom enredo de filme. - sorri. - Minha mãe com toda certeza não sabe nada desse assunto, mas sei que ficará muito feliz quando descobrir.

Maite: E por fim, minha irmã é minha prima - riu. - Poncho ganhou mais uma prima, acha que ele ficará animado?

Christopher: Com certeza. Aquele garoto fica feliz por tudo.

Dulce: Olha como fala do seu cunhado, ok? - levantei uma sobrancelha.

Ele riu.

Christopher: Falei no bom sentido. Ele também é meu irmão. - me abraçou.

Fechei os olhos quando ele beijou minha testa. Sorri. Apesar de tudo, ainda tínhamos coisas boas acontecendo também.