Fanfic: Almas Opostas - Vondy | Tema: Vondy

Christovão Uckermann

Os dias em Angra dos Reis foram bem melhores do que esperava, na verdade, nem estava animado para essa viagem, foi ideia de Alexandra. Ela queria ficar todo o tempo possível comigo, me conhecer melhor e apesar de saber que ela não era nenhum anjo, ela não deixava de ser minha mãe. Depois que descobri sobre Ivy, eu não poderia dizer não para conhecer minha mãe.

Ela foi a primeira me perdoar, em ficar ao meu lado e me defender. Óbvio que eu sabia que ela era uma peça ruim, que não era confiável, mas eu também não costumava ser. Porém, todos merecem uma segunda chance, não? Por que eu não poderia dar a ela também? Se hoje meus pensamentos são outros, os delas poderia também, certo? Entretanto, sabia que isso era um processo longo e lento 

Cada um tinha seu próprio tempo.

Eu realmente me arrependi e tenho nojo do que fiz. Enquanto ouvia Ivy gritar ao chão da sala à verdade, parecia que alguém estava arrancando uma venda dos meus olhos. Tudo aquilo que eu acreditei a vida toda era uma mentira. Tudo o que eu vivi era uma mentira. Eu fiz coisas nojentas e se o meu irmão gêmeo nunca me perdoasse, eu entenderia completamente. Aquela visita foi um erro. Eu sabia disso.

Mas Alexandra insistiu muito para que pelo menos tentássemos. E como era esperado, aquela foi a reação dele. Se eu não fugisse dali, ele me mataria.

O sorriso daquela bebezinha pra mim surgiu na minha mente e eu não pude deixar de sorrir. O pai dela e eu éramos idênticos, era óbvio que ela pensava que era o pai dela. Ela era linda, muito fofa, na internet não tinha muitas fotos dela, então, era a primeira vez que tinha a visto. Aquela bebê sorrir para mim, foi como um calmante para o meu coração tão agitado. Apesar de eu não merecer.

E biologicamente falando, ela era minha sobrinha. Minha sobrinha. 

Senti uma mão no meu ombro, tirei meus olhos da janela do jatinho e encarei Richard ao meu lado na poltrona. Alexandra estava dormindo na poltrona à frente. Daqui alguns minutos estaríamos de volta ao Rio. Os dias em Angra foram muito bons. Pude conhecer meus pais e também pude tentar me conhecer melhor, mas essa parte, não consegui, infelizmente.

Richard: Você está bem? 

Christovão: Por quê eu não estaria?

Richard: Está tão sério.

Christovão: Só estou pensando o que eu vou fazer da minha vida a partir de agora. - balancei a cabeça - Desde que me lembro, o sentido da minha vida sempre foi envolta dessa vingança e agora que sei a verdade e acabou, não sei nem por onde começar.

Richard: Não pensou durante esses dias na ilha? - sorriu de canto.

Christovão: Não. Minha mente relaxou tanto na praia que eu não imaginei o futuro, mas agora que estamos voltando para o Rio, isso não sai da minha cabeça. - suspirei.

Richard: Agora que você devolveu o dinheiro e melhorou nossa segurança no banco, já não tenho mais o que fazer no Rio. Amanhã vou estar voltando para Chicago. Você gostaria de ir comigo? 

Christovão: E eu vou fazer o quê lá? Agora você vai ficar em Chicago, mas depois vai voltar a viajar o mundo inteiro de novo. 

Richard: Venha comigo. Vamos viajar juntos, pai e filho. - sorriu - Você tem muito o que conhecer e aprender. Vou te levar aos melhores lugares e vou te apresentar à muitas mulheres. Você ainda não viveu nada criança.

Christovão: Posso não saber muita coisa sobre mim, mas sei que não sou mulherengo como você e Christopher - soltei um sorrisinho.

Richard: Como sabe? - levantou uma sobrancelha.

Christovão: Porque antes daquela noite, eu já teria ficado com qualquer outra mulher. - fechei os olhos me amaldiçoando pela aquela noite.

Richard: Filho, não fique remoendo isso. É passado. Você se arrependeu. É o que importa, não?

Christovão: Não é bem assim Richard.

Richard: Dulce ainda vai te perdoar primeiro que Christopher. Você vai ver. Aquela garota é diferente de qualquer outra que já conheci. Seu irmão realmente fez uma escolha certa.

Christovão: E se eles não me perdoarem no futuro? Eu já fiz a família sofrer o suficiente, não quero causar mais nada. - baixei o olhar.

Richard: Eles irão. - falou com uma certeza evidente - Suas irmãs já lhe perdoaram e vocês estão se conhecendo aos poucos. Até Julie que é a mais difícil das três, está falando com mais frequência com você e lhe deu uma chance. Eles irão fazer a mesma coisa. Não se preocupe.

Christovão: Tomara..- sussurrei.

Richard: Então, você quer ir comigo amanhã?

Christovão: Não sei. Alexandra com toda certeza fez planos.

Richard: Estou vendo ela te levando para Suíça. - bufou.

Christovão: Eu não sei se eu vou se ela for oferecer sair do país. Não quero sair daqui agora. Não sei nem o que eu vou fazer amanhã. - falei completamente perdido. - Isso é muito louco.

Richard: Gostou mesmo do Brasil?

Christovão: Sim. 

Richard: Aqui é um bom país. Eu vou para Chicago, mas logo volto. Quero passar mais tempo com meu filho.

Christovão: Vocês dois nessa viagem me trataram como se eu fosse uma criança de cinco anos. - sorri.

Richard: Talvez no fundo... você seja mesmo. - deu um leve soco no meu ombro direito.

Alguns minutos depois, o piloto anunciou o pouso e Alexandra acordou, saímos do jatinho devagar e um carro já nos esperava na pista. O motorista nos levaria para o Copacabana Palace, estávamos hospedados todo esse tempo lá, íamos jantar juntos antes de subirmos para o quarto e descansar da viagem de poucos dias.

Estávamos à cinco minutos dentro do carro quando o meu celular tocou, o nome Ivy apareceu na tela. Apenas ignorei a chamada como fazia nas últimas vezes que ela tentou entrar em contato. Desde que a expulsei da cobertura e da minha vida, ela tentou entrar em contato comigo algumas poucas vezes. 

Meu celular voltou a tocar e eu a ignorei novamente, quando estavas prestes a desligar o aparelho, ela enviou uma mensagem me fazendo bufar, acabei apertando na tela sem querer para ler a mensagem antes de desligar e o que eu vi me fez ficar imóvel.

Era uma foto.

Uma foto de uma bebê.

Uma foto da minha sobrinha.

Maria Paula.

Embaixo, estava escrito:

"É melhor não contar a ninguém sobre isso, nem mesmo seus malditos pais ou eu mato essa criança nojenta que carrega o maldito genes Uckermann, espere minha instruções".

Prendi a respiração e encarei meus pais que estavam alheios a tudo.

SUA LOUCA MALDITA!

{...}

No hotel era óbvio que não conseguia esconder minha aflição. Durante todo o jantar não encostei na comida e minhas pernas tremiam de nervosismo e preocupação, tanto Alexandra quanto Richard perguntavam se eu estava bem, se eu estava passando mal, porque as minhas ações não eram normais.

Eu desconversava na hora.

Não poderia falar nada ainda.

Eu conhecia Ivy o suficiente para saber que alguém a mando dela estava próximo de mim para me vigiar, para saber se eu falei sobre o sequestro de Maria Paula. Imaginei Christopher e Dulce loucos de preocupação e não consegui deixar de me indignar. 

Como raios isso aconteceu?

Maria Paula é tão protegida. 

Sempre foi.

Como isso foi acontecer?

Olhei ao redor do restaurante procurando alguém que possa está me vigiando, mas não encontrei ninguém, porém, sabia que seja quem fosse, estava lá com os olhos em mim. Depois do jantar, mal eles terminaram e eu pedi licença subindo para o meu quarto. Entrei correndo pegando meu notebook e tentando rastrear o celular de Ivy de alguma maneira, fiquei alguns minutos tentando, em seguida lancei ele ao chão de raiva.

INFERNO! 

Maldita hora que ensinei aquela louca sobre como nunca ser rastreada. Sobre alguns truques anti-hacker. Comecei andar de um lado para outro extremamente preocupado. Aquela mulher era louca, eu sei melhor do que ninguém sobre isso, Maria Paula era só um bebê indefeso. Um bebê.

Um bebê inocente que estava nas mãos de uma louca. Mas eu juro, eu juro que se ela encostar um único dedo se quer na minha sobrinha, eu mato ela da pior forma possível. Eu mato!

Uma hora se passou até meu celular apitar, era uma mensagem dela, era a localização de um lugar. 

"Venha sozinho! Você sabe que estou de olho em você. Não tente nenhuma gracinha."

Respirei fundo.

Pensa Christovão..

Pensa...

Só pensa...

Caminhei em direção do telefone do quarto e disquei a recepção..

Xxx: Pois não, senhor?

Christovão: Gostaria de alguns lanches já prontos agora. Seja rápido! - desliguei em seguida.

Peguei meu celular e encarei mais uma vez a foto da minha sobrinha dormindo nos braços de Ivy.