Fanfic: O amor não tem leis - O julgamento final - Adaptada - Finalizada | Tema: Vondy/Hot/Romance

P.O.V DULCE

   Maite fez como o prometido e, quando cheguei ao heliporto do hotel, uma aeronave com o piloto em prontidão me aguardava.Meia hora depois, eu estava no local onde ocorreria o congresso.Até esse momento, tudo tinha ocorrido bem, mas agora tinha que pensar em como entrar em um evento no qual eu não era convidada e muito menos palestrante.Tentei encontrar alguém conhecido, mas nada.Para o meu azar, tinha esquecido o celular em casa.

   Burra! Xinguei mentalmente enquanto voltava para a entrada.Foi então que avistei um homem de quem me lembrava muito bem.Ele era um dos amigos que o Ucker havia me apresentado no outro congresso.Caminhei até ele em passos largos e um sorriso estampou seu rosto quando me viu.Provavelmente tinha me reconhecido como  a acompanhate do Dr. Uckermann.

      -Boa noite, Dr. Raul.Se lembra de mim? -perguntei.

      -Sim, você é a estagiária do Dr. Uckermann.Veio acompanhando-o novamente? -senti um leve sarcasmo em sua voz.Raul insunuava que eu estava com o Uckermann, mas não era verdade.

      -Dr. Raul, o senhor teria dois minutinhos para ouvir uma história?Prometo resumi-la e pular as partes mais dramáticas, como as hemodiálises e as crises renais.

   Raul levantou uma sombrancelha totalmente perdido.Mas então assentiu com a cabeça e pediu que a recepção autoriza-se minha entrada.Caminhei com ele até uma sala vazia e nos sentamos em um sofá.Nunca havia falado de Felipe tão abertamente, ainda mais com um estranho, mas precisava da ajuda do Raul.Então conte tudo, tentando ser o mais breve possível.

      -Dr. Raul, eu sou uma transplantada... -então eu comecei a despejar praticamente toda a minha história.Ele ouvia tudo em silêncio, eu sentia que ele não julgava minhas atitudes e decisões.Mas na parte em que relatei sobre o acidente do Lucas, pude ver reprovação em seus olhos.Se um estranho não achava certa minha súbita partida do hospital naquele noite, imagina o ódio que Christopher sentia de mim.

    Convenci Raul a me ajudar depois de fazê-lo entender meu desespero em ser ouvida por Christopher.Pedi que ele me deixasse falar antes da palestra, seria minha última tentiva de fazer Christopher me entender.Raul concordou e avisou ao cerimonial que eu precisava de alguns minutos com a palavra antes da abertura do congresso.

   Suava frio.Nervosa.Sabia que não só Christopher, mas todo o escritório e até Poncho e Annie estariam presentes.Isso era bom e ruim ao mesmo tempo, pois contaria a todos de uma só vez.Nos batidores rezava  e pedia força a Deus.Sei que ele nunca me abandonou, prova disso é que eu estava aqui, mas ainda precisava de forças para olhar para o homem que eu amava e contar tudo a ele, o que automaticamente me fazia deixar Felipe no passado.

       -Está na hora.Boa sorte, menina. -Raul me avisou e me deu um abraço.

       -Obrigada por tudo.

      -Não há de quê.Adoro finais felizes.

   Sorri quando ele piscou para mim.Caminhei até o palco e respirei fundo ao ver as centenas de pessoas à minha frente.Andei até o centro com o microfone nas mãos.Olhei para confirmar se Christopher não tinha saido correndo e fiquei feliz por ver que o Raul o manteve sentado.Olhava para mim espantado e furioso por estar exposto daquela maneira.Fo/da-se! Era tudo ou nada.

      -Boa noite.Sei que devem estar se perguntando por que estou aqui, já que não sou palestrante.Eu sei que é uma loucura, mas gostaria, de pedir alguns minutos da atenção dos senhores para contar uma história.

   Respirei fundo.O medo de ser vaiada e nem sequer conseguir falar o que planejei me pegou desprevenida.Mas então o silêncio ecoou pela auditório.Eu escutava apenas meu coração batendo desesperado dentro do meu peito.

       -Era uma vez uma garota como tantas outras da sua idade.Até que um dia, depois de algum tempo doente, ela descobriu que uma parte do seu corpo não funcionava como deveria.Seus rins praticamente desistiram de fazer seu serviço.Preguiçosos. -tentei aliviar o clima com uma brincadeira, mas foi em vão.Todos mantiam os olhos arregalados na direção do palco, ou seja, na minha direção. -Depois de muito tempo lutando para se mater viva, ela decobriu que a hemodiálise não a salvaria mais.Então, foi sentenciada de morte.Precisava encontrar um doador que fosse compatível com ela ou morreria.Nenhum familiar poderia doar e, como todos sabem, a fila de transplantes no Brasil é gigantesca.Milhares de pacientes morrem na fila à espera de  um rim, de um coração, de um fígado.Essa garota perdeu amigos que fez no hospotal, meses depois de entrarem na fila e meses antes que um doador aparecesse.Vocês devem querer saber o que aconteceu com essa garota, certo? -vi que algumas cabeças balançaram e, ao fixar meus olhos  na primeira fila, notei vários rostos conhecidos, Lucas me olhava com carinho enquanto outros, inclusive Annie e Poncho demosntravam surpresa em seus semblantes. -Deus não a abandonou e ainda lhe concedeu a grande oportunidade de voltar a viver.Um doador não consanguíneo apareceu.Por ironia do destino, ele era seu noivo e médico residente no hospital em que ela fazia tratamento.O homem que ela amou desde a adolescência e que recentemente havia lhe colocado um anel no dedo, fazendo a promessa de amá-la eternamente.Depois de muito relutar, ela acabou sendo convencida de que o transplante era a única meneira de continuar viva, que o rim do seu noivo seria a única forma de eles terem o futuro que planejavam.Todos achavam que o pesadelo terminaria com a cirurgia.Mas o destino resolveu que a vida não é tão simples.Para essa garota o pesadelo não terminaria.Após a formação de um coágulo que provocou um ataque cardíaco  fulminante, o doador faleceu na mesa de cirurgia para mantê-la viva. -lágrimas desciam dos meus olhos e eu não conseguia mais me segurar, a emoção tomava conta de mim.Sabia que era a última vez que relembraria a morte do Felipe, pois minha vida seguiria, assim como ele pediu.Não era fácil deixá-lo para trás quando parte dele vivia em mim, me mantia viva. -Eu perdi Felipe na mesma hora  que ganhei minha vida.Realmente foi um transplante, não de órgão, mas de vida.Ele me deu a dele para que eu pudesse estar aqui nesse momento.Por isso, Lucas, -apontei para a cadeira em que ele estava. -Eu senti tanto medo de te perder.Eu passei muito tempo me culpando e me martirizando como se eu fosse uma assassina, como se fosse alguém que roubou a vida de outra pessoa.Então você, com seu ato heroico... -parei alguns segundos, pois as lágrimas não me deixavam falar,  Lucas balançava a cabeça em negativa como se soubesse o que eu estava prestes a dizer. -Você me colocou na mesma situação.Novamente eu tirava a vida de outra pessoa para me salvar.Novamente eu passava pelo mesmo castigo de ver alguém que eu amava morrer em uma mesa de cirurgia.Eu não consegui ficar. -dessa vez olhei diretamente para Christopher. -Naquela noite, eu procurei o Dereck porque ele, Lucas e Maite eram os únicos que sabiam do meu passado.Era os únicos que sabiam que eu ainda vivia na sombra de alguém importante para mim, de alguém que eu amei e que de certo modo ainda amo. -nem percebi que tinha deixado de olhar para ele, e voltei a fitá-lo. -De certo modo, pois um homem entrou na minha vida.Um homem que me fez entender que por mais que você faça escolhas, que por mais que você escolha se esconder, alguém sempre te achará.Alguém sempre te buscará e ao te encontrar vai te colocar em conflito consigo mesma.Foi isso que aconteceu comigo, Christopher. -falei diretamente para ele. -Você me buscou quando eu não queria ser achada e me encontrou quando eu estava perdida.Antes de o Felipe partir, ele me disse que se eu havia passado para a faculdade de Direito era porque algo me esperava.E ele estava certo.O destino me preprava você.E eu estou pronta para aceitar o que me foi desistinado.Isso se você ainda quiser sua menina ao seu lado.

   Soltei o ar que prendia e, com os olhos fixados em Christopher, eu aguardei uma resposta.Não se ouvia nem o tique-taque de um relógio em todo o auditório.O sorriso de alívio que antes estampava meu rosto foi dando lugar à tristeza e à decepção ao ver que Christopher não se pronunciava.Ele bem sequer mexeu um músculo da face.A dor que eu sentia triplicou.Cheguei tarde demais! Foi o único pensamento que passou pela minha cabeça antes de jogar o microfone no chão e sair correndo.Não tinha mais futuro, mas sabia que para o pasado não poderia mais voltar.Tinha deixado os dois homens da minha vida naquele palco.E mais uma vez, somente um me receberia de braços abertos.Dereck.

P.O.V CHRISTOPHER

   Não podia acreditar em tudo o que eu acabava de ouvir.Minha menina quase morreu.Meu Deus! Ela quase perdeu tudo.O quanto não deve ter sofrido e chorado.Sentia raiva e tristeza ao mesmo tempo.Raiva por ela não ter me contado antes, ódio pela relação que Dulce mantinha com Dereck, pois ele sabia do passado da minha menina e eu não.Tudo o que eu fiz, todas as vezes que a destratei, a xinguei, a culpei... Foi tudo no escuro.Então a tristeza me consumuiu ao imaginar o quanto Dulce sofreu, o quanto teve que lutar para se manter viva até decobrir que o homem que amava... Minha garganta se fechou e eu tive vontade de gritar.O que esse homem fez foi algo extraordinário: deu a Dulce a chance de viver e eu seria inteiramente grato a ele.

      -Você vai ficar parado, seu idiota? -Lucas gritou do seu lugar.Bravo.Chateado.Annie chorava copiosamente nos ombros do Poncho, e Chris se levantava, provalvemente para ir atrás da amiga.

   Acordei dos meus desvaneios e deixei tudo para trás para seguir na mesma direção que Dulce.No caminho, eu tirei o terno e a gravata, estava me sentindo sufocado.Olhei para todos os lados, mas não avistei minha menina em lugar  nenhum e uma ideia surgiu na minha cabeça.A praia.

   Corri com um louco pelo estacionamento.Precisava ir atrás da minha menina.Seus olhos chorosos.O sofrimento palpável com cada palavra que dizia me destruía.A coragem que teve em contar a todos sobre a vitória que alcançou e a perda que teve no mesmo momento, me derrubou.Minha vontade foi de beijá-la ali no palco, de demonstrar todo o amor que sentia por ela e que transbordava em meu coração.Mas paralisei com sua declaração.Somente alguns minutos depois eu acordei do transe em que estava e agora rezava para ela ter ido à praia.Dulce era minha e eu iria até o inferno atrás dela.

   Liguei minha caminhonete, e meu destino estava traçado.Encontraria Dulce e a seguraria firme em meus braços, nunca mais a deixaria sair da minha vida.Acelerei e mal notei um vulto cruzando na minha frente.Senti o impacto e imediatemente parei.Leveu as mãos à cabeça desesperado, pois sabia que tinha atropelado alguém.Por/ra!Meu Deus!

   Desci e o desespero tomou ainda mais conta de mim.Nina estava caída segurando meu celular na mão direita.Desacordada e com um corte sangrando sobre sua testa.

      -Nina!Nina! -chamei seu nome repetidas vezes, mas ela não acordava.Algumas pessoas se juntaram e foi como um déjà-vu do acidente do Lucas, mas dessa vez eu sofria em dobro, pois sabia que eu era o culpado por minha secretária estar naquele estado.Escutei alguém chamando a ambulância e um alívio enorme tomou conta de mim quando Nina abriu os olhos. -Ei, está tudo bem, a ambulância está a caminho.

   Nina levou a mão à testa e tentou se levantar.

     -Não, senhora. -eu a impedi. -Você ficou algun minutos desacordada.Vai ficar quietinha até a equipe de resgate chegar.

      -Desculpe, Dr. Uckermann.Vi que tinha esquecido o celular sobre a mesa e depois de tudo achei que precisaria dele.Então eu corri até o estacionemento para lhe entregar.

   Olhei para ela e não acreditava que me pedia desculpa por ter sido atropelada.Em tempo recorde a ambulância do hotel e os paramédicos encaminharam Nina até o hospital.

      -Lucas, eu preciso de você. -aproveitei o celular que Nina trouxe para ligar para o meu irmão.

      -Para quê?Para limpar a sua mer/da? -respondeu irritado.

      -Cala sua boca, moleque.Eu atropelhei a Nina e não é hora de ouvir seu sermão. -me irritei além do extremo com ele.

      -Como assim?

      -Ela atravessou descuidada o estacionamento e infelizmente eu a acertei.Estou indo para o hospital com ela.

      -E a Dulce? -Lucas fez a pergunta que eu tanto temia.Não consegui encontrar a minha menina e nem fazia ideia de onde ela estava.

     -Vá atrás dela, Lucas.Nem que tenha que amarrá-la no pé da mesa, não tire os olhos da Dulce e a mantenha segura.

      -Quer que eu vá até aí?

      -Por/ra, Lucas! Qual a parte do vai atrás da Dulce e não tire os olhos dela você não entendeu?

   Desliguei o celular sem deixar Lucas responder.Estava na hora de tomar as rédeas da minha vida novamente.

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   Como Nina era minha funcionária e eu o causador do acidente, passei a noite com ela no hospital.Queria me certificar de que ficaria bem e para isso adiei o encontro com a minha menina.O celular da Dulce não atendia e eu pedi também ao Chris e ao Poncho que a encontrassem e a mantivessem segura até eu chegar.Com o dia amanhecendo, meu celular tocou e o visor mostrava o nome do meu irmão.

      -Ela está com você? -atendi perguntando pela Dulce.

      -Mano. -a voz do Lucas saiu entrecortada, e meus instintos me alertavam que não seria a notícia que eu esperava. -Ela foi embora.

      -Como assim foi embora?Do congresso? -realmente não achei que ela ficaria aqui depois de eu ter ficado parado diante da sua declaração, mas tinha sido muita informção para absorver e eu precisei de um tempo para fazer minha cabeça enteder o que meu coração já sabia.

      -Não, Ucker.Tentamos falar com ela no celular e não conseguimos.Então Chris me ligou dizendo que ela deixou um bilhete no apartamento deles.Dulce viajou, ninguém sabe para onde.

      -Você só pode estar brincando comigo.Ela estava aqui ontem Lucas, você mesmo viu.

   Andava de um lado para outro no corredor do hospital e uma enfermeira se aproximou perguntando se eu estava me sentindo bem.Me afastei dela sem responder

      -Sim, mas ontem mesmo ela fez as malas e partiu.Sinto muito,  Ucker.Eu avisei que um dia poderia ser tarde demais e esse dia chegou para você, meu irmão.

   Lucas fez questão de lembrar o quão burro e cabeça dura eu tinha sido.E eu nem sequer poderia rebatê-lo, pois o que falava era verdade.Meu orgulho, rancor e suposicões afastaram a Dulce de mim.Meu martírio era saber do sofrimento da minha menina, o quanto dever ter diso difícil achar  que também perderia Lucas.Minha vontade era de abraçá-la para sempre e sussurar eternamente o quanto a amava.Seria capaz de retirar sua dor com as próprias mãos se fosse possível.

      -Eu vou achá-la, Lucas.Nem que eu tenha que ir ao inferno.Eu vou achá-la.

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  Uau q reviravolta, e agora é o Ucker q vai atrás dela!!!

            Continua......