Fanfic: My Errors - Portinon | Tema: Portinon - Adaptada

POV Dulce

Cheguei ao hospital ainda abotoando a camisa, melhor do que como sai de casa, que foi abotoando a calça e com a camisa no ombro, o porteiro e a senhora que sempre anda com um cachorro magro, sem pelos e feio ficaram me encarando enquanto eu passava correndo e com o busto coberto apenas pelo sutiã. Não sei por que estão espantados, quando saí do meu apartamento ainda nem tinha vestido a calça. ­

-Onde está a doutora jauregui? – perguntei a recepcionista e ela digitou algo em seu computador. ­

-Terceiro andar. – ela disse e eu me dirigi ao elevador. Apertei o botão com o número três e arrumei meu cabelo. Quando ele abriu a porta vi a morena saindo de um quarto.

 – Onde está minha filha? O que ela tem? – perguntei me aproximando da morena. Lauren é cardiologista, e mesmo que eu não admita, a única que eu respeito aqui dentro. ­

- Ela teve uma falta de ar e um desmaio. Já fiz alguns exames, eu tenho algumas suspeitas, mas vou esperar que se confirme. Bea está nesse quarto. –Lauren respondeu apontando pra trás. Assim que ela falou eu deixei que ela continuasse a falar e entrei no quarto dando de cara com minha ex­ mulher. Anahí mexe com minha imaginação até hoje, mas no momento a única coisa que me importa é minha filha. Me aproximei de Bea que estava sentada jogando em seu celular. ­

- Tá tudo bem? – perguntei e segurei em sua mão, Bea a puxou levemente, se afastando de mim. Percebi que Anahí  estava sentada em uma cadeira. ­

-Eu to bem,Dulce. Não era necessário se preocupar. – Bea respondeu sem olhar nos meus olhos, eu sabia que ela não falaria direito comigo. Então olhei pra Anahi  e pedi que ela me acompanhasse até o lado de fora. Anahi  se pôs de pé e eu abri a porta pra que ela pudesse sair e logo fui atrás

-  ­O que aconteceu,Anahí? – perguntei a ela que tinha os braços cruzados, mesmo depois de separadas nós conversávamos, mas normalmente sempre sobre assuntos que envolviam Bea.

- ­Ela teve uma falta de ar na educação física e desmaiou, me ligaram e eu a trouxe para o hospital. Lauren fez alguns exames e eu não consegui te ligar, estava preocupada demais. – Camila esfregou suas mãos em seus braços, como se estivesse sentindo frio.

- ­Peguei o resultado da ressonância, do eletrocardiograma e do ecocardiograma. –Lauren apareceu com alguns resultados nas mãos. E Anahí e eu a encaramos.

- ­Por que pediu tantos exames? – eu perguntei e ela olhou nos meus olhos. ­

-Por que era necessário. ­ essa fora a resposta dela. Lauren entrou no quarto e logo atrás dela Anahi e eu entramos. Lauren pegou seu estetoscópio e o colocou em seus ouvidos, logo levando a ponta gelada até a pele da minha filha, Bea olhou pra Anahi que assentiu como que dizendo que estava tudo bem. A menina olhou rapidamente pra mim, mas desviou os olhos para o instrumento em sua pele. Engoli em seco. Lauren não estaria cuidando dela se não fosse algo realmente sério. Claro que ela faria com o que o melhor médico daqui a atendesse, por ser a madrinha, mas ela é uma cardiologista, isso pode significar tantas coisas que eu prefiro não pensar em nenhuma possibilidade.

– Vou passar dois remédios pra você minha gatinha, mas quero você aqui em uma semana e na próxima semana também. Vou com suas mães buscar a receita e já assino sua alta pra que possa ir pra casa. –Lauren disse beijando a testa da Bea, como eu já não fazia desde que era uma garotinha e ainda ia me visitar nos finais de semana. Até que por eu apenas trabalhar e brigar com ela enquanto ela tentava brincar com alguma coisa, as visitas foram diminuído, e a seis anos ela parou de ir, apenas dizendo que preferia ficar em casa. Eu fui a primeira a sair da sala pra poder respirar. Lauren saiu logo depois acompanhada de Anahi .

– Agora posso falar com vocês. Bea vai ter que beber os remédios direito, na hora e dose correta. Ela está com miocardiopatia dilatada.

- ­Eu não estudei cardiologia,Jauregui . – falei entredentes. Odiava toda essa espera imbecil. ­

- O ventrículo esquerdo dela está dilatado, expandido. E está com dificuldade para expulsar o sangue pra fora. E eu acredito que é congênito, por que eu não lembro de ninguém da família de vocês que tenha tido essa doença. –Lauren disse e eu procurei na lembrança. ­

- Os remédios vão ajudar? – ouvi a voz da Anahi tão fraca e amedrontada. ­

- Eu não vou mentir pra vocês, não tenho tanta certeza. Espero que sim, se não mudar nada pode ser bem mais grave do que eu imagino, e vou precisar de exames mais detalhados. –Lauren disse e eu bufei alto.

-­E se estiver tão grave, o que é necessário se fazer? – perguntei com raiva, por que parece que quando tudo já tá uma merda, acontece alguma coisa, por que aparentemente é necessário piorar mais ainda, não é o suficiente. Não consigo me envolver emocionalmente com ninguém, meus amigos se afastaram, minha irmã está irritada comigo, minha mãe eu nem sei como está, meu pai já é falecido a quatorze anos, minha filha me odeia e ainda está doente.

-O que mais falta? ­Ela pode precisar de um transplante de coração, só tem um problema, o sangue dela, é B negativo, como o seu doutora Savinon. – ela disse e eu engoli em seco.Anahí me olhou procurando respostas. ­

-O que isso quer dizer? –Anahi perguntou olhando de mim pra Lauren. ­

- Não é um sangue muito comum, isso quer dizer que achar um doador é muito difícil. – Respondi e Anahi arregalou os olhos, e deixou uma lágrima escapar, quando eu ia a abraçar ouvimos uma voz atrás de nós.

-Any. – olhamos em direção a voz apenas pra ver Hailee parada ali. Anahi  foi em direção a ela se jogando nos braços da namorada. Mas uma coisa que eu tenho que aprender a lidar, a mulher por quem ainda tenho sentimentos guardados no mais profundo do meu peito, com a namorada babaca, a qual minha filha adora. ­

-Com licença. –Lauren disse. – Vou assinar a receita e a alta da Bea, vocês poderão levar ela pra casa. – Dinah disse pra Hailee e Anahi .

Sabe a sensação de não ter espaço em alguns momentos. Quem levará minha filha pra casa será Anahi, a mãe. E Hailee, uma babaca. Continuei no corredor, observando o que aconteceria. Logo o casal foi em direção ao quarto e minhas pernas seguiram a mesma direção.

- ­E ai, cabelos dourados. – Hailee disse a minha filha. Os cabelos de Bea sempre foram mais claros, mas ela fazia o favor de clareá­los mais ainda de vez em quando. ­

- Oi tia Hailee. – Bea disse animada dando um abraço na mulher, aonde eu me perdi no meio disso tudo?

- ­A gente pode te levar pra casa, e vamos pedir Pizza. – ela disse e eu arregalei os olhos.

- ­Não acho que seja uma boa ideia. – falei e as três me olharam, tentei falar com Camila apenas por olhares, como fazíamos ainda quando erámos casadas.

- ­Dulce  tem razão, é melhor comer algo saudável. Vai começar com a medicação hoje, não é bom comer algo tão pesado. –Anahi disse e eu senti o alivio invadir meu corpo.

- ­Tudo bem, comemos pizza outro dia. – Bea disse e saiu da cama acompanhada da Hailee, as duas foram saindo da sala e Anahi ficou pra trás arrumando as coisas da filha.

 ­Any. – chamei usando o apelido que não era usado por tantos anos. Vi seu corpo enrijecer com a surpresa. Ela me olhou sobre o ombro.

– Eu posso ir visita­-la? – perguntei com dúvida, sabendo que ela podia muito bem negar.

- ­Amanhã, mas vai com calma com ela. – Anahi  disse e eu assenti, logo ela saiu do quarto e eu fiquei ali dentro sozinha, e tentando me lembrar de todo o meu passado.