Fanfic: Quando Eu Te Encontrar (Adaptada) | Tema: Vondy

– Você pelo menos pegou o telefone dela? – Dulce perguntou ao descer as escadas da casa e parar no primeiro degrau. Ele se virou e olhou para ela, parada sobre o degrau e com os saltinhos que usava, ela conseguia ficar da sua altura. – Não vou comê-la. Ela soltou o ar como se estivesse decepcionada. Não que ela em algum momento houvesse achado que ele era mesmo um pobre e inocente quase virgem. Nenhum homem com aquela aparência poderia ser. Mesmo se ele não quisesse, mulheres o atacariam e arrancariam a inocência dele. Não havia como. Ele não havia sido um viciado em trabalho a vida inteira, tinha que ter tido tempo pra se esbaldar. E ele tinha cara de que se esbaldava com estilo. O tipo que ela não devia se meter. Você sabe, vem escrito na testa deles, algumas garotas, como ela, enxergam. Felizmente. Ou não, depende do ponto de vista. Vai que... sei lá, vale a pena. – Isso foi tão informativo... – ela murmurou. – Pensei que estivéssemos sendo hiper sinceros de propósito. – Serviu pra alguma coisa, você tem esse semblante super sério – ela moveu a mão no ar como se demonstrasse um defeito gigante e aterrorizante no rosto dele. – Não deve rir de piadas, mas ri de respostas inadequadas. Sim, porque o cara podia ser bonito, charmoso, cheirar bem e tudo mais. Só que ele era intimidador. Dava vontade de sair correndo quando ele estreitava o olhar. Não dava para saber se ele estava pensando ou querendo arrancar seu pescoço. Não passava pela mente dela que em alguns momentos ele poderia simplesmente estar pensando em beijá–la. Para que dificultar coisas simples, não é? – E espirituosas. Sim, geralmente – ele confirmou. – Legal. Bem, eu vou... – Fugir pra onde dessa vez? – ele interrompeu, quando ela chegou a pôr o pé no degrau de cima. Dulce virou o rosto para ele e franziu o cenho, chegou a abrir a boca uma vez, mas repensou o que ia dizer e preferiu engolir a saliva. – Sobre aquele negócio de fingir... – ela deixou o tópico aberto. Ele deu um sorriso leve, chegou para o lado para um garçom passar com uma bandeja. – Melhor sairmos do caminho – ele moveu a cabeça, indicando o lado esquerdo. Ali ficava o mesmo local onde eles estiveram lá no início da festa. Ela franziu o cenho e desceu, deu uma olhadinha por cima do ombro porque tinha literalmente fugido. O celular de Christopher vibrou e ele tirou do bolso enquanto ela se aproximava. – Seu secretário doido ainda está vivo? – Espero que sim, não quero voltar e encontrar uma bagunça sangrenta. Ela ajeitou a frente do vestido e prendeu melhor a cintura. Ao invés de imaginar como seria sua próxima saída estratégica para sair de perto do seu novo amigo de festa, ela se concentrou em qualquer outra coisa. Como por exemplo, o fato de estar esfriando e ela havia vindo com um vestido sem mangas. Era lindo, uma peça da Blumarine que ela comprou por puro abuso com seu primeiro salário. Mas... Christopher se virou, enfiou as mãos nos bolsos e ficou olhando-a. – Afinal, qual o seu problema com o Cody? Querem te jogar pra cima dele? O que ela estava pensando mesmo? – Não, eu... por que você quer sabe disso? Vai tentar vender o peixe dele também? – Eu não vendo nada que não vai me dar lucro. Mas como você me avisou sobre a interrupção, achei que devia te dizer que ele saiu da casa. Ela soltou o ar e tentou fingir que não fazia diferença, mas deu dois passos e parou atrás dele, ficando na ponta do pé para olhar por cima do seu ombro. Só que ele virou o rosto e a pegou no flagra ou como preferir chamar, mas dessa vez quando eles se encararam, não deu tempo de fingir rápido o suficiente. E eles ficaram parados ali, como se esperassem quem ia ceder primeiro. Dulce descobriu que o olhar dele não era sério, era inexplicável. Depois que a capturava, não dava para fugir. Ela sabia que estava movendo as mãos, virando o pé sobre o salto da sandália, engolindo a saliva, pressionando os lábios e até piscando. Mas não podia desviar o olhar. Christopher estava imóvel, ele provavelmente só piscava e respirava. Se ele se movesse, sua mão ia acabar na cintura dela e aí ninguém sabe o que ia vir depois. – Você não quer ir me pegar outra bebida? Aceito soda – ela disse baixo. Ele assentiu, se virou e saiu. Dulce soltou o ar e felizmente ele não olhou para trás. Ela devia fugir enquanto ele ia até a mesa das bebidas, dava muito tempo de subir as escadas, entrar na casa e desaparecer. Não só era o mais certo a se fazer, era o mais lógico também. Aliás, ela devia sair correndo. Sabe o que ela fez? Ficou observando sua sandália cor de champanhe, pensando que havia feito uma boa compra e eram saltos confortáveis, apesar de que após essas horas em cima dele, já estava pronta para deixá–la.