Fanfic: Quando Eu Te Encontrar (Adaptada) | Tema: Vondy

Assim que desligou o telefone, Christopher sentou–se à mesa para almoçar, Rico e sua bermudinha ridícula de turista já tinham desaparecido. O assessor vivia de terno e gravata, mesmo quando sua gravata ou seu paletó eram engraçados. Então, quando ele tentava parecer relaxado e aproveitar a folga, era um terror. O celular pessoal de Christopher tocou e ele revirou os olhos, esperando que não fosse alguém chato.

 – Alô.

 – Já chegou em Nova York? – perguntou seu primo. Jared Ward com certeza não se encaixava na categoria chato. E agora os dois estavam no mesmo barco. Com essa recente reestruturação do GW, ele também foi obrigado a assumir o cargo que supostamente teria um dia, só que antes do que ambos esperavam. Eles estavam tão ocupados que até Jared, aquele sem vergonha, havia diminuído o ritmo. Apesar disso, ele misteriosamente conseguia ter mais folgas do que Christopher.

– Não, ainda em D.C.

– Ué, deu merda aí?

 – Pelo contrário, os caras daqui são certinhos e eficientes. Tirando o Gerry, claro.

 – Ah, o Gerry. Continua doido?

– Piorando com a idade.

– Ótimo, vou visitá–los mês que vem. Na quarta eu chego aí em Nova York.

– Boa sorte.

 – E você está fazendo o que aí, visitando o Capitólio? Pensei que as visitas da época da escola tivessem sido suficientes.

 – Tenho um encontro.

– O quê? – Jared começou a rir.

– Isso mesmo.

– Você ainda vai ter um? Seu “encontro” não deveria ter no máximo acordado aí essa manhã, pra você conseguir se livrar dela antes do almoço e ainda pegar o voo pra casa?

 – Ia ser no mínimo engraçado... – disse Christopher, pensando em como Dulce reagiria se acordasse no quarto dele hoje. Provavelmente ia ter um colapso e sair correndo. Ele que ia acabar tendo que persegui–la ao invés do contrário, o que seria inédito. Jared não estava entendendo nada. A política da casa, ao menos no momento, era essa, não?

– É um encontro de verdade? Você sabe fazer isso? – ele riu um pouco.

 – Até onde eu lembro seus encontros não são exatamente o que as pessoas esperam ao ouvir essa palavra – observou Jared.

 – Como se os seus fossem.

 – Ei, ontem eu jantei, comi sobremesa e dei carona.

 – E ela já foi?

 – Estou de folga, cacete. Quando ela sair do banho vamos “conversar” um pouco mais.

 – Conversar pode ser seu programa mais divertido da noite – disse Christopher.

 – Que merda aconteceu com você?

– Se você encontrar uma pessoa interessante o suficiente...

 – Você não estava reclamando de quão interessante era aquela amiga que te apresentei.

 – Qual delas? A de cabelo roxo? Eu levei aquela garota pra casa dela, ela precisa de tratamento, sabia? Além disso, roxo não é meu tipo. Eu mal tinha escutado o nome dela e ela já havia me contado que tinha pintado “lá embaixo também”. Muita informação, cara. Muito roxo. Jared estava gargalhando do outro lado.

 – Por que você ainda tem esses ataques de dor na consciência? E não, era a morena, bronzeada e toda rija, com aquela pele cor de cobre... – Jared até suspirou. Ele tinha uma séria preferência pelas morenas.

– Não lembro o nome dela... – murmurou Christopher. A última que ele lembrava bem era a alemã doida, a tal de Pervy. Agora ele estava muito ocupado memorizando todas as tiradas de Dulce. Mas ele era ótimo fisionomista, assim que olhava para o rosto da pessoa, lembrava o nome. Isso sempre o salvava de gafes. O primo riu do outro lado e lhe desejou boa sorte com seu encontro. Christopher não ia começar a explicar os pormenores agora. Jared podia saber tudo da sua vida, mas isso ainda não ia sair dos seus lábios. Tudo que ele podia dizer era que todo o tempo que passou junto com Dulce, breve como havia sido, ele não pensara em mais nada. O outro lado da sua vida havia ficado preso em algum lugar que não permitia pôr suas garras na mente dele. Até os ganchos do seu passado sumiram pelas poucas horas que durou. Talvez ele houvesse apenas dado sorte no sábado à noite. Talvez houvesse sido ela. Quem poderia saber?