Fanfic: Quando Eu Te Encontrar (Adaptada) | Tema: Vondy

Washington, D.C, 2008

 Era um sábado à noite e sinceramente, se pudesse escolher, Christopher  teria ficado no seu hotel. Se ia ficar dormindo, vendo algum filme chato, lendo documentos, um livro ou imerso na banheira e tentando relaxar, era outro assunto. E isso o tornava um candidato à velhice precoce, certo? Porque nem chegara aos trinta, estava solteiro desde sempre e na sua lista imaginária não havia incluído uns drinks ou uma mulher para distraí–lo. Afinal, era sábado! Dia internacional da sacanagem semanal. A ex dele - se é que podia chamar disso, porque ele nunca disse que tinha algo com ela e nem ela disse nada disso; e passar uns dias transando com alguém não é considerado relacionamento - enfim, ele dormiu com ela na semana que passou visitando a sede do Grupo Ward, vulgo GW, na Alemanha. A mulher era um bocado louca. E ao menos o nome dessa, ele não ia esquecer tão rápido, apesar de ela preferir ser chamada de Pervy. Sério? Nem ele podia acreditar. Dane–se, ela era boa de cama, não tagarelava, tinha vários piercings nos locais mais inesperados e para uma semana, estava bom. Só caíam na cama e tchau. Ele não havia sido exatamente convidado para a festa de hoje. Não, era parte dos seus compromissos obrigatórios enquanto estava ali. A comemoração ia ser na casa de Gerry Marban, diretor do Grupo Ward da sede de Washington, D.C. – Chegamos, patrão – disse Don, o segurança, quando o carro parou em frente à casa. A frente da casa era enganadora, bonita, mas normal. Parecia ter dois andares, mas na verdade tinha três, quando entrava era possível descer os degraus para o térreo, onde seria a festa, na área da piscina. Gerry tinha um bom lugar ali e estava há anos à frente da sede do GW de D.C, mas não mudava. Christopher  via a cara dele há anos, tempo demais, se é que podia opinar. Como a maioria dos seus contatos profissionais, Gerry era mais velho do que ele. Aliás, sua filha mais velha regulava a idade de Christopher. Ele também tinha um filho um pouco mais novo, que até onde Christopher  se lembrava do rapaz, porque não o via há uns anos, era um adolescente chato. Eles desceram na Avenida Nebraska, onde ficava a casa e assim que saiu do carro e olhou em volta, Rico suspirou e disse: – Obrigada por me trazer, chefe. Estava mesmo precisando desestressar. Christopher olhou de rabo de olho para o seu assistente pessoal, o certinho, Rico. Até para uma festa super informal como essa, o cara tinha penteado o cabelo para o lado e passado gel. E ele sinceramente achava que Rico não sabia o significado de desestressar. Ele estava sempre pronto a ter um ataque. – Tudo bem. Agradeça–me depois que você tiver bebido pelo menos uns três drinks – Christopher  subiu o pequeno degrau em frente à porta e tocou a campainha. – Eu não sou muito de beber, você sabe... – Rico disse baixo, puxando seu paletó e se arrumando melhor. Nem estava frio. E era uma maldita festa na piscina. Christopher  estava só com uma camisa de botões, com as mangas já dobradas e presas. – Christopher! – disse Gerry assim que abriu a porta. – Estava te esperando! Vamos lá pra baixo! Rico, é você mesmo? Pensei que não ia a festas. Venham, venham. Pessoas que o conheciam há tempo demais tomavam a liberdade de lhe dar abraços como cumprimento. Algo que o resto da população só de olhar para ele não faria. Ok, tire dessa afirmação toda a população feminina ou não que estava interessada em dormir com ele. Gerry era um sujeito grande, devia ter a altura de Christopher e era largo e parrudo. Ele não era exatamente gordo, apesar de com certeza estar alguns quilos acima do peso, e tampouco musculoso, era só naturalmente grande. Gerry também era um eterno jovem. Ao menos isso o tornava uma companhia divertida. – Fico feliz que tenha resolvido vir. Você ainda é jovem, gosta de festas, precisa de algo além daqueles nossos jantares de negócios – Gerry dizia, enquanto iam para a escada. Christopher não estava infeliz por ter ido, mas não era como se tivesse tanta escolha assim. Ele havia assumido o GW há poucos meses, também não tivera realmente escolha nessa parte. Ele sempre quis o cargo, estudou para isso, se preparou, se empenhou, mas pensou que ia demorar mais uns anos. Quando sua família resolvia, ela conseguia o que queria. E ele praticamente nasceu com o crachá do GW colado na testa. Mas precisava seguir os compromissos, fazer média, parecer acessível aos seus executivos, ir a jantares e festas. Ele havia ido parar até num batizado da neta do diretor alemão. E pior, com o bebê no colo! – Hillary, meu bem, o Christopher  veio. Você que regula mais ou menos com ele, veja se consegue mantê–lo a salvo da velharia – brincou Gerry e piscou o olho.