Fanfic: Quando Eu Te Encontrar (Adaptada) | Tema: Vondy

Dulce não acreditava que havia concordado com aquele encontro. Por que ela ia fazer isso com ela mesma? Tomar café com aquele cara! Que completa maluquice. E pior, ela havia lavado o cabelo, se o secasse agora ia ficar igual uma vassoura, não ia? A porta abriu e Donna entrou. A garota com quem ela dividia o quarto era um pouco excêntrica e agora estava com o cabelo claro cheio de mechas azuis, rosas e roxas. Ela fazia faculdade de Artes na George Washington, era o mesmo departamento de Dulce, mas Donna fazia pintura mesmo.

 – Trouxe o almoço! – avisou Donna. Ela encontrou Dulce correndo para lá e para cá, jogando vestidos em cima da cama. O apartamento que elas dividiam era metade loft e só tinha um quarto, mas ele era bem largo, então colocaram uma cama em cada canto e seguiam a vida assim. A sala e a pequena cozinha dividiam o mesmo espaço com duas mesas de trabalho, cavaletes, latas de tinta, pincéis e toda sorte de coisa que duas universitárias cursando matérias que envolviam artes e trabalhos manuais precisavam.

 – Comida chinesa não! – disse Dulce.

 – Não, enjoei. Passei naquela trattoria, eles estão com aquela promoção de fim de semana. Tem comida aqui pra pelo menos três dias.

 É, elas colocavam no congelador e esquentavam no microondas, não tinham tanto tempo livre assim, porque agora ambas estavam trabalhando também. E eram universitárias, morando sozinhas, em uma cidade diferente de onde suas famílias estavam, tinham contas para pagar, não havia dinheiro voando pela casa. Donna achava que Dulce devia parar de comprar roupas e sapatos nas promoções que descobria e os livros caros de decoração que acabavam com seu salário. Dul achava que Donna devia parar de comprar aquelas bolsas horrorosas, as botas mais toscas ainda, aquelas tintas caras demais e as miniaturas que ela colecionava. Então, elas acabavam num acordo de simplesmente não atrasar as contas. Donna sentou e ficou comendo na bancada da cozinha de onde via a sala e também assistia Dulce andar para lá e para cá. Uma hora com um vestido, outra com o secador, depois com sapatos.

 – Como está o tempo lá fora? – Dul perguntou.

– Esfriou um pouco. O que você está fazendo, a comida vai esfriar.

 Dulce foi até lá e olhou o que havia, escolheu um penne bem simples, ou não teria vontade de tomar café às três da tarde. Mas ela foi comendo pelo apartamento.

– Afinal, o que foi agora? Vai a outra entrevista de estágio? Hoje é domingo, não é?

 – Não, eu meio que tenho um encontro... Só um café, mas enfim.

 – Você tem um encontro? – Donna disse de lá, pronunciando o “você” como se fosse inacreditável.

 – Não entendi seu tom...

 – Mentiraaa! – Donna até largou o prato, pegou seu copo e foi atrás dela.

– De onde saiu esse cara milagroso? É um cara, né?

– Claro que é um cara!

– Sei lá, estou tão assustada por você ter um encontro que precisava ter certeza.

– Vai se ferrar! Eu não vivo em encontros como você, não quer dizer que não fique com ninguém. Só que encaixo no meu horário normal.

– Aquele cara bonitinho, o loiro, é com ele?

– O Cody? Não, nem pensar.

– Ele é gatinho...

 – Então saia com ele, ué.

– Eu não, acho que não faço o tipo dele.

– E nem ele o seu. A menos que vá comparar com as figuras que aparecem aqui.

 – Sou eclética.

– Aquele cara com o jeans todo rasgado é gato.

– E um galinha filho da mãe. De onde saiu esse seu encontro?

 – De Nova York.

– Você está de sacanagem.

 – Não, ele é de lá.

– E ele é gato?

– Você acha que eu teria colocado dez vestidos em cima da cama, oito pares de sapato e estaria com o secador ligado se ele não fosse?

 – Nossa mãe! – Donna levantou um vestido da cama. – Ele deve ser uma coisa. Você vai até passar perfume por causa dele?

 – Eu sempre passo perfume.

– To falando do perfume caro.

 – Eu não tenho perfume barato.

 – Só porque sua mãe te dá o caro de presente... – ela riu.

 – Ninguém precisa saber disso! Seus pais também te mandam uns contrabandos.