Fanfic: Quando Eu Te Encontrar (Adaptada) | Tema: Vondy

– Você não tem vergonha de chegar a um lugar e pedir algo complicado e dar todo esse trabalho para a pobre mãe do cara? – ela perguntou, quando ficaram sozinhos.

 – Claro que não, eles ofereceram no cardápio. E chá é mais fácil do que essa sua bebida complicada. E ninguém tem vergonha de me pedir coisas complicadas no meu trabalho – ele franziu o cenho, como se houvesse lembrado algo particularmente complicado.

– Falando nisso, quando que você passou de amigo do Gerry para colega de trabalho e para chefe dele?

Christopher também queria saber, ele não se lembrava de ter dito nada disso.

 – Nem eu sei.

 – O que você faz mesmo? Era algo haver com uma startup. Eu não sabia que o pai da Hillary tinha mudado de emprego, pensei que ele estivesse no mesmo lugar há anos.

 – Ele está.

Ela continuou com o cenho franzido.

 – E eu sou chefe dele há pouco tempo, me surpreendeu também – ele disse. Em tese, era verdade. Antes ele não era obrigado a se meter com o GW inteiro, apesar de fazer isso como uma espécie de preparação. Agora ele tinha que fazer.

 – Deve ser interessante ser chefe do Gerry – ela disse, bebendo mais um gole. O chá dele chegou, assim como o muffin de receita da família da dona do Peete’s. Ela trouxe dois, porque seu novo cliente preferido estava acompanhado e ainda ficou ali conversando com ele por mais uns minutos antes de sumir.

 – Ela te adorou – disse Dulce.

 – Tenho esse efeito – ele deu um sorriso.

– Tem mesmo – ela disse. Christopher parou de mexer o chá e a olhou.

– Se você já me adora, acho melhor irmos sentar num canto.

 – Não te adoro tanto assim. Ele olhou para ela um pouco mais demoradamente, ele sabia disso. Dulce havia se encolhido um pouco na cadeira, como se estivesse com receio que eles começassem a ter contato físico. Christopher ficou bebendo chá porque era a melhor coisa que ele podia fazer para não tentar ter muito contato físico com ela.

 – Você não é de Washington, não é? – ele perguntou.

 – Não, sou de Baltimore. É bem perto pra falar a verdade

. – Está sozinha aqui?

– Sim, tem sido uma experiência e tanto. Você também ficou sozinho na época da faculdade?

 – Mais ou menos... Eu tinha um primo que estudava no mesmo campus. E quando estudei fora, bem, minha família é um tanto espalhada por aí. Eu acabava tendo um primo aqui e uma tia–avó ali pra tomar um chá nos feriados.

 – Eu posso visitar minha família facilmente, às vezes vou lá só pra comer. Juro! Ele riu do jeito como ela assentiu com a afirmação.

– Meu pai é um chef de cozinha, eu cresci muito mal acostumada.

– Ah, isso explica tudo. A gente come muito mal na época da faculdade.

 – Nem me diga, no meu primeiro ano eu fiquei com asco de hambúrguer. Só fui voltar a comer ano passado.

 – Você vai terminar logo?

 – Ano que vem. Posso perguntar algo?

 – O que você quiser.

 – Você tem tipo uns quarenta anos, mas com cara de vinte e algo?

Ele ficou sorrindo, mas pegou a carteira e deu a carteira de motorista a ela. Dulce ficou olhando e lendo as informações. Sabe, existem algumas pessoas no mundo que são malditas e essas pessoas conseguem sair bonitas em fotos 3x4. Christopher era uma delas. Dulce não ia mostrar a dela nunca, seus olhos haviam refletido o que os fez sair claros demais e ela estava com cara de sono e sem batom. Ou seja, parecia uma assombração.

– E quando você arranjou tempo pra ter um secretário, um assessor, terminar a faculdade, estudar sei lá o que em outro país e ainda ser chefe do Gerry. Eu não consigo nem chegar ao meu estágio no horário – ela soltou o ar com desânimo e devolveu a carteira.

– Você nem fez trinta ainda.

 – Você realmente estava achando que eu era um desses tios que curtem dar em cima de universitárias?

 – Sei lá... – ela desviou o olhar. Ia ser um tio para lá de atraente.

 – Minha família é um tanto precoce, as coisas acontecem rápido. Em compensação tenho vários familiares que se aposentam cedo, já que começaram mais cedo ainda.

 – E aí eles vão fazer o quê?

– Ah, não – ele riu. – Não é se aposentar e ficar em casa. É mudar de cargo e ir fazer uns investimentos por aí, às vezes mudar de país ou aumentar a família... – ele deu de ombros, não ia começar a contar as maluquices dos Ward no primeiro encontro. Ele nem devia estar falando isso tudo. Em geral não falava nada da sua família por aí.