Fanfics Brasil - O Segundo Encontro e o Primeiro Beijo O Despertar dos Sentidos

Fanfic: O Despertar dos Sentidos | Tema: Romance, Policial, Violência, Comédia, Drama, Festa, Musical,


Capítulo: O Segundo Encontro e o Primeiro Beijo

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Simone pensa em Cesar com tristeza em seus olhos. Eduardo se senta e pega nas mãos da amiga:


- Sei que é difícil, mas você precisa ter forças para superar esse sentimento.


- Se não consegui superar até hoje, você acha mesmo que algum dia irei superar? – Simone encara o amigo contraindo os lábios.


- Bom. De uma coisa eu sei! Para curar um grande amor, só mesmo com outro grande amor! Aceite o convite de Júlio para jantar.


- Não sei. Acho melhor não dar falsas esperanças. – ela balança a cabeça.


- Por favor, minha rainha! É só um jantar e nada mais! Será bom para você e vai poder se distrair um pouco. – ele dá um grande sorriso para ela.


- Tudo bem. – ela se dá por vencida – Já que você insiste tanto vou ligar para ele.


Simone pega o telefone, liga para a presidência e Júlio, que já se encontra só, atende no segundo toque:


- Alô.                                            


- Oi Júlio, é a Simone.


- Oi! – responde abrindo um grande sorriso ao ouvir a voz dela – Em que posso ajudá-la?


- O convite para jantar ainda está de pé? – ela murmura olhando para Eduardo que sorri e faz sinal de positivo.


- É claro! É só você dizer que sim, e nós iremos. – responde se levantando da poltrona da Camila.


- Então, você pode passar pelo meu hotel por volta das oito da noite.


- Como hoje é sexta-feira, que tal se além de jantarmos, irmos dançar em alguma boate. Aposto que você não conhece a vida noturna de São Paulo que é maravilhosa. – ele vibra silenciosamente com a mão livre e seu sorriso vai de orelha a orelha.


- Realmente você acertou, não conheço. – responde rindo timidamente.


- E então? Vamos?


- Ok. Aceito seu convite e o aguardo no hotel as oito.


- Estarei lá as oito em ponto! – ele vibra novamente.


Os dois desligam o telefone e Eduardo fica ansioso em saber o conteúdo da conversa.


- O que falaram?


- Que horas são agora? – pergunta Simone.


- São quatro e trinta e cinco. – Eduardo responde olhando para o relógio no pulso.


- Vamos para o meu hotel agora Dudu.


- Por quê?


- Ele me convidou para irmos para uma balada depois do jantar. E quero que me ajude a escolher uma roupa. – reponde pegando sua bolsa e se levantando.


- Com todo o prazer do mundo irei ajudar minha chefinha! – responde batendo palmas e sorrindo – E vai ficar mais linda do que já é!


Os dois saem da sala e vão direto para a garagem.


Ao saírem do prédio da Miranda vão direto para o hotel onde Simone está hospedada, porém sem perceberem que dois carros os seguem não muito distantes.


 


Simone coloca todos os vestidos, alguns casacos, três bolsas, duas carteiras e outros acessórios, sobre a cama para Eduardo ajudá-la a escolher, e eram tantos modelos, cores e tamanhos que ele fica perdido:


- Simone, assim não aguento! É tanto vestido e um mais lindo que o outro! Não sei qual escolher!


- Pois você vai ter que escolher, porque foi você que me colocou nessa. Lembre-se que eu não queria sair! Enquanto isso vou tomar banho. Preciso lavar o cabelo e escová-lo, pois se deixar secar ao natural vai virar uma juba de leão.


- Ok. Se quiser te ajudo a secar seu cabelo também.


- E vai me ajudar mesmo. – ela mostra a língua e depois sorri para ele.


- Mas antes tenho uma pergunta. – ele olha para os vestidos e coça a cabeça.


- E qual é?


- Por que praticamente todos seus vestidos tem gola em “V”? Você não tem nenhum mais fechado?


- Não tenho porque odeio roupa apertando meu pescoço. Me sinto mal!


- Entendi! Agora vai tomar banho logo. – ele empurra ela até o banheiro fazendo-a rir.


Simone entra no banheiro e fecha a porta. Eduardo começa a olhar vestido por vestido para encontrar aquele que seria perfeito.


Vinte cinco minutos depois, ela sai do banheiro enrolada num toalha branca e outra toalha branca também enrolada na cabeça, e com Eduardo a esperando impaciente por causa da demora:


- Finalmente! O que estava fazendo? Se depilando? – ele fala piscando o olho para ela com um sorriso malicioso nos lábios.


- Deixa de ser bobo! E então, qual você escolheu?


- Este!


Eduardo lhe mostra um vestido Triton preto, detalhe de abertura nas costas e parte inferior em tecido fluído. Modelagem evasê com decote arredondado confeccionado em viscose e elastano.


- Este vestido não vou usar! – ela balança a cabeça em negativa.


- Por quê?


- Você viu como mudou o tempo? Está frio!


- E quem disse que você vai usá-lo puro! Você vai usar com esse casaco vinho, que tem essas lindas lapelas decorativas nos ombros. A modelagem dele é bem acinturada, e você não vai sentir frio por causa das mangas longas e esse fechamento por botões que pode deixá-lo fechado ou aberto, fica lindo das duas formas.


- Tem certeza? – ela pega o vestido e olha para o casaco.


- É claro! E vai ficar divina se usar esta bota preta de salto agulha, que é lindíssima com esses recortes metálicos e essa ponteira também metálica. E o look é concluído por essa clutch preta com essa alça e fivela metálicas, que vai combinar com esse brinco prateado com detalhe de strass na superfície e franja de correntes.


- Nossa! Você planejou o look inteiro! Gostei de tudo que você escolheu.


- Ah... Sim! Já ia me esquecendo! Você vai colocar essa meia-calça fio oitenta preta que vai ajudar a segurar o frio também.


- Ok. Já que insiste. – ela responde sorrindo – Mas antes de me vestir, seca meu cabelo, por que sinto muito calor com o secador.


- Sim, senhora madame! – responde fazendo reverência.


Neste momento ela se senta na cama de costas para ele e antes que pudesse soltar o cabelo da toalha ele se assusta com algo que vê:


- O que é isso? Uma tatoo?


- Sim! São minhas asas! – responde com sorriso travesso nos lábios.


- Quando você fez, porque se me lembro bem da última vez que te vi você não tinha ela?


- Foi em dezembro do ano passado. E doeu pra caramba fazer ela toda! – ela faz uma careta.


- Disso eu sei. E ela vai até onde? – ele a olha com curiosidade.


- Até um pouco acima do quadril! Você quer ver?


- É claro!


Então Simone solta a toalha e a faz descer devagar até a altura citada.


- Nossa é linda! E pega quase as costas inteira! Ai... Se eu tivesse coragem! Você sabe que só fiz uma pequenina borboleta.


- Sei! Mas, além de coragem tem que ter tempo! Porque demorou muito para ficar pronta.


- Ok. Agora vamos aos cabelos. E vai se preparando porque vou esticar bem essas madeixas vermelhas!


- Certo. – ela resmunga pensando na dor que ele lhe causaria.


Uma hora e meia depois, Simone sai do banheiro completamente pronta, vestida, penteada e maquiada.


- Maravilhosa! – Eduardo começa a bater palmas quando a vê – Espetacular, merece tirar uma foto!


- Deixe de exageros Dudu. – ela sorri timidamente.


- Ah! Deixe-me tirar algumas fotos sua? – ele faz biquinho.


- Ok. – ela responde revirando os olhos.


Eduardo tira uma câmera digital da sua bolsa e tira várias fotos de Simone sozinha fazendo “caras e bocas” e também deles dois juntos.


- Vou postar essas fotos no meu Orkut amanhã. – ele murmura admirando o resultado das fotos.


Neste momento o telefone toca e Simone o atende:


- Alô.


- Senhora Simone. O senhor Júlio está aqui.


- Diz que já vou descer. Muito obrigada. – responde e desliga o telefone – Dudu ele já chegou.


- Nossa! Mas ainda é sete e meia!


- Pois é. O que você acha? Desço já? – Simone o encara atentamente.


- Deixe-o sofrer um pouquinho. Você só vai descer as oito que foi a hora que marcou!


O tempo passa devagar, Simone começa a ficar ansiosa e anda de um lado para o outro no quarto. Ela se senta na beirada da cama e um minuto depois se levanta começando a andar pelo quarto. Olha o horizonte noturno pela janela, e volta a andar pelo quarto, Eduardo tenta acalmá-la, mas sem sucesso algum.


- Que horas são? – pergunta ela pela quarta vez.


- Faltam quinze minutos para as oito!


- Vou descer agora! Não quero fazê-lo esperar mais. Afinal já estou pronta mesmo.


Ele suspira e revira os olhos, então responde.


- Ok, vamos descer. Que mulher mais ansiosa, até parece que ele vai fugir!


Os dois saem do quarto e em seguida já aparecem na recepção, onde Júlio a aguarda sentado no sofá. Ele se levanta ao ver Simone e Eduardo se aproximando, e fica surpreso por vê-los juntos. Porém, não dá muita importância, pois seus olhos ficam distraídos pela beleza de Simone.


- Oi Júlio. – cumprimenta Simone dando um beijo no rosto dele.


- Oi Simone. Você está maravilhosa, como sempre. – responde com um sorriso deslumbrante que a faz prender sua respiração por uns segundos.


- Oi Júlio! – Eduardo o cumprimenta empolgado e faz um movimento de também dar um beijo no rosto de Júlio.


- Não vêm que não têm! – responde Júlio se afastando para evitar o beijo e pegando na mão de Eduardo – Olá Eduardo.


- Hum... Foi só uma brincadeirinha para distrair seu bobo. – Eduardo responde rindo e Simone começa a rir com o amigo, com isso Júlio também ri da situação.


- Ok. Já fiz minha brincadeira do dia, agora vocês dois vão e divirtam-se. – Eduardo murmura ao abraçar Simone.


- Você quer vir conosco? – pergunta Júlio receando que aceitasse.


- Muito obrigada. Mas, não! Também tenho um encontro hoje com um ser espetacular. Por isso... Fui! – responde ainda abraçado à amiga.


Eduardo beija o rosto de Simone e sai rapidamente do hotel, seguido pelos dois.


Júlio abre a porta do carro para ela e em seguida também entra, dá partida e logo eles se dirigem em direção a Mooca, sem perceber que estão sendo seguidos.


 


A noite começa pelo restaurante italiano da família de Carmella. Um restaurante aconchegante todo decorado com toalhas e objetos que lembram a Itália e as cores de sua bandeira, frequentado por pessoas comuns e pessoas importantes da cidade de São Paulo.


O restaurante é cuidado pelo senhor Lorenzo Andreatta, cinco anos mais jovem que Carmella, alto, um pouco obeso e a barriga um pouco protuberante, olhos azul profundo, cabelo bastante grisalho, com barba perfeitamente cuidada. E como sua irmã, não nega sua origem de sangue quente. Ele cuida do restaurante junto com seus três filhos, Geovana Marconi Andreatta, Luigi Marconi Andreatta, Enrico Marconi Andreatta, sua esposa Paola Marconi Andreatta, que é a grande mestra da culinária italiana e a única filha de Carmella, Donatella Andreatta Galeone que também auxilia Paola na cozinha.


Júlio cumprimenta o irmão de Carmella e o apresenta para Simone. Lorenzo os leva a uma mesa para dois e faz questão dele próprio atendê-los. Ele traz a carta de vinhos e o cardápio para Júlio escolher. Simone aprova todos os pratos que Júlio pede e o vinho que acompanha a refeição.


A conversa entre Júlio e Simone começa com ele perguntando sobre sua vida no Rio de Janeiro e sua filha, e ele fica encantado com olhar de Simone ao falar da saudade que já sente da “Cidade Maravilhosa”, mas principalmente da saudade de sua filha. Simone conta todos os detalhes da personalidade de Ângela, deixando-o morrendo de curiosidade de conhecê-la pessoalmente.


Depois do jantar Júlio a leva em uma boate para dançarem. E entre danças, risadas e drinks, conversam sobre cinema e filmes famosos que Simone gosta e os filmes que não gosta. Assim as horas passam rapidamente.


- A noite está muito agradável, mas já está tarde e é melhor nós irmos embora. – Simone sussurra no ouvido de Júlio por causa da música alta da boate.


- Ah! Por quê? Nós não vamos trabalhar amanhã. – ele pega na mão de Simone e faz biquinho.


Simone acha graça da expressão dele e começa rir, neste momento o DJ coloca uma seleção de músicas românticas da década de 90, e ela se empolga ao ouvir tais músicas. Então Júlio a convida para dançar novamente e os dois voltam para a pista de dança. Ele a abraça e começa a dançar, ela fica um pouco hesitante no começo, mas logo aceita, porém ficando um pouco distante. Então, num rodopio que ele a faz dar a puxa mais para si, ela ri e acaba por não se importar com a proximidade de seus corpos.


Durante a dança ela encosta sua cabeça no peito dele e fecha os olhos deixando a música entrar em sua alma para ficar gravada em sua memória aquele momento especial, então abre os olhos e em um dos cantos escuros da boate, vê uma figura muito familiar, ela levanta a cabeça, comprime os olhos tentando visualizar melhor e pensa “Acho que estou vendo coisas, mas parece ser o Rick.”. Tem dúvidas se realmente viu aquela pessoa, as luzes piscantes, iluminam em alguns breves momentos aquele local, por isso não tem certeza. Ela para de dançar e se afasta de Júlio:


- O que foi Simone? – ele questiona.


- Nada. – ela olha para Júlio e completa hesitante – É... Preciso ir ao banheiro. – e vai em direção ao banheiro enquanto isso ele volta para a mesa.


Enquanto caminha para o banheiro com a cabeça baixa, pensa em Rick “Mas se for ele, o que poderia estar fazendo ali. Será que ele está me seguindo. Não, deve ser só a minha imaginação.”.


De repente, bem próximo do banheiro, um vulto para em sua frente e a impede de seguir. Ela levanta a cabeça e se assusta. Parado na sua frente, Cesar a encara com um olhar gélido, ele se aproxima e sussurra ironicamente em seu ouvido:


- Está se divertindo?


- Não te interessa e deixe-me em paz, por favor! – grita irada e o empurra.


Ela entra no banheiro e fica parada em frente ao espelho, sem prestar atenção nas outras mulheres e suas conversas. Paralisada de medo ela pensa “O que está acontecendo? Estou sendo vítima de perseguição? Por que tenho certeza que vi o Rick e agora encontro com o Cesar. Não entendo.”.


Ela balança a cabeça para afastar seus pensamentos, molha as mãos e passa no pescoço e depois no rosto de forma a não borrar a maquiagem. Respira profundamente, seca as mãos, o rosto e o pescoço com papel toalha ainda encarando seu reflexo no espelho. Então, sai do banheiro e vai em direção à mesa onde ela e Júlio estão acomodados. Ela se senta e fala em voz alta superando um pouco o ruído:


- Vamos embora?


- O que foi? Não está gostando? – pergunta franzindo a testa.


Simone sorri e responde:


- É claro que estou gostando, mas estou cansada. – e agora é a vez dela fazer biquinho e ele acha graça.


- Tudo bem. Vou pedir a conta e nós vamos.


Júlio chama o garçom e pede a conta. Depois de pagá-la, os dois vão em direção à saída e antes que pudessem sair totalmente do local, Simone se vira rapidamente em direção ao banheiro e vê Cesar que os observa, amuado.


Ao chegar à rua, Simone olha para todos os lados e vê não muito distante de onde está parado o carro de Júlio, o carro de Rick. E lá dentro, ela consegue distinguir na penumbra o rosto de Rick, que a observa atentamente com tristeza em seus olhos. 


Júlio abre a porta do carro para Simone entrar, em seguida também entra e da partida no carro. Quando este já está em movimento, Simone olha discretamente para trás, e percebe que nenhum carro os acompanha. Então ela pensa “Graças a Deus, nenhum deles está nos seguindo.”.


 


Na casa de Cesar, só há silencio e escuridão, principalmente por que já passa das três da manhã quando ele chega. Antes que pudesse acender as luzes, a luz de um dos abajures que fica ao lado de um sofá, é acesa por Camila, que está sentada usando camisola sexy branca. Ele fica surpreso e paralisado, então Camila pergunta com a voz macia e enganosamente calma:


- Oi. Tudo bem?


- Sim.


- Isso são horas de se chegar? Onde estava e com quem?


- Acredito que com quem estava você já deve saber. Sua espiã me viu sair com JP. – responde rispidamente pegando uma garrafa no bar e coloca uma dose de whisky num copo, e enquanto bebe o primeiro gole começa a subir as escadas.


Camila o segue e continua com a voz um pouco alterada pelo nervosismo:


- Ela não é minha espiã. Ela apenas me avisa quando você sai sem mim.


- E por que desse aviso? – rebate friamente.


- É apenas para que eu possa ficar avisada. Às vezes você sai da empresa sem nem ao menos falar comigo como fez hoje. Fico preocupada, não sei se você está bem. Nós moramos numa cidade muito perigosa. – responde tentando disfarçar seu nervosismo.


- A questão aqui não são os perigos da rua. – murmura tristemente entrando no quarto e sentando-se na cama, coloca o copo ao seu lado para tirar os sapatos e as meias – A questão aqui é que você não confia em mim. Você acha que a todo o momento que saio sem você é para te trair.


Ele se levanta tira o paletó, a gravata, a camisa, a calça, e os joga sobre uma cadeira num dos cantos do quarto, então pega novamente seu copo e entra no banheiro.


- Eu sei que sou ciumenta, mas é por que te amo. E é verdade que me preocupo com você. – murmura seguindo ele até o banheiro.


- Por favor, Camila! Deixe-me em paz! – rosna ele, fuzilando-a com o olhar gélido – Quero tomar banho com tranquilidade, sem seus questionamentos. Vai dormir!


- O que está acontecendo? – murmura dando um passo para trás por causa do olhar dele e levanta as sobrancelhas – Você está me trata tão estranho. O que eu fiz para merecer esse tratamento?


- Já chega Camila! – exclama botando fim na discussão.


Ele bebe o último gole de sua bebida, coloca o copo sobre a pia, tira a cueca, entra no box e abre a torneira do chuveiro, que logo começa a despejar água sobre sua cabeça. Camila fica chocada com sua atitude e resolve fazer o que Cesar pede, fecha a porta e se deita.


Durante o banho, Cesar começa a lembrar-se da única noite que esteve a sós com Simone. Das sensações e dos sentimentos experimentados naquela noite. Lembra-se também do seu desespero quando descobriu que ela havia fugido de casa. E finalmente se lembra de sua surpresa quando ela entrou na sala de reuniões em seu primeiro dia de trabalho, e sussurra em voz muito baixa.


- Por quê? Por que, Simone? Por que você voltou para me atormentar?


Lembra-se do beijo que deram naquela tarde, então ele passa os dedos nos lábios e fecha os olhos como se estivesse sentindo novamente aquele beijo. E pensa no comportamento de Simone junto com Júlio na boate e do momento que a deteve perto do banheiro. Ele começa a chorar baixinho de tanta tristeza que sente e dá um soco na parede. Sabe que tem de esquecê-la, mas também sabe que é quase impossível de esquecer tal sentimento, então sussurra em voz baixa e entrecortada:


- Com ele, você não vai ficar Simone. Se não for comigo, você não vai ficar com ninguém.


Depois de banhar-se totalmente, fecha o registro do chuveiro, abre a porta do box e pega a toalha que está pendurada ao lado, começa a se enxugar e pensa “Nem com Júlio, e nem com Rick. Se não posso ficar com você, então com ninguém você ficará.”. Ele se enrola na toalha, vai para a cama e se deita. Camila não faz mais nenhum questionamento e finge que já está adormecida.


 


Júlio estaciona o carro em frente à entrada do hotel, e percebendo o nervosismo de Simone, pergunta:


- O que foi? Você ficou estranha enquanto nós dançávamos as músicas românticas, e durante o percurso até aqui não falou uma única palavra? Por acaso me excedi?


- Não. De forma alguma. – responde olhando para seus dedos entrelaçados sobre seu colo – Só não estava me sentindo bem.


- Mas... Agora está melhor?


Ela confirma com a cabeça sem tirar os olhos das mãos.


- Que bom. Apesar do seu mal-estar, gostou do jantar e da boate? – ele murmura ainda preocupado.


Ela fixa seus olhos nos dele e sussurra com um sorriso tímido nos lábios.


- Foi ótimo. Adorei o jantar. Como falei antes, adoro comida Italiana. E me diverti muito na boate também.


- Espero que haja mais noites como esta. – Júlio murmura pegando na mão de Simone.


- Sim. Com certeza haverá. – ela abre mais o sorriso.


Júlio aproxima-se de Simone, e beija seu rosto lentamente, ela retribui o gesto. Eles se afastam somente o necessário para olhar um nos olhos do outro, então Júlio a beija. Um beijo doce e gentil, e ela retribui timidamente o beijo, ele a abraça fortemente, mas ela não retribuí o abraço. Júlio se afasta e fita seus olhos por uns instantes com os lábios contraídos e olhar intrigado:


- Você parece desconfortável ao meu lado. – ele murmura, e se afasta completamente colocando as mãos de volta no volante e olha para frente.


- Não é isso. – sussurra voltando a olhar para suas mãos em seu colo e fica corada – É só que...


Sua voz some por um instante e ele volta seu olhar para ela, então percebe algo que até então não havia imaginado:


- Acho que já entendi. – ele sorri e pega seu queixo forçando-a fitá-lo nos olhos – Estou indo rápido demais, e... Talvez... você seja mais tímida do que aparenta.


Simone tira a mão dele de seu queixo olhando-o fixamente, com os lábios comprimidos tentando suprimir o riso, mas falha terrivelmente e liberta uma gargalhada doce e dá um beijo no rosto de Júlio, que fica perplexo com a atitude dela.


- Por que você riu?


- Por que você é incrível. Adivinhou um dos meus pensamentos. São muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e muito rápido. – responde olhando para um casal que passa na rua e depois para a entrada do hotel – Acho que preciso de um tempo para digerir todas as informações dos últimos dias.


Ele sorri docemente e pega novamente uma de suas mãos fazendo-a voltar sua atenção para ele.


- Já a considero uma pessoa muito especial que apareceu em minha vida. E por isso não quero que fique triste ou magoada, por qualquer motivo que seja.


- Tudo bem. – ela abre um grande sorriso para ele – Agradeço a noite maravilhosa que me proporcionou, mas acho que já é hora de entrar.


- Eu é que agradeço. – murmura ele beijando a mão dela sem tirar seus olhos dos dela.


Júlio sai do carro e dá volta para abrir a porta para Simone. Ele a acompanha até a porta do hotel, e se despedem beijando no rosto um do outro. Ela espera ele voltar para o carro e sair, sempre olhando para os lados, pensado se alguém os vigiam. Porém, não há nada de anormal, então ela pensa “Acho que agora aqueles dois desistiram.”. Neste momento, entra no hotel e vai direto para seu quarto. Quando vê a cama se joga e começa a rir pensando no beijo de Júlio:


- Que homem maravilhoso. – murmura em voz alta – Aposto que já fez muitas mulheres sofrerem de paixão. – nesse momento ela fica séria – Não quero sofrer mais, por isso acho melhor não sair mais com ele. Vou mergulhar de cabeça no trabalho, só assim para esquecer esse tipo de tentação. E principalmente, esquecer aqueles dois também.


Ela se levanta tira as sandálias e depois as lentes de contato e se deita novamente pensando no beijo de Júlio e pensa, “Ele é tão lindinho com seu jeito galante e sedutor. Mas acho que sou apenas mais uma de sua lista, isso não vai dar em nada.” e com este pensamento ela adormece ainda vestida e maquiada.


 


A casa de Ricardo é um sobrado de cento e setenta e oito metros quadrados aproximadamente, bem decorada, com três quartos, dois banheiros, moveis modernos e espaço na garagem para dois carros. Bem amplo e localizado na melhor parte do bairro Vila Jaguara, zona oeste de São Paulo bem próxima da Lapa e da cidade vizinha Osasco. Um bairro de classe média baixa que tem um ar de cidade pequena, pois a maioria dos moradores se conhecem de longa data, principalmente porque a maioria das famílias vive ali há várias gerações. Eles sempre se encontram na missa ou na feira livre aos domingos. E a família de Diana não é exceção.


Quando Diana e Rick se casaram, ela pediu para que não saíssem daquele bairro, mesmo que eles pudessem. Sentia que se saísse de lá, poderia perder o contato com os pais e seus parentes, e isso seria ruim para seu filho. E assim ele decidiu atender ao seu pedido.


Rick entra na casa e observa que está tudo escuro e em silêncio. Tateou a parede a procura do interruptor de luz na sala e a acende. Ele tira o paletó, e enquanto afrouxa a gravata e abre o primeiro botão da camisa vai até o bar, pega uma dose de whisky e senta no sofá.


Por um momento ele observa a casa silenciosa, então seus pensamentos se perdem no passado, na noite em que conheceu Simone, e de como se divertiu com ela naquela noite. O primeiro beijo que foi o mais especial que havia dado em alguém até aquele momento. E depois se lembra das escapadas dela na escola para ficar com ele, só porque a mãe dela não os deixava se encontrar se não fosse aos domingos e na casa dela.


- Foi o primeiro e único namoro cheio de aventura, adrenalina e emoção que tive na minha vida. – murmura em voz baixa e sorrindo – E nossa primeira e única noite juntos, sozinhos e entre quatro paredes foi ainda mais especial, minha doce Simone. – ele passa os dedos nos lábios e fecha os olhos – Nunca vou esquecer-me daquela noite, maravilhosa. E tenho certeza que você voltará a ser minha Simone. Não importa como, mas você voltará a ser minha. O Cesar pode te seguir como eu. – ele abre os olhos e se lembra da boate – E por falar nisso ainda bem que ele não me viu. O Júlio pode te convidar para os melhores lugares. Mas você e eu sabemos que nenhum deles é capaz de te fazer feliz como eu, meu amor. – e ele fecha os olhos novamente e encosta a cabeça no sofá – Te amo... Minha Simone. E pode apostar que você jamais será de nenhum deles. Se você não ficar comigo, então com eles você também não ficará. Pode ter certeza disso.


Rick abre os olhos novamente bebe de uma vez o whisky e deixa o copo sobre a mesa de centro.


Se levanta e vai para o quarto, chegando lá, fica surpreso por não ver Diana deitada na cama, então ele vai até o quarto do filho e a encontra adormecida na poltrona ao lado do berço do pequeno Benjamim. Ela acorda com o barulho da porta e a luz do corredor e murmura em voz baixa para não acordar o pequenino:


- Oi meu amor. Onde esteve? Estava preocupada.


- Fui encontrar com uns amigos que não via algum tempo. A conversa estava muito boa e por isso perdi a noção de tempo.


- Você podia pelo menos ter avisado. – ela fala se levantado e aproximando para beijá-lo, porém se detém por um instante – Você andou bebendo novamente. O que está acontecendo?


- Não é nada. E para de me controlar! – ele diz irritado, se afasta e vai para o banheiro com ela o seguindo – Vou tomar um banho porque estou exausto, e não quero que me perturbe, por isso vai deitar.


- Tudo bem. Mas, e depois você vem deitar comigo ou vai dormir novamente no quarto de hospedes?


- Vou e não me enche.


- Você não me ama mais? Já faz algum tempo que não me procura. O que você quer? Quer o divórcio?


- Já disse, pare de me encher mulher! – nesse momento ele ameaça dar um tapa em Diana que se afasta com medo.


- Você quer me bater? – pergunta com os olhos cheios de terror.


- Não! Só... Deixe-me em paz! Por favor!


E dizendo estas palavras ele entra no banheiro e tranca aporta deixando Diana chorando do lado de fora.



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Autor(a): s._santos

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