Fanfics Brasil - Um Reencontro Quase Fatal O Despertar dos Sentidos

Fanfic: O Despertar dos Sentidos | Tema: Romance, Policial, Violência, Comédia, Drama, Festa, Musical,


Capítulo: Um Reencontro Quase Fatal

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A vestimenta de Simone para seu primeiro dia de trabalho é algo pensado para provocar, mas sem vulgaridades. Vestido vermelho colado ao corpo com comprimento na altura do joelho, gola em V e sem mangas, blazer branco com mangas sete oitavos. Sandálias brancas com salto plataforma. Os acessórios que usa são a bolsa branca que chegou de viagem, gargantilha dourada com pingente de flor que faz conjunto com brincos pequenos de flor, sem tirar jamais o outro par de brincos de pedra brilhante e seu piersing. Cabelo solto bem arrumado e maquiagem suave.


E desta forma ela se apresenta, dez minutos antes do horário marcado por Camila, na recepção geral da Miranda Produções e cumprimenta Beatriz com um sorriso contagiante:


- Bom dia.


- Bom dia. Em que posso ajudá-la?


- Meu nome é Simone Andrade e eu vim...


- Ah sim! – interrompe Beatriz sorrindo – Me lembro de você! Foi a primeira a chegar.


- Sim. Isso mesmo.


- Pode subir. Dona Camila lhe aguarda.


- Muito Obrigada. – responde andando em direção ao elevador.


Simone aguarda alguns segundos até que o elevador chegue, entra nele junto com outras pessoas. “Provavelmente modelos.”, ela pensa, e depois de parar em dois andares chega ao andar da administração. Dirige-se a mesa de Diana que conversa com dona Lourdes, e esta a cumprimenta:


- Bom dia. Em que posso ajudá-la?


- Bom dia. Meu nome é Simone Andrade, e a senhora Camila me aguarda.


- Ah sim. Só um momento, por favor, que vou anunciá-la. – Diana responde sorrindo para Simone.


- Obrigada.


Diana chama Camila pelo telefone:


- Dona Camila. Simone Andrade está aqui.


- Pode pedir para ela entrar.


- Sim senhora. – responde e desliga o telefone – Pode entrar dona Simone. A senhora lembra onde é a sala?


- Sim. Me lembro. Mas, tira o dona e o senhora da frase, por favor. – Simone implora com as mãos unidas e sorrindo gentilmente.


- Ai! Sim. Perdão. É o costume. – Diana sorri encabulada.


Simone faz gesto de confirmação com a cabeça então caminha lentamente em direção à sala de Camila, observando os quadros de atrizes, atores e outros artistas pendurados nas paredes do corredor. Ao chegar à frente da porta que está semiaberta, ela bate duas vezes com o punho fechado.


- Pode entrar. – responde Camila.


- Bom dia. – Simone murmura sorrido ao entrar na sala.


- Bom dia, Simone. Como está?


- Estou bem. – Simone caminha na direção de Camila e levanta a mão direita para cumprimentá-la – E a senhora.


- Estou bem. – responde Camila se levantando da poltrona e fazendo o mesmo gesto de cortesia – Mas vamos combinar uma coisa?!


- Sim?!


- Não me chame de senhora, me chame de você ou apenas Camila. Ok?! – Camila fala sorrindo gentilmente para Simone.


- Ok. – responde retribuindo o sorriso.


- Sente-se. – diz Camila apontado para a cadeira a sua frente e sentando-se novamente ela continua – Antes de tudo, quero que seja bem vinda à nossa empresa.


- Obrigada.


- Nós temos pendentes contratos com dois clientes, e por causa do que aconteceu com meu pai, infelizmente, não conseguimos nem ao menos começar com os trabalhos. Porém nós conversamos com eles e nos deram um prazo maior para realizarmos esses trabalhos, por isso, necessitamos que você comece o mais rápido possível. Sei que é necessário um período para idealização desses trabalhos e de como deverão ser realizados.


- Entendo. E estou disposta a começar imediatamente que a senhora... Perdão... Que você me autorize.


- Muito bom ouvir isso. Então vou pedir para que os outros executivos se reúnam conosco para você conhecê-los, ficar a par de todos os detalhes, e depois irá conhecer as instalações. Tudo bem?!


- Sim.


- Só um minuto, por favor. – Camila liga para Diana – Diana peça aos executivos e ao Júlio para irem à sala de reuniões, por favor.


- Neste momento estão todos reunidos na sala do senhor Cesar.


- Certo. Avise a eles então.


- Sim senhora.


- Obrigada. – Camila responde, então depois de desligar o telefone e se dirige a Simone – E quanto ao seu contrato acho que estará pronto amanhã à tarde, pois é necessário pelo menos um dia para prepará-lo. Você trouxe seus documentos?


- Sim. Está tudo aqui. – Simone responde apontando para a bolsa.


- Pois bem. Você irá entregá-los ao meu marido, que é o vice-presidente administrativo. – nesse momento Camila se levanta – Vamos para a sala de reuniões.


- Sim.


E Camila sai seguida de perto por Simone que pergunta:


- Estava reparando na decoração e achei encantadora, principalmente o rolo de filme. De quem foi à ideia?


- Do meu pai. – responde parando no corredor perto da porta e admirando o desenho na parede e deixando transparecer a tristeza – Ele realmente era apaixonado por cinema.


- Sinto muito.


- Não se preocupe. – responde sorrindo para Simone – Gosto de lembrar-me dele.


- Também sou completamente apaixonada pela sétima arte. – Simone fala sorrindo e deixando sua alegria transparecer ao falar do assunto – Na verdade desde que me conheço por gente adoro tudo relacionado a cinema. Acho maravilhoso a habilidade que os cineastas têm de contar uma história, e deixar seu público, na grande maioria da vezes, vidrado na telona.


- Seus olhos brilham tanto quanto os do meu pai, quando começava a falar sobre sua paixão.


- Que nada. – Simone murmura corando e abaixando seu olhar para o chão.


- Não se envergonhe disso. – Camila fala pegando a mão de Simone e a segurando forte – É seu coração! Sua paixão é sua alma!


- Obrigada. Você é muito gentil. – sussurra voltando a olhar nos olhos de Camila que refletem uma grande alegria.


- Não tem de que. Vamos? – Camila fala ainda sorrindo e aponta para o corredor do lado contrário ao que Simone conhece.


- Sim. – ela consente com um gesto de cabeça.


As duas continuam pelo corredor passam por três portas de compensado pretas iguais a da sala de Camila, e na frente de cada sala uma mesa com computador, outras quinquilharias de escritório e papeis, e todas elas ocupadas por jovens senhoras muito atarefadas com seus afazeres. Camila e Simone cumprimenta a todas que retribuem os cumprimentos, em seguida finalmente chegam a uma grande porta de vidro fume.


Camila entra e vê que Júlio, Cesar, Rick e JP já estão presentes, sendo que os três últimos estão sentados um ao lado do outro, e cumprimenta a todos.


- Bom dia para aqueles que não vi anteriormente, e oi para os outros. – murmura com um leve sorriso – lhes apresento Simone Andrade. – e todos se levantam esperando que Simone apareça, pois até então não havia entrado na sala.


Ela entra sorrindo e de repente paralisa, para de sorrir, fica lívida quando um frio percorre seu corpo. Não consegue acreditar no que seus olhos veem.


Cesar e Rick cruzam olhares e depois olham para JP que retribui os olhares de perplexidade com a figura que acabara de entrar na sala.


- B-Bom... Bom dia. – Simone gagueja.


- Bom dia. – responde Júlio sorrindo.


E depois de alguns segundos os outros também respondem meio engasgados com as palavras. E Camila percebe o nervosismo dos três e pergunta:


- Perdi alguma coisa? O que acontece com vocês?


Rick é o primeiro a responder:


- Não aconteceu nada. É que ficamos surpresos. Nós conhecemos a Simone.


- Como assim, já a conhecem? – Camila pergunta intrigada.


- Ela foi nossa colega na escola. – intervém Cesar dando um pisão de leve em Rick por baixo da mesa, fazendo-o fitá-lo com olhar atônito.


- Ok. Então vocês se conhecem, mas faz muito tempo que não se veem?! – pergunta Camila olhando para Simone e esta responde sem hesitar:


- Sim. Nos conhecemos e faz onze anos que não nos vemos.


- Certo. Porém este não é o momento para relembrar o passado. Temos muito que fazer, por isso sentem-se. – Camila fala olhando para todos com expressão insondável.


Ela se senta na cabeceira da mesa próxima a televisão, Júlio senta à direita de Camila, Cesar, Rick e JP ficam onde já se encontravam anteriormente, ou seja, à esquerda de Camila e Simone senta ao lado de Júlio, ficando exatamente de frente para Rick.


- Bom. Simone. – começa Camila – Como vocês já se conhecem não vai precisar de apresentações, porém devo dizer o que cada um faz nesta empresa.


- Claro. – Simone murmura.


- Cesar é meu marido e vice-presidente administrativo. Com ele você vai tratar de assuntos pertinentes à contratação de modelos, dançarinos, equipe técnica, quando for necessário, e também assistente se assim o necessitar e qualquer coisa que precisar na parte administrativa.


Simone consente com um aceno de cabeça entendendo tudo o que Camila fala e olha para Cesar. Este não consegue tirar os olhos de Simone, ainda surpreso com a mulher que está a sua frente, seu espírito, sua alto-confiança, é uma pessoa muito diferente daquela menina tímida e triste que conhecera há tempos atrás.


- JP é um dos sócios minoritários e vice-presidente comercial, ele trabalha diretamente com os clientes. Com ele poderá obter todas as informações sobre nossos clientes e os projetos de cada um.


Simone continua acenando com a cabeça e olha para JP, que sorri nervosamente.


- Rick que também é um dos sócios minoritários é o vice-presidente financeiro, com ele estão centralizadas todas as informações sobre os custos de cada produção, ele faz relatórios periódicos sobre tudo aquilo que você gasta com os projetos. E às vezes vai te importunar dizendo, “Mas isso está muito caro.”, ou “Pelo amor de Deus, você tem que reduzir custos.”. Ele sem dúvida é o mais chato de todos, porque quer que agente fique com os pés no chão quando estamos criando, mas sabe como é. Durante a criação nós literalmente voamos. – Camila fala finalmente sorrindo desde o momento que Simone entrou na sala.


Simone olha para Rick e este sorri lascivamente para ela, porém muito rápido para que os outros percebam.


- E por fim! Júlio, meu irmão está começando conosco agora também, por isso vai se incumbir de ajudar a todos de alguma forma, e principalmente a mim. Para que, aprenda o funcionamento geral da empresa.


- Muito bem. Agradeço novamente pela oportunidade. Desejo que nossa relação de trabalho seja muito produtiva e conto com a ajuda de todos para desempenhar bem meu trabalho. – Simone murmura e olhando para cada um a cada palavra.


- Ah sim! Você terá a ajuda de todos! – responde rapidamente Rick.


- Cesar, quero que você se encarregue de mostrar a ela, nossas instalações, o regulamento da empresa, apresentar os funcionários, e também de pegar seus documentos para o contrato – Camila fala dando um olhar de reprovação para Rick por causa do comentário malicioso – Depois disso Simone, você pode se reunir com JP e Rick para informá-la sobre os detalhes dos projetos em aberto, e em seguida gostaria que fosse à minha sala novamente. Tudo bem?


- Sim, dona Camila. – responde Simone.


- E deixe essa “Dona” de lado e me chame de Camila, por favor. – ela fala sorrindo.


- Sim... Camila. Me desculpe. – murmura Simone correspondendo ao sorriso. 


- Acho que agora já podemos começar os trabalhos, Certo.


- Sim, claro. – todos respondem.


- Júlio. Tem uma caixa grande na minha sala com “livros caixa”. Acho que papai estava revisando-os antes de sua morte. Então eu gostaria que você se encarregasse de fazer essa revisão, por favor.


Cesar e Rick olham para Camila com preocupação em seus semblantes.


- Pode deixar Mila. Vou começar agora mesmo.


- Isso é tudo. Ao trabalho senhores e senhorita. – finalmente fala Camila se levantando e sai da sala seguida por Júlio.


- Então vamos Simone, tenho muito que lhe mostrar. – diz Cesar se levantando também e dando passagem para Simone sair.


- Nossa você acredita nisso? – JP pergunta para Rick após a saída dos dois – A Simone trabalhando conosco.


- E o melhor é que está deslumbrante. – responde Rick ao se dirigir à saída, seguido por JP.


- Sim. Está maravilhosa, acho que seria capaz de esquecer que tem filho só para experimentar aquela delicia.


- O quê? Veja como fala! Ela sem dúvida é minha! Nós temos uma história juntos! – Rick rosna segurando firmemente no ombro direito de JP.


- Ok... Ok... Não precisa ficar assim. – JP exclama tirando a mão de Rick do ombro – Mas tenho certeza que sua mulher não iria gostar de ouvir isso. E que história vocês tem? Namoraram por poucos meses e depois nunca mais se viram!


- Não importa! Ela é minha!


Então cada um vai para sua sala.


 


Cesar começa o tour das instalações da empresa, pela área administrativa mostrando as salas de cada um dos executivos e copa, e fala que todos os andares possuem uma pequena copa com sua respectiva copeira para facilitar o dia-a-dia de todos. Depois pegam o elevador e descem para o quarto andar onde ficam os camarins, o closed onde são guardados todos os figurinos, depois a leva ao terceiro andar onde fica o estoque de todos os equipamentos e materiais para produção e edição e neste momento ele indaga sobre a vida de Simone:


- Então? Você agora é cineasta?!


- Mais ou menos. – responde sem dar muita atenção à pergunta, olhando atentamente os equipamentos – Não tive muitas oportunidades para praticar minha profissão.


- E me conta... Por onde você andou todo esse tempo? Você sumiu e nunca mais deu notícias. Fiquei sabendo que seus pais te procuram até hoje.


Ela finalmente volta sua atenção para Cesar e murmura:


- Estava no Rio de Janeiro. E você tem contato com meus pais?


- Na verdade não. A Ilhane é que tem contato com eles e às vezes ela conta o que está acontecendo.


- Ah! Então você tem contato com a Laine? Como ela está? O que está fazendo? Continua morando em Sumaré? – Simone pergunta eufórica com a lembrança da amiga.


- Ela está bem. Mora em Campinas. Formou-se em psiquiatria, tem um consultório de psicanálise e se casou ano passado.


- Hum... Quem bom.


Ele a leva agora ao quinto andar onde fica os estúdios e as salas de edição deixando o maior estúdio para o final e fala.


- Este é nosso estúdio principal, o deixei para o final porque ali será sua sala. – ele fala apontado para o lado esquerdo bem ao fundo do estúdio ao lado de um corredor que leva a outro estúdio menor.


Eles caminham para a sala e Cesar abre a porta de compensado preto. É um lugar amplo com boa iluminação externa, vinda de uma janela larga, uma cortina tipo veneziana cobre uma parte da vista para a capital paulista. Próxima à janela fica a mesa retangular de madeira, com um computador moderno e um telefone, uma poltrona confortável que dá as costas para a paisagem externa e mais duas poltronas que ficam de costas para a porta. Dois vasos de plantas enfeitam o ambiente cada um num canto da sala, próximo da janela. Na parede ao lado da porta um quadro com paisagem do mar, e abaixo dele um sofá de três lugares preto bem confortável aparentemente que também enfeita o ambiente.


- Se você quiser mudar alguma coisa na decoração ou nos móveis, esteja à vontade. – Cesar murmura.


- Não será necessário está perfeito. – responde ao abrir o que faltava da cortina e admira o horizonte pela janela.


Cesar aproxima-se por trás dela, segura seus braços, encosta seu corpo ao dela e sussurra em seu ouvido.


- Eu nunca esqueci aquela noite que ficamos juntos na minha casa.


Simone sente seu corpo estremecer com a voz sensual daquele que foi e ainda é muito importante em sua vida. Ela se vira e olhando fixamente nos olhos dele, engole em seco e sussurra:


- Eu tão pouco me esqueci daquela noite.


Seus rostos se aproximam como se fossem se beijar, mas Simone num ato de autopreservação se afasta e pigarreando fala.


- Mas isso ficou no passado. Você agora é um homem casado e muito bem casado pelo que pude perceber. E eu tenho minha vida e minha filha para cuidar.


- Ah sim! Claro. E qual a idade da sua filha? – pergunta Cesar mudando de assunto, mas sem tirar os olhos dela.


-Tem dez anos, mas já está quase completando onze anos. – responde entusiasmada com a lembrança da filha.


- Então já é uma mocinha.


- Pois é. Inclusive, vou trazer uma foto dela para colocar aqui, ao lado dessa paisagem. – diz Simone se aproximando do quadro.


- Vai ficar muito bom. Você vai poder vela a todo o momento em que estiver aqui. Porém, vai ser ainda melhor para você saber que ela está sendo bem cuidada em nosso espaço creche.


- Espaço creche? – indaga Simone curiosamente.


- É um espaço que conta com recriadoras, pedagogas e brinquedoteca para os filhos dos funcionários, fica no primeiro andar, nós não passamos por lá.


- Posso conhecer esse local?!


- Claro que sim. Siga-me, por favor.


Os dois saem da sala e ele a leva ao primeiro andar no espaço creche e ela fica fascinada com toda aquela estrutura, depois vão ao segundo andar onde fica o restaurante e param para almoçar, e depois ele a leva para o espaço de descanso dos funcionários.


 


Júlio fica surpreso com a quantidade de “livros caixa” que estão na sala de Camila, há livros desde dois mil e três.


- Não entendo porque papai estava revisando esses livros! – exclama ele com Camila.


- Eu também não entendo. Porém, qualquer informação estranha que encontrar, você vai falar comigo exclusivamente.


- No que está pensando, Mila?


- Por enquanto nada. Tenho apenas suspeitas e não quero fazer alarde, antes de ter algo de concreto. – Camila fala pensativa.


- O que quer dizer? Do que você suspeita? – pergunta curiosamente.


- Acho que alguém matou papai. – ela sussurra.


- Ah! Que isso, Mila?! Papai morreu de enfarte!


- Xiu! Fala baixo, Júlio. As paredes têm ouvido. E não acho que foi um simples enfarte. Você sabe que quando coloco uma coisa na cabeça, ninguém e nada me tiram.


- É sei disso. – responde sorrindo – Sem querer mudar de assunto, mas já mudando. Você viu como o Rick e a dupla dinâmica ficaram, quando a Simone entrou na sala?


- Sim. Ficaram muito estranhos. Acredito que a atitude deles não seria aquela se realmente ela fosse apenas uma colega de escola.


- Eu faço questão de investigar esse caso diretamente com Simone. – Júlio murmura com olhos perspicazes e abrindo um sorriso maquiavélico.


- Ah! Com a Simone! Por quê?


- Primeiro. Eles não vão me falar a verdade. – responde dando de ombro e franzindo o cenho, então continua – E segundo... Hum... É um bom motivo para me aproximar dela e conhecê-la melhor. – fala com sorriso um tanto libidinoso.


- Hum... Vejo que ficou muito interessado nela, não é?


- Tá. Admito. E isso não é pecado, nós dois somos solteiros, descomprometidos, livres para ficar com quem quisermos.


- Há! Você nem sabe se ela tem namorado ou não. A única coisa que sabemos é que ela não é casada. E vou te dizer mais uma coisa, não atrapalhe o trabalho dela. Ok?!


- Ok... Ok... Prometo que vou me comportar. Vou apenas convidá-la para jantar nada mais.


- Hum... Sei. – diz Camila com tom de desconfiança e então os dois continuam seus afazeres.


 


Ao terminar de conhecer toda a empresa e conhecer vários funcionários, Cesar e Simone se encontram agora na sala de Cesar, de pé um de frente para o outro e com a porta fechada:


- Agora preciso que você me entregue seus documentos para passar à minha secretária, para a elaboração do seu contrato.


- Claro. Mas tem mais uma coisa que queria saber. – Simone fala pensativa e passando os dedos da mão direita na testa.


- Diga. – Cesar murmura levantando as sobrancelhas.


- Camila disse que eu poderia ter um assistente. É verdade? – pergunta abaixando a mão para ficar ao lado do corpo.


- Pode. Você tem alguém em mente? – pergunta cruzando os braços.


- Sim. Um amigo. Seu nome é Eduardo Amorim Alves. – responde sorrindo.


- Um amigo?! – repete Cesar em tom de desconfiança e contraí os lábios.


- Sim! Um amigo! Meu melhor amigo na verdade, por quê? – responde rispidamente.


- Por nada! Não precisa se irritar. Você pode pedir para ele vir amanhã e trazer os documentos para contratá-lo.


- Não estou irritada!


- Sim, você está! E fica mais linda quando está assim. – diz Cesar ao se aproximar e começa a acariciar rosto e o cabelo de Simone.


- Por favor, Cesar. – Simone murmura tentando disfarçar sua respiração alterada.


- O que Simone. – sussurra aproximando seu rosto ao dela.


Ela sente o calor da respiração dele em sua pele, e seu corpo todo estremece só de relembrar tudo que já sentiu ao tocar e ser tocada por aquele homem, que pensou que jamais o reencontraria.


- Por favor, Cesar. – ela sussurra com a voz falhando tentando afastar-se – Nós não podemos...


Ele a segura pelos braços e interrompe suas palavras com um beijo avassalador, os dois se abraçam cheios de desejo, com respiração ofegante e fazendo caricias um no outro. Porém, de repente, Simone empurra Cesar com força que quase cai por cima da mesa, e fala com firmeza de decisão.


- Não posso e não quero fazer isso. Nós vamos trabalhar sob o mesmo teto, e quero que você me deixe em paz. Ok?!


- Tá... Tá... É que... É tão difícil resistir a você. No momento em que te vi entrar por aquela porta na sala de reuniões, todos meus sentimentos por você vieram à tona. Como se todo meu passado tivesse sido desenterrado.


- Pois pode tratar de enterrá-los novamente! – rosna fechando a cara – Vou para a sala do JP para me inteirar dos projetos em aberto. Espero que você esfrie essa cabeça.


Simone sai da sala desconcertada, enquanto Cesar suspira tocando seus lábios com os dedos e pensa com sorriso libidinoso nos lábios “Essa mulher ainda me ama. Tenho certeza.”.


Simone caminha pelo corredor em direção à sala de JP, pensando no que acabou de acontecer “Meu Deus, por quê? Esse sentimento não pode existir. Tenho que acabar com isso já.”.


Ela chega à frente da sala de JP, passa a mão no vestido e no blazer se recompondo, respira fundo fingindo que nada aconteceu. Bate na porta, e ouve a permissão para entrar vinda de dentro.


- Oi, JP.


- Simone! Entre, por favor. Sente-se. Vou pedir para que Rick venha até aqui para começarmos os trabalhos.


- Sim. Claro.


Um minuto depois Rick entra na sala e senta-se ao lado de Simone, deixando-a um pouco desconfortável por causa de seu olhar penetrante e ardente.


- Antes de começarmos, Simone. – começa JP – Tenho uma pergunta.


- Sim.


- Como? Quando? Por quê?


- Antes de tudo, são três perguntas e não uma! – diz Simone rispidamente – E... Do que exatamente você está falando?


- Da sua transformação! Onde está aquela menina, magricela, sem graça e triste da escola?


- Ela está bem aqui do meu lado. – Rick murmura pegando a mão dela – Mas você está errado JP, ela sempre foi bonita. Ela só aprimorou sua beleza, mas esta bela mulher que está na sua frente, sempre foi o verdadeiro ser dela.


- Vocês estão exagerando. – diz Simone solta-se da mão de Rick – Agora vamos trabalhar?


- Ok. Mas só mais uma coisa. – JP fala – E seu óculos?


- Lentes de contado! Já ouviu falar? – responde fechando a cara.


- Ok. Não precisa se irritar. Vamos trabalhar.


- Pois é. Vamos trabalhar – diz Rick tentando disfarçar seus olhares.


- São dois comerciais de empresas muito importantes – começa JP – uma para um jornal de muito prestigio da cidade de São Paulo e o outro é de maquiagem para uma empresa de cosméticos brasileira muito famosa.


- Hum... Pelo que está me dizendo são projetos muito importantes! – exclama Simone.


- Sim, e é necessário que você elabore o storyboard mais rápido possível, e também me passe os custos dessas produções. – continua Rick.


E Simone começa a questionar todos os detalhes sobre os clientes e seus produtos para poder colocar seu talento e sua criatividade em funcionamento, anotando tudo num caderninho que sempre carrega consigo, na bolsa.


A reunião dura quase a tarde toda então Simone fala:


- Bom depois de ter colhido todas essas informações, acredito que nossa reunião já está terminada, e por tanto vou para minha sala deixar essas anotações, depois vou descansar, pois amanhã será um dia muito longo, de muito trabalho.


- Sim. Claro. Nós também já vamos embora! – exclama JP recolhendo alguns papeis e colocando-os dentro uma gaveta.


Simone se levanta e sai da sala, porém não vai direto para sua sala. Passa na sala de Camila. Ela encontra a porta entreaberta e a empurra lentamente, quando vê Júlio trabalhando sozinho murmura:


- Oi Júlio. Onde está Camila?


- Simone! Mila já foi embora com Cesar. – responde surpreso pela visita e um sorriso contagiante aparece em seus lábios.


- É que ela pediu para passar aqui depois da reunião com JP e Rick.


- Eu sei. – ele responde se levantando e indo em direção à Simone – Ela pediu para desculpá-la, mas estava um pouco cansada e o Cesar insistiu para irem. Disse que amanhã te procura para conversar.


- Entendo. Então eu também já vou embora. Com sua licença. – dizendo essas palavras Simone se vira.


- Espere Simone. – ele a interrompe e pega em sua mão livre de papeis – Tem algum compromisso agora?


Simone olha para a mão de Júlio, depois fita seus olhos levantando uma sobrancelha e comprime os lábios, Júlio solta sua mão depois de ver a expressão séria de Simone, e dá um passo para trás. Então Simone murmura ao cruzar os braços.


- Não. Por quê?


- Ah... Gostaria de jantar comigo? – pergunta passando uma mão no cabelo e desviando o olhar do dela.


- Não sei. Acho melhor não. – reponde abaixando os braços – Quero ir descansar, amanhã terei muito que fazer.


- Vamos! Por favor! Prometo que não mordo. – murmura voltando a fitá-la nos olhos e sorri – Eu também tenho muito trabalho amanhã. É que não quero ir para casa agora e não quero jantar sozinho.


Seu sorriso deslumbrante e suas palavras desarma Simone fazendo-a sorrir também.


- Tudo bem. Mas aguarde só alguns minutos que preciso deixar esses papeis na minha sala e fazer algumas ligações.


- Certo. Te espero aqui.


Simone se vira e segue para o elevador. Vai ao estúdio principal, depois entra em sua sala com a cabeça baixa pensando no dia impressionante que está tendo, se vira e fecha a porta. Quando olha para a janela se assusta e fica petrificada por alguns instantes, por ver aquela figura que olha os últimos raios solares no horizonte:


- O que faz aqui Rick?


- Você tem uma bela vista da cidade daqui. – ele murmura com uma voz mortalmente calma – Da minha sala não se pode ver muita coisa.


- Você não respondeu minha pergunta.


Rick se vira e olhando fixamente os olhos de Simone, caminha em sua direção.


- Vim conversar um pouco. – finalmente responde pegando a mão direita de Simone com sua mão esquerda – Queria saber onde esteve todo esse tempo. Todos seus amigos e familiares procuraram você por muito tempo. Todos ficaram preocupados, principalmente eu.


Rick começa a acariciar o rosto de Simone com sua mão direita, e ela fica imóvel, paralisada, sem saber o que fazer.


- Você foi e ainda é meu único amor. – ele continua com a voz mais baixa ainda – Fiquei pensando o por que de você ter terminado nosso namoro daquela forma.


- Foram tantas coisas que aconteceram naquele ano e nos anos seguintes. – responde se livrando das mãos dele ao se afastar um pouco e coloca os papeis que leva consigo sobre a mesa – E você se lembra que terminei com você porque não suportava mais os tormentos da minha mãe?!


- Sim, me lembro dessa sua desculpa. Mas, onde esteve? O que fez? – indaga Rick.


- Não foi uma simples desculpa. E estava morando no Rio de Janeiro, onde me formei.


- O Rio fez muito bem a você. Sempre te achei linda, mas agora está maravilhosa. – e se aproxima novamente de Simone e faz carinho em seu cabelo e em seu rosto, então sussurra docemente com sorriso nos lábios – Tenho ótimas lembranças de nós dois. Lembranças de tê-la em meus braços e principalmente da última noite em que estivemos juntos, quando realmente conheci sua alma ao fazermos amor pela primeira vez.


Ele encosta seu corpo ao dela e aproxima seu rosto ao dela.


- Por favor, Rick. – sussurra com a voz falhando tentando controlar sua respiração alterada e continua – Isso já é passado. 


- Tem certeza que é passado? Porque seu corpo, a sua respiração me dizem o contrário. – ele sussurra com voz sedutora ao aproximar seus lábios aos dela tentando beijá-la.


Ela tenta recusar o beijo, porém ele segura seu rosto com as duas mãos e a beija compulsivamente. Eles se abraçam e ele começa a passar suas mãos por todo o corpo de Simone que sente um desejo quase incontrolável de fazer amor com ele ali, em sua sala. Mas, numa reação de recusa, ela o empurra e se afasta para sentar-se:


- Não quero Ricardo! Nosso relacionamento será estritamente profissional. E quero que deixe o passado enterrado. Agora, quero que saia e me deixe trabalhar em paz.


- Dificilmente vou conseguir deixar o passado enterrado, principalmente, porque vou vê-la todos os dias. – murmura balançando a cabeça com um sorriso malicioso nos lábios.


- Pois, não quero saber como vai fazer isso. Só quero que saia agora e deixe-me em paz.


- Tudo bem. Não precisa ficar nervosa. – responde abrindo a porta – Olha já estou indo. Mas eu volto. – diz ainda sorrindo e dá uma piscadinha para ela.


Ele sai fechando a porta atrás de si e pensa “Essa mulher é minha. Tenho certeza que ainda sente alguma coisa por mim, se não, porque ficou tão nervosa com um simples beijo. Nossa. Que simples nada. Isso foi um beijão.”, então caminha em direção ao elevador pensando no beijo e acariciando seus lábios com os dedos.


 


Simone completamente desconcertada e irritada liga para Eduardo:


- Alô. – ele atende.


- Dudu! Tenho ótimas notícias para você!


- Simone! Tudo bem? Parece... Sei lá... Alterada.


Ela suspira profundamente, então continua.


- Sim! Estou! Mas depois falamos sobre isso. Preciso que você se apresente amanhã na primeira hora, aqui na Miranda Produções.


- Como assim?!


- Quero que você seja meu assistente.


- Sério?!


- Preciso de você, meu amigo. – choraminga.


- Mas é claro que serei seu assistente!


- Então, traga seus documentos e amanhã nos falamos. Tudo bem?!


- Certo. Amanhã cedinho estarei aí.


- Tchau Amigo.


- Tchau Amiga.


E desligando o telefone Simone pensa “Meu Deus o que acontece comigo?” ela se vira para olhar a cidade iluminada pelas luzes da noite, e continua a pensar “Como o Senhor pode pregar uma peça dessas em mim? Os dois homens mais importantes da minha vida trabalham juntos e são amigos, e o pior, vou ter que trabalhar com os dois. Eles vão me deixar maluca.”.



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Autor(a): s._santos

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Simone sai de sua sala, sobe novamente ao andar administrativo e vai para sala de Camila, onde Júlio a espera ansioso na porta: - Podemos ir? – ele pergunta sorridente. - Sim. Podemos. – responde retribuindo com um sorriso amarelo. Caminham em direção à saída e passam pela mesa de Diana, que está terminando de arrum&aa ...


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