Fanfics Brasil - A Mediadora-A Terra das Sombras.-Vondy-

Fanfic: A Mediadora-A Terra das Sombras.-Vondy-


Capítulo: 2? Capítulo

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-No século XVIII - respondeu
Mestre. - As missões, im­plantadas pelos franciscanos de acordo com as normas
da Igreja Católica e do governo espanhol, foram criadas não só para
cristianizar os indígenas americanos, mas também para torná-los comerciantes
bem preparados no contexto da sociedade espanhola. Inicialmente, a missão
servia como...


-Século XVIII? - insisti,
inclinando-me para a frente. Eu estava espremida entre o Poncho (cuja cabeça já
estava re­pousando no meu ombro, de tal modo que eu era capaz de dizer, só de
respirar, que ele usava xampu Finesse) e Cristian.. - Século XVIII?


Minha mãe deve ter percebido
o pânico na minha voz, pois virou-se no assento da frente e disse, com sua voz
suave:


-Dulce, nós já conversamos
sobre isto. Eu te expliquei que no colégio Robert Louis Stevenson a lista de
espera é de um ano e você me disse que não queria ir para um colé­gio só de
meninas, de modo que o Sagrado Coração fica descartado e o Andy ficou sabendo
de histórias terríveis de drogas e violência nos colégios públicos aqui da
região...


-Mas, século XVIII? -
insisti, já sentindo meu coração bater forte, como se estivesse correndo. -
Isto quer dizer que ele tem trezentos anos!


-Não estou entendendo - disse
o Juan.- O que há de tão errado com o século XVIII? - ele quis saber.


Minha mãe respondeu- Dulce
nunca gostou muito de prédios antigos.


- Ah - fez o Juan. - Então é
provável que ela não goste da casa.


Eu me agarrei no encosto de
cabeça do assento dele.


- Por quê? - perguntei numa
voz seca. - Por que não vou gostar da casa?


É claro que eu percebi o
motivo assim que chegamos. A casa era enorme e inacreditavelmente bonita, com
direito até a torrinhas de estilo vitoriano e uma plataforma-mirante no
telhado. Minha mãe mandara pintá-la de azul, bran­co e creme, e ela era cercada
de grandes pinheiros frondosos e arbustos floridos por toda parte. Com três
andares, toda construída em madeira e não a terrível combinação de vidro e aço
ou a terracota de que eram feitas as casas ao redor, pode-se dizer que era a
casa mais charmosa e de bom gos­to da vizinhança.


Mas eu não queria pisar lá dentro.


Quando concordei em me mudar
para a Califórnia com minha mãe, eu sabia que teria de enfrentar muitas mu­danças.
As alcachofras à beira da estrada, as plantações de limão, o mar... nada disso
tinha importância. No fundo, a maior mudança seria ter de compartilhar minha
mãe com outras pessoas. Desde que o meu pai morrera há dez anos, éramos só nós
duas. E eu tenho de reconhecer que gostava das coisas desse jeito. Na
realidade, se não fosse pelo fato de que o Juan tão evidentemente fazia a minha
mãe feliz, eu teria fincado pé e dito não à mudança.


Mas era impossível
simplesmente olhar para os dois -Juan e minha mãe - e não ver logo de cara que
babavam completamente um pelo outro. E que tipo de filha eu seria se dissesse
"nem pensar"? De modo que aceitei o Juan, aceitei seus três filhos e
aceitei o fato de que teria de deixar para trás tudo que eu tinha e amava para
dar à mi­nha mãe a felicidade que ela merecia.


Mas eu ainda não tinha parado
para pensar realmente no fato de que, pela primeira vez na minha vida, ia morar
numa casa.


E não uma casa qualquer, e
sim, como ia dizendo o Juan cheio de orgulho enquanto tirava minha bagagem do
car­ro e a entregava aos filhos, um casarão que havia funcionado como estalagem
no século XIX. Construído em 1849, ele aparentemente tinha uma péssima
reputação na época. No salão principal haviam ocorrido tiroteios por causa de
jo­gos de cartas e mulheres. Ainda era possível ver os buracos das balas. Um
deles, inclusive, havia sido emoldurado pelo Juan.. Ele confessava que era um
pouco mórbido, mas ar­gumentava que não deixava de ser interessante. E aposta­va
que estávamos morando na única casa da colina de Carmel que tinha um buraco de
bala feito no século XIX.


- Hmmm, eu disse. E aposto
que era verdade.


Enquanto subíamos os muitos
degraus até a varanda da frente, minha mãe ficava olhando para mim. Eu sabia
que ela estava apreensiva com o que eu ia pensar. E eu estava mesmo meio danada
com ela por não me ter avisado. Mas acho que posso entender por que ela não
disse nada. Se ela tivesse me dito que tinha comprado uma casa com mais de cem
anos, eu não teria mudado para lá. Teria ficado com a vovó até chegar a hora de
entrar para a faculdade.


Pois o fato é que a minha mãe
tem toda razão: eu não gosto de construções antigas.


Embora desse para ver que em
matéria de prédios anti­gos aquele era realmente especial... De pé na varanda,
a gente podia ver toda Carmel lá embaixo, a cidadezinha, o vale, a praia, o
mar. Era uma vista sensacional, e muita gente estaria disposta a pagar milhões para
tê-la - e na verdade pagava mesmo, a julgar pelo luxo das casas em volta; uma
vista para ninguém botar defeito.


Ainda assim, quando minha mãe
me chamou para ver meu quarto, eu tremi um pouco nas bases.


Meu quarto ficava no primeiro
andar, bem em cima do telhado da varanda. Durante todo o percurso do aeropor­to
minha mãe ficara falando agitada sobre o assento que o Juan tinha instalado na
janela de três faces projetada para fora, do tipo conhecido como bay window. A
janela dava para a mesma vista que a varanda, aquela paisagem impres­sionante
que abarcava toda a península. Era mesmo uma gracinha da parte deles me darem
um quarto tão bom, o quarto com a melhor vista da casa.


E quando eu vi a trabalheira
que eles tiveram, para que eu me sentisse em casa naquele quarto (ou pelo menos
para que alguma garota excessivamente feminina e fantasma­górica se sentisse em
casa... não, eu... Eu nunca tinha sido do tipo penteadeira com tampo de vidro e
telefone cor de rosa), quando vi que o Juan mandara botar papel de parede creme
com miosótis azuis por cima dos intrincados lambris brancos ao longo das
paredes; que as paredes do meu banheiro particular eram recobertas pelo mesmo
pa­pel; e que eles tinham comprado uma cama nova para mim - uma cama com
armação de quatro colunas e dossel de rendas, do tipo que minha mãe sempre
quisera me dar e dessa vez não pudera resistir, eu me senti culpada pela
maneira como me havia comportado no carro. Realmente me senti. Caminhando pelo
quarto, eu dizia a mim mes­ma: tudo bem, não é tão ruim assim. Por enquanto
você está na boa. Talvez tudo dê certo, talvez ninguém tenha sido infeliz nesta
casa, talvez aquelas pessoas todas que levaram tiros merecessem mesmo...


Até que me virei para a
janela e vi que alguém já estava aboletado no assento que o Andy fizera para
mim com tan­to carinho.


Era uma pessoa que não era
minha parenta, nem de Poncho,Cris ou Mestre.


Voltei-me para o Juan, para
ver se ele tinha notado a presença do intruso. Mas ele não tinha, embora a
pessoa estivesse bem ali, bem diante do seu rosto.


Minha mãe também não a havia
visto. Ela só estava ven­do o meu rosto. Desconfio que a minha expressão não de­via
ser das mais agradáveis, pois a expressão da minha mãe mudou completamente, e
ela disse, num suspiro:


- Ah, Dulce, outra vez?!...


 



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Autor(a): tatalsrv

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Dedicado a minha primeira leitora:debrbd2009   Vou ter de explicar. É que eu não sou exatamente como qualquer garota de 16 anos. Quer dizer, acho que eu pareço bastante normal. Não uso drogas, nem bebo, nem fumo, não tenho nenhum piercing,não tenho ne­nhuma tatuagem,não uso esmalte escuro nas unhas. No final ...


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