Fanfic: A Mediadora-A Terra das Sombras.-Vondy-
E era disso que minha mãe estava falando quando disse aquela frase - "Ah, Dulce, outra vez?!..." Quando eu chuto os fundilhos de um fantas ma, as coisas tendem a ficar um pouco... complicadas.
Não que eu tivesse a menor intenção de bagunçar meu novo quarto. Por isto é que dei as costas para o fantasma sentado perto da minha janela e disse:
- Deixa pra lá, mãe. Está tudo bem. O quarto é mara¬vilhoso. Obrigada mesmo.
Deu para ver que ela não estava acreditando em mim. Não é nada fácil enganar minha mãe. Eu sei que ela está desconfiando que há alguma coisa comigo. Simplesmente ela não consegue imaginar o quê. O que provavelmente é bom, pois do contrário todas as certezas dela ficariam abala¬das demais. Sabe como é, ela é repórter de televisão. Só acredita no que vê. E fantasmas ela não consegue ver.
Você não imagina o quanto eu gostaria de ser como ela.
- Que bom, que bom que você gostou - disse ela. - Eu estava meio preocupada. Isto é, sabendo como você não gosta... bem, de lugares antigos.
Lugares antigos são os piores para mim porque quanto mais velha for uma construção, mais chances haverá de que alguém tenha morrido nela e de que ele ou ela ainda este¬jam rondando por ali, em busca de justiça ou querendo transmitir alguma mensagem final a alguém. Para você ficar sabendo, isto resultou em alguns lances dos mais interessan¬tes, na época em que minha mãe e eu estávamos procu¬rando apartamento na cidade. A gente entrava naqueles apartamentos que pareciam perfeitamente OK, e eu começa¬va a dizer "Não, não, de jeito nenhum" sem uma razão aparente que eu pudesse explicar. É mesmo um espanto que minha mãe não tenha me despachado depressinha para um internato.
- Na boa, mamãe - disse eu. - Muito bom. Adorei.
Depois de um certo tempo, Juan já não tinha mais o que me mostrar e saiu para começar a preparar o churras¬co, pois em homenagem à minha chegada teríamos um jan¬tar especial. Poncho e Cris foram "pegar uma onda" en¬quanto não chegava a hora e Mestre, balbuciando miste¬riosamente alguma coisa sobre uma "experiência" em que estava trabalhando, meteu-se em alguma outra parte da casa, deixando-me sozinha com minha mãe... quer dizer, mais ou menos.
Está tudo bem mesmo, Dulce? - quis saber ela. - Eu sei que é uma mudança muito grande. Sei que é pedir muito de você...
Está tudo bem, mãe - respondi. - Mesmo.
Minha mãe gosta de pensar que o motivo pelo qual eu não sou a adolescente tradicional do jeito que ela era quan¬do tinha a minha idade - ela era chefe de torcida, rainha de beleza, tinha montes de namorados e coisas do tipo - é por eu ter perdido meu pai tão cedo. Ela culpa a morte dele por tudo, desde o fato de eu não ter amigos - com a exce¬ção da Angel - até minhas eventuais demonstrações de comportamento bizarro.
E acho mesmo que muitas coisas que fiz no passado podiam parecer bem bizarras para alguém que não sou¬besse por que eu estava agindo daquela maneira, ou que não pudesse ver para quem eu estava fazendo aquilo. Muitas vezes fui apanhada em lugares onde não deveria estar. Algumas vezes cheguei a ser levada para casa pela polícia, acusada de invasão de propriedade, vandalismo ou arrombamento.
E embora nunca tenha sido condenada por nada, já pas¬sei muitas horas no consultório da terapeuta da minha mãe, ouvindo que esta minha tendência para falar comigo mes¬ma é perfeitamente normal, mas que provavelmente o mesmo não se pode dizer da minha inclinação para conver¬sar com pessoas que não estão presentes.
O mesmo quanto à minha aversão a qualquer edifício que não tenha sido construído nos cinco últimos anos.
O mesmo quanto ao número de horas que costumo pas¬sar em cemitérios, igrejas, templos, mesquitas, casas ou apar¬tamentos (trancados) de outras pessoas e na escola depois do horário,
De modo que não era de estranhar que minha mãe esti¬vesse ali sentada na minha cama, falando de "começar de novo" e coisas assim. Não deixava de ser estranho que ela o estivesse fazendo enquanto aquele fantasma estava sentado ali a alguns passos apenas, nos observando. Mas não impor¬ta. Parecia que ela tinha necessidade de falar sobre como as coisas iam ser muito melhores para mim lá na Califórnia.
E se era isto que ela queria, eu ia fazer tudo que estivesse ao meu alcance para satisfazê-la. Já tinha resolvido não fazer nada que pudesse acabar me levando para a cadeia, o que já era um bom começo.
- Bom - fez minha mãe, já meio sem fôlego depois de todo aquele discurso para dizer que eu não ia fazer amigos se não fosse simpática. - Então, se você não quer ajuda para desfazer as malas, acho que vou ver como é que o Juan está se saindo com o jantar.
Além de ser capaz de construir praticamente qualquer coisa, o Juantambém era um excelente cozinheiro, o que minha mãe certamente não era nem de longe. Eu respondi:
- Isso aí, mãe. Faça isso. Vou só me ajeitar um pouco aqui e daqui a pouco desço.
Minha mãe concordou e se levantou - mas não ia me deixar escapulir assim tão facilmente. No momento em que ia passar pela porta, voltou-se e disse, com os olhos azuis cheios de lágrimas:
- Eu só quero que você seja feliz, Dulcinha, É a única coisa que eu sempre quis. Você acha que vai ser feliz aqui?
Eu dei um abraço nela. Quando estou com minhas boti¬nas, tenho a mesma altura que ela.
- Claro, mãe - respondi. - É claro que vou ser feliz aqui. Já estou me sentindo em casa.
- É mesmo? - fez minha mãe, fungando. - Jura? - Juro.
E eu não estava mentindo, pois se no meu quarto no Brooklyn também havia fantasmas o tempo todo...
Ela saiu e fechou a porta.
Esperei até que não estivesse mais ouvindo os passos dela na escada e então me
voltei.
- OK - fui dizendo para
aquela presença no assento da janela. - Quem diabos é você?
Autor(a): tatalsrv
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Se eu dissesse que o cara ficou surpreso de ser interpelado daquela maneira, estaria muito longe de dar idéia da reação dele. Ele não ficou apenas surpreso. Chegou até a olhar ao redor para ver se era com ele mesmo que eu estava falando. Mas é claro que a única coisa que havia atrás dele era a janela ...
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