Fanfics Brasil - A Mediadora-A Terra das Sombras.-Vondy-

Fanfic: A Mediadora-A Terra das Sombras.-Vondy-


Capítulo: 6? Capítulo

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Se eu dissesse que o cara
ficou surpreso de ser interpe­lado daquela maneira, estaria muito longe de dar
idéia da reação dele. Ele não ficou apenas surpreso. Chegou até a olhar ao
redor para ver se era com ele mes­mo que eu estava falando.


Mas é claro que a única coisa
que havia atrás dele era a janela e, além dela, aquela vista inacreditável da
Baía de Carmel. De modo que acabou se voltando novamente para mim e deve ter
visto que meu olhar estava grudado no seu rosto, pois suspirou "Nombre de
Dios" de um jeito que pro­vavelmente faria desmaiar a Angel, que tem um
fraco por latinos.


- Não adianta invocar seus espíritos
superiores - comu­niquei-lhe, arrastando a cadeira com bordados cor-de-rosa
para minha nova penteadeira e sentando-me nela, de frente para o encosto. - Se
ainda não notou, Ele não está prestando muita atenção em você. Caso contrário,
não o teria deixa­do por aqui apodrecendo todos estes anos... - e então dei uma
olhada mais firme nas suas roupas, que pareciam muito com algo saído do velho
oeste. - Quantos anos mesmo?... Uns cento e cinqüenta anos? Já passou mesmo
este tempo todo desde que você bateu as botas?


Ele me olhou fixamente com
seus olhos Castanhos e úmi­dos. E perguntou, com uma voz rouca por falta de
uso:


- Que quer dizer... bateu as
botas?


Eu não pude deixar de revirar
os olhos de impaciência. E traduzi:


- Esticou as canelas. Dobrou
o Cabo da Boa Esperança. Foi desta para melhor.


Quando vi por sua expressão
de perplexidade que ele continuava sem entender, finalmente eu disse, algo exas­perada:


-Morreu.


-Ah - fez ele. - Morri.


Mas em vez de responder a
minha pergunta, ele balançou a cabeça.


-Não estou entendendo -
disse, com ar de espanto. - Não entendo como você consegue me ver. Durante
todos esses anos, ninguém nunca...


-Claro - fui cortando, pois
como você já deve estar saben­do estou cansada de ouvir esse tipo de coisa. -
Olha só, os tempos mudaram um bocado, sabia? Então, qual é a sua?


Ele piscou com aqueles
enormes olhos castanhos. Suas pes­tanas eram mais longas que as minhas. Não é
sempre que eu dou de cara com um fantasma que também é uma graça, mas aquele
cara... caramba, ele devia ter sido alguma coisa quando vivo, pois ali estava
ele morto e eu já estava queren­do adivinhar como eram as coisas por baixo da
camisa bran­ca que usava, bem aberta, mostrando um bocado o peito, e até um
pouco do abdômen. Será que fantasma também faz abdominal? Era o tipo da coisa
que eu nunca tivera opor­tunidade - ou vontade - de explorar até então.


Não que eu fosse me deixar
perturbar por esse tipo de coisa àquela altura dos acontecimentos. Afinal de
contas, sou uma profissional.


- A minha? - repetiu ele.


Até sua voz parecia
liqüefeita, com um inglês monóto­no e sem acentuação como eu achava que era o
meu, com aquele jeito de amortecer os "t" que a gente tem no
Brooklyn. Era evidente que ele tinha alguma coisa de hispânico, como deixavam
claro aquele "Nombre de Dios" que havia soltado e a cor da sua pele,
mas com certeza era tão americano quan­to eu - ou pelo menos tão americano
quanto podia ser al­guém que tivesse nascido antes de a Califórnia tornar-se um
estado.


- É - disse eu para limpar a
garganta. Ele se voltara um pouco e apoiara uma botina na almofada azul claro
do assento da janela, e então eu pude ter certeza de que os fantasmas realmente
podem fazer abdominais. Seus músculos abdominais eram muito definidos, e
cobertos com uma leve penugem de sedosos pêlos negros.


Eu engoli em seco. Bota seco nisso.


- Sim, a sua - disse então. -
Qual o seu problema? Por que ainda está aqui?


Ele olhou para mim, sem
expressão no olhar, mas inte­ressado. Eu fui mais clara:


- Por que você ainda não foi
para o outro lado?


Ele balançou a cabeça. Não
sei se já disse que seu cabe­lo era curto e escuro.


- Não sei o que você está
querendo dizer.


Eu estava ficando com calor,
mas já tinha tirado a ja­queta de couro, de modo que não sabia mais o que
fazer. Não podia tirar mais nada com ele ali me olhando. O fato de eu ter
percebido isto é que deve ter contribuído para que de repente eu não me
sentisse nada boazinha.


- Como assim não sabe o que
eu estou querendo dizer? - rebati, afastando uma mecha de cabelos dos olhos. -
Você está morto. Não tem mais que ficar aqui. Deveria estar em algum outro
lugar fazendo alguma coisa que as pessoas devem fazer depois que morrem.
Cantando entre os anjinhos, ardendo no inferno, reencarnando, subindo para
algum outro plano da consciência, ou o que seja. Você não devia... estar
simplesmente andando por aí.


Ele ficou olhando para mim
pensativo, equilibrando o cotovelo no joelho levantado, com o braço meio
vacilante.


- E se por acaso eu gostar
exatamente de andar por aí? - quis saber.


 



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Autor(a): tatalsrv

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Eu não tinha muita certeza, mas estava com a impressão de que ele estava zombando de mim. E eu não gosto nada que zombem de mim. Não gosto mesmo. No Brooklyn, o pessoal costumava fazer isso toda hora - pelo menos até eu descobrir que um punho bem fechado no nariz é capaz de calar uma boca. Eu ainda não estava em condiç ...


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