Fanfics Brasil - Capitulo 13 (PARTE 3) A Sereia(adaptada)

Fanfic: A Sereia(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 13 (PARTE 3)

285 visualizações Denunciar


Um véu longo e branco flutuava em volta dela, e seu vestido rendado já estava encharcado e pesado. Os olhos dela estavam fixos nos meus, serenos sob a influência do nosso canto. Tive certeza de que pensou que aquele seria o dia mais feliz da sua vida, não o último. Era impossível dizer qual dos homens de smoking ao redor dela era o noivo; talvez ele já tivesse sido engolido pelo oceano.


De repente, senti náuseas. Aquela noiva havia encontrado o amor, como eu. Mas não haveria final feliz para nenhuma de nós duas. Abalada, parei de cantar.


Embora minhas irmãs continuassem, meu silêncio trouxe a consciência de volta aos olhos da noiva e ela começou a se debater na água.


— Michael! — a noiva chamou, olhando para os lados de maneira frenética. — Michael?! — ela me encarou novamente, com os olhos suplicantes. Quis desviar o olhar, mas me senti em dívida com ela, como se assistir à sua morte a tornasse mais digna. Lágrimas rolaram dos meus olhos.


— Por favor — ela disse, ainda me encarando. A voz dela era baixa, mas chegou até mim por cima do barulho do mar e do canto das minhas irmãs.


Sem pensar, comecei a caminhar sobre a água na direção dela, sem a menor ideia do que faria quando chegasse lá. Antes que eu pudesse ir longe demais, Anahí correu e me derrubou. Então agarrou meu cabelo e virou o meu rosto para o dela. Sem jamais parar de cantar, me dirigiu um olhar cortante como uma navalha.


Comecei a lutar para me desvencilhar dos braços dela.


— Sai de cima de mim!


— Cante. — A voz da Água era rígida e urgente. Anahí me forçou a ficar de pé.


— Cante! — minha irmã insistiu, interrompendo a própria canção. Atrás dela, as vozes de Maite e Angelique continuaram. — Não percebe que só está piorando as coisas? Cante! Acaba logo com isso!


Corri os olhos pelas vítimas da nossa desgraçada beleza. Alguns dos convidados do casamento estavam recobrando os sentidos com a ausência da minha voz e da de Anahí.


— Por favor, Dulce. Você está pondo todas nós em perigo!


Em vez de obedecer minha irmã, implorei à Água:


— Salve-a! Há lugar para mais uma!


— Nada de esposas. Nada de mães. Você a condenaria a esta vida? — Eu podia ouvir a dor na voz dEla.


Parei. Não. Um século de assassinato era bem mais cruel do que uns instantes de medo. Aninhei a cabeça no ombro de Anahí e recomecei a canção. Não conseguia suportar a visão das pessoas sofrendo, então me concentrei em Maite e Angelique. Havia emoções demais no rosto delas para que eu pudesse compreender: empatia, frustração, raiva, desconfiança.


Cantamos até o último grito se calar, até o navio repousar no fundo do mar. O silêncio que se seguiu era afiado, bem mais doloroso do que os gritos que eu acabara de suportar.


Maite, com mais raiva do que jamais a vira demonstrar, me agarrou pelos ombros e me chacoalhou.


— Ela podia ter matado você! Já fez isso por muito menos! Como você foi capaz de fazer isso consigo mesma? Com a gente?


Não era a reação que eu esperava. Era para elas compreenderem. Eram as únicas que podiam entender. Fechei os olhos.


— Estou cansada de tanta morte.


— Todas nós estamos cansadas de tanta morte — Anahí disse, e a aspereza em sua voz me surpreendeu. Havia lágrimas escorrendo pelo seu rosto, algo que nunca tinha visto acontecer, e fui tomada pela vergonha ao perceber que a culpa era minha. Angelique também estava abalada. Provavelmente por seus próprios motivos, mas outra camada de culpa me cobriu por criar confusão em seu primeiro canto. Anahí cutucou meu braço, me trazendo à tona. — Mas o seu serviço a Ela está quase no fim, então faça o seu trabalho.


Esperei a Água responder, dizer a Anahí que, sim, eu tinha cometido um erro, mas que ninguém sobreviveu para contar a história. Nosso canto tinha sido bem-sucedido. Mas a Água permaneceu calada.


Nunca me sentira tão sozinha. Saí correndo e mergulhei para nadar em direção à costa.


— Sinto muito — Ela disse.


— Não importa.


— Não se isole agora. Não vai ajudar.


Aumentei o ritmo, tentando me mover o mais rápido possível sem a ajuda dEla.


— Não aguento ficar com elas. Não quero nem a minha própria companhia. Passei tempo demais me convencendo de que não sou má. Mas a verdade é que sou. É a maior verdade que conheço — eu disse, dolorida por dentro. Eu tinha aberto mão de tanta coisa, e ver a noiva se afogar me fez entender tudo.


Eu não podia amar. Eu assassinava o amor toda vez que cantava.


— Não. Você não é má. Tem o coração mais generoso que já envolvi. Na verdade, eu que sou má por te forçar a carregar esse fardo.


Contive as lágrimas e cerrei os dentes, fervilhando de raiva.


— Quer saber? Você está certa. Você é má. Você tirou tudo de mim. Não tenho família, não tenho vida. Não tenho sequer esperança. Você matou tudo de bom em mim, e A odeio por isso.


O abraço dEla, quase sempre cálido e reconfortante, estava frio, como se quisesse se afastar de mim.


— Sinto muito. Por tudo isso. Sinto tanto.


— Saia da droga da minha cabeça!


Segui para a costa, vendo o brilho de um farol e o usando como guia até a terra firme. Me arrastei pela praia pedregosa sob a escuridão fresca da noite. Me afastei da Água e fui para a grama. Sentei abraçando os joelhos, exausta. Não conseguia esquecer a expressão de súplica e desespero no rosto da noiva. Quantas vezes mais eu teria que fazer aquilo?


Tinha sido uma vida tão longa… Não sabia quanto tempo mais eu conseguiria suportar, por quantas mortes ainda seria responsável. Não conseguia esquecer o rosto das pessoas que matei, e não me achava capaz de enfrentar mais vinte anos de morte. Tinha feito de tudo para me reconciliar com o que eu era, mas nunca, nenhuma vez sequer, estive em perfeita paz comigo mesma.


O que eu devia fazer? Talvez apenas pedir para a Água acabar com a minha vida. Meu coração estava morrendo. Talvez o corpo devesse segui-lo.


Balancei a cabeça, envergonhada por pensar nisso. De que adiantaria outra morte?


Tinha que existir algo além disso.


— Dulce?


Havia coisas que eu imaginava ser capaz de lembrar caso tivesse uma segunda chance. Por exemplo, se eu pudesse abraçar minha mãe mais uma vez, depois de tudo, achava que seria capaz de reconhecer o abraço dela no meio de cem. E ali estava uma voz tão familiar como se eu a escutasse todos os dias, uma voz que nada além do fim da minha sentença seria capaz de apagar da minha memória.


Voltei o rosto em direção ao som, me perguntando se eu estava num conto de fadas ou se era ele quem estava.




Luana :  kkkkkkkkkkk. Também tenho pena dela :( Postado Gatenha!!



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): leticialsvondy

Este autor(a) escreve mais 15 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

14   EU NÃO TINHA ESCOLHIDO CONSCIENTEMENTE MEU DESTINO, mas de algum modo minha fuga desesperada para longe das minhas irmãs e da culpa me levara até lá — Port Clyde, no litoral do Maine. O lugar onde desejara estar, onde parecera impossível que eu pudesse chegar. Christopher emergiu das sombras do farol e passou a me examina ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 57



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • anne_mx Postado em 06/10/2022 - 22:45:17

    Que fanfic linda, uau, o amor da água pela Dulce e o amor da Dulce pela água e pelo Christopher é lindo, ainda que parece algo meio que fora de órbita mas foi uma história linda e foi lindo ver a entrega das amigas para com a Dul, obrigadaaaa <3

  • jucinairaespozani Postado em 02/07/2016 - 12:35:11

    Amei *---* é uma história perfeita, vou correr para a outra fic já kkk

  • millamorais_ Postado em 02/07/2016 - 00:13:59

    Ameiiii, menina onde vc encontra no essas lindezas? XD parabéns gatinha. Próxima fic? Estarei lá com certeza

  • Luana Postado em 01/07/2016 - 23:17:53

    Adorei o final! Cheguei até chorar. Parabéns por mais uma adaptação! Amei! Amei! Amei!

  • jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:48

    Posta mais

  • jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:27

    Continua meu aniversário ta longe kkk eu to desesperada aqui kkk

  • jucinairaespozani Postado em 28/06/2016 - 12:11:15

    Você está resumindo ou colocando todos os capítulos e páginas do livro? Posta mais, eu vou ganhar o livro então tô me controlando pra não comprar kkkk mais meio que li o &quot;final&quot; por alto, to desesperada aqui, posta mais logo por favor

  • millamorais_ Postado em 28/06/2016 - 00:22:27

    Muito suspeito, muito suspeito mas uma coisa é certa, o amor cura tudo, o amor tudo pode, tudo supera. Acredito que a água já começou a entender o que realmente está acontecendo mas egoísta como é prefere fingir que não... Gatinha quantos capítulos tem essa história? Só pra mim ter uma noçãozinha de quanto tempo vou ficar com essa dorzinha no peito sem saber ao certo o final kkkkk continuaaaaa

  • Luana Postado em 28/06/2016 - 00:12:35

    Ah meu Deus! Estou preocupada com os dois! Espero que eles fiquem melhor. Continuaaa <33

  • jucinairaespozani Postado em 26/06/2016 - 03:36:18

    Acho que a Dul esta começando a perder os poderes, então posso imagina que isso seja bom = talvez o amor que ela tem por Christopher estaja fazendo ela mudar. Espero que ele não morra, posta mais


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais