Fanfics Brasil - Capitulo 14 (PARTE 1) A Sereia(adaptada)

Fanfic: A Sereia(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 14 (PARTE 1)

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14


 


EU NÃO TINHA ESCOLHIDO CONSCIENTEMENTE MEU DESTINO, mas de algum modo minha fuga desesperada para longe das minhas irmãs e da culpa me levara até lá — Port Clyde, no litoral do Maine. O lugar onde desejara estar, onde parecera impossível que eu pudesse chegar.


Christopher emergiu das sombras do farol e passou a me examinar com um olhar chocado e cansado ao mesmo tempo. Fazia apenas uns seis meses que eu o vira pela última vez, mas ele tinha mudado muito. O cabelo bagunçado estava quase chegando aos ombros, e ele tinha uma barba por fazer no queixo. A calça cáqui fora trocada por um jeans esfarrapado, e seus olhos carregavam uma tristeza quase tão pesada quanto a minha.


— Você está bem?


Será que eu não deveria fazer a mesma pergunta para você?


Fiz que não com a cabeça. Nunca tinha me sentido tão mal.


Pasmo, ele ajoelhou diante de mim como se tentasse compreender minha presença ali. Ele correu as mãos pelos meus braços à procura de ferimentos. Por mais infeliz que eu estivesse, a preocupação dele fez com que eu me sentisse minimamente melhor.


— Você está ensopada. Caiu de um barco ou algo assim? Por favor, me diga que você não resolveu nadar num vestido de formatura.


Fiz que não com a cabeça de novo.


— Parece que você não está sangrando. Acha que quebrou algum osso?


Não.


— Como você veio parar aqui? Não consigo entender, eu… — ele continuou a me observar. — Nem sei o que perguntar agora. Eu… Você tem algum lugar para ir?


Não.


Ele enfiou os dedos agitados na grama enquanto tomava uma decisão.


— Tudo bem, venha comigo.


Christopher levantou e me estendeu a mão.


Observei suas unhas crescidas, a terra ainda grudada nelas. Eu não devia estar perto daquele garoto. Tinha acabado de cometer um ato tão hediondo que, se pudesse usar minha voz, choraria por dias. Estava isolada das minhas irmãs, afastada da Água. E eu era tão, tão letal.


Mas o que mais poderia fazer? Dispensá-lo e dizer que estava bem quando era claro que alguma coisa tinha acontecido? Pular na Água, embora não suportasse ficar perto dEla agora?


Eu poderia ficar por uma noite. Assim que estivesse instalada, pensaria num plano. Então pus a minha mão fria na dele e o deixei me conduzir. 


Examinei Christopher enquanto caminhávamos. A mão dele nas minhas costas me guiava até a sua casa, e o toque da sua palma cheia de calos era áspero, sinal de que ele não estava mais manejando livros, mas algo muito mais bruto. Ele parecia desgastado, pesado. Por que ainda estava aqui? Ele já devia estar na faculdade.


— A noite está bonita. Você não podia ter escolhido uma melhor para se perder. Quer dizer, olha só a lua. Noite perfeita para se perder, não acha?


Não consegui conter o sorriso. Era como se não tivéssemos passado tanto tempo afastados, como se eu não o tivesse abandonado com tanta frieza e desaparecido sem dizer nada.


— Pensei muito em você — ele continuou, sem me encarar. — Fiquei muito preocupado quando desapareceu. — Ele engoliu em seco. — Tentei te encontrar, mas só sabia seu primeiro nome. A faculdade não tinha registro de nenhuma aluna chamada Dulce e não te achei na internet. Era como se jamais tivesse existido. Ainda assim, aqui está você.


Meu corpo foi tomado pelo pânico, meu peito ficou apertado. Como eu seria capaz de explicar tudo sem criar um poço de mentiras no qual eu acabaria caindo inevitavelmente? Respirei fundo, tentando não perder o controle. Será que deveria apenas sair correndo? Se desaparecesse de novo, podia garantir que ele nunca mais me encontrasse.


Ele me observou de cima a baixo. O que será que sabia? No que estaria pensando? Sem dúvida, a verdade era absurda demais para ele cogitar. Mas eu sentia que ele tentava juntar as peças do quebra-cabeça da minha história e nenhuma delas encaixava. Ele finalmente voltou a falar, num tom baixo e um pouco melancólico:


— Fiquei torcendo para você voltar à biblioteca.


Baixei os olhos e juntei as mãos num gesto de súplica, na tentativa de fazê-lo ver como eu sentia muito e como não quis magoá-lo.


— Tudo bem — ele disse mais animado. — Não estava irritado. Só preocupado. É bom saber que você não está machucada. Bom… Espero que não esteja. Vamos.


Fomos até um sobrado azul-pálido com persianas pretas. De um lado, parecia que os únicos vizinhos já tinham encerrado o expediente e a luz da TV oscilava contra as cortinas. Do outro, o terreno e a estrada faziam uma curva. Dava para ouvir o som das ondas quebrando na praia ali perto.


— Foi difícil não ter você por perto, mas não a culpo pelo sumiço. Eu mesmo sumi não muito tempo depois.


Olhei para ele, confusa. O que poderia ter acontecido? Subimos os degraus da varanda, e ele passou a mão no rosto como que para afastar a tristeza.


— Julie? — ele chamou ao abrir a porta. — Você pode fazer um café? Temos companhia. — Ele se voltou para mim. — Julie é a esposa do meu primo. Era socorrista voluntária na faculdade, então você está em boas mãos.


O primeiro cômodo da casa era a cozinha, e eu não sabia muito bem o que Julie esperava ver quando dobrasse a esquina da sala de estar, mas ela parou assim que deparou comigo.


— Hum… oi — ela me cumprimentou e logo encarou Christopher. — Quem é ela?


— É a Dulce, que conheço da faculdade. Eu a encontrei na praia perto do farol. Ela, hum, não fala.


Julie apontou para o meu vestido.


— Você a encontrou assim?


— É.


O treinamento dela entrou em ação num instante, e ela começou a tocar meus braços e a examinar minhas pupilas.


— Ela está congelando. Pode estar em choque. Vou correr lá em cima e pegar uns cobertores. Ben! Vem aqui! — ela gritou enquanto disparava pelos degraus. 


Christopher me fez sentar numa cadeira gasta na sala. Depois, abriu um armário, jogou um edredom em cima de mim, voltou para a cozinha e revirou uma gaveta. Por fim, voltou com uma caneta e um papel.


— Aqui. Você pode me contar o que aconteceu?


Encarei o papel boquiaberta, imaginando se alguma resposta podia surgir para mim num passe de mágica. Por fim, escrevi: Não sei.


— Não sabe ou não sabe como dizer? Chacoalhei a mão para sinalizar que era um pouco dos dois.


— Tudo bem. Quer que eu ligue para alguém? Família, amigos?


Fiz que não com a cabeça.


— Ninguém?


Baixei o olhar. Minha situação era bem complicada. Como explicar que ninguém estava à minha procura porque a minha única família era um bando de sereias que sabiam que eu não podia arrumar mais problemas do que já tinha?


Bem naquele momento, Julie reapareceu com Ben. Reconheci-o na hora das fotos no dormitório de Christopher. Ele tinha o mesmo queixo e os mesmos olhos, que usou para me analisar, e sua expressão confusa era tão cômica quanto a da esposa.


— Cara, o que está acontecendo? — ele perguntou a Christopher.


— Eu não fiz nada! Só a encontrei. Estou tentando descobrir um jeito de levá-la para casa, mas parece que ela não lembra de muita coisa. E ela é muda, o que complica um pouco as coisas.


Julie pôs a mão nos ombros de Ben.


— Talvez devêssemos avisar a polícia. Com certeza alguém está procurando por ela.


Balancei a cabeça com força e bati no papel para chamar a atenção deles. Escrevi: NÃO. Sem polícia. Estou bem.


Dirigi um olhar de súplica para Julie; já tinha percebido que ela exercia o papel de mãe na casa. Por sorte, ela arregalou os olhos para demonstrar sua simpatia.


— O que podemos fazer para ajudar? — perguntou. — Se não podemos chamar a polícia, podemos te levar para algum lugar? Um hospital? 




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Autor(a): leticialsvondy

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Vou ficar bem, escrevi. Só estou meio perdida por enquanto. Fechei as mãos, pensativa, enquanto Julie lia o que eu tinha escrito. Eu sabia o que queria, mas não sabia como pedir. Christopher voltou, distribuiu as xícaras de café e depois começou a ler minha resposta por cima do ombro de Julie. — E se ela ficasse com a gente? ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 57



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  • anne_mx Postado em 06/10/2022 - 22:45:17

    Que fanfic linda, uau, o amor da água pela Dulce e o amor da Dulce pela água e pelo Christopher é lindo, ainda que parece algo meio que fora de órbita mas foi uma história linda e foi lindo ver a entrega das amigas para com a Dul, obrigadaaaa <3

  • jucinairaespozani Postado em 02/07/2016 - 12:35:11

    Amei *---* é uma história perfeita, vou correr para a outra fic já kkk

  • millamorais_ Postado em 02/07/2016 - 00:13:59

    Ameiiii, menina onde vc encontra no essas lindezas? XD parabéns gatinha. Próxima fic? Estarei lá com certeza

  • Luana Postado em 01/07/2016 - 23:17:53

    Adorei o final! Cheguei até chorar. Parabéns por mais uma adaptação! Amei! Amei! Amei!

  • jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:48

    Posta mais

  • jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:27

    Continua meu aniversário ta longe kkk eu to desesperada aqui kkk

  • jucinairaespozani Postado em 28/06/2016 - 12:11:15

    Você está resumindo ou colocando todos os capítulos e páginas do livro? Posta mais, eu vou ganhar o livro então tô me controlando pra não comprar kkkk mais meio que li o &quot;final&quot; por alto, to desesperada aqui, posta mais logo por favor

  • millamorais_ Postado em 28/06/2016 - 00:22:27

    Muito suspeito, muito suspeito mas uma coisa é certa, o amor cura tudo, o amor tudo pode, tudo supera. Acredito que a água já começou a entender o que realmente está acontecendo mas egoísta como é prefere fingir que não... Gatinha quantos capítulos tem essa história? Só pra mim ter uma noçãozinha de quanto tempo vou ficar com essa dorzinha no peito sem saber ao certo o final kkkkk continuaaaaa

  • Luana Postado em 28/06/2016 - 00:12:35

    Ah meu Deus! Estou preocupada com os dois! Espero que eles fiquem melhor. Continuaaa <33

  • jucinairaespozani Postado em 26/06/2016 - 03:36:18

    Acho que a Dul esta começando a perder os poderes, então posso imagina que isso seja bom = talvez o amor que ela tem por Christopher estaja fazendo ela mudar. Espero que ele não morra, posta mais


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