Fanfics Brasil - Capitulo 2 (PARTE 2) A Sereia(adaptada)

Fanfic: A Sereia(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 2 (PARTE 2)

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— Acho que você jamais vai conseguir parar de pintar — Anahí disse, pensativa.


— É talentosa demais — concordei, assentindo com a cabeça.


Havia anos que Maite vendia sua arte pela internet. Agora mesmo, no meio da conversa, estava mexendo no celular, e tive certeza de que outra grande venda estava por vir. O fato de uma de nós ter um celular era quase ridículo — como se tivéssemos para quem ligar —, mas ela gostava de estar conectada ao mundo.


— Ser responsável por alguma coisa parece divertido, sabe?


— Eu sei — falei. — Ser proprietária de um negócio deve ser fascinante.


— Exatamente! — Maite digitava e falava ao mesmo tempo. — Responsabilidade, individualidade. Não tenho nada disso agora, então talvez possa compensar mais tarde.


Eu estava prestes a dizer que tínhamos bastante responsabilidade, mas Anahí falou primeiro.


— Eu também tive uma ideia nova — ela cantarolou.


— Conta pra gente — Maite pediu, para em seguida botar o celular de lado e sentar no colo de Anahí como se fosse uma cachorrinha.


— Cheguei à conclusão de que gosto mesmo de cantar. Acho que gostaria de continuar cantando, mas de um jeito diferente.


— Você seria uma vocalista fantástica numa banda!


Anahí se endireitou no assento, o que quase fez Maite cair no chão.


— Era exatamente isso que eu tinha pensado!


Eu as observava, maravilhada ao perceber que três pessoas tão diferentes — nascidas em tempos e lugares e culturas distintas — fossem capazes de combinar tão bem. Até mesmo Belinda se encaixou como uma peça de quebra-cabeça quando decidiu deixar sua solidão auto imposta para ficar com a gente por um tempo.


 — E você, Dulce?


— Hein?


Maite se endireitou.


— Algum sonho novo?


Já havíamos jogado esse jogo centenas de vezes para nos manter animadas. Eu tive dezenas de ideias ao longo dos anos. Já tinha pensado em ser médica, para compensar todas as vidas que tirei. Dançarina, para poder controlar meu corpo de todas as maneiras. Escritora, para descobrir uma maneira de usar minha voz quer eu falasse ou não. Astronauta, caso precisasse botar mais espaço entre a Água e mim. Já tinha praticamente esgotado todas as possibilidades.


Mas lá no fundo sabia que só havia uma coisa que eu queria de verdade, dolorosa demais para pensar agora.


Olhei para o grande livro de história que estava sobre minha cadeira favorita — o livro que eu tinha intenção de levar comigo para o quarto na noite anterior —, tomando cuidado para que a revista de noivas ainda estivesse escondida dos olhos das outras.


Sorri e dei de ombros.


— Os mesmos de sempre, os mesmos de sempre. 


Engoli em seco ao botar os pés no campus. Por mais que eu quisesse uma vida comum e agradável como a de todo mundo, nunca me permitia ficar confortável. Humanos — e a constante necessidade de ficar em silêncio para protegê-los — me deixavam nervosa. Mas mesmo agora eu ouvia a voz de Anahí na cabeça: “Não precisa ficar dentro de casa o tempo todo. Não vou viver assim”, ela tinha prometido talvez duas semanas depois de começar sua nova vida conosco. E ela foi fiel à palavra. Não só saía, mas fazia questão de que o resto de nós também tivesse uma vida normal sempre que possível. Me aventurar fora de casa era metade um agrado a ela, metade a mim mesma.


Nossa casa atual era bem perto de uma universidade, o que era perfeito para mim. Isso significava um monte de gente andando de um lado para o outro no gramado e se reunindo em mesas de piquenique. Eu não sentia necessidade de ir a shows ou baladas ou festas, como Anahí e Maite. Me contentava simplesmente em estar entre humanos, observá-los. Se me sentasse debaixo de uma árvore com um livro, era capaz de fingir ser um deles por horas.


Fiquei observando as pessoas passarem, encantada por estar num lugar tão amistoso que algumas pessoas acenavam para mim sem qualquer motivo. Se eu pudesse dizer oi para elas — apenas uma palavrinha minúscula e inofensiva —, a ilusão teria sido perfeita.


— … se ela não quiser. Tipo, por que ela não diz alguma coisa pelo menos? — uma garota perguntou ao grupo de amigos ao seu redor. Imaginei-a como uma abelha-rainha, enquanto os demais eram as pobres operárias.


— Você tem toda a razão. Ela devia ter falado pra você que não queria ir, não pra todo mundo.


A rainha jogou o cabelo de lado.


— Bom, pra mim já chega. Não vou ficar com esses joguinhos.


Olhei bem para ela, certa de que a garota jogava um jogo completamente diferente, que sem dúvida ganharia.


— Estou te dizendo, cara, podemos projetar isso — um rapaz de cabelo curto afirmava, acenando para o amigo.


— Não sei — respondeu o outro, um garoto um pouco acima do peso que coçava o pescoço enquanto caminhava rápido. Talvez tentasse deixar o amigo para trás, mas seu interlocutor tinha pés tão ligeiros e tanta motivação que poderia acompanhar um foguete.


— Só um pequeno investimento, cara. Podemos estourar. Em dez anos, as pessoas vão estar falando dos dois nerds da Flórida que mudaram o mundo!


Segurei um sorriso.


Quando a multidão se dispersou à tarde, fui para a biblioteca. Desde que nos mudamos para Miami, eu passava lá uma ou duas vezes por semana. Não gostava de fazer minhas pesquisas para a caderneta em casa. Já tinha cometido esse erro antes, e Anahí me criticara sem piedade pela atitude mórbida.


— Por que você não vai logo procurar os cadáveres? — ela tinha dito. — Ou pede para a Água te contar quais foram seus últimos pensamentos. Você quer saber isso também?


Eu compreendia a repulsa dela. Ela via minhas cadernetas como uma obsessão insana pelas pessoas que tínhamos assassinado. O que eu queria era que ela compreendesse como aquelas pessoas me assombravam, como seus gritos permaneciam comigo muito tempo depois de os navios afundarem. Saber que Melinda Bernard tinha uma vasta coleção de bonecas ou que Jordan Cammers estava no primeiro ano de medicina aliviava minha dor. Era como se saber mais sobre a vida do que sobre a morte deles tornasse as coisas melhores de alguma forma.


Minha meta hoje era Warner Thomas, o penúltimo da lista de passageiros do Arcatia. Warner se revelou uma pesquisa relativamente fácil. Havia milhares de pessoas com o mesmo nome, mas assim que descobri todos os perfis de redes sociais que pararam de postar de repente seis meses antes, tive certeza de que era ele. Warner era um sujeito alto e magro como um poste, e parecia tímido demais para falar com os outros pessoalmente. Aparecia como solteiro em toda parte, e me senti mal por pensar que isso fazia todo o sentido.


A última postagem no blog dele era de partir o coração:


Desculpem pelo texto curto, mas estou atualizando do celular. Vejam esse pôr do sol! 




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Autor(a): leticialsvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 57



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  • anne_mx Postado em 06/10/2022 - 22:45:17

    Que fanfic linda, uau, o amor da água pela Dulce e o amor da Dulce pela água e pelo Christopher é lindo, ainda que parece algo meio que fora de órbita mas foi uma história linda e foi lindo ver a entrega das amigas para com a Dul, obrigadaaaa <3

  • jucinairaespozani Postado em 02/07/2016 - 12:35:11

    Amei *---* é uma história perfeita, vou correr para a outra fic já kkk

  • millamorais_ Postado em 02/07/2016 - 00:13:59

    Ameiiii, menina onde vc encontra no essas lindezas? XD parabéns gatinha. Próxima fic? Estarei lá com certeza

  • Luana Postado em 01/07/2016 - 23:17:53

    Adorei o final! Cheguei até chorar. Parabéns por mais uma adaptação! Amei! Amei! Amei!

  • jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:48

    Posta mais

  • jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:27

    Continua meu aniversário ta longe kkk eu to desesperada aqui kkk

  • jucinairaespozani Postado em 28/06/2016 - 12:11:15

    Você está resumindo ou colocando todos os capítulos e páginas do livro? Posta mais, eu vou ganhar o livro então tô me controlando pra não comprar kkkk mais meio que li o &quot;final&quot; por alto, to desesperada aqui, posta mais logo por favor

  • millamorais_ Postado em 28/06/2016 - 00:22:27

    Muito suspeito, muito suspeito mas uma coisa é certa, o amor cura tudo, o amor tudo pode, tudo supera. Acredito que a água já começou a entender o que realmente está acontecendo mas egoísta como é prefere fingir que não... Gatinha quantos capítulos tem essa história? Só pra mim ter uma noçãozinha de quanto tempo vou ficar com essa dorzinha no peito sem saber ao certo o final kkkkk continuaaaaa

  • Luana Postado em 28/06/2016 - 00:12:35

    Ah meu Deus! Estou preocupada com os dois! Espero que eles fiquem melhor. Continuaaa <33

  • jucinairaespozani Postado em 26/06/2016 - 03:36:18

    Acho que a Dul esta começando a perder os poderes, então posso imagina que isso seja bom = talvez o amor que ela tem por Christopher estaja fazendo ela mudar. Espero que ele não morra, posta mais


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