Fanfic: A Sereia(adaptada) | Tema: Vondy
— Muito bem, primeiro o mais importante: cabelo e maquiagem. O restaurante não é muito chique, então talvez seja melhor deixarmos de lado o seu vestido absolutamente maravilhoso. É um pouco acima do tom. Melhor você simplesmente pegar outra coisa do meu guarda-roupa.
Enquanto eu sorria, ela ligou o babyliss na tomada e abriu uma coisa que parecia uma maleta de pescador. Só que não havia iscas dentro. Em vez disso, estava repleta de pós, blushes, lenços umedecidos e tubos de rímel.
Não consegui evitar que meu queixo caísse com a quantidade de maquiagem que Julie tinha.
— Eu sei, eu sei. Preciso fazer uma limpa, mas acredite: já usei tudo pelo menos uma vez — ela disse, posicionando as paletas ao lado da minha bochecha para encontrar o tom certo. Parecia Maite escolhendo tintas.
— Quero pedir desculpas — ela continuou, passando uma escova no meu cabelo. — Sinto muito se ficamos na defensiva ontem à noite. É estranho receber alguém que não conhecemos em casa.
Fiz um sim entusiasmado com a cabeça. A bondade deles ao me deixar ficar ainda me encantava.
— Mas é claro que Christopher confia em você, e seja lá o que aconteceu com você, quero que saiba que está segura aqui.
Nossos olhos se encontraram no espelho, e não vi nada além de compaixão no olhar dela.
— Para ser sincera, não ligaria nem se você fosse uma genocida.
Esperei que ela não notasse a tensão no meu corpo ao ouvir essa palavra.
— Qualquer pessoa capaz de fazer Christopher sorrir desse jeito… Ele fez a barba hoje e me pediu para cortar o cabelo — ela balançou a cabeça como se fossem coisas importantíssimas. — Sei que é tudo superficial, mas ele não tem ligado para muita coisa desde que os pais morreram. Você já sabia, né?
Confirmei com a cabeça.
— Que bom. Ficaria péssima se tivesse feito fofoca sem querer. — Ela segurou uma parte do meu cabelo de lado e puxou as mechas que ia encaracolar. — Não sei que tipo de amizade vocês tiveram antes, ou se foi mais que isso, mas parece que ele despertou hoje. Fazia tempo que não o via desse jeito.
Abri a boca, surpresa. Tudo antes tinha sido tão breve. Um conjunto de momentos que não pareciam nada se analisados em perspectiva.
Mas se era assim, por que eu pensava tanto nele? E por que eu surtia esse efeito sobre ele?
Naquele momento, pensei em quando Maite e Anahí se encontraram pela primeira vez. Ficaram tão amigas que me fizeram acreditar que realmente tinham que se conhecer. No meu coração, queria dizer que Christopher e eu tínhamos que ficar juntos, mas afastei a ideia. Eu ia descobrir um jeito de ir embora de manhã. Precisava descobrir, pelo bem de todos.
Christopher puxou a cadeira para mim enquanto eu corria os olhos pelo restaurante, tão pequeno que eu não teria notado se ele não tivesse apontado. Boias pendiam do teto sobre o bar, e dava pra ver um pouco da cozinha. Pela porta lateral, um píer estendia-se sobre o mar, e o céu passava do cor-de-rosa ao violeta em volta dos barcos ancorados.
Estava apaixonada por Port Clyde. Era pequena, não tinha muito o que fazer por lá, mas transbordava personalidade. Ali eu via Christopher sob uma nova luz. Sim, ele devia voltar à faculdade, e sim, provavelmente foi bom para ele conhecer uma cidade grande, mas ele era como uma engrenagem nessa cidadezinha, e me perguntei como as outras conseguiam girar quando ele estava ausente.
— Muito bem — ele começou. — Não sei dizer se você odeia frutos do mar ou se nunca experimentou.
Fiz um dois com a mão.
— E você está com coragem suficiente para ao menos experimentar a lagosta? — ele fez um biquinho e piscou várias vezes.
Abri um sorriso. Claro.
— Sem pressão, hein. Só acho que você vai adorar.
Fechei o cardápio e ergui os braços em rendição. Considerei o riso dele como uma grande conquista.
— Tudo bem então.
Enquanto esperávamos, Christopher deixou sobre a mesa o bom e velho conjunto de caneta e bloco de notas da casa dele. Eu ia sentir falta desse detalhe.
— Então, o que você está achando da minha cidade? Seja sincera — ele disse, apontando para o papel. — Quero um relatório completo.
A pergunta era tão pertinente que comecei a me perguntar se ele era capaz de ler meus pensamentos.
Ele me deu um tempo para registrar tudo e leu com atenção quando terminei.
Aqui é um lugar lindo. Gosto do ar rústico das coisas, do fato de você saber o nome de todo mundo. Passa uma sensação de paz. Ela é quase perfeita.
— Quase perfeita? Acha mesmo?
Fiz um sim entusiasmado. Depois de ter conhecido um lugar como aquele, onde as vidas se entrelaçavam e se cruzavam, foi fácil perceber por que todas as cidades grandes pareciam erradas para mim. O anonimato ajudava, claro, mas se você encontrasse o lugar certo, com as pessoas certas, era muito melhor morar onde talvez você pudesse receber ao menos um aceno ao voltar para a casa.
— Fico feliz por você gostar daqui. De verdade.
Assistimos ao escurecer do céu pela janela, e eu não parava de pensar que tinha de sair dali a qualquer momento. Eu carecia de uma desculpa plausível, e não queria — mesmo — sumir de novo.
Minutos depois, uma lagosta vermelha e reluzente foi posta diante de mim, acompanhada de uma fatia de limão e de uma tigela de manteiga derretida. Fiz uma pausa. A sensação era estranha.
Você não é um peixe, lembrei a mim mesma. Você é uma garota.
Usando um martelinho, dois garfos e, de vez em quando, os dedos de Christopher, consegui tirar um pouco da carne de dentro da carapaça. No final, concordei que o trabalho tinha valido a pena, e ele me observou satisfeito lamber a manteiga do dedo depois de comer a lagosta até o último pedaço.
Eu gostava do ritmo da voz de Christopher, da contínua mudança de expressões enquanto falava. Ele me contou mais sobre crescer naquela cidade pequena, trabalhar no barco do primo, passar uma infância segura sob o amor dos pais.
Dividimos uma fatia maravilhosa de cheesecake e ele segurou minha mão quando saímos do restaurante.
— Só mais uma parada. Se você não se importar em fazer mais um passeio, claro.
Não conseguia imaginar mais nada para acrescentar àquele dia. Sabia lá no fundo que era hora de começar a inventar alguma desculpa. Se eu fosse minimamente racional, teria pedido para Christopher me deixar perto do mercado e se despedir de Ben e Julie por mim.
Mas eu o acompanhei.
Entramos no carro e atravessamos a cidade em questão de minutos, passando pelo farol, pela casa de Ben e por incontáveis florestas densas, até finalmente pararmos diante de uma casa com as luzes apagadas.
Christopher estacionou na frente da garagem vazia e suspirou ao tirar a chave do contato.
— Última parada da noite. Vamos.
Autor(a): leticialsvondy
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A casa não era uma mansão, mas bem que poderia ser em comparação com todas as outras de Port Clyde. Dois andares, uma varanda que dava a volta na casa e um jardim amplo ao redor da escadaria frontal. Christopher mexeu no chaveiro até encontrar a chave certa e destrancar a porta, que dava para um cômodo vazio. A lua estava cheia, mas ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 57
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anne_mx Postado em 06/10/2022 - 22:45:17
Que fanfic linda, uau, o amor da água pela Dulce e o amor da Dulce pela água e pelo Christopher é lindo, ainda que parece algo meio que fora de órbita mas foi uma história linda e foi lindo ver a entrega das amigas para com a Dul, obrigadaaaa <3
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jucinairaespozani Postado em 02/07/2016 - 12:35:11
Amei *---* é uma história perfeita, vou correr para a outra fic já kkk
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millamorais_ Postado em 02/07/2016 - 00:13:59
Ameiiii, menina onde vc encontra no essas lindezas? XD parabéns gatinha. Próxima fic? Estarei lá com certeza
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Luana Postado em 01/07/2016 - 23:17:53
Adorei o final! Cheguei até chorar. Parabéns por mais uma adaptação! Amei! Amei! Amei!
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jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:48
Posta mais
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jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:27
Continua meu aniversário ta longe kkk eu to desesperada aqui kkk
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jucinairaespozani Postado em 28/06/2016 - 12:11:15
Você está resumindo ou colocando todos os capítulos e páginas do livro? Posta mais, eu vou ganhar o livro então tô me controlando pra não comprar kkkk mais meio que li o "final" por alto, to desesperada aqui, posta mais logo por favor
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millamorais_ Postado em 28/06/2016 - 00:22:27
Muito suspeito, muito suspeito mas uma coisa é certa, o amor cura tudo, o amor tudo pode, tudo supera. Acredito que a água já começou a entender o que realmente está acontecendo mas egoísta como é prefere fingir que não... Gatinha quantos capítulos tem essa história? Só pra mim ter uma noçãozinha de quanto tempo vou ficar com essa dorzinha no peito sem saber ao certo o final kkkkk continuaaaaa
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Luana Postado em 28/06/2016 - 00:12:35
Ah meu Deus! Estou preocupada com os dois! Espero que eles fiquem melhor. Continuaaa <33
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jucinairaespozani Postado em 26/06/2016 - 03:36:18
Acho que a Dul esta começando a perder os poderes, então posso imagina que isso seja bom = talvez o amor que ela tem por Christopher estaja fazendo ela mudar. Espero que ele não morra, posta mais