Fanfic: A Sereia(adaptada) | Tema: Vondy
A casa não era uma mansão, mas bem que poderia ser em comparação com todas as outras de Port Clyde. Dois andares, uma varanda que dava a volta na casa e um jardim amplo ao redor da escadaria frontal. Christopher mexeu no chaveiro até encontrar a chave certa e destrancar a porta, que dava para um cômodo vazio.
A lua estava cheia, mas não nos ajudou muito quando entramos. Olhei para Christopher que, com um sorriso, sacou um isqueiro do bolso. Em seguida, acendeu uma vela, depois outra e mais outra. De repente me dei conta de que não fazia ideia de onde ele estivera enquanto Julie me embonecava.
Eu o segui, observando seu rosto atraente à medida que os cômodos se iluminavam. A cada chama eu me apaixonava mais. Ele carregava uma vela na mão enquanto caminhávamos.
— Meu avô construiu esta casa — ele disse. — Era um velho rico, então enquanto meu pai cresceu trabalhando num barco, minha mãe cresceu com uma casa de férias no Maine. — Ele apontou para as paredes ao redor. — Acho que meu vô não gostou muito quando minha mãe veio passar um verão e decidiu não voltar mais, mas também acho que acabei apaziguando as coisas. Ele ficou bobo de alegria quando nasci e me paparicou até morrer.
Christopher fez uma pausa e abriu um sorriso.
— Vendemos a mobília depois que meus pais morreram. Eles tinham um dinheiro guardado, mas a maior parte foi para as contas de hospital da minha mãe quando o convênio os deixou na mão. Ia doer demais ficar com tudo de qualquer jeito. E tem mais — ele disse, indicando os fundos da casa com a cabeça.
Saímos na varanda e descemos uma rampa. Ficamos perto demais dos gritos da Água. Tentei não ouvir as palavras dEla.
— Esta é uma das poucas casas que têm uma praia de verdade em vez de pedras — ele se gabou, rindo da própria afirmação. De fato, não havia nenhum pedregulho na areia, mas a praia devia ter menos de um metro de largura. — Está vendo a luz naquela direção? É o farol. Se caminhássemos pela praia chegaríamos ao centro da cidade.
Ele sorriu, voltou a olhar para mim e tomou minha mão.
— Gostou daqui também? — ele perguntou.
Levantei os olhos para observar a casa. Ela parecia ter vida mesmo sem moradores, e eu não podia negar a beleza da construção. Foi então que senti algo escorrer pela minha mão.
Quando olhei, Christopher tinha derrubado a cera da vela nos meus dedos.
— Hum… — ele murmurou, como se tivesse visto algo esperado. Ele voltou a me encarar. — Acho que a maioria das pessoas teria se queimado.
Engoli em seco. Não tive qualquer reação à dor.
— Ouça, Dulce, não sou cego. Não sei o que pensar de uma garota sem sobrenome que não pode ou não quer revelar certos detalhes da vida, que não consegue falar e que não se corta nem se queima. Só tenho duas hipóteses: ou você é um problema ou está com problemas. Tenho um palpite de que é a segunda opção.
Mordi o lábio na tentativa de não chorar. Se a Água pudesse ao menos parar de gritar por um minuto, eu seria capaz de pensar. Eu era um problema. Um problema enorme para ele. Mas o que podia fazer?
Ele levou as mãos ao meu rosto.
— Não sou rico, Dulce, mas tenho esta casa. Graças a Ben e Julie, juntei dinheiro para recomeçar a vida. Mas até você aparecer na praia, não sabia ao certo se havia algum sentido nisso. Se quiser ficar aqui, não vou deixar nada machucar você. Se quiser escapar do que aconteceu com você, seja lá o que for, vamos cuidar de você.
Perdi meu coração para ele completa e instantaneamente. Christopher não sabia direito o que havia de errado comigo, e mesmo assim queria que eu ficasse. Ele não sabia o perigo que eu corria, mas estava pronto para enfrentá-lo por mim.
E quem eu era? Ninguém, na verdade. Só uma garota.
Mas ao olhos dele… Eu parecia muito mais que isso.
Em menos de vinte e quatro horas, eu tinha cometido alguns deslizes, mas conseguiria me sair melhor por Christopher. A Água e as minhas irmãs jamais precisariam saber dele. Belinda me ensinou isso. E se ele realmente me queria ao seu lado, compreenderia que talvez eu precisasse desaparecer por umas horas uma vez por ano ou até menos se tivesse sorte.
Se ele gostava de mim tanto quanto dizia, tanto quanto eu sabia que gostava, ele viajaria comigo antes que seus amigos e parentes começassem a fazer perguntas sobre as minhas anormalidades. Lá no fundo, acreditei pela primeira vez que era possível.
E então eu poderia viver por alguém de verdade. Porque, apesar de todo o silêncio e a morte e a inevitabilidade da minha vida, ele estaria comigo para equilibrar todo o resto.
Não era um conto de fadas, mas era possível.
Fiz que sim. Claro. Claro que eu ficaria.
— Sim?
Confirmei. Sim.
Com o meu rosto ainda entre suas mãos, Christopher me beijou. Foi breve, mas o suficiente para fazer fogos de artifícios explodirem nas minhas veias.
— Você me trouxe de volta à vida — ele sussurrou. Ele devia ter notado a expressão sonhadora no meu rosto, porque baixou os lábios até os meus de novo quase imediatamente.
Eu tinha esperado uma eternidade por aquilo. Esperaria tudo de novo se necessário. Meu destino era beijar aquele garoto, fui feita para estar em seus braços.
Todas as posturas cuidadosas que eu sustentara até então se desmancharam e eu o puxei para mim, desejando que existisse uma maneira de estarmos ainda mais próximos.
Éramos as estrelas. A música. O tempo. Quando nos afastamos, eu estava tomada por uma tontura deliciosa. Me sentia diferente, como se até a pele grudasse nos ossos de outra maneira. Meu sangue de água salgada fervia dentro de mim, e eu estava mais viva do que nunca.
— Uau — suspirei.
Reconheci meu erro na hora. Os olhos de Christopher se apagaram e ele balançou a cabeça como se tentasse clarear a mente.
— Christopher! — gritei estupidamente na tentativa de quebrar o transe.
Ele perdeu o equilíbrio e caiu em cima de mim, mas logo se endireitou e começou a andar rumo à Água. Corri atrás dele, agarrando-o, tentando detê-lo.
— NÃO! — gritei, mas ele sequer olhou para mim. Apenas continuou a avançar para Ela sem hesitar. Ele entrou na Água com passos firmes, e o segui tentando desesperadamente puxá-lo de volta para a terra. Ainda bem que não havia pedras naquela praia, senão ele teria se despedaçado nelas ao entrar cegamente no mar.
As ondas dEla saltavam pelos meus tornozelos, depois pelos meus joelhos. Puxei Christopher com toda a força, odiando a mim mesma por ter passado tanto tempo achando que era mais forte do que qualquer ser humano. Minha cintura ficou coberta pelo mar, e então meus ombros. Será que Água estava fria a ponto de fazer mal para ele? Minha pele era incapaz de avaliar. Puxei e puxei, porque tudo o que restava a Christopher era a capacidade de respirar.
E então, sem hesitar, ele mergulhou dentro dEla. Ainda assim, eu o segui.
Autor(a): leticialsvondy
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19 A VOZ DELA SOAVA ALTO EM MEUS OUVIDOS. — Você não me respondeu! Suas irmãs ficaram preocupadas! O que andou fazendo? Ignorei a Água e passei os braços pelo peito de Christopher. Seus olhos estavam abertos, mas desfocados. — Deixe-o. Continuei a puxá-lo. — Não. Preciso levá-lo para a sup ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 57
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anne_mx Postado em 06/10/2022 - 22:45:17
Que fanfic linda, uau, o amor da água pela Dulce e o amor da Dulce pela água e pelo Christopher é lindo, ainda que parece algo meio que fora de órbita mas foi uma história linda e foi lindo ver a entrega das amigas para com a Dul, obrigadaaaa <3
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jucinairaespozani Postado em 02/07/2016 - 12:35:11
Amei *---* é uma história perfeita, vou correr para a outra fic já kkk
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millamorais_ Postado em 02/07/2016 - 00:13:59
Ameiiii, menina onde vc encontra no essas lindezas? XD parabéns gatinha. Próxima fic? Estarei lá com certeza
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Luana Postado em 01/07/2016 - 23:17:53
Adorei o final! Cheguei até chorar. Parabéns por mais uma adaptação! Amei! Amei! Amei!
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jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:48
Posta mais
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jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:27
Continua meu aniversário ta longe kkk eu to desesperada aqui kkk
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jucinairaespozani Postado em 28/06/2016 - 12:11:15
Você está resumindo ou colocando todos os capítulos e páginas do livro? Posta mais, eu vou ganhar o livro então tô me controlando pra não comprar kkkk mais meio que li o "final" por alto, to desesperada aqui, posta mais logo por favor
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millamorais_ Postado em 28/06/2016 - 00:22:27
Muito suspeito, muito suspeito mas uma coisa é certa, o amor cura tudo, o amor tudo pode, tudo supera. Acredito que a água já começou a entender o que realmente está acontecendo mas egoísta como é prefere fingir que não... Gatinha quantos capítulos tem essa história? Só pra mim ter uma noçãozinha de quanto tempo vou ficar com essa dorzinha no peito sem saber ao certo o final kkkkk continuaaaaa
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Luana Postado em 28/06/2016 - 00:12:35
Ah meu Deus! Estou preocupada com os dois! Espero que eles fiquem melhor. Continuaaa <33
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jucinairaespozani Postado em 26/06/2016 - 03:36:18
Acho que a Dul esta começando a perder os poderes, então posso imagina que isso seja bom = talvez o amor que ela tem por Christopher estaja fazendo ela mudar. Espero que ele não morra, posta mais