Fanfics Brasil - Capitulo 23 (PARTE 3) - Maratona A Sereia(adaptada)

Fanfic: A Sereia(adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 23 (PARTE 3) - Maratona

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Angelique acenou com a cabeça.


— Talvez não tenham festejado a minha morte, mas duvido que tenham lamentado — Maite continuou. — Está enganada se acha que essa ideia não assombrou meus pensamentos. Todas temos nossas mágoas — ela disse, apontando para cada uma de nós.


Assenti. Eu sentia uma culpa incalculável pela perda da minha família, como se pudesse voltar atrás de alguma forma. E havia ainda as dezenas de milhares de vidas que tinha tirado com o meu canto ao longo dos anos. Eu as carregava como um peso em volta do pescoço.


E sempre haveria Christopher, talvez por toda a eternidade.


— Mas você não pode querer vingança — Maite disse a Angelique, decidida.


Angelique suspirou e secou as lágrimas.


— É uma sensação de injustiça. Ele me matou. Minha mãe deixou. Ninguém vai procurar por mim. Nenhum policial vai atrás deles. Não é justo!


Anahí balançou a cabeça.


— O quê? — disparei. — Você acha que ela devia ir em frente, não acha?


Anahí deu de ombros.


— Se ela tivesse feito isso por conta própria, sem nos dizer nada, já teria se vingado e nunca saberíamos.


— A Água saberia — respondi. — Se Angelique tivesse pulado no mar e voltado à Índia, com certeza Ela leria seus pensamentos. A Água seria capaz de matar Angelique por isso — expliquei, apoiando a mão no braço de Angelique. — E morrer depois de tudo o que você sofreu? Seria a maior das nossas perdas.


— Ela conseguiria — Anahí resmungou.


Fechei os olhos, tentando conter a irritação.


— Sinto muito pelo seu sofrimento, Angelique. Você não faz ideia do quanto a sua história me dói. Talvez seja egoísmo, mas não preciso de mais um motivo para odiar esta vida. Se perdêssemos você agora… — disse a ela.


Eu não queria nem pensar na possibilidade.


— O que você quer dizer com “mais um motivo”? — Angelique perguntou. — O que mais aconteceu?


Maite me lançou um olhar rápido. Tinha guardado em segredo o que acontecera comigo — meu amor, o acordo que fiz com a Água — à espera de que eu estivesse pronta para contar às outras.


Engoli em seco.


— É uma vida difícil — eu disse, tentando desconversar. — Ferir as pessoas, perder quem amamos…


Anahí se inclinou mais sobre a mesa.


— Quem você amou?


— Amo C… — Quase deixei escapar. Eu sentia tanta falta dele. Todos os dias me perguntava o que ele estaria fazendo. Se pensava em mim. Se estava com outra. Se tinha voltado à faculdade. Se estava feliz. — Amei Belinda. E Marilyn. No final, vamos acabar separadas. E eu amava a minha família — disse, sorrindo para mim mesma. — Eu era uma garota de sorte. Paparicada.


Anahí pareceu frustrada. Talvez estivesse esperando alguma revelação mais interessante, mas Maite falou:


— Você nunca contou muito sobre a sua família. Sei que você tinha irmãos, mas só.


Juntei os retalhos de lembranças que ainda tinha.


— Eu era parecida com a minha mãe. Lembro um pouco do rosto dela porque o vejo no meu. E meu pai tinha orgulho de mim, acho que mais porque eu era bonita. Mas ele sempre dizia como eu era esperta e boa de conversa. E eu era obediente — disse, assentindo. — Eles gostavam disso.


— Uma característica que você nunca perdeu — Anahí comentou.


Esbocei um sorriso.


— Bom, quase nunca. Já cometi minha parcela de erros, como você astutamente notou.


— E por que não cometer? — ela questionou, apoiando a bochecha na mão e me encarando. — O que você ganhou com essa obediência?


— Uma segunda chance, Anahí.


Ela balançou a cabeça.


— Imagino que a obediência fez você perder sua única chance.


As palavras dela despertaram em mim uma sensação vagamente familiar… O que senti quando caí na Água durante o meu naufrágio. Meu corpo estava tenso, aguçado, real demais.


Maite bateu no braço dela.


— Pare com isso. Caso você tenha esquecido, Dulce tem mais cinquenta anos nas costas agora. Você sabe pelo que ela está passando.


Anahí fez uma cara de tédio como se aquilo não fosse nada.


— Desculpa.


— E se eu perguntasse à Água? — Angelique propôs. — E se Ela autorizasse a minha vingança?


Anahí bateu palmas.


— Agora sim uma ideia excelente! Pergunte à Água. Aposto que agradeceria se levássemos os corpos deles para Ela.


Depois de um instante de reflexão, Maite disse:


— É possível.


— Dulce? Podemos ir? — Angelique perguntou. Quem era eu para dizer não?


— Podem perguntar, mas temos que concordar com uma coisa: o que a Água disser é definitivo. Seja lá o que Ela decidir, vamos aceitar e parar de insistir.


— Você parte do princípio de que Ela vai dizer que não — Anahí reclamou.


— Parto mesmo. Não sei por que ela diria que sim.


— Então você tem que concordar em vir junto se Ela disser que sim. Não podemos deixar Angelique sozinha nisso.


Recuei, chocada.


— Isso é loucura. Me recuso a tirar qualquer vida se não for obrigada.


Anahí me fulminou com os olhos.


— Sempre pensei que estivéssemos juntas nesta vida. Era você quem pregava solidariedade e apoio. Agora vai deixar a mais frágil de nós se virar sozinha?


— Não vou deixar nada. A Água jamais vai concordar.


Anahí afastou a cadeira.


— É o que nós vamos ver.


Ela foi a primeira a sair da casa coberta de neve para ir até o mar, muito segura de si. Ela ficou ao lado da nossa irmã caçula quando Angelique confessou seu drama à Água, jurou tomar cuidado e prometeu levar os corpos dos pais para o mar se a Água lhe permitisse a vingança.


— Não.


— Por favor! — Angelique implorou. — Não percebe como isso é injusto?


— Percebo. Mas o segredo do nosso mundo vale muito mais do que a sua vingança. Um único passo em falso pode arruinar tudo. Você não pode ir.


Angelique começou a chorar e saiu às pressas da Água. Anahí a seguiu, balançando a cabeça.


— Não deixe que cometa nenhuma idiotice.


— Não vou deixar — prometi, ciente de que a ordem era para mim.


Maite segurou minha mão no caminho de volta. Ainda bem que morávamos num lugar isolado, porque os gemidos de Angelique eram estridentes.


— Estou arrasada — Maite comentou com os olhos cheios de lágrimas. — Houve tantos momentos em que quis mostrar aos meus pais que eu não era inútil, que era inteligente e criativa. Queria que soubessem do que eu era capaz. Assistir ao sofrimento de Angelique é tão doloroso…


— A Água disse que Angelique tem uma mente bondosa e que já se desapegou de muita coisa. Cedo ou tarde, não vai sobrar mais nada.


Maite balançou a cabeça.


— O que deixa tudo mil vezes pior. Se Angelique já se livrou de tantas lembranças, quantas devem ter existido para que ela ainda se sinta tão injustiçada?


Os dias passaram e as lágrimas de Angelique continuaram. Tentei me dedicar a outras coisas, mas fracassei. O pincel de Maite pendia sobre a tela sem que ela criasse nada. Anahí não conseguia se distrair.


Não foi o choro de Angelique nem a raiva de Anahí que me convenceram. Foi Maite que, como sempre, encontrara uma verdade simples por trás de tudo. Ela tinha razão: o passado de Angelique devia ter sido horrível para que ela continuasse daquele jeito. Ela merecia se vingar.


Então fui eu que pesquisei passagens para a Índia e escolhi um voo direto de Miami. Podíamos sair do aeroporto mais perto da nossa casa no estado de Washington em vez de ter que cruzar o país de carro, mas achei que teríamos mais chance de não sermos notadas pela Água se viajássemos por terra até o lugar mais distante possível de onde Ela achava que estávamos. Fui eu que aluguei o carro. E fui eu que supliquei a Angelique que se acalmasse para que pudéssemos chegar à Flórida sem que a Água soubesse.




Fim da Maratona!!


 






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Autor(a): leticialsvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 57



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  • anne_mx Postado em 06/10/2022 - 22:45:17

    Que fanfic linda, uau, o amor da água pela Dulce e o amor da Dulce pela água e pelo Christopher é lindo, ainda que parece algo meio que fora de órbita mas foi uma história linda e foi lindo ver a entrega das amigas para com a Dul, obrigadaaaa <3

  • jucinairaespozani Postado em 02/07/2016 - 12:35:11

    Amei *---* é uma história perfeita, vou correr para a outra fic já kkk

  • millamorais_ Postado em 02/07/2016 - 00:13:59

    Ameiiii, menina onde vc encontra no essas lindezas? XD parabéns gatinha. Próxima fic? Estarei lá com certeza

  • Luana Postado em 01/07/2016 - 23:17:53

    Adorei o final! Cheguei até chorar. Parabéns por mais uma adaptação! Amei! Amei! Amei!

  • jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:48

    Posta mais

  • jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:27

    Continua meu aniversário ta longe kkk eu to desesperada aqui kkk

  • jucinairaespozani Postado em 28/06/2016 - 12:11:15

    Você está resumindo ou colocando todos os capítulos e páginas do livro? Posta mais, eu vou ganhar o livro então tô me controlando pra não comprar kkkk mais meio que li o &quot;final&quot; por alto, to desesperada aqui, posta mais logo por favor

  • millamorais_ Postado em 28/06/2016 - 00:22:27

    Muito suspeito, muito suspeito mas uma coisa é certa, o amor cura tudo, o amor tudo pode, tudo supera. Acredito que a água já começou a entender o que realmente está acontecendo mas egoísta como é prefere fingir que não... Gatinha quantos capítulos tem essa história? Só pra mim ter uma noçãozinha de quanto tempo vou ficar com essa dorzinha no peito sem saber ao certo o final kkkkk continuaaaaa

  • Luana Postado em 28/06/2016 - 00:12:35

    Ah meu Deus! Estou preocupada com os dois! Espero que eles fiquem melhor. Continuaaa <33

  • jucinairaespozani Postado em 26/06/2016 - 03:36:18

    Acho que a Dul esta começando a perder os poderes, então posso imagina que isso seja bom = talvez o amor que ela tem por Christopher estaja fazendo ela mudar. Espero que ele não morra, posta mais


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