Fanfic: A Sereia(adaptada) | Tema: Vondy
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— O QUE VOCÊS QUEREM FAZER HOJE À NOITE? — Anahí perguntou ao se jogar no sofá. Do lado de fora da janela atrás dela, o céu passava de azul para rosa, de rosa para laranja, e eu risquei mentalmente mais um dia entre os milhares que ainda faltavam para mim. — Não estou muito a fim de ir numa balada.
— Opa, opa, opa! — exclamei, erguendo os braços. — Está doente? — provoquei.
— Ha-ha — ela replicou. — Só estou com vontade de fazer alguma coisa diferente.
Maite levantou os olhos da tela do notebook que compartilhávamos.
— Onde ainda é dia? A gente podia ir a um museu. Anahí balançou a cabeça.
— Nunca vou entender como você pode gostar tanto de lugares silenciosos. Como se a gente já não ficasse quieta o bastante.
— Pfff! — desdenhei, lançando um olhar para Anahí. — Você, quieta?
Anahí me mostrou a língua e pulou para perto de Maite.
— O que você está vendo?
— Paraquedismo.
— Uau! Agora sim uma coisa divertida!
— Não vai se animando. É só uma pesquisa por enquanto. Queria saber o que aconteceria com nossos níveis de adrenalina se fizéssemos uma coisa dessas — Maite explicou enquanto tomava notas num caderninho. — Tipo, se a gente teria um pico de adrenalina acima da média.
Comecei a rir.
— Maite, é para ser uma aventura ou um experimento científico?
— Um pouco dos dois. Li que picos de adrenalina podem alterar a percepção, fazer as coisas parecerem desfocadas ou meio que congelar um momento. Acho que seria interessante fazer uma coisa dessas, descobrir o que vou sentir e depois tentar reproduzir na arte.
Achei graça.
— Tenho que reconhecer que é criativo. Mas não existe um jeito mais fácil de ter um pico de adrenalina do que pular de um avião?
— Mesmo se tudo der errado, a gente sobrevive, certo? — Maite quis saber, e ambas se viraram para mim como se eu fosse a maior autoridade no assunto.
— Acho que sim. Em todo caso, pode me deixar fora dessa aventura em particular.
— Está com medo? — Anahí caçoou, imitando um fantasma, agitando os dedos para mim.
— Não — rebati. — Só não tenho vontade.
— Ela está com medo de arranjar problemas — Maite especulou. — Medo de que a Água não goste.
— Como se Ela algum dia fosse ficar brava com você! — Anahí disse, com uma pontinha de amargura na voz. — Ela te adora.
— Ela gosta de nós três — eu disse, cruzando as mãos sobre o colo.
— Então Ela não ia ligar se você pulasse de paraquedas.
— E se vocês ficassem aterrorizadas e começassem a gritar? — desafiei. — O que aconteceria?
Anahí, que estava pronta para criticar minha preocupação, recuou.
— Bom argumento.
— Ainda faltam vinte anos pra mim — eu disse em voz baixa. — Se estragar tudo agora, vou jogar fora os últimos oitenta anos. Vocês conhecem tão bem quanto eu as histórias das sereias que fizeram algo errado. Maite, você viu o que aconteceu com Ifama.
Maite se arrepiou toda. A Água tinha salvado Ifama de um naufrágio perto da costa da África do Sul nos anos 50, e a jovem aceitou servi-La em troca da possibilidade de viver. Durante sua curta temporada conosco, ela ficou na dela, passando a maior parte do tempo sozinha no quarto, aparentemente rezando. Depois começamos a nos perguntar se essa frieza era parte de um plano para não se apegar a nós. Quando Ifama precisou cantar pela primeira vez, surgiu sobre as águas, ergueu a cabeça e se recusou. A Água a puxou para baixo tão rápido que foi como se a sereia nunca tivesse estado lá.
Foi um aviso para todas nós. Tínhamos que cantar e tínhamos que guardar nosso segredo. Era uma lista de mandamentos bem curta.
— E Catarina? — continuei. — Ou Beth? Ou Molly? E o monte de garotas que estavam na nossa posição e fracassaram?
As histórias dessas garotas eram lições passadas de uma sereia para outra. Beth usou sua voz para fazer três garotas que a provocaram se jogarem dentro de um poço. Isso foi no final do século XVII, quando a ideia de que bruxas existiam ainda não era considerada absurda. Beth causou um alvoroço na cidade inteira, e a Água teve que silenciá-la para proteger nosso segredo. Catarina foi outra que acabou levada por se recusar a cantar. O estranho é que fez isso depois de trinta anos como sereia. Quase enlouqueci de tanto pensar sobre o que a teria feito desistir da promessa de liberdade depois de tanto tempo.
A história de Molly era diferente — e a mais perturbadora. A vida de sereia acarretou nela uma espécie de colapso mental. Certa noite, depois de ter servido já por quatro anos, ela assassinou uma família inteira, incluindo um recém- nascido, durante uma crise da qual só se deu conta quando estava de pé sobre o corpo de uma idosa de bruços na banheira. Pelo que ouvi, a Água tentou acalmá-la, mas depois que a garota teve outro episódio do tipo uns meses depois, tirou sua vida. Molly era a prova de que existia perdão quando a Água conhecia nossas intenções, mas também demonstrava que havia limites para essa misericórdia.
Essas eram as histórias que carregávamos conosco, os marcos que nos mantinham no caminho. Abandonar as regras significava abandonar a vida.
Se expuséssemos nosso segredo, seríamos presas e talvez virássemos objeto de testes em laboratórios. Quando descobrissem que não podíamos ser destruídas — e se não conseguíssemos escapar —, acabaríamos passando literalmente uma eternidade em cárcere silencioso. E se alguém percebesse que a Água consumia algumas das pessoas de propósito, não demoraria muito até os humanos inventarem um jeito de produzir a própria água sem precisar tocá-La. E se ninguém entrasse na água… como nós viveríamos?
A obediência era um imperativo.
candy: Que bom que está gostando amore!! Postado!!
Luana : Fico feliz em saber disso amore, postado!!
Amores, sorry por não ter postado antes, mas passei todos esses dias sem net(tava agoniada já) espero que me perdoem, bjs amores!!!
Autor(a): leticialsvondy
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— Me preocupo com vocês — confessei antes de cruzar a sala para abraçá-las. — De verdade, às vezes tenho inveja por vocês terem… assimilado tudo tão bem. Mas me pergunto por quanto tempo vão conseguir fazer isso sem cometer um erro. — Não precisa se preocupar — Maite garantiu. — ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 57
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anne_mx Postado em 06/10/2022 - 22:45:17
Que fanfic linda, uau, o amor da água pela Dulce e o amor da Dulce pela água e pelo Christopher é lindo, ainda que parece algo meio que fora de órbita mas foi uma história linda e foi lindo ver a entrega das amigas para com a Dul, obrigadaaaa <3
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jucinairaespozani Postado em 02/07/2016 - 12:35:11
Amei *---* é uma história perfeita, vou correr para a outra fic já kkk
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millamorais_ Postado em 02/07/2016 - 00:13:59
Ameiiii, menina onde vc encontra no essas lindezas? XD parabéns gatinha. Próxima fic? Estarei lá com certeza
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Luana Postado em 01/07/2016 - 23:17:53
Adorei o final! Cheguei até chorar. Parabéns por mais uma adaptação! Amei! Amei! Amei!
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jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:48
Posta mais
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jucinairaespozani Postado em 30/06/2016 - 02:12:27
Continua meu aniversário ta longe kkk eu to desesperada aqui kkk
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jucinairaespozani Postado em 28/06/2016 - 12:11:15
Você está resumindo ou colocando todos os capítulos e páginas do livro? Posta mais, eu vou ganhar o livro então tô me controlando pra não comprar kkkk mais meio que li o "final" por alto, to desesperada aqui, posta mais logo por favor
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millamorais_ Postado em 28/06/2016 - 00:22:27
Muito suspeito, muito suspeito mas uma coisa é certa, o amor cura tudo, o amor tudo pode, tudo supera. Acredito que a água já começou a entender o que realmente está acontecendo mas egoísta como é prefere fingir que não... Gatinha quantos capítulos tem essa história? Só pra mim ter uma noçãozinha de quanto tempo vou ficar com essa dorzinha no peito sem saber ao certo o final kkkkk continuaaaaa
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Luana Postado em 28/06/2016 - 00:12:35
Ah meu Deus! Estou preocupada com os dois! Espero que eles fiquem melhor. Continuaaa <33
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jucinairaespozani Postado em 26/06/2016 - 03:36:18
Acho que a Dul esta começando a perder os poderes, então posso imagina que isso seja bom = talvez o amor que ela tem por Christopher estaja fazendo ela mudar. Espero que ele não morra, posta mais