Fanfic: ♥ Arrebatados ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

Vale do Oeste, México - 10hr:15min

Christian entrou na biblioteca e suspirou ao ver o irmão inclinado sobre a mesa, dormindo.

- Poncho! - cutucou seu ombro.

Alfonso resmungou acordando. Suspirou ao ver o irmão.

- Droga não reparei quando peguei no sono, que horas são? - passou a mão pelos cabelos.

- Já amanheceu e você está atrasado, já passa das dez.

- Jura?

- Sim! Achei que você já tivesse saído, mas estranhei ao ver sua cama intacta.

- Eu vim pra cá depois que coloquei a Chloe na cama. Apaguei aqui. - passou a mão pela barba.

- Você ficou pensando nela né?

- Se eu fiquei ou não, não importa, há essas horas ela ta desembarcando na Suíça e nunca mais vai pisar os pés aqui. - levantou na cadeira.

Christian abriu a boca pra dizer alguma coisa, mas Alfonso deu a volta na mesa e saiu batendo a porta.

Anahí chegou à Zurique depois das 19 horas. Teimando com a tia, ela se recusou a ir pra casa e se encaminhou direto para o hospital.

- Quero falar com a junta médica responsável pelo caso da minha irmã Emanuelle Portillo. - encarou a recepcionista dando as ordens em alemão.

- Ms. Portillo?

Anahí se virou e encarou o médico que cuidava de sua irmã.

- Doutor Hauser. - Anahí se aproximou e estendeu a mão. - Como tem passado?

- Bem. Sua madrinha ligou avisando que gostaria de se reunir conosco.

Anahí assentiu e encarou a madrinha. Lara apenas esboçou um leve sorriso.

- Venham comigo.

Any o seguiu e foram até uma sala. Lá ela cumprimentou o outro médico responsável por sua irmã. Trocaram algumas palavras em alemão e Anahí se sentou na cadeira de frente pra eles.

- Imaginamos que você seria contra o desligamento dos aparelhos. - Dr. Kügelgen começou.

- É claro, vocês querem matar a minha irmã. - respondeu categórica. - Não vou deixar que façam isso.

- Senhorita Portillo já conversamos sobre isso diversas vezes. - Dr. Hauser se manifestou.

- Sim, já cansei de ouvir de vocês que a chance da minha irmã acordar é praticamente inexistente, que o coma dela já dura três anos e que acima de 03 meses em coma a chance de um paciente acordar é de 1%.

- Filha...

- Mas vocês se esquecem que acima dessas estatísticas existe um Deus. Um Deus que salvou a minha irmã naquela noite. Por alguma razão nem Emanuelle, nem eu, morremos naquele incêndio. Se ela sobreviveu não sou eu, nem meus pais ou vocês que vão interromper a vida dela.

- Estamos falando de um estado vegetativo. O corpo da sua irmã não tem forças pra se manter vivo sozinho. Já se passaram mais de dois anos desde que ela conseguiu respirar sozinha e só durou 10 minutos. - o neurocirurgião Dr. Kügelgen, o mais velho ali presente se manifestou.

- Já que estamos falando de números e estatísticas em quantos casos, pacientes que foram desenganados sobreviveram? Eu pesquisei casos de coma na internet e encontrei vários relatos. - estendeu sobre a mesa uma pilha de papeis. - Ai há o relato de Jan Grzebski, um polonês que ficou em coma durante quatro anos e Gary Dockery, um americano que após ser baleado ficou em coma durante sete anos. Sem contar o caso de uma estudante que teve seu cérebro esmagado e voltou a falar depois de 20 anos e um homem que ficou em estado vegetativo por 19 anos e também se recuperou.

- Tudo isso soa muito animador, mas não pode ficar acreditando que com sua irmã vai acontecer o mesmo.

- Por que não? - Anahí encarou o Dr. Kügelgen. - Se um cara acordou de um coma de quase 20 anos, porque minha irmã não pode acordar?

- Os casos que você apresentou são exceções. Quer que eu lhe dê um relatório de quantas pessoas perdemos neste hospital e no mundo todos os dias?

- Se vocês não desligassem os aparelhos, elas teriam alguma chance de acordar.

- Sugeri então que mantemos viva uma pessoa durante anos? Prolongando a dor da família? Você não tem formação médica para entender o que se passa no cérebro humano e para aceitar pôr um fim ao sofrimento de um corpo que está morto. - Dr. Kügelgen respondeu alterando o tom de voz.

- Não há necessidade de nos exaltarmos. - Dr. Hauser se manifestou.

- O senhor tem razão doutor Hauser, mesmo porque não há mais nada a dizer. Vocês não vão desligar os aparelhos da minha irmã. Se insistirem vão ter que me matar primeiro. - se levantou.

Doutor Kügelgen se levantou e protestou, mas Anahí bateu a porta sem lhe dar ouvidos.

- Eu sinto muito senhores. - Lara suspirou ficando de pé.

Anahí abriu a porta do quarto da irmã ainda furiosa. Assim que a viu deitada naquela cama, ligada aqueles aparelhos, seu coração se apertou como acontecia todas as vezes que a via. Enxugando as lágrimas que começavam a escorrer pelo seu rosto, ela se aproximou e segurou a mão de Emanuelle.

- Eu to aqui com você de novo. - sussurrou. - Eu sei que você deve estar furiosa comigo, sei que eu não devia ter ido embora, mas eu prometo que eu nunca mais vou sair do seu lado. - acariciou o cabelo dela. - Você ta ficando cada dia mais linda sabia? Quando acordar vai até estranhar se olhar no espelho e ver a moça linda que está se transformando. - forçou um sorriso e enxugou duas lágrimas.

Lara abriu a porta naquele momento e ficou ouvindo as palavras de sua afilhada.

- É claro que você vai levar um susto, mas eu vou ta aqui pra te ajudar a se readaptar, eu prometo pra você que vou te ajudar a recuperar todo esse tempo que você perdeu. - acariciou seu rosto, tomando cuidado com o cateter nasal. - Sabia que o nosso sobrinho nasceu? - sorriu já sentindo saudades. - Lembra quando te disse que a Dulce estava grávida de um menino? Então, o nome dele é Thomas, é uma mistura perfeita da Dul e do nosso irmão, você precisa acordar logo pra poder conhece-lo, pegar ele no colo essas coisas. - enxugou as lágrimas. - Sabia que quando voltei pra fazenda conheci uma garotinha, o nome dela é Chloe, é tão apaixonante quanto você, tenho certeza que quando se conhecerem vão se tornar amigas. - sorriu.

Any encarou a irmã dormindo sem poder lhe responder. Suspirando, apoiou a cabeça na barriga dela e envolveu sua cintura com uma das mãos. Enquanto soluçava pediu a Deus que sua irmã acordasse para que pudesse fazer tudo aquilo. Sua irmã havia perdido muitas coisas, mas ainda tinha muito mais pra viver.

- Any!