Fanfic: ♥ Arrebatados ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

Quando começou a sentir frio Anahí saiu da cachoeira e se vestiu, retomando o caminho da estrada de terra. Fechando os olhos ela respirou fundo o ar puro do campo que tanto amava. Tinha a intenção de ficar por pouco tempo, mas pelo menos dessa vez poderia aproveitar o lugar sem o peso da culpa corroendo-a.

Torcendo os cabelos ela os puxou pra frente. Aquele lugar iria lhe dar forças para aguentar o que estivesse por vir. O mais difícil seria encarar Alfonso, mas quando chegasse a hora ela estaria pronta.

O relincho de um cavalo e os trotes que iam ficando mais audíveis conforme o animal se aproximava a fizeram se virar. Anahí sorriu reconhecendo o cavalo árabe que se aproximava. Os pelos eram marrons e brilhavam conforme a luz do sol batia sobre eles, dava pra ver que seu dono cuidava muito bem dele.

Alfonso puxou as rédeas do cavalo fazendo-o diminuir o trote, o que uma garota fazia sozinha na estrada?

Conforme se aproximava as feições no rosto da tal moça foram ficando mais nítidas. Alfonso congelou e agarrou as rédeas do cavalo ao reconhece-la. Só podia estar vendo coisas.

- Não, não pode ser! - sussurrou.

O queixo de Anahí caiu, seu coração disparou e suas mãos começaram a transpirar ao reconhecer o homem em cima do cavalo. O nó em sua garganta voltou parecendo que ia sufoca-la. Dando um passo atrás ela pensou em dar as costas e fugir, se embrenhar em uma das trilhas, mas sabia que ia ser inútil, além de uma atitude infantil.

Alfonso se aproximou e teve certeza de que era mesmo Anahí. Toda a falta que sentia dela, a dor que sua partida haviam lhe causado e o amor absurdo que sentia por ela pareceu cair sobre ele de uma vez só, sufocando. Deixando-o confuso e sem reação.

Anahí respirou fundo sem saber o que fazer. De repente quase três meses de separação não haviam significado nada, apesar de tudo ela continuava tão ou mais apaixonada por ele.

Alfonso desceu do cavalo sem conseguir desviar os olhos de Anahí. Um encarava o outro como se estivesse vendo um fantasma. Anahí mordeu o lábio inferior e abaixou a cabeça. Definitivamente não estava pronta para aquilo. Alfonso segurou as rédeas de Trovão e se aproximou.

- Você voltou de viagem?!

- É... Voltei! - forçou a voz a sair. - Cheguei hoje.

- Tava indo pra sua casa?

Anahí assentiu e abaixou a cabeça. Era impossível olhar pra ele e não lembrar do que viveram. E também de como tudo acabou. As palavras dele naquele dia e a forma como a olhou voltaram nitidamente a sua cabeça.

“Cuide-se madame e tenha uma boa viagem.”

- Quer que eu te acompanhe por um trecho? Estou indo pra fazenda também. - Alfonso sugeriu e se arrependeu logo em seguida.

“O que você está fazendo idiota!”, recriminou-se.

- Ok! - ela respondeu.

Os dois começaram a andar e sem coragem pra se olharem ficaram encarando a estrada, o céu e a paisagem de árvores à sua volta.

Alfonso apertou as rédeas de Trovão, logo atrás dele. Recriminava-se por ter sugerido acompanhar Anahí. Ela o havia abandonado logo após ele se declarar e agora ele parecia estar se comportando como um cachorrinho, mendigando qualquer atenção, qualquer minuto a mais que pudesse passar ao lado dela.

Anahí olhou pro chão de terra sem entender o que estava havendo com ela. Deveria odiar Alfonso, desprezá-lo, encará-lo de cima como aconteceu na primeira vez que o vira. Repetiu em sua cabeça várias vezes que aquele cowboy não prestava, que nunca a amou de verdade, que havia se deitado com todas as mulheres de Vale do Oeste. Então porque seu coração não a obedecia? Por que batia disparado, cheio de amor quando deveria estar transbordando de ódio?

Por mais que não quisesse mostrar algum interesse, Alfonso não resistiu e foi vencido pela curiosidade.

- Sua irmã veio com você?

- Veio! - Anahí assentiu e automaticamente sorriu.

Alfonso abriu a boca pra dizer que conseguia notar as diferenças em Anahí, mas achou melhor ficar quieto. Observando-a enquanto caminhavam ele notou que seus olhos se iluminaram ao falar da irmã e que a postura de Anahí estava mais relaxada. Ela olhava o lugar em volta com admiração, sem mais esconder o amor que sentia por aquele lugar. O peso da culpa que ela carregava tinha sido retirado de seus ombros, fazendo com que adotasse uma postura mais tranquila.

De repente Anahí olhou pro lado e o flagrou olhando-a. Alfonso olhou pro outro lado da estrada disfarçando. Anahí abaixou a cabeça, não ia suportar ficar o caminho todo naquele silêncio.

- Parece que aqui esquentou nos últimos tempos. - falou a primeira coisa que lhe veio à cabeça.

- Esquentou um pouco, mas também você deve estar sentindo diferença por causa de Zurique.

- Sim, me sinto mais leve sem todos aquelas coisas: sobretudo, luvas, cachecóis e boinas. - sorriu.

- Mesmo com todo o frio deve ser um lugar lindo.

- É sim! - Any concordou. - Mas aqui ganha. - suspirou.

Virando o rosto Anahí encarou Alfonso e pela forma como ele a olhava ela percebeu que havia falado demais.

- A Chloe está bem?

- Está.

Anahí quase mordeu a língua para não perguntar, mas acabou não resistindo.

- Ela... Ela ainda tem raiva de mim? - encarou o chão, envergonhada demais para encarar Alfonso.

- Ela perdoo você antes mesmo de entrar naquele avião. Ela sente sua falta.

“Assim como eu senti e ainda sinto!”, pensou e desejou que as coisas entre os dois fossem como antes.

- Você se importaria se eu... Run, fosse visita-la?

- Não, de maneira nenhuma. - respondeu.

- Obrigada! - Anahí forçou um sorriso.

Os dois ficaram se olhando e sem saber o que fazer, na falta de assunto voltaram a olhar em volta como se estivessem interessados na paisagem constante enquanto seguiam pela estrada.