Fanfic: ♥ Arrebatados ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

- Quando vocês me deixaram ir embora eu achei que estavam respeitando a minha decisão. Mas vocês fugiram da responsabilidade de vocês e me deixaram levar o coma da Manu sozinha nas costas.

- Nos nunca te responsabilizamos de nada Anahí, foi você quem se culpou, você quem quis ir pra Suíça.

- Mas então por que nenhum dos dois foi comigo? - Anahí os encarou com os olhos marejados. - Só agora eu to vendo que teria sido muito mais fácil aguentar tudo aquilo se um de vocês dois tivesse estado comigo. No começo vocês ligavam todas as semanas. Mas depois que os três meses se passaram vocês mal entravam em contato, ligavam de meses em meses. Os telefonemas sempre eram pra minha madrinha e sempre a mesma pergunta: como estão as coisas? E quando ela respondia “na mesma” vocês desligavam. Vocês nunca foram visitar a Emanuelle em Zurique, nunca perguntaram como eu estava me sentindo, a verdade é que vocês nunca se preocuparam em saber o quanto eu me culpava, o quanto aquilo estava me matando. Vocês simplesmente me abandonaram e abandonaram a Manu. - respondeu com os olhos marejados.

- Nós respeitamos a sua decisão! - Enrique respondeu. - Como você queria que ligássemos para você se a Lara vivia dizendo que você não queria receber notícias daqui? Que qualquer coisa que você soubesse que estava acontecendo aqui só ia te machucar ainda mais. Se nos queria por perto deveria ter dito.

- E a Emanuelle? Só porque ela estava dormindo significava que ela não queria a presença de vocês? Ela estava inconsciente então não fazia diferença se os pais estavam ali ou não? Qualquer pai e mãe teria ido até àquele hospital. Vocês estão dizendo que estavam respeitando a minha decisão, é isso ou vocês estavam fugindo? Pra não ficarem sofrendo vocês se esconderam aqui e deixaram eu e a Lara assumir a responsabilidade.

- Que absurdo você está dizendo. - Marichello a olhou em choque.

- É mesmo um absurdo? Por que agora que consigo ver as coisas, não entendo porque vocês nunca foram pra lá. Vocês iam desligar aqueles aparelhos, parece que vocês se esqueceram disso. Eu entrei aqui e tava todo mundo rindo, feliz da vida comemorando, vocês esqueceram que se fosse por vocês, Emanuelle estaria morta?

- Nós estávamos perdendo as esperança Anahí, acha que era fácil pra mim e sua mãe saber que tínhamos uma filha em coma e a outra se culpava por isso? Quando você voltou eu vi que uma parte de você tinha ido embora, talvez pra sempre. Você estava definhando, estava destruída e escondia seu sofrimento embaixo de uma postura de “não me importo com esse lugar”. - Enrique rebateu.

- Então foi por isso você quis me punir? - Any perguntou enxugando o rosto.

- Punir você, do que está falando?

- Você viva trazendo lembranças desse lugar à tona, falava pra eu ficar, dizia que a culpa não era minha e quando você viu que eu não iria ficar, você vendeu o Ollen, mesmo sabendo que isso ia me machucar. E depois aceitou desligar os aparelhos que mantinha sua outra filha viva. E qual o fundamento daquele porão? Por que você manteve lembranças de mim e da Emanuelle embaixo dessa casa se nunca foram nos visitar? Vocês viram como eu fui embora daqui arrasada e nem assim, nos últimos dois meses vocês sequer me ligaram. Se não fosse pelos e-mails do Ucker e pelo apoio da minha madrinha eu não sei se teria conseguido aguentar. Agora eu vejo que tudo teria sido mais fácil se vocês estivessem comigo.

Anahí desabou sentando na escada sem forças pra se manter de pé. Ucker se aproximou e sentou ao seu lado a abraçando, havia visto o sofrimento dos pais, mas tinha que admitir que em um certo ponto Any tinha razão.

- Ela está certa. Durante esses anos vocês nunca sequer cogitaram a hipótese de ir até Zurique, vocês simplesmente seguiram com suas vidas, a ponto de parecer que tinham se esquecido das filhas. Agora não sei se isso era algum tipo de fingimento pra esconder que estavam sofrendo ou se realmente vocês não deram a mínima pro que estava acontecendo lá.

- Vocês estão entendendo tudo errado. - Enrique a encarou pasmo.

- A única coisa que eu entendo é que a Emanuelle quase morreu por causa de vocês, que você vendeu o Ollen e jogou na minha cara que eu não podia fazer nada porque não vivia mais aqui. É como se vocês pra se protegerem ou sei lá o que tivessem me expulsado da vida de vocês. Expulsado eu e a Manu.

- Não é nada disso Anahí.

- Eu não quero mais falar disso, não quero que a Emanuelle acorde e escute algo assim. - Any enxugou o rosto e ficou de pé. - Apenas pensem no que eu falei pra vocês e tentem entender porque agiram assim, porque de verdade eu não entendi como vocês conseguiram ficar mais de 3 anos sem ver uma filha que estava em coma.

Sem dizer uma palavra Anahí deu as costas e subiu. No chuveiro ela continuou chorando. Pela situação com os pais e as dúvidas que rondavam sua cabeça. Lembrar do reencontro com Alfonso pareceu mais uma apunhalada em seu peito. Obrigando-se a enxugar o rosto, ela respirou fundo e terminou o banho.

Quando saiu do chuveiro se trocou, desceu as escadas e resolveu sair um pouco de casa. Ia lhe fazer bem rever uma certa pessoa.

Letícia ouviu quando um carro entrou na fazenda, mas acreditando ser Ian não deu importância.

Anahí desligou a caminhonete, o portão estava aberto então Letícia tinha que estar em casa. Descendo do carro, ela subiu na caçamba da caminhonete. Assobiou e começou a bater no capo do carro.

- Não tem ninguém nessa casa não? - gritou.

Letícia abriu a boca e correu até a porta. Ao abri-la seus olhos marejaram ao ver sua melhor amiga.

- Any! - correu até ela.

Anahí desceu da caçamba da caminhonete bem a tempo de abraçar Letícia.

- Que saudades! - sussurrou sentindo um nó se formar em sua garganta.

- Eu não acredito que você ta aqui. - Letícia a soltou começando a chorar. - Pensei que nunca mais te veria.

- Se enganou. - Any deu de ombros e sorriu, realmente ficar com Leeh ia lhe fazer bem. - Eu disse que viria pro casamento, só acrescentei uma surpresa em relação a data que eu chegaria.

Letícia a abraçou de novo e dessa vez demorou um pouco mais para soltá-la. Quando a soltou puxou Anahí pela mão.

- Vem comigo, eu também tenho uma surpresinha pra você.

- O que? - Any sorriu.

Letícia levou Anahí até o pequeno estábulo de Ian.

- Andou comprando algum cavalo novo e quer a minha opinião? - Any brincou cruzando os braços.

- Não compramos exatamente, mas estamos cuidando dele para uma pessoa. - Leticia sorriu. - Fique ai!

- Que pessoa? - Any perguntou enquanto sua amiga entrava no estábulo.

Leticia voltou segundos depois e Any sorriu ao ouvir o trote de um cavalo. Quando viu que o cavalo era Ollen seus olhos marejaram e seu queixo caiu.

- Não acredito que você está com ele!

- Surpresa! - Letícia sorriu dando de ombros.

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