Fanfic: Mulher Em Fuga *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo 5

— Ai! — Bernaldo Martínez tentou afastar o rosto.

— Não seja covarde. — Anahí o agarrou pelo queixo e o obrigou a virar a cabeça para trás para continuar limpando o corte na sobrancelha. Já estava quase parando de sangrar. — Pensei que os fazendeiros eram uns caras durões.

— Não sou um fazendeiro. — se queixou enquanto Anahí terminava de limpar a ferida. — Não sou mais que um pobre mestiço da vizinhança que fez alguns cursos sobre criação de animais porque davam créditos para a universidade.

Mas estava sorrindo sentado na enorme mesa da cozinha deixando que Anahí o curasse. Herrera estava sorrindo também... Pelo menos parecia que sim.

Homens!, pensou Anahí desesperadamente.

Há quinze minutos atrás estavam tentando da melhor maneira possível se matar, iguaizinhos a qualquer aluno seu mais indisciplinado de sete anos, e agora, olhe para eles.

Anahí pegou a mão de Martínez e examinou os dedos. Encontrou-se com os olhos verdes de Herrera.

— Quando foi a última vez que limparam aquela sala?

— Está limpa. — Herrera franziu a testa, ofendido. — Meus homens fazem turnos para limpar escrupulosamente tudo. Limpam os estábulos e depois a casa. Esse arranhão de Bernie não vai infectar, eu garanto isso. E, de qualquer forma, ele é imune a tudo, inclusive ao bom senso.

— Se você está dizendo. — Anahí observou os cortes sem estar muito convencida. — Mesmo assim, ficaria mais tranquila se o desinfetasse. Seu kit de primeiros socorros continua na caminhonete?

Herrera apertou os lábios.

— É melhor que você passe uma pomada com antibiótico que usamos para os cavalos, está em uma vasilha na geladeira.

Anahí ficou olhando para Herrera por um momento, sem saber se ele estava brincando ou não, ela não sabia se ele era capaz de fazer piada, mesmo assim se dirigiu para a gigantesca geladeira industrial, abriu as enormes portas de aço e ficou olhando o que havia dentro.

Tinha amigas em Boston que moravam em apartamentos menores que o interior daquela geladeira.

— Quem cozinha aqui? — perguntou lhes olhando por cima do ombro. — Paul Bunyan?

— Os homens fazem...

— Turnos, ok. — Anahí voltou a concentrar-se na geladeira e examinou o que havia dentro. — Onde está a pomada para cavalos?

— Em uma vasilha.

— Tem duas vasilhas aqui, Herrera.

— Na verde.

Anahí deu uma olhada na vermelha e arregalou os olhos.

— E o que há na vermelha?

Herrera deu de ombros.

— Talvez comida?

— Nem de brincadeira. — disse Anahí com firmeza.

Retirou-se da geladeira com a vasilha verde na mão e fechou a pesada porta com o quadril, pensando que deveriam pôr um adesivo de perigo biológico na porta.

— Aquilo não pode ser comida, de jeito nenhum. Uma forma de vida mutante, talvez, ou um experimento estragado, mas decididamente não era comida. — respirou fundo e tossiu.

Das duas uma, ou o que havia na vasilha verde curava o pai de Rafael, ou o matava.

— Espero que esteja preparado para isto, senhor Martínez.

— Bernie.

— Ok, Bernie. É hora de separar os homens das crianças. Preparado ou não, aqui vai. — cobriu-lhe a sobrancelha e os dedos com a pestilenta pomada. — Não posso acreditar que vocês estavam se golpeando de verdade. Como meninos de sete anos. Ninguém ensinou a vocês que para resolver as coisas não é preciso usar a violência? É um comportamento completamente inaceitável para dois adultos.

Anahí estava se esquentando com esse assunto. O uso da violência era um assunto que a afetava especialmente naquela ocasião.

Levantou a voz:

— A violência é para os bárbaros. Que diabos pretendiam conseguir? Deveriam se envergonhar.

— Sim, senhora — os dois homens responderam juntos.

Anahí começou a rir ao dar-se conta de que tinha levantado o dedo em tom desafiante, como fazia com suas crianças do primário quando se zangava com elas.

— Parece-me que isso soou muito como uma professora de primário, não é? Falando nisso... — Anahí tentou não pensar no pouquíssimo preparada que estava para dizer o que precisava dizer: — Ehhh, falando nisso, senhor... Bernie, eu trouxe alguns dos trabalhos de Rafael que gostaria de te mostrar. Ele é um aluno excepcional, de verdade, sempre tirou muito boas notas, mas nestas duas últimas semanas seu desempenho não foi o mesmo. Está desatento na sala de aula e sinceramente, peguei-o chorando mais de uma vez.

Bernie suspirou.

— Tem razão, senhorita Puente...

— Anny. — disse Anahí, odiando o nome com todas suas forças.

Embora na verdade, agora que pensava nisso, uma Anny Puente qualquer provavelmente se encontrasse tão tranquila em uma fazenda isolada do mundo, cuidando dos ferimentos de um capataz ferido.

Anahí Portilla não poderia fazê-lo.