Fanfic: Mulher Em Fuga *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

A caixa estava embrulhada em papel pardo e tinha uma corda. Em Boston, um pacote com papel pardo e barbante era considerado chique, claro que o papel tinha que ser feito a mão, não estar tingido e ser tosco, e a corda precisava ser de cânhamo e geralmente envolviam presentes muito caros.

O papel desta caixa irregular tinha um selo que dizia Empório de Lojas de ferragens Kellogg.

Anahí pegou a caixa. Ela era surpreendentemente pesada.

Levantou os olhos para Herrera com o coração acelerado.

— Ob... obrigado.

Ele concordou sério.

Anahí balançou a caixa e algo grande mexeu em seu interior. Não tinha nem ideia do que podia ser.

O rosto de Herrera não mostrava expressão alguma.

Anahí cortou a corda, rasgou o papel, abriu a caixa e... encontrou uma engenhoca de aço e metal, olhou confusa para Herrera.

— Ferrolho. — ele disse.

— Ah. — respondeu com um fio de voz. — Um ferrolho. Ehhh, obrigada. Sempre quis ter um.

— A fechadura da porta está muito enferrujada. — Herrera tinha a testa franzida, como se a fechadura de casa da Anahí fosse seu desafio pessoal.

— Sabe como... colocá-lo?

Era assim que falava? O que se fazia com os ferrolhos? Montava? Embora já estivesse montado, era uma só e reluzente peça. Mesmo assim, Herrera parecia ter entendido sua pergunta.

Jogou a cabeça para trás, surpreso, e franziu ainda mais a testa.

— Claro. — disse como se ela estivesse perguntado se ele sabia andar ou ler.

Tinha-lhe ofendido? Não havia forma de saber, pois sua expressão era exatamente igual sempre: Impenetrável.

Poucos minutos depois, Herrera pegou sua caixa de ferramentas e foi fazer algo viril e competente com a porta e o ferrolho.

Anahí pensou então em fazer algo feminino e competente na cozinha. Por isso, quando um Fred quase seco cheirando a rosas e um sorridente Rafael entraram na cozinha, ela já havia arrumado uma mesa com chá e um bolo de limão, que tinha feito no domingo para distrair seu aborrecimento.

Herrera apareceu um minuto depois. Através da porta da cozinha pôde ver o ferrolho na porta, enorme, brilhante e capaz de proteger segredos nucleares.

Era tão doce que ele tivesse pensado nisso. Anahí sorriu para Herrera, que estava de pé na porta.

— Obrigada, Herrera.

Seu sorriso o deixou paralisado, mas Anahí começava a reconhecer já os distintos graus de sua impassibilidade.

Aumentou o sorriso.

— Venha comer um pedaço de bolo e beber um chá. Rafael já comeu três pedaços e o peguei dando sorrateiramente um pedaço para Fred.

Anahí cortou uma fatia enorme para Herrera e outra muito menor para ela. Tinha posto algumas cascas de laranja e uns pedaços de canela no chá, para dar mais sabor.

Herrera o cheirou antes de beber por precaução a princípio e depois com evidente prazer.

Sorriu ao ver como ele mastigava com entusiasmo depois da primeira mordida em seu bolo de limão.

— Está bom. — balbuciou. — E o chá também.

Bom? Por um momento, Anahí se indignou. Estava dizendo que seu bolo de limão estava bom? A receita era de sua mãe, e era famosa em três continentes. Não era boa, era fabulosa.

Estava a ponto de dar uma bronca quando viu que ele entrecerrava os olhos de prazer, tal qual como fez Fred. Então ela relaxou-se.

Estava claro que quando ele disse bom, quis dizer fabuloso.

Anahí envolveu o resto do bolo de limão em papel alumínio.

— Para Bernie. — disse, embora suspeitasse que Rafael comeria a maior parte do bolo.

Herrera ficou em pé e Rafael o imitou.

— Para a caminhonete, Rafael. — disse Herrera, sem afastar os olhos dela. — Mas primeiro agradeça à senhorita Puente.

— Sim senhor. Obrigado, senhorita. — disse Rafael obedientemente, depois se inclinou para abraçar Fred e saiu correndo.

Herrera ficou quieto, observando-a. Seus olhos verdes baixaram até a boca de Anahí.

— Não posso te dar um beijo agora. — disse erguendo os olhos verdes cheios de desejo. — Seria incapaz de parar.

Ponnyforever10: Pois é KKKKKKKKKKKK