Fanfic: Mulher Em Fuga *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

A lanchonete estava cheia como ela nunca viu. Além dela e Rafael, Matt e Marissa, havia três fazendeiros sentados em um canto discutindo tranquilamente os preços da ração. Uns caras toscos, de pele curtida e com camisas de flanela desbotadas, jeans e botas raspadas, bebendo chá.

Era hora do rush, não tinha muita gente, mas já era um começo.

Rafael afundou com entusiasmado seu garfo em sua terceira fatia de bolo, sem deixar de contar as aventuras dos Power Rangers.

— E então, os Power Rangers tiveram que lutar contra Ivan Ooze porque ele queria cobrir o mundo com uma baba púrpura e queria fazer com que todos os pais se suicidassem. Então, Ivan Ooze se transformou em um robô gigante e então os Power Rangers se transformaram em robôs gigantes e lutaram no espaço. E Ivan Ooze foi levado por um cometa! — o rosto de Rafael brilhava. — É genial!

Anahí teria um pouco de trabalho para transformar Rafael em um contador de sinopses de seriados.

— Meninos. — Matt balançou a cabeça com gesto indulgente, da sabedoria de seus dezessete anos. Olhou para Anahí com um gesto sério. — Quer algo mais, senhorita Puente? Quer que eu lhe sirva um pouco mais de chá? — tirou uma caneta de detrás da orelha e aguardou com expectativa.

Anahí tentou parecer tão séria como ele, mas estava tendo muito trabalho. Matt estava tentando ser adulto e profissional, tirou até o piercing da sobrancelha.

Não cresça muito rápido, Anahí quis dizer à ele. Lá fora é assustador.

— Não. Obrigada Matt. — disse Anahí sacudindo a cabeça. — E me chamo Any.

Precisava dar alguns pontos a Marissa. O lugar continuava tão cheio de pó e lúgubre como sempre, mas com Matt e algumas poucas pessoas lá, parecia um pouco menos desolador.

O chá estava excelente e a julgar pelo apetite de Rafael, o bolo de especiarias devia estar também. Claro que Rafael gostava de algo que levasse açúcar, amido e gordura em grandes quantidades.

Anahí sorriu para Matt.

— Se não se importar, ficaremos aqui esperando o Bernie que virá buscar o Rafael.

— Claro senhorita Puente.... quer dizer... Any. — Matt sorriu abertamente. — Fique o tempo que quiser. Então... imagino que Poncho não virá esta tarde.

— Herrera está viajando. — Anahí disse entre os dentes e observou a palmeira que saía do vaso de terracota que tinha desenhado na folha que tinha em sua frente.

Tinha saído de seu subconsciente, mas não estava mau. Como estava inspirada, acrescentou um desenho de palmeiras na parede.

— A negócios. — baixou a cabeça, concentrada em seu desenho. — Ficará fora até sexta-feira. — acrescentou.

— Ah, é verdade. Ele foi para Kentucky. — concordou Matt. — A viagem anual. Poncho planejou esta viagem durante meses. Papai me disse que Bernie havia dito, que Poncho passou a tarde toda ao telefone, tentando cancelar a viagem, mas que não pôde. — inclinou a cabeça com curiosidade, tentando ver o que ela desenhava. — Posso ver?

— Ele tentou fazer o que? — Anahí levantou a cabeça de repente.

— Cancelar a viagem. — Matt se inclinou para frente tudo o que pôde. — Posso ver o que você está desenhando? — repetiu.

— O que estou o quê? — Anahí olhou sem compreender, sem mover o lápis e pensando a toda velocidade.

Herrera tinha tentado cancelar sua viagem? Não podia ser por... por ela, será?

Não, claro que não. Sabia que poderiam voltar a fazer sexo quando ele voltasse.

Pelo menos era este o seu pensamento sobre ele e se devia a uma mistura de medo e solidão. Provavelmente Herrera nunca se sentisse angustiado, morto de medo, ou...

— Any?

— Quem? — Anahí começou a dizer e com um esforço recuperou a compostura que parecia perder cada vez que pensava em Herrera. — Oh. Me perdoe Matt, o que você disse?

Ele olhou-a com curiosidade e puxou a folha de papel para tirar debaixo do braço de Anahí.

— O que é isso, senhorita... Any?

— Ah... não é nada. Apenas... — Anahí respirou profundamente e tentou parar de pensar em Herrera. — É uma espécie de hobby. Eu gosto de decoração e estava pensando em algumas ideias para a lanchonete. — esticou a mão para recolher a folha, morta de vergonha. — Não é nada, Matt.

— Não, ouça, é genial.

Matt observou as palmeiras, os mostradores de alumínio, o jukebox e as letras em néon. Seus olhos azuis de Simpson, tão parecidos com os de sua irmã, brilharam de emoção.

— Sério, ficou muito bom. — olhou a lanchonete e logo voltou a se concentrar na folha. — Isso aqui iria ficar fenomenal.

Anahí se sentiu lisonjeada.

— Acredita mesmo? Sempre fui muito partidária da moda retro funk dos anos cinquenta.

— Seja o que for, ficou ótimo!

— O que ficou ótimo? — Marissa limpou a mesa com uma esponja úmida, sentou-se ao lado de Anahí e inclinou a cabeça exatamente igual a Matt. — O que é isso?