Fanfic: Aconteceu Você - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy

DULCE

    - Você é tão boba...- disse Maite, que tinha adorado a ideia de vir até o shopping comigo tentar encontrar um vestido que fosse à altura da família do Alfonso. Eu estava nervosa, temendo o pior, e não queria que sua tia me lançasse um daqueles olhares repulsivos e muito menos que Bianca tivesse motivos para me ofender.

     - Use esse e ela ficará louca. - Ela me passou um pedaço de pano que eu nunca teria coragem de usar.

     - Eu não quero provocá-la, já me basta saber que serei ignorada...

     - Tente não se preocupar, amiga. Da última vez você quase passou mal por causa delas, mas pense apenas nos seus bebês.

      - Eu sei, e o Alfonso já conversou com ela e também me garantiu que não dá a mínima para o que elas pensam ao meu respeito.

      - Menos mal, agora olhe esse vestido. - Dessa vez, ela estendeu um vestido com corte evasê, em tom bordô e parecia perfeito. Era ao mesmo tempo comportado e elegante.

       Passamos mais algum tempo batendo perna e rindo às custas da família maluca do Alfonso, mas algo não me fez bem, porque, quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi correr para o banheiro e vomitar todo o meu almoço. Merda! Eu provavelmente devo ter comido algo que meu estômago não aceitou e agora estava sofrendo com todo o enjoo.

       Quando isso iria parar, pelo amor de Deus? Para piorar, assim que saí do banho, comecei a sentir uma cólica incômoda que logo me deixou preocupada.

       Sem me dar conta do quanto eu estava cansada, eu me deitei na cama, prometendo a mim mesmo não dormir. Porém, quando dei por mim estava acordando com meu celular tocando insistentemente.

        - Alo?

        - Aonde você está, Dulce? Já liguei um milhão de vezes para o seu celular, também telefonei para a Maite, e ela me contou que você não estava se sentindo bem e eu me desesperei. Como você está agora?

        - Melhor, eu acho. Tive náuseas e me senti mal, mas estou melhor. E acabei pegando no sono, Alfonso, não foi por querer...Desculpe.

        - Tem certeza de que está melhor? Eu não disse que qualquer sintoma que você sentisse, era para me avisar de imediato? eu posso trabalhar em casa e ficar com você sempre que precisar, Dul, não quero deixá-la sozinha. Além disso, se você parasse de ser teimosa, teria a Ângela cuidando de você lá em casa...

          - Eu já disse que estou bem, e não preciso de babá ou até mesmo da sua empregada... - respondi contrariada. Eu odiava que tomassem decisões por mim, ou que tentassem me controlar, ele sabia disso.

         - Tudo bem, eu ...olha, vou terminar tudo por aqui e estou indo te pegar, quero você comigo essa noite.

            - Como quiser, seu mandão. Vou preparar as coisas para poder ficar o resto da semana com você, o que acha? - cedi porque não queria vê-lo mais aflito do que já estava.

            - Acho ótimo, ficarei menos preocupado assim, amor.

            - Eu te amo Afonso. - murmurei com aquela sensaçãozinha boa dentro do peito, por saber que tinha alguém se preocupando comigo.

           - E eu amo vocês três, Dulce.

             ****

          No dia do almoço, eu estava uma pilha de nervos, mas tentanto a todo custo manter a calma, sabendo o quanto o estresse poderia me afetar. Observei o Alfonso dirigindo ao meu lado e sorri com carinho por ele. Eu o amava de uma maneira tão profunda e pura, que, às vezes, chegava a ter medo que algo acontecesse e essa felicidade toda se desmanchasse, assim, do nada.

          - Está nervosa? - ele me perguntou, as mãos firmes no volante e au assenti.

        - Um pouco, você sabe como Alexandra é em relação a mim. Eu só estou fazendo isso por você, Alfonso, porque eu sei o quanto sua família é importante, mas se dependesse de mim, eu não teria contato nenhum com eles. - E era a mais pura verdade. Os pais do Christopher eram tão frios e arrogantes quanto ele, e mesmo que isso não o redimisse dos seus erros (que eram muitos) eu meio que conseguia entendê-lo um pouco mais agora.

        - E eu agradeço, amor, o fato deles gostarem ou nçao de você não interfere em nossos planos. Quero que nunca se esqueça disso, mas não vou mentir e dizer que não gostaria de ver você e a minha tia se entendendo.

       - Sério? - perguntei surpresa, essa era a primeira vez que ele insinuava algo assim. - Ela não me suporta...

        - Minha tia não tem motivos para não gostar de você, Dulce. Em algum momento, ela vai se dar conta do quão injusta está sendo. Além disso, você será ma mãe dos meus filhos e eu sei que ela não vai querer perder isso. E, por mais difícil que seja de acreditar, a Alexandra foi como uma mãe para mim quando eu era criança e eu não gostaria de ter que me afastar dela. - Ele não podia estar falando sério, pensei. Aquela mulher era uma cobra...

          - Alfonso...

          - Você confia em mim?

          - Completamente - respondi sem pestanejar.

          - Então, não se preocupe com nada. Tudo bem?

         - Isso era impossível, eu estava prestes a entrar em território inimigo. Bianca, Christopher e os pais dele. Eu só podia estar louca por pensar que conseguiria fazer isso sem sair machucada.

            ***

       - Que bom que chegou, Alfonso. Christopher me enviou os documentos do casa da URCA e eu gostaria que você desse uma olhada antes de começarmos o almoço. - Victor, tio do Alfonso, falou enquanto fingia na maior cara de pau que eu não estava presente.

         - Não demor, Dulce. Tudo bem? - O encarei desesperada, não querendo ficar sozinha um minuto que fosse com a Alexandra.

           - Venha comigo, querida, Bianca e eu estávamos mesmo precisando de outra companhia feminina- ela interviu antes que eu pudesse protestar e saiu, indo em direção à sala de visitas, sem se importar se eu a seguia ou não.

              Segui atrás dela e logo me deparei com Bianca falando ao telefone parecendo agitada. Assim que em viu, ela se afastou para continuar discutindo com quem quer que fosse.

        - Meu sobrinho nos contou a novidade, Dulce...- Alexandra disse, afastando minha atençao da Bianca.

           - Nós ficamos muito felizes, foi uma surpresa realmente.

          - Claro, eu posso imaginar. Dois filhos assim de uma só vez é, bem, um pouco demais, não acha?

          - Demais, como? - Não consegui entender aonde ela estava querendo chegar com essa conversa.

           - Bom, se sua tentativa foi dar o golpe do baú, eu só posso dizer que duas crianças assim de imediato podem surtir um efeito contrário do que você imaginava. Isso só vai acabar  afastando o meu sobrinho...

           - Bom, como minha intenção não era dar um golpe, eu não estou preocupada. Alfonso tem estado cada dia mais presente e carinhoso comigo - respondi da maneira mais educada que consegui.

             - Eu imagino, e apesar de decepcionada com a forma como tudo aconteceu, eu quero que entenda que eu não vou deixar que nada interfira na minha relação com essas crianças. Como tia, eu tenho o direito de participar da vida delas...

            - A senhora vai me desculpar, mas, se depender de mim, meus filhos não terão contato algum com você. - Ela franziu o cenho. - Eu sei o mal que a senhora e o seu marido fizeram ao Christopher, e até agora não entendo como o Alfonso conseguiu se safar da sua influência. Porque ele é, com toda certeza, um homem muito melhor do que o seu filho, Alexandra. E eu não vou correr o risco de deixar que meus filhos sejam pressionados a serem o que vocês esperam que eles sejam. Eu não os deixarei ser infelizes, e, se isso significa que terei que brigar com o Alfonso, eu o farei, - Alexandra ficou sem reação com meu pequeno desabafo, mas se recompôs assim que Bianca voltou à sala.

            - Que bom que voltou, querida, eu e a Dulce estávamos conversando sobre a novidade de hoje.

            - Novidade? - Ela arqueou a sobrancelha com toda a sua arrogência.

           - Sim, Dulce está grávida de gêmeos. Ao que parece ter apenas um bebê não foi o suficiente, ela quis ter logo dois, não foi, querida? - Sentir meu rosto arder de vergonha com o tom de voz que ela usou, e não me segurei.

             - Se eu pudesse escolher, teria sido três de uma só vez, Alexandra. Mas, infelizmente, mulher nenhuma possui controle sobre isso.

             - Bom, você poderia ter usado um método contraceptivo mais seguro, não é? Hoje em dia engravidar sem querer não conta como  desculpa - Bianca ironizou e eu afundei em minha poltrona, achando a morte um meio menos dolorido de passar por tudo isso. Até penseu em responder a ela, porque não era como se eu não estivesse tomando pílula e usado camisinha a princípio, mas depois de alguns meses juntos nós decidimos que confiávamos um no outro o bastante para abrir mão do último método.

              - Isso realmente não importa mais, Alfonso e eu estamos felizes e esse imprevisto só adiantou uma decisão que mais cedo ou mais tarde nós acabaríamos tomando. - Elas sabiam que eu estava me referindo ao casamento dentro de algumas semanas e nenhuma das duas ousou me provocar depois disso, ao invés disso preferiram me ignorar maldosamente.