Fanfic: Aconteceu Você - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy

DULCE

      - Se você passar mal, ou sentir qualquer coisa...

       - Eu sei, Alfonso, se eu passar mal eu ligo para você, para o meu médico e para a Alexandra.

       - Promete que não vai ser teimosa?

       - Eu não sou teimosa. - Ok, talvez só um pouquinho.

       - Sei que esse não é melhor momento para eu me afastar, Dulce, mas...

       - Amor me escute...- pedi. - Não vai acontecer nada comigo, eu estou ótima. Além disso, serão só alguns dias. - Ele continuou com o semblante preocupado e isso cortou meu coração eu não gostava de vê-lo assim, eu estava bem na medida do possível. Me alimentava melhor, as tonturas haviam diminuído...

        - Eu amo você, Dulce.

        - Ama mesmo? - o provoquei, tentando fazer com que ele relaxasse um pouco e me desse um daqueles sorrisos lindos que tinha.

        - Amo mais do que você imagina.

        - Eu também te amo, e prometo que vou cuidar dos nossos bebês. Eu só quero que você viaje despreocupado, eu não sou tão irresponsável assim, Alfonso.

        - Eu sei que não. - Ele beijou o todo da minha testa enquanto eu passava os braços pelos seus ombros e o puxava para mais perto de mim, só para que pudesse beijá-lo apaixonadamente. Nós ainda tínhamos toda a manhã para ficarmos juntos e aproveitarmos a companhia um do outro.

            ***

          Já tinham se passado três dias desde a viagem do Alfonso, e não havia um dia sequer eu ele não me ligasse pelo menos umas seis vezes. Não que eu me incomodasse, nada disso, eu adorava escutar a sua voz, saber que ele estava bem e com saudades de mim.

          Mas naquela manhã, em especial, eu havia acordado me sentindo mal novamente. Estava tonta e com uma dor de cabeça terrível. Acabei perdendo algumas aulas e ficado sob a asa da Ângela, a empregado do Alfonso, que , assim que bateu os olhos em mim, percebeu que não estava bem. Tanto é que a primeira coisa que fez quando confirmei meu estado foi telefonar para ele.

          O que me fez ficar quase meia hora tentando convencê-lo de que eu não estava tão mal assim e que tinha sido apenas uma tontura.

          Só que, precavido como Alfonso era, ele avisou a sua tia e pediu para que ela viesse ma fazer uma visita. Que, na verdade, significava "vir me vigiar".

           Fiquei irritada a princípio porque ele realmente estava forçando a barra, principalmente porque o sentimento que Alexandra tinha por mim era totalmente reciproco.

          Mas o que eu podia fazer, não é?

          - Dulce, Alexandra está já lá embaixo - Ângela avisou da porta do meu quarto.

           - Você pode pedir para que ela suba, Ângela? - Ela assentiu e só depois de me olhar bem atentamente, que ela se virou e desceu. Voltei a me afundar nos travesseiros que me permitiam ficar confortavelmente sentada enquato esperava pela Alexandra.

           - Dulce? - ela chamou e entrou um pouco relutante no quarto. O olhar que ela deu ao me ver ali, inclinada na cama, não foi nem um pouco reconfortante.

             - Ah, querida, você está com uma carinha péssima. - Respirei fundo, jurando que se ela, por acaso, começasse a me criticar eu iria mandá-la embora na mesma hora.

             - Eu não acordei muito bem, Alexandra.

             - Já telefonou para o seu médico? Alfonso pediu que eu te lembrasse disso.

             - Já liguei sim, ele pediu que eu ficasse de repouso pelo restante do dia. - O que era uma tortura.

             - Meu sobrinho está muito preocupado com a sua saúde, Dulce.

             - Alfonso é um pouco exagerado.

             - Pode até ser que seja, mas uma gravidez de gêmeos exige muito mais cuidado.

             - Eu estou bem ciente disso, Alexandra - falei exaurida e fechei os olhos só por alguns segundos.

             - Estive pensando, Dulce, talvez nós não tenhamos começado bem a nossa relação...

             - Sério? - soei sarcástica e a encarei. Alexandra nunca me deu nenhuma oportunidade e sempre foi insuportavelmente arrogante comigo. E, se agora ela estava aqui tentanto consertar as coisas, não era por mim, era pelos meus bebês. E eu sabia disso.

               - Alfonso e eu conversamos antes de ele viajar, sabe? E ele pediu para cuidar de você enquanto estivesse fora.

               - Eu agradeço, mas tenho gente demais cuidando de mim nesse momento.

              - Eu sei, ele também falou que você poderia ser teimosa - Ela forçou um sorriso. - Mas eu não vou deixar você colocar em risco a saúde dos bebês.

              - Mas, que risco? Eu passei o dia inteiro nessa cama, eu não fiz nada!

              - Mas também não comeu, não é? - Não respondi, ela não tinha nada a ver com isso e, além disso, eu não estava com fome. - Você não pode ficar tanto tempo sem se alimentar, Dulce, por isso pedi que Ângela preparasse algo para você. E fique sabendo que só sairei daqui depois que consegui ver alguma cor nesse rosto, isso não é discutível.

            - Eu não preciso de uma babá, Alexandra.

           - Eu sei que não - ela respondeu amarga, se dando conta de que eu não cederia tão facilmente.

            - E isso não vai mudar o fato de que eu quero você longe dos meus filhos.

          - Eu sei que fui uma pessoa horrível com você, Dulce, mas estou sendo sincera quando digo que quero me redimir.

             - Por que isso agora? Eu não entendo, você me acusou de querer dar o golpe no Alfonso, me criticava a cada oportunidade que encontrava e agora, de repente, quer ser minha amiga? - Alexandra respirou fundo, parecendo tão cansada quanto eu com toda essa situação.

            - Acho que essa é a única chance que terei de ser avó, querida. Alfonso pode até não ser meu filho, mas eu o criei como se fosse. Nunca houve diferença entre ele e o Christopher, os dois inclusive, costumavam ser muito próximos, pelo menos até...

              - Eu sei toda a história. - Ela me estudou parecendo um pouco surpresa.

              - Meu filho nunca mais foi o mesmo depois que aquela garota morrei, eu quase não o reconheço, sabe? E como mãe, eu sempre tentei fazer o melhor para ele, mas o que pode ser bom para nós, pode nem sempre ser bom para os nossos filhos.

              - Nisso eu tenho que concordar.

              - Christopher não pode ter filhos, Dulce. Ele fez vasectomia logo depois que Anahí morreu. - O quê? - Ele não pensa em adotar tampouco e esta é a única chance que eu tenho de ser avó...- Engoli em seco, entendendo os seus motivos para querer consertar nossa relação e ainda sem conseguir acreditar que Christopher teve coragem de cometer uma loucura como esta.

            - Eu sinto muito por você, eu...

            - Nós podemos começar de novo, eu criei dois meninos, Dulce, e nunca tive uma filha. Eu e Bianca temos muito em comum, mas até eu percebo o quão imatura ela pode ser quando quer. Infelizmente, Bianca foi mais um dos meus erros.

             - Erro? - questionei.

             - Você não entenderia - ela disse dando o assunto como encerrado. - Agora, tente se animar um pouco porque vou descer para verificar sua sopa e telefonar para o Alfonso, tudo bem?

            - Alexandra...- a chamei quando ela estava prestes a sair do quarto.

            - Sim?

            - Diga para ele que eu melhorei, não quero que o Alfonso fique preocupado comigo. - Alexandra me encarou séria e no final sorriu gentilmente, o que vindo dela era um enorme avanço.

            A conversa que tivemos ressoou pela minha mente após a sua saída. E fiquei verdadeiramente triste ao vê-la tão decepcionada com a decisão do Christopher e, além do mais, acabei percebendo que seu arrependimento era sincero.

              Sem entender direito, senti uma vontade enorme de me encolher na cama e chorar. Chorar de tristeza, de raiva....de dor. Foi angustiante e, enquanto as lágrimas caíam, eu rezei baixinho para que o Alfonso voltasse logo para mim e para os nossos filhos.