Fanfic: Aconteceu Você - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy

CHRISTOPHER

    - Como ela está, Alfonso? - perguntei aflito, ele havia acabado de falar com Dulce e parecia preocupado.

    - Quando é que você vai perceber que isso não é da sua conta, Christopher? Dulce é minha, é comigo que ela está agora.

     - Eu só perguntei como ela está, não aja como um idiota! - Eu odiava admitir, mas essa preocupação toda dele estava me deixando louco.

     - Esqueça-a, primo, essa é a melhor coisa que você pode fazer.

     - Eu a amo, Alfonso, ela sabe disso, e quer saber? Eu acho impossível que ela tenha me esquecido!

     - Cala a porra da sua boca, Christopher! - ele rosnou.

     - Quando você vai parar e encarar a verdade, Alfonso?

     - Isso já não importa. Se ela te ama ou não, se ela me ama ou não, eu serei o pai dos filhos dela, é comigo que ela vai se casar em menos de um mês, então desista!

     - Merda, eu sabia que tinha metido os pés pelas mãos desde o princípio. Primeiro eu fui em busca de vingança, depois quis machucá-la, mesmo sabendo que ela me amava, e usei isso contra ela o tempo inteiro. Tirei sua melhor amiga do seu lado, fiz com que ela se sentisse acuada, fui o motivo pelo qual ela foi parar na cama do miserável do Henry. Tudo porque eu não tinha coragem suficiente para lutar pelo seu amor.

        Demorei tempo demais para me dar conta de que Dulce era a única capaz de me fazer sentir vivo novamente, o desejo que eu sentia por ela me fazia ter reações violentas, exageradas, mas, porra, essa era a minha maneira de ser.

        Mas agora era tarde demais, Alfonso tinha razão, eu estava preso a Bianca e ela nos braços de outro homem. Destruí todas as chances que tínhamos de ficar juntos, a julguei, ofendi e machuquei da pior forma possível. Eu tinha que ser um canalha por pensar que ela ainda poderia me amar.

         Frustado, dei as costas ao Alfonso e batia porta do escritório...Foda-se ele!

         Porra! Acordei assustado com a lembrança da briga que tive com Alfonso na noite anterior ao acidente. Eu não me lembrava de muita coisa dos últimos dias, mas sempre que dormia, frações dos acontecimentos voltavam para me assombrar.

         Tentei me mexer, eu estava desconfortável nessa maldita cama de hospital, me sentindo como um animal acorrentado, mas era im possível porque todo o meu corpo doía. Era como se eu tivesse tido todos os meus ossos quebrados e recolocados no lugar.

           No momento do acidente, Alfonso e eu estávamos discutindo de novo, isso eu conseguia lembrar. Ele queria voltar para ver Dulce, mas eu insisti que precisava dele mesmo sendo mentira. Minha intenção não era separá-los, para ser bem sinceero eu poderia ter cuidado de tudo sozinho, mas a minha raiva assumiiu o controle e eu praticamente o obriguei a fazer essa viagem.

          Não achei que alguns dias longe dela, fossem fazer diferença, já estava aceitando o fato de que em breve eles se casariam e aí sim, eu a perderia para sempre, mas nunca, em momento algum, eu desejei a morte dele.

          Se eu pudesse voltar atrás e consertar toda a merda que fiz, eu o faria.

         Não sei em que momento o acidente aconteceu, nós estávamos na estrada há algum tempo, era madrugada e palnejávamos visitar o terreno bem cedo, por isso a viagem. Alfonso estava nervoso, gritando e eu também não estava em um dis meus melhores dias, e do nada, tudo o que eu conseguia lembrar era do farol alto vindo em nossa direção, o impacto forte no nosso carro capotando várias vezes seguidas. Eu realmente não sabia como tinha sobrevivido, porque eu vi tudo, inclusive a carreta virada no meio da estrada e a destruição que ficou nosso carro.

         - O senhor está bem? - A enfermeira entrou sem a menor cerimônia, e verificou minha medicação intravenosa, a minha temperatura e visão. Não me dei ao trabalho de responder a sua pergunta, porque bastava olhar para o meu estado para ver que eu não estava bem. - O médico virá daqui a pouco para vê-lo.

         Eu ainda não podia receber visitas, a cirurgia era recente e só fiquei totalmente consciente essa manhã. Passei os últimos dois dias, indo e vindo, sem muito sucesso. Para falar a verdade, eu não via mesmo, era a hora de ver Dulce, queria saber como estavam os bebês e se tinha alguém cuidando dela nesse momento. Eu não era um homem de me emocionar e ter arrependimentos, mas o pensamento dela sofrendo completamente sozinha nesse mundo me atormentava.

           ***

          - Eu preciso voltar Christopher, assim que terminarmos eu voltarei. Você pode fazer isso sozinho e eu juro que se alguma coisa acontecer com a Dulce enquanto eu estiver aqui...

          - Quando meu pai te contratou, ele pensou que você seria a escolha certa, Alfonso. Não me peça para cobrir suas falhas enquanto você decide brincar de casinha - disse irritado, não suportando mais essa mau humor.

          - Você é um filho da puta, cara...

          Foi nesse momento que o carro colidiu direto contra a carreta e nós capotamos. E para o meu desgosto a última lembrança que eu tinha do meu primo vivo era dele chamando pela Dulce. Porra!

           - Filho, acorde. - Avoz da minha mãe me chamou, mas ela parecia estar tão longe...

          - Dulce...- Eu precisava saber dela.

          - Christopher, está tudo bem, é só um sonho. - Sonho? Isso era a porra de um pesadelo maldito! Como se eu já não me sentisse culpado o suficiente.

          - Eu preciso ver a Dulce. - Abri os olhosd, ainda enfraquecido, odiando que cada vez que eu tentava dormir essa merda vinha para me atormentar.

           - Ah Christopher, não acredito que você está acordado. Eu estive tão preocupada...- Vi minha mãe, mas com dificuldade para focar nas coisas ao meu redor. Minha cabeça estava confusa, tentei me sentar, mas a dor era alucinante, então desisti.

          - Mãe, eu quero ver a Dulce... Alfonso está morto e a culpa é minha...Ela vai me odiar...Eu o matei...

          - Você não está dizendo coisa com coisa, Christopher. Eu vou chamar a enfermeira! - Tentei dizer para que ela não fosse, não querendo voltar a ser sedado e sabendo que era exatamente isso que eles fariam comigo.

            - Só me diz como ela está. Quem está cuidando dela?

             - Christopher, Dulce ainda está fragilizada. Sua grávidez é de risco, você sabe...Mas, por que toda essa preocupação, meu filho? - ela perguntou, confusa.

            - Por nada, eu só...preciso saber. - falei com dificuldade. - Aonde ela está?

            - Dulce está passando alguns dias em nossa casa. Alfonso me pediu que eu ficasse de olho nela e nos bebês e é isso que pretendo fazer de agora em diante. - A voz da minha mãe foi dolorosa.

           - Eu preciso vê-la...

           - Eu não posso trazê-la aqui ainda, ela quase sofreu um aborto quando descobriu do acidente. Isso só a deixaria mais transtornada, entende? - Bati a cabeça com força no travesseiro e fechei os olhos. Eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a esses bebês, nunca! - Filho, eu sei que está preocupado, mas a Bianca está lá fora ansiosa para ver você, vou deixá-la entrar enquanto você se acalma. - Alexandra disse e se afastou não me deixando outra escolha.

          " E merda, eu não queria ver a Bianca, eu queria ver a Dulce", pensei frustado.