Fanfic: Aconteceu Você - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy

CHRISTOPHER

     - Não mesmo! - Bianca gritou me tirando do sério, assim que contei a ela que queria o divórcio.

     - Acabou, eu não amo você. Será que é tão difícil assim de entender?

     - Mas eu te amo, Christopher.

   - Isso não importa! - esbravejei enquanto a observava andar de um lado para o outro. Mas, sinceramente, eu estava era aliviado por finalmente ter tido coragem de fazer o que era certo.

    - Eu não posso viver sem você... - ela choramingou daquela maneira irritante, e eu a ignorei, pronto para sair da sala. - Christopher...me dê ao menos dois meses. Só esse tempo, por favor - pediu desesperada. - O aniversário do meu pai está  perto, e eu não quero que ele saiba da nossa separação até lá, por favor. - Merda, eu entendia a sua preocupação porque sabia o quanto ela valorizava a opinião do pai. Essa era uma das poucas coisas que tínhamos em comum, no final das contas.    

       - Tudo bem - disse contrariado. - Eu te darei dois meses, mas a minha decisão não irá mudar, Bianca. A partir de agora dormiremos em quartos separados.

       - Por que não podemos aproveitar esse tempo que nos resta? - Não me dei ao trabalho de responder e fui em direção ao escritório do meu apartamento. - Tem alguma mulher por trás dessa sua decisão, não tem? Eu posso sentir.

        - Não me interessa o que você pode ou não sentir, merda, o que eu faço com a minha vida não é mais da sua conta.

         - Ainda é sim, querido, nós não estaremos separados até que eu assine os papéis do divórcio. Porém até lá, o que você faz interfere na minha vida e na do meu pai. - Sem paciência, eu a encarei furioso. Bianca não seria nem louca de atrapalhar o processo do divórcio, porque antes disso acontecer eu a esganaria.

          - Não ouse envolver seu pai nessa história, se eu souber que pretende dificultar os meus planos, eu faço com que se arrependa, Bianca. Escute o que estou te dizendo.

          - Não tenho medo das suas ameaçãs, sei que você não joga limpo, é um egoísta, filho da puta, mas eu também sei jogar esse seu jogo, Christopher - Bianca disse com um sorriso cheio de malícia enquanto se afastava.

           Sem a sua presença tranquei o escritório e me sentei na cadeira em frente à mesa, pensando não só na discussão que acabou de acontecer como também na vontade que eu estava de rever a Dulce. Tinham se passado dois dias desde o dia que jantamos juntos, e não conseguia parar de pensar nela um só segundo. O sorriso alegre que surgia em seu rosto quando falava dos bebês, o seu perfume adocicado e, principalmente, o brilho em seus olhos. Eu queria estar com ela agora mesmo se fosse possível, mas a culpa pelo que estava fazendo me deixava receoso.

           Peguei o celular e disquei seu número, que já sabia de cabeça e esperei que ela atendesse.

          - Oi? - Uma voz rouca e sonolenta atendeu.

          - Te acordei?

          - Mais ou menos, eu estava tentando ler, mas devo ter cochilado.

          - Eu precisava ouvir sua voz. - A linha ficou em silêncio e eu continuei: - O que você fez hoje? - Me recostei contra a cadeira e fechei os olhs, esperando sua resposta.

          - Tive aula essa manhã, tentei estudar um pouco à tarde, mas estou muito atrasada. Perdi muitas aulas nesse semestre e agora tenho que correr atrás para tentar recuperar nas provas finais. - Como ela conseguia conciliar tudo isso?

           - Como vai ser quando eles nascerem?

           - Acho que vou ter que trancar, pelo menos por um semestre. Eu quero estar com os bebês, aproveitar cada segundo, mas não queria mais imterromper meus estudos, sabe? Vou deixar para decidir sobre isso mais para frente - ela falou e percebi o quanto isso parecia chateá-la, mas, de repente, enquanto pensava no que dizer para animá-la, escutei uma risada alta do outro lado da linha.

         - O que foi?

         - Eles estão me chutando. Os dois ao mesmo tempo.

         - Sério?

         - Hum-hum, você acordou a nós três - disse contente.

         - Eu queria estar aí, Dulce - falei sinceramente, porque eu queria poder cuidar dela e dos bebês e isso surpreendia até mesmo a mim. - Você acha que algum dia conseguirá me perdoar?

         - Christopher, eu não sei.

         - Mas você quer isso? Quer estar comigo?

         - Olha, eu tenho que desligar, tenho aula amanhã cedo e preciso dormir. - Merda!

         - Tudo bem.

         - Boa noite! - Dulce disse rapidamente e desligou.

         Esse parecia um daqueles momentos em que a gente costuma rever cada decisão e ação tomada e se pergunta : O que raios estamos fazendo com a nossa vida? Porque, porra, estava tudo errado!