Fanfic: Aconteceu Você - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy

DULCE

    Um mês depois....

     - Você tem visita, senhorita - ângela entrou na sala de jantar e disse mal~-humorada enquanto eu terminava de tomar o meu café da manhã.

     - Quem? - perguntei enfiando um bolinho de mel na boca.

     - O primo do Alfonso - respondeu, e percebi que ela ainda não gostava de ver Christopher ao meu redor. Ângela era fiel à memória do Alfonso, ele sempre a tratou muito bem e ela, inclusive, sabia que os dois não se entendiam.

        Por isso, desde que o Christopher enfiou na cabeça que queria estar por perto e fazer parte da minha vida, aparecendo aqui em casa, ou telefonando tarde da noite, ela fazia essa cara e saía resmungando porta afora.

         Mas, no fundo, Ângela não fazia por mal, tudo o que ela queria era me ver bem e em paz.

         - Deixe-o entrar, por favor - pedi lembrando do dia em que fui internada após ter passado mal. Foi ele quem acabou ficando comigo a tarde inteira, mesmo sob os meus protestos e o da sua mãe, mas, como sempre, Christopher ignorou as vontades dos outros e se focou apenas na sua.

        Naquele mesmo dia, Christopher me contou que havia pedido o divórcio a Bianca, e, não vou negar, escutá-lo dizer tudo aquilo mexeu com minhas emoções. Porém, mesmo assim eu me esforcei para mostrar indiferença e agir como se sua revelação não tivesse me afetado.

         E se eu fiquei surpresa com a sua devoção enquanto eu estava internada, depois que pude voltar para casa, então, a situação só saiu ainda mais fora do controle. A forma como ele me olhava e tentava me tocar constantemente se tornou frequente, eu via o desespero em seus olhos cada vez que eu lhe pedia para se afastar e me dar um espaço... Mas Christopher era persistente e nesse último mês tentou ferozmente vencer minhas barreiras.

           - Bom dia, anjo - ele murmurou ao entrar na sala de jantar e beijou minha testa. Olhei para ele e tudo o que encontrei foi um homem cansado. Seu terno estava em sua mão, seu cabelo muito bem arrumado, mas as ruguinhas de expressão o delatavam.

             - Bom dia, está tudo bem? - perguntei sinceramente preocupada.

             - Tudo, eu só...tive uma semana difícil.

             - Aceita um café, senhor Uckermann? - Só aí me dei conta de que Ângela ainda estava atrás da gente observando nossa interação.

              - Não! Christopher respondeu em um tom de voz firme, que a fez olhar de cara feia para ele. - Eu tomei antes de sair de casa, mesmo assim obrigado. - Ela bufou deixando claro seu desgosto e marchou em direção à cozinha. - Como vocês estão essa manhã?

               - Ótimos, eu estou sendo chutada desde o momento em que acordei e Ângela até me deiou comer um docinho - falei sorridente e isso o fez relaxar um pouco. - Mas... me diz, o que te preocupa?

               - Não é nada, quer dizer, pelo menos nada que seja importante.

               - Hum...- Foi o único murmúrio que consegui dar. Se ele não queria se abrir comigo, eu não insistiria. Volte a dar total atenção ao meu café e ignorar o fato de que vê-lo cansado me incomodava.

             Quando terminei, subi para o meu quarto e acabei de me arrumar, já que Christopher estava aqui simplesmente porque tinha insistido ao telefone, à noite passada, em me dar uma carona para a casa da sua mãe essa manhã. Alexandra queria reunir toda a família, mesmo que Bianca estivesse viajando.

                    ***

              - Você está linda - Christopher sussurrou enquanto me ajudava a entrar em seu carro esportivo.

             - Obrigada. - Ele deu a volta e ligou o  motor, sem fazer questão de ligar o som para abafar o silêncio desconfortável. Christopher sabia lidar com esse tipo de tensão melhor do que qualquer outra pessoa que eu conhecia e, enquanto arrancava para fora da garagem do meu prédio, eu fui atraída pela forma como suas mãos seguravam o volante do carro. Não seja tonta, Dulce, e pare de encará-lo....- Christopher...- Ele se virou rapidamente para me olhar. - Por que você decidiu fazer vasectomia?

              Meu Deus, de onde tinha vindo isso? Quer dizer, essa era uma questão que sempre me deixou curiosa, mas nós não tínhamos intimidade para esse tipo de conversda. Me olhando, ele respondeu:

              - A verdade é que eu nunca quis ter filhos, e depois que a Anahí morreu isso só me deixou mais decidido a não colocar criança nenhuma nesse mundo. Naquela época, eu pensava que se não fosse com ela, não seria com mais ninguém. - Uau, eu fiquei sem graça por conseguir sentir a intensidade com que ele falava nela! - E quer saber qual é o meu maior arrependimento hoje?

              - Hum?

              - Não poder dar isso a você, eu me odiei quando descobri que você estava grávida do Alfonso, me senti um inútil porque essa era a única coisa que não teria como te proporcionar. Esses bebês que você carrga, Dulce, deveriam ser meus...Só que...

             - Pare - pedi e, como toda grávida boba, já estava com os olhos cheios de lágrimas.

             - Deculpe, eu...Eu não quis te deixar assim.

            - Não, a culpa não é sua, é só que eu não gosto que fique dizendo essas coisas, Christopher, sobre mim ou sobre a gente. Acabou.

             - Eu não desisti do que...

           - Isso não é um jogo ou um desafio, é a minha vida! - eu praticamente gritei, mas ele não respondeu nada, nem me mandou calar a boca ou me ofendeu como teria feito no passado, o que de certa maneira me deixou surpresa.