Fanfic: Aconteceu Você - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy

CHRISTOPHER

     - Eu a encontrei caída no chão, não sei o que aconteceu. Eu só saí por alguns minutinhos e ela estava bem. - Ângela chorou ao meu lado, e depois de tentar ligar para a minha mãe, que não tinha atendido, ela entrou em contato comigo imediatamente.

     - A situação dela é de risco, ela teve sangramento e um descolamento prematuro da placenta. Se não melhorar com a medicação e o repouso, nós teremos que fazer uma cesariana. - Eu não estava esperando ouvir aquilo e meio que perdi o chão, a ideia de que algo pudesse acontecer com a Dulce e que ela...Não, isso era inadmissível!

      - Eu quero que o senhor faça o possível e o impossível para que nada aconteça a ela, está entendendo? - rosnei e isso deixou ele e Ângela assustados. - Não me importo com o custo, com quantos médicos tenham que estar aqui, nada pode acontecer a ela e nem a esses bebês!

     - Nós faremos tudo o que estiver ao nosso alcance, Sr. Uckermann. Dulce é minha paciente há alguns anos e eu tenho um carinho grande por ela. Enquanto estiver sob os meus cuidados, eu farei o que é melhor para ela. - Carinho grande? Eu me levantei da cadeira na sala de espera e, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Ângela me cortou.

      - Eu só não consigo entender porque isso aconteceu.

      - O deslocamento é comum em pacientes com pressão alta, senhora, e a queda que ela levou ao desmaiar também pode ser outro fator. Eu sempre disse que a gravidez da Dulce era de risco.

      - Mas ela estava tão bem.

      - Isso costuma acontecer de repente mesmo, ela teve algum tipo de irritação nos últimos dias? - Ângela me encarou como se eu também fosse culpado por isso e eu retribuí o olhar irritado.

       - Não deixe que nada aconteça com ela doutor...- ela pediu.

       - Como eu disse, nós faremos o possível. No momento, eu quero mantê-la em repouso absoluto. Qualquer melhora no seu estado, eu os aviso, tudo bem?

        - Nós ficaremos esperando - respondi mal-humorado e voltei a me sentar.

        Ângela apenas esperou que o médico se afastasse e começou o interrogatório.

        - Você esteve com ela hoje?

        - Não.

        - Mas alguém esteve lá em casa, o telefone estava no chão e a porta estava aberta quando eu cheguei. Tem certeza de que não foi você? Alfonso nunca gostou do senhor e ...

        - Tem certeza disso?

        - De que o Alfonso não gostava do senhor?

        - Não, de que alguém esteve lá.

        - Absoluta. A menina nunca fica com a porta aberta.

        - Eu vou descobrir quem foi, ângela. Não precisa se preocupar com isso.

        - Como? - ela perguntou incrédula.

        - O prédio deve ter monitoramento de quem entra e sai. Não vai ser difícil. -Ângela aquietou ao meu lado e não voltou a me fazer perguntas idiotas. Acho que nós dois estávamos assustados o bastante para não ficar jogando conversa fora nesse momento.

               ***

         - Onde a senhora está, mãe? - pergunteo quando ela finalmente atendeu a porcaria do telefone depois de ter me feito ligar uma centena de vezes.

         - Nós precisamos conversar, Christopher, e é sério.

         - A senhora não ouviu nenhuma das minhas mensagens?

        - Escutei, mas preciso conversar com você antes. Bianca esteve aqui e me contou tudo sobre a Dulce, filho, eu não posso acreditar que você escondeu algo tão importante assim de mim - ela falou, mas tudo o que eu conseguia sentir era o seu choque. Esse era um assunto delicado, que eu não estava com a menor paciência para discutir agora.

         - Esse não pe o melhor momento, mãe. Além disso, toda essa história ficou no passado.

         - Não posso acreditar nisso, você e seu pai...Ele fez o mesmo, meu Deus!

         - Olha, se quiser ficar aí se martirizando pelo que aconteceu no passado, tudo bem. Dulce não tem nada a ver com o que o meu pai fez com a senhora. Ela é a vítima nessa merda toda e se não está com disposição para ajudá-la, eu acho melhor desligar agora.

         - Como você consegue aceitar isso? Ela era uma prostituta...

         - Eu a amo, achei que já tivesse entendido isso. - Alexandra respirou fundo no outro lado da linha. - E ela precisa de você, por favor, mãe...

         - Certo, eu estou indo para aí, mas não ache que, quando estiver melhor , nós não iremos conversar, porque nós iremos sim.

         - Tudo bem, e, mãe...obrigado.

              ***

          - Que bom que te encontrei em casa... - disse de maneira bruta para Bianca assim que entrei em meu apartamento.

          Depois de ter passado quase a manhã inteira esperando por informações sobre o quadro clínico de Dulce, a primeira coisa que fiz, assim que min ha mãe chegou ao hospital para ficar com a Ângela, foi ir até o prédio onde meu anjo morava e pedir acesso às câmeras.

         Claro que antes precisei fazer uso de bons argumentos para conseguir o que queria. E bastou ameaçar chamar a polícia e entrar com um processo contra o funcionário e o síndico do prédio, que fui rapidamente levado até a sala de monitoramento.

        E, porra, assim que coloquei os olhos na Bianca, entrando tranquilamente no edifício, eu senti meu sangue ferver. E a verdade é que eu fiquei furioso comigo mesmo por expor Dulce à raiva da louca da minha esposa.

        Eu sabia que ela era mimada e egoísta, mas nunca imaginei que Bianca pudesse fazer algum tipo de maldade para a mulher que um dia tinha sido sua melhor amiga.

        - Digo o mesmo.

        - Como você pôde fazer uma maldade como essa? - A segurei pelo braço, sem a menor paciência, deixando-a perplexa. Dulce está entre a vida e a morte no hospital e você com essa cara cínica no rosto?

        - Eu não sei do que você está falando - ela tentou se safar, mas eu senti a amargura em sua voz.

         - Não se faça de sonsa. E tem mais, Bianca, arrume as suas malas porque eu quero você fora do meu apartamento ainda hoje. E pode apostar que seu pai irá saber o motivo pelo qual eu estou te colocando para fora.

        - Você não vai fazer isso! Meu pai vai me matar se souber...

        - Pois é, eu também não me importo. Pode ir começando a juntar as suas porcarias ou eu mesmo farei.

         - Você é um idiota...me trocando por uma prostituta!

        - Eu deveria ter feito isso antes, ou melhor, eu nunca deveria ter me casado com você. Se eu tivesse ficado com a Dulce desde o começo, nada disso estaria acontecendo.

        - Do que você está falando?

        - Eu já a amava quando fiz a besteira de casar com você, Bianca. Era nela que eu pensava enquanto te fodia, era ela que eu desejava o tempo todo. Eu só fui um babaca para não ter enfrentado a verdade desde o princípio. - Bianca partiu para cima, me dando um maldito tapa na cara. E antes de fazer a merda de bater nela, eu a joguei no sofá. Não iria me sujar por tão pouco.

         - Não vou cair no seu joguinho, não vou te bater porque sei que é isso que você quer. ME escute bem o que vou te dizer agora... - Ela me fuzilou com ódio. - Se você voltar a se aproximar da Dulce, eu te denuncio. Eu sei que foi você que esteve em seu apartamento, e tenho certeza de que se imprensa descobrir, a carreira do seu pai vai sofrer um grande abalo, entendeu? - Ela jogou o livro da mesa de centro na minha direção e por pouco não me acertou.

          Depois de dizer tudo o que precisava, eu fui para o meu escritório cuspindo fogo e bati a porta com força quando entrei. Eu tinha que voltar para o hospital, não pretendia ficar longe mais um minuto que fosse da Dulce, mas antes teria que passar por cima do meu orgulho e pedir um enorme favor ao Henry James.