Fanfic: Aconteceu Você - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy

CHRISTOPHER

     - Meu filho, se acalme. Não vai adiantar nada você ficar desse jeito. - Minha mãe tentou enfiar isso na minha cabeça, mar era impossível.

       Já tinham se passado dois dias desde que Dulce deu entrada no hospital em estado crítico. E nesse tempo, enquanto tentava não enlouquecer de preocupação, eu aproveitei para contar toda a minha história com a Dulce para a minha mãe: dos erros imperdoáveis que cometi, do quanto meu orgulho me atrapalhou a ficar ao lado da mulher que eu amava e, principalmente, sobre o que a Bianca havia feito.

         Eu queria que Alexandra entendesse que não era ela a coitadinha dessa história. E sim a Dulce.

        - Como você quer que eu me acalme? Dulce vai ter que passar por uma cesárea de emergência. Ela não queria isso... - Nós tínhamos recebido essa notícia há poucos minutos quando depois de outro dia inteiro esperando alguma melhora, o Dr. Richard nos avisou que a cesárea seria a punica maneira de tentar salvar a Dulce e os gêmeos.

          - Meu Deus, ainda não consigo acreditar que a Bianca foi capaz de algo assim, querido. Eu cometi tantos erros ao pensar que ela poderia te fazer feliz...- Ela se culpou.

          - Não quero nem falar sobre a Bianca agora, mãe. O que eu precisava decidir sobre o meu casamento já foi resolvido. Contei essa manhã ao pai dela que quero o divórcio e expliquei por alto os meus motivos. Ele vai obrigá-la a assinar os papéis se ela se negar...

          - Você fez algum acordo? - perguntou preocupada.

          - O que a senhora acha? - Ficou acertado que eu teria que pagar uma pensão monstruosa àquela miserável, mas se isso fose mantê-la longe da Dulce, eu não podia me importar menos.

         - E como você pretende lidar com o que vai acontecer depois, Christopher? E se Bianca espalhar para nossos amigos que você a abandonou por causa de uma prostituta? - Alexandra sussurou a última parte e eu já tinha pensado em tudo, por isso mesmo o acordo. Se ela ousasse contar à algu´me e eu descobrisse, Bianca e o pai teriam que me indenizar em milhões e eu sei que ele odiaria se desfazer de tanto dinheiro. Foi por isso que recorri ao Henry. Ele, mais dfo que ninguém, iria querer preservar a identidade da Dulce e o apoio dele contra a Bianca foi fundamental.

         Resolvi tudo isso em menos de dois dias, apenas para não chegar lá na frente e ter qualquer surpresa desagradável.

          - Eu já lidei com tudo, mãe, Bianca não vai dizer nada a ninguém. Ela e seu pai não seria loucos de irritar as pessoas erradas.

          - E o seu pai, Christopher? Ele não vai aceitar isso quando descobrir.

          - Ele não precisa descobrir, a menos que a senhora conte, não é?

          - Eu não faria isso. - Ela não insistiu em conversar depois disso e eu estava tão nervoso à espera de notícia sobre a situação da Dulce que não podia estar menos preocupado com a opinião do meu pai.

           Depois de ter outro sangramento essa tarde, e com a pressão difícil de ser controlada, o Dr. Richard decidiu operá-la o quanto antes.

            - Ela vai ficar bem, filho - minha mãe disse ao ver meu desespero.

            - É o que eu espero, caso contrário...- Não consegui concluir e Alexandra me olhou assustada. Merda, eu estava perdendo a cabeça aqui todo esse tempo trancafiado nesse hospital sem ter certeza de nada.

            Nós estávamos completamente no escuro.

                  ***

         - Christopher... - Acordei com minha mãe me chamando, eu tinha cochilado de qualquer maneira na cadeira da sala de espera. Minha roupa estava amarrotada, minha barba por fazer...

          - Alguma notícia sobre a Dulce?

          - O quadro dela é instável, meu filho, mas os bebês estão bem.

          - Instável, como? - perguntei já me levantando.

          - Ela perdeu muito sangue, teve dois incidentes em menos de dois dias e eles não conseguiram manter sua pressão baixa durante o parto. Por isso insistiram nessa cesárea, os bebês estavam correndo risco...

          - Mas e ela, mãe? Eu quero saber dela.

      - Dulce ainda está em observação, ela teve uma parada cardiorrespiratória, mas conseguiram reanimá-la... - O quê? - Christopher?

       - Eu preciso estar com ela...Cadê o maldito médico que disse que não deixaria que nada acontecesse? - Eu estava transtornado, eu poderia tê-la perdido enquanto dormia. Isso foi um baque maior do que eu esperava.

          Meu coração batia descontrolado e a única vontade que tinha era de gritar com alguém, com qualquer um, desde que isso aliviasse o medo que eu estava sentindo nesse momento.

               Eu quase a perdi...

              - Filho? - Minha mãe me obrigou a sentar novamente e me olhou compreensiva. Ou seria com pena? - O Dr. Richard me garantiu que o risco maior era durante a cesariana, agora ela só precisa de repouso e descanso. Ficar nervoso não vai ajudar em nada.

            - Ela poderia ter morrido, mãe... Sabe como eu me sinto? Eu tenho tanta coisa pelo que me desculpar, tanto para fazer por ela ainda. E, de repente, eu poderia ter perdido tudo... A dor é esmagadora...

            - Eu sei que é, Christopher, eu sei, mas você não a perdeu. Dulce vai ficar bem, ela é uma moça forte e vai fazer de tudo pelos filhos.

             - E como eles estão? - Ela abriu um sorriso genuíno ao falar sobre os bebês.

            - Estão ótimos, eu nunca vi dois bebezinhos tão lindos. Você quer vê-los? - " Eu queria?", me perguntei.

           - Sim.

            Alexandra me levou até o berçário para que eu pudesse ver os dois, eles pareciam tão frágeis vistos daqui de fora e, pelo que minha mãe contou, teriam que ficar por alguns dias na incubadora até ganharem peso.

            - Você tem certeza de que eles estão bem?

          - Claro que sim.

           - Eles são tão pequenos...

           - Eles irão crescer.

           - Você acha que a Dulce ficará bem? - falei sem conseguir encará-la. Eu ainda estava vidrado nos dois bebês.

           - Ela tem que ficar, meu filho, esses dois precisarão muito dela.

          - Eu também vou precisar mãe, eu também vou. - Ela me encarou perplexa, mas não falou nada, acho que percebeu o quão cansado eu estava e me deixou em paz.

           ***

          - Você precisa comer algo, Christopher, não pode continuar dessa forma. - Eu tinha passado outro dia inteiro esperando para ver se aparecia uma oportunidade de ver a Dulce, mas nada. Ela ainda estava em observação e sem poder receber visitas. Eu e minha mãe tínhamos passado a manhã inteira ao redor dos gêmeos mesmo que ainda não tivéssemos permissão para pegá-los no colo.

            A cada hora que passava, eu ficava mais e mais inquieto, andando de um lado para o outro, completamente nervoso.

            Meu pai queria que eu voltasse para o escritório, eu realmente tinha mmuito no que trabalhar, mas minha mente estava focada apenas nesses três.

            - Christopher, a Ângela veio para nos substituir, ela nos avisará se houver alguma melhora. N~´os dois precisamos ir para casa um pouco...

            - Eu não quero ir.

            - Deixe de ser teimoso e venha comigo. Assim que você estiver descansado poderá voltar.

           - Que seja! - Não estava com fôlego para discutir com ninguém nesse momento, e talvez fosse bom mesmo ter algumas horas de sono antes de saber o que viria pelos próximos dias.

             ***

       No momento em que me disseram que Alexandra e eu teríamos permissão para pegar os gêmeos por alguns minutos no colo eu fiquei completamente sem reação.

       Foi difícil a princípio me acostumar com o fato de que eu estava carregando nos braços os filhos da mulher que eu amava. E naquele instante eu me dei conta do quão preciosa e frágil era a vida. Do desperdício que era passar a vida inteira perseguindo o poder e acumulando bens materiais...Quando na verdade é que nada disso se comparava a emoção de segurar uma coisinha tão pequena como a que eu estava segurando agora.

        Esses bebêds eram a vida da Dulce. O motivo pelo qual ela foi tão forte nesses últimos meses. E essa era uma das qualidades que eu mais admirava nela. Meu anjo não virava as costas para os problemas, ela não desistia ou se entregava. Nem mesmo quando a vida lhe dava rasteiras. E foi assim, com esse pensamento e olhando ternamente os seus filhos, que eu desejei que as coisas pudessem ser mais fáceis para ela.

         Tentei me apegar também à conversa que tinha tido essa manhã com o Dr. Richard, e segundo ele, Dulce provavelmente seria trasnferida para o quarto hoje, o que já era um enorme avanço...

         Desculpe interromper, mas está na hora deles voltarem para a incubadora. - A enfermeira nos avisou enquanto Alexandra e eu nos entreolhamos não gostando muito desse fato.

         Era estranho para um homem como eu admitir, mas bastou um olhar para saber que os dois já eram parte da minha vida. Que seriam meus, assim como a mãe deles.

             ****

         - Vocês podem entrar, mas lembrem-se de que será só por alguns minutinhos. - Fomos informados pela enfermeira-chefe do andar da Dulce e eu acho que não tinha nem palavras para explicar o quão nervoso e ansioso eu estava para ver o meu anjo.

           Entrar em seu quarto e colocar os olhos sobre ela, ter a certeza de que ela ficaria bem, era tudo o que eu precisava. Dulce estava com uma aparência abatida, a área ao redos dos olhos escura e seu rosto estranhamente pálido. Mas o que eu poderia esperar?

         - Como você está se sentindo? - perguntei receoso e ela sorriu da melhor maneira que pôde.

         - Acho que bem, não entendo direito o que aconteceu. O Richard teve que conversar comigo quando eu acordei. Só estou triste porque ainda não me deixaram ver meus bebês, me disseram que eles são lindos e não vejo a hora...

          - Eles realmente são, Dulce, Christopher e eu estivemos com eles essa manhã, não é, filho? - Minha mãe nos interrompeu. - Já pensou nos nomes, querida?

           Dulce assentiu alegre, apesar do cansaço estampado em seu rosto.

           - Sim, pensei em Alice e Alfonso...- Ela não me olhou quando disse os nomes, e meu estômagop revirou. Não queria ter que lembrar do meu primo a cada vez que os visse. O quão esgoísta isso me tornava?

         - Ah, Dulce, é uma homenagem linda essa que você está fazendo ao Alfonso - minha mãe falou, emocionada. - Tenho certeza de que onde quer que ele esteja, deve estar muito feliz por ver que vocês três estão bem. Isso era tudo o que ele queria. - Engoli em seco e me afastei, me recusando a escutar isso.

           - Eu o amava, Alexandra, ainda é difícil passar por isso sem ele ao meu lado, mas eu sei que vou conseguir. - E eu não contava? Eu estava ao seu redor todos os dias apenas esperando por uma chance de ficar ao seu lado. Será que ela não se dava conta?

            - Eu sei que amava, querida, e você tem sido muito corajosa lidando com tudo da forma como tem feito. Muitas pessoas não conseguiriam, sabe?

             Sem conseguir suportar a conversa, saí da sala para colocar a cabeça no lugar. Claro que eu sabia que teria que lidar com esse tipo de situação, Alfonso sempre seria lembrado, eu só tinha que aprender a conviver com isso sem sentir meu coração ser dilacerado a cada momento.