Fanfic: Aconteceu Você - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy

DULCE 

     Cheguei em casa apressada, preocupada, porque tinha mil ligações da Ângela e do Christopher em meu celular. Eu não queria ter ido até a empresa do Louis essa tarde, mas ele tinha insistido que precisava acertar alguns detalhes da minha contratação antes que eu começasse na próxima semana.

       - O que aconteceu, Ângela? - perguntei assim que entrei no quarto dos gêmeos.

      - O Alfonso teve um pouco de febre, menina, e nós ficamos preocupadas. A sorte foi que o Christopher chegou e telefonou para o médico. Agora está tudo bem, ele já tomou o medicamento e eu acabei de medir a sua temperatura - ela falou com meu filho no colo. Pelo visto, ele tinha acabado de adormecer.

        - Como assim, febre? - Estendi a mão para sentir sua testinha. - Quando eu saí de casa, ele estava bem... - falei sem entender.

        - Eu sei, menina, não tinha como prever que ele acordaria do descanso da tarde assim...Não fique preocupada. - Como eu não ficaria? Eu era mãe de primeira viagem, totalmente responsável pelo bem-estar deles. Se acontecesse qualquer coisa com algum dos dois, eu não sei o que seria de mim.

          - Oh, meu bebê, a mamãe está aqui agora - falei baixinho, quando, vendo minha expressão assustada, a Ângela o colocou em meus braços.

           Suspirando de alívio ao ver que seu corpinho também  estava em uma temperatura boa, eu não me preparei para escutar a voz com tom de reprimenda vindo da porta.

            - Finalmente, não é? - ele disse seco.

            - Christopher, eu não sabia que ele estava assim. Se eu soubesse...

            - Você teria feito o quê? Marcado um encontro com o Louis outra hora? - Por que ele estava me tratando assim?

           - Qual é o problema, amor? - Olhei para ele não entendo sua reação e percebi o quanto ele estava nervoso.

            - Vamos conversar no quarto, Dulce.

      Entreguei Alfonso a Ângela novamente e segui atrás dele, aflita, porque não tinha a menor possibilidade de contar sobre minha gravidez, se ele continuasse agindo dessa maneira.

             - Pensei que você fosse mais responsável. - Eu o olhei, perplexa.

            - Já disse que não sabia, Christopher! - Eu nunca teria saído e deixado meu filho passando mal para que outras pessoas cuidassem dele.

            - Assim como você não sabia se me contava ou não que está grávida? - ele me apontou injustamente, com a raiva transbordando de todos os lados.

             - Como....você sabe?

             - Até quando você esconderia isso de mim?

              - Eu...Eu...descobri isso ontem, Christopher, eu ia te contar, só que...

             - Quem é o pai? - O quê? Recuei imediatamente, me sentindo desnorteada sem conseguir sequer acreditar que ele tinha acabado de me perguntar essa merda.

             - Eu não acredito que você está...

             - Quem é o pai, Dulce? - Com um passo ele estava à minha frente segurando com força o meu braço. Inevitavelmente, eu não consegui segurar as lágrimas que começaram a descer descontroladas pelo meu rosto. "Isso não podia estar acontecendo, não podia...", pensei enquanto tentava respirar.

             - É o Louis? Foi por isso que você largou o Alfonso passando mal? Decidiu ir contar a novidade para o papai? - Senti um ódio tão profundo dele nesse momento. Como ele podia fazer isso com a gente depois de tudo o que aconteceu. Eu pensei que houvesse confiança, que ele tivesse deixado o meu passado para trás.

             - O Louis não é o pai! - Mal consegui dizer.

             - Então quem é, Dulce? Quem foi o babaca com quem você transou? Você precisou de dinheiro, foi isso? - Christopher realmente disse o que eu tinha acabado de escutar?

           Se não fosse pelos gêmeos, eu juro que sairia naquele momento e o Christopher nunca mais me veria. Afastei-me dele tentando me acalmar, eu não o deixaria me abalar com sua estupidez e muito menos prejudicar o meu bebê. Toquei minha barriga instintivamente.

              - Me responda, porra!

              - Você é um babaca, Christopher, o maior de todos! - gritei e lhe dei as costar, querendo me manter longe dele.

            - Aonde você pensa que vai? - Ele me puxou quando tentei passar pela porta.

            - Para bem longe de você!

            - Ah, mas não vai mesmo, não sem me dizer! - ele rosnou, com a mão firme em meu pulso.

            - Eu não fui para a cama com mais ninguém, Christopher, eu juro! Esse filho é seu! - falei desesperada tentando entender como ele podia ser tão cabeça-dura.

            Esse bebê era nosso, como ele podia pensar o contrário?

            - Eu não sou idiota, Dulce, e você também não, Eu confiei em você, acreditei que pudesse ser a mulher da minha vida, porra, eu enfrentei tudo para ficar com você e como você me retribui?

            - Christopher, eu estou falando a verdade, acredite em mim, por favor...- tentei convencê-lo, mas minha voz estava embargada pelas lágrimas e a dor que me consumia.

           - Não tem como, então nem se dê ao trabalho de falar mais nada. Se você não vai me contar quem foi, eu não quero ouvir mais nada! - Ele soltou meu braço e se dirigiu furioso à porta. - Converse com o Edgar sobre o que é melhor para você. Se você vai ou não continuar nessa casa é problema dele agora! - falou indiferente e saiu sem me dar a chance de me explicar. Para deixar a cena ainda mais dolorosa, ele arrancou um dos testes que eu tinha feito na noite passada e jogou aos meus pés.

            Escorreguei, sem forças, e sentei-me no chão, chorando copiosamente, enquanto pensava no que fazer. Será que em nenhum momento ele pensou que poderia ser dele? Christopher nem sequer me deu o benefício da dúvida e já foi logo apontando o dedo para mim. E, meu Deus, eu estava tão...entorpecida e exausta que não encontrei forças para sair do chão.

            A única coisa que sabia nesse momento é que não queria perder ele novamente.

                   ****

             - Senhorita, acorde! - Ainda sonolente, escutei a voz da Ângela me chamando e isso serviu apenas para me fazer encolher ainda mais. - Acorde, senhorita, o Alfonso está passando mal novamente. - Isso bastou para me tirar da crise de autopiedade e despertar.

             - A febre voltou? - perguntei tentando abrir os olhos.

             - Sim, e está ainda mais alta. Eu procurei o Christopher para que ele ligasse para o médico, mas não o encontrei e ...

               - Não, esquece o Christopher. eu tenho o número, Ângela... - peguei meu celular no criado-mudo e passei o número para que ela ligasse enquanto eu corria para o quarto para ver o meu bebê.

           Maria estava com ele no colo, a expressão aterrorizada, e eu logo o peguei, estranhando que estivesse tão quietinho. Normalmente ele chorava quando algo o incomodava, por isso não gostei de vê-lo assim, isso era sinal de que ele estava realmente doente.

               - Meu amor, não deixe a mamãe preocupada não... - sussurrei o fazendo arregalar os olhinhos azuis, que me lembravam tanto o Alfonso. Meu Deus, como eu queria que ele estivesse aqui comigo nesse momento.

               - Ele disse que em poucos minutos estará aqui, Dulce.

              - E a Alice, Ângela, como ela está? - perguntei preocupada, porque minha menina era calma, mas parecia sempre sentir a agitação do irmão.

              - Alice está bem, ela já mamou hoje e logo voltou a dormir. Alfonso não quis mamar, por isso achei melhor te chamar. - Passei a mão pelo cabelinho do meu bebê, que estava suado e com as bochechas vermelhas. Isso não podia ser normal.