Fanfic: Aconteceu Você - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy

CHRISTOPHER

    Depois da noite turbulenta e dos inúmeros uísques que precisei beber para arrancar o gosto da dulce da minha boca, eu acordei com uma ressaca miserável, decidido a deixar esse pequeno incidente para trás, principalmente pelo fato de que estive perto de tomá-la como tantos homens antes de mim o tinham feito.

    Não era difícil entender o encanto que ela causava, Dulce era absurdamente linda. Seu rosto perfeito escondia sua verdadeira índole e me vi facilmente envolvido por ela. Eu quase cedi. Quase cometi o maior erro da minha vida.

    Mas, em algum momento, eu consegui recuperar o meu bom senso antes que fosse tarde demais.

    Mesmo assim, as imagens daquelas longas e macias pernas, da sua calcinha preta quase transparente, deixando claro a inexixtência de qualquer pelo, me deixou excitado por toda a noite. Merda, até mesmo agora meu p** era capaz de reagir com a lembrança.

    Por isso, acordei decidido a fugir da diabinha essa manhã e fui logo cedo para a Uckermann & Associados me preparar para a reunião que teria com meu tio Edgar e o restante da sua equipe.

     Enquanto enfrentava o trânsito pela Quinta Avenida e tentava esquecer o desastre que havia sido a noite passada, eu me lembrei do que Alfonso tinha me dito a respeito de Anahí tê-lo procurado. Eu admito que fui um marido horrível, era ciumento, controlador e nunca tinha tempo para as coisas que ela apreciava. Exigi que Anahí desistisse da sua carreira, impedia suas viagens de volta a Nova Iorque e odiava ainda mais o fato de que ela tenha o amado mais do que a mim.

    Quando conheci Anahí, ela tinha vinte anos e namorava meu primo. Fiquei encantado desde a primeira vez que nos vimos, porque ela era doce, delicada e muito diferente das mulheres com que eu estava acostumado. Naquela época, eu não passava de um garoto  com meus vinte e poucos anos e não era acostumado a ser rejeitado. Como herdeiro de um dos grandes escritórios de advocacia, eu tinha o mundo aos meus pés, principalmente as mulheres.

     Obcecado pela ideia de tê-la, eu fiz de tudo para que ela abandonasse meu primo. Anahí foi relutante, dizia que não podia fazer isso assim, sem mais nem menos, já que os dois namoravam há mais de dois anos. Ficamos juntos por vários meses, enquanto ele se decidia, e nada me deixava mais irritado do que dividi-la. Eu a amava, e a queria para mim. Definitivamente.

     Saturado dessa situação, e cansado das desculpas que ela arrumava para não terminar com Alfonso, eu mesmo dei um jeito de as coisas acontecerem. Acabou que meu primo nos pegou transando em meu apartamento, e nunca nos perdoou. Eu seu que o que fiz pode ser considerado errado, mas eu era um homem que acreditava piamente no lema de que no amor e na guerra vale tudo.

     Com medo de perdê-la, casei-me com ela mesmo sob os protestos das nossas famílias. Mas eu nunca me arrependi de ter feito de tudo para que ela ficasse comigo. Até porque, depois de três anos de casamento, descobrimos que Anahí tinha cancêr. Um pequeno e raro tumor no cérebro que foi consumindo-a ao longo de um ano. Um maldito ano em que eu fui obrigado a assistir a mulher que eu amava morrer sem poder fazer nada, porque ela se recusava veemente a fazer qualquer tipo de tratamento, e isso me matou. Arruinou quem eu era. Desesperado, recorri a outras mulheres e passei a beber frequentemente tentando esquecer o fato de que mais dia, menos dia, eu a perderia.

     Inevitavelmente, Anahí morreu me odiando, porque eu nunca fiz questão de esconder nada dela. eu queria que ela se sentisse culpada por não lutar por sua vida, por desistir da gente sem nem pensar no quanto eu sofreria. Mas, ao contrário do que imaginei, minha atitude egoísta, só a fez desistir mais facilmente.

     Hoje, quase dez anos depois, eu ainda não conseguia me perdoar e muito menos ter vontade de voltar a me casar. Eu nunca seria capaz de amar alguém como amei minha esposa, e se não fui capaz de fazê-la feliz, como poderia fazer alguém por quem não sentiria nada?