Fanfic: Aconteceu Você - Adaptada (Vondy) | Tema: Vondy

DULCE

    Acordei na manhã seguinte, me sentindo um lixo. Além de ter dormido mal, eu não conseguia parar de pensar em tudo o que o Christopher fez. Estava com tanto nojo dele que não sei se conseguiria sequer olhar em sua cara, que dirá fingir ser uma noiva apaixonada.

    O que era uma merda, porque o compromisso dessa noite exigia minha melhor performance. Nós tínnamos sido convidados para jantar na casa do Louis e, como sempre, quando se tratava dele, nada podia dar errrado.

    Resignada com meu destino, esperei dar a hora do almoço e corri para a garagem. Peguei o carro que o Christopher deixou à minha disposição e fui almoçar fora. Eu precisava tomar um pouco de ar, ver pessoas normais caminhando na rua, sentir o chão novamente sob os meus pés e sair daquele mundinho quase perfeito em que estive nos últimos dias.

    A verdade era que, por mais que eu ficasse louca com os beijos do Christopher, por mais que tivesse curiosidade de conhecê-lo profundamente...isso nunca irira acontecer e eu não podia deixar que meus sentimentos "fora do comum" estragassem o trabalho pelo qual estava sendo muitíssimo bem paga para realizar.

    Cheia de fome, acabei indo parar no primeiro restaurante italiano que encontrei e que, por sorte, ficava longe o suficiente da Uckermann & Associados. Fiquei encantada com a aparência do pequeno bistrô e me senti aos poucos voltando ao meu estado normal. Aquele que não sentia absolutamente nada, que não sofria e nem...

    - Dul, eu não sei se deixei claro, mas você não precisa me seguir pela cidade. Se queria me ver era só me ligar, linda. - Não sei se ficava nervosa ou feliz ao ver aquele sorriso descarado todo para mim.

    Uma pena que nem sempre a gente podia escolher por quem se apaixonar...

    - Merda! - Engasguei só com o pensamento. Que história ridícula era essa de ficar divagando sobre paixão?

    - Ei, eu não quis te assustar.

    - Eu sei, é só que...Ah, esquece. De qualquer maneira nosso encontro, não passou de uma coincidência. Só estou tentando ficar longe do escritório.

   - Eu também - ele falou desanimado.

    - Almoça comigo? - Não me julguem! Estávamos sozinhos no mesmo restaurante seria mal-educada não convidá-lo.

    - Adoro quando as mulheres tomam a iniciativa. - Lá estava seu bom humor presente novamente. Ele puxou a cadeira e pegou o cardápio - Como estão as coisas com o Christopher?

    - Não sei se você é a pessoa mais adequada para discutir a esse respeito, Alfonso.

    - Então há algo ser discutido? Quer dizer...vocês estão bem, não estão?

    - Alfonso...

    - Eu só quero ajudar, Dulce, você sabe disso. E outra, eu prefiro que você entre nesse casamento sabendo o que te espera.

    - Eu acho que já sei o que me espera...- admiti sabendo que não o tinha direito de me sentir mal.

   - Sabe?

    - Promete que o que eu irei te contar ficará entre a gente? Porque , se você usar isso contra ele, eu serei a única pessoa que irá pagar por isso.

    - Claro que prometo, eu nunca seria capaz de fazer mal a você. - Estudei sua expressão, tentando lembrar minhas aulas de comportamento humano, as pessoas deixam evidências quando mentem e isso tinha sido discutido uma ou outra vez.

    Que Deus me ajudasse se eu estivesse errada, mas algo dentro de mim dizia que eu podia confiar no homem à minha frente.

    - Eu peguei a Vivian e o Christopher juntos, Alfonso, eu os peguei transando em um banheiro da boate. - Contei deixando claro minha raiva. - Eu os escutei...e aquilo acabou comigo.

     - Se afetou tanto você, é porque o ama, Dul...

     - Eu não sei o que é amor, Alfonso. Eu  nunca amei ninguém antes. - Apenas os meus pais, mas isso foi há tanto tempo que nem me lembrava mais como era esse sentimento, -No começo, eu pensei que fosse apenas uma atração, daquelas loucas, sabe? Só que o Christopher sabe como jogar comigo, ele sabe que, quando diz respeito a ele, eu sou fraca. - Tentei ao máximo ser sincera, porque eu precisava entender o que era esse sentimento dentro de mim, pois ele me dava medo.

    Se eu pudesse, hoje, voltar atrás eu jamais teria aceitado ir para a cama com ele, Eu deveria ter esperneado, gritado...ter feito qualquer coisa para me manter segura.

     Mas eu sabia que precaução nenhuma adiantaria agora.

    Minha esperança era de que quando eu voltasse para Londres e minha vida entrasse nos eixos novamente, academia, aulas, festas com a Babi e meus clientes, esses sentimentos desvairados que ameaçavam me consumir fossem parar de me atormentar.

    - Cada maldito dia que passa, eu o odeio mais, Dulce. - Ele cerrou o punho e seus olhos vibraram de uma maneira esquisita, me causando arrepios.

    - Por favor, você não pode fazer nada com ele, Alfonso. Você prometeu.

    - Não farei, não se preocupe. Mas quando vocês voltam para Londres?

    - Quatro ou cinco dias - respondi e ele se desculpou para poder atender a ligação.

    - Problemas?

    - Nada de mais - respondeu sério e olhou na direção do garçom. Não sei porque, mas, pela sua expressão, eles pareciam ser sérios.

    Pedimos nossos pratos, e assim que terminamos lhe ofereci uma carona até o seu apartamento, já que ele precisava pegar alguns documentos para a reunião dessa tarde e tinha vindo de táxi.

    Meu erro foi ter aceitado seu convite para subir.

    - Seu apartamento é lindo. - Realmente era: todo em mármore com um sofá de couro imenso, lustres elegantes e bem moderno.

     - Aceita uma bebida? - perguntou enquanto folheava os documentos que precisava levar.

     - Ah não, eu tenho que ir. Preciso fazer algumas compras antes do jantar dessa noite.

    - Então, teremos que nos ver essa noite novamente, hein? - Ele sorriu, gostando da ideia.

    - Você também vai?

    - Estranhamente sim. - Por mais que eu gostasse da sua companhia, eu preferia que ele não fosse. Christopher e Alfonso em um mesmo lugar era sinal de problemas, com toda certeza. - Vamos, já peguei os papéis, agora preciso levá-lo à casa de um cliente fora da cidade.

    - Certo...-falei andando na direção do elevador, sendo surpreendida quando ele beijou o canto da minha boca.

    - Você não presta - sussurrei, rindo para ele.

    - Eu sei. - Quando o elevador parou no térreo, nós dois nos despedimos e cada um  foi para o seu carro.