Fanfics Brasil - Nashi, a pequena maga conselheira Arco do tempo

Fanfic: Arco do tempo | Tema: Fairy Tail


Capítulo: Nashi, a pequena maga conselheira

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Kinana cantarolava enquanto cumpria com as atividades domésticas da Fairy Tail, hoje seria um dia muito especial para ela, varria o chão da área externa como se espantasse advindos maus presságios, e espantava mesmo. Girava, sorria e entoava cânticos. Sim, estava feliz. Então, um grupo de magos surge no horizonte. Ela larga a vassoura tão logo que os vê e sai correndo para dentro da guilda.


Kinana: Mira! – gritou eufórica o nome da amiga – Mestre! – chamou com urgência. E continuava clamando por eles repetidamente.


Os dois apareceram carregados de preocupação devido à insistência. Com os olhos repletos de expectativas, Kinana apenas apontou para o grupo que vinha no horizonte. Ambos seguiram com os olhos a direção mostrada e não puderam conter suas emoções. Mira correu tão logo que notou o estado dos respectivos magos.


 Mirajane: Maninha, Elfman, o que houve com vocês? – passou um braço ao redor da irmã para servir de apoio e ajudá-la a caminhar.


Lisanna, suja de sangue e com machucados terríveis, tinha grande dificuldade de se movimentar, especialmente ao tossir mais sangue. Elfman arfava e sua respiração irregular denunciava esforço excessivo. Não apenas eles, Bickslow mancava e ostentava marcas de cortes profundos; Evergreen, também com a respiração descompassada, tinha suas formas corporais expostas, visto que parte da sua roupa se desintegrava; Freed, por sua vez, mal se movia e estava sendo carregado nas costas por Elfman.


Lisanna: Um acidente desastroso. – sorriu dolorida.


Makarov: Moleques idiotas, eu falei que se fosse perigoso era para retornar! – resmungou, saindo tão apressado de onde estava quanto Mira ao os ver. Aproximou-se do grupo dando-lhes sermões sobre bom senso e imprudência.


Freed: Nós conseguimos – tossiu continuamente, sua voz era quase inaudível – mestre, nós conseguimos!


Elfman: Não foi fácil.


Evergreen: Nós fomos cuidadosos, mestre, como o senhor pediu... – respirou fortemente três vezes depois da fala.


Bickslow: Só tivemos um pequeno problema na hora da fuga, mas estamos bem. – completou.


Mirajane: O que houve com vocês? – perguntou ligeiramente um pouco mais tranquila. Tranquila? Não, estava em extremo jubilo interno, mas não pularia de alegria em respeito às condições físicas de seus amigos e irmãos. Contudo, eles conseguiram assumir o Take Over da besta, Laxus iria melhorar.


Makarov: Kinana, prepare os primeiros socorros – ordenou, então, suspirando aliviado, virou-se ao grupo da missão – Vamos para dentro, vocês precisam descasar. – dirigiu agora a palavra à Freed – Eu não duvidava do êxito de vocês, apenas quero que estejam a salvo, moleques.


Freed: Obrigado mestre! – todos acenaram em concordância, esboçando sorrisos unanimes como resposta.


Juvia e Nashi, ainda estavam processando o fato de terem que passar um tempo juntas, não se desgostavam, mas também não lhes agravam a ideia de partilharem a rotina. Juvia desejava gastar seus dias produzindo alguma coisa para Gray e a responsabilidade de cuidar de uma criança não estava em seus planos. Nashi, por outro lado, intencionava aproveitar esse tempo para sair em busca de seu irmão, pois calculava que tinha se perdido, além disso, ouviu falar da fama de Juvia nessa época e definitivamente não gostaria de conhecer o famigerado lado obsessivo da maga.


Olharam uma para outra em expectativa, porém foram interrompidas de qualquer negociação quando o grupo de magos machucados se acomodaram para receber tratamento. Nashi notou o estado precário em que se encontravam e correu até eles, sendo seguida por Juvia, igualmente preocupada. Escutaram metade da conversa conforme se aproximavam.


Bickslow: ...Então, quando tínhamos conseguido, a barreira que Freed havia feito para as duas bestas se romperam. Eles rugiram e toda a tribo que estava longe começou a descer para onde estávamos.


Evergreen: Pois é, corremos assim que notamos, mas eles eram rápidos. Tive que voar, mesmo esgotada, para espalhar pó explosivo a fim de atrasa-los também.


Elfman: Freed usou grande parte de seu poder mágico colocando barreiras ao longo do caminho, mas elas se desintegravam assim que a manada seguia.


Evergreen: Não paramos de correr até chegarmos ao pé da montanha, felizmente, eles não nos seguem tão abaixo. Foi sorte nossa.


Lisanna: Quase – riu em auto piedade – uma de suas explosões me levou para longe e você quase foi queimada. Bickslow teve que usar seu corpo para me proteger e saímos rolando barranco abaixo. – abaixou a cabeça um pouco envergonhada com essa última lembrança.


Mirajane: E vocês não pensaram em parar para descansar quando deixaram de ser perseguidos? – questionou estupefata. – Afinal, é um longo caminho, quase na fronteira.


Freed: Não – falou arfando – Laxus precisa do medicamento. Ele está em estado mais crítico.


Mira entendia isso. Entendia, mas os considerava imprudentes da mesma forma. Lisanna mais uma vez entrou em crise de tosse, expelindo sangue a cada impulso, ser jogada em uma árvore por uma força brutal deve ter causado um grande estrago interno. Quando menos percebeu, Nashi tomou-lhe a mão.


Nashi: Lisanna, posso te ajudar? – perguntou, chamando a atenção dos demais para si. Sempre perguntava antes de usar seus poderes, pois quem não conhecia poderia achar um tanto... impressionante.


Lisanna: O que você poderia fazer, pequena?


Antes que pudesse responder, suas mãos emanaram as chamas da cura e restauração, encobrindo todo o braço da albina e tomando todo o restante do corpo. Lisanna estava envolta em fogo, era algo bem chocante de se ver, não era bonito a não ser que estivesse acostumado. Elfman se adiantou para impedir, mas Mira apenas entrou em seu caminho bloqueando o avanço, ela viu o que jovem fez com Erza, Lucy e Happy outro dia.


Todos que assistiam ao show pirotécnico entraram em um estado de paralisia, chocados com o que estava acontecendo. Lisanna não gritava, não parecia sentir dor, tão pouco sua pele queimava. Aos poucos ela parou com a tosse, voltou a respirar normalmente e seus machucados cicatrizavam em uma velocidade inacreditável.


Juvia: Mas que tipo de poder é esse? – quebrou o silêncio, tirando todos do transe. Mesmo assim, não perderam completamente o torpor do que viam.


Lisanna: Eu, eu me sinto... bem – disse olhando para as chamas que diminuíam até se extinguirem.


Nashi: Eu sou uma maga de cura assustadora, não é? – falou sem graça, quase pedindo desculpas.


Lisanna: Você é incrível. Seu fogo não é assustador, ele é calmo. – respondeu com verdadeira gratidão. Elfman sentou-se ao lado da irmã caçula apenas para certificar se estava mesmo tudo bem.


Makarov: Jovenzinha, que tipo de magia você usa? – demandou curioso.


Nashi: Nem eu mesma sei, mestre – sorriu triste – Sei que é uma magia derivada da magia celestial, posso usar as chaves espirituais, mas também manipulo o fogo sem causar danos.


Freed: Isso é muito interessante. – disse contemplativo.


Com a exceção de Lisanna, ninguém naquele grupo conhecia Nashi, portanto, Makarov se deu o trabalho de apresenta-la de forma que não transparecesse quem de fato era. Nessa altura do campeonato, sua atadura foi deixada de lado para dar lugar a marca da guilda, que sempre esteve em seu braço. Não era de se espantar que seria bem recebida, afinal, era a Fairy Tail.


Nashi: Posso curar vocês, se não se importarem – acanhada, ofertou ajuda. Apesar de Lisanna ter comprovado que ser queimada era inofensivo, eles ainda trocaram olharem apreensivos.


Bickslow: Manda a ver – respondeu por todos.


A pequena maga estendeu sua mão e, em questão de instantes, quatro tochas humanas ardiam em labaredas de fogo, mas nenhuma delas expressou agonia. Ao contrário, a letargia era um sintoma característico de suas chamas. Sim, ela se considerava estranha, afinal, que tipo de curandeira inspira confiança em seus pacientes prometendo queimá-los vivos?


Evergreen: Inacreditável – olhava para si mesma, quando o fogo se desfez.


Elfman: Isso é coisa de homem! – exclamou revigorado, posando musculoso.


Nashi: Eu sou uma garota – exclamou com veemência.


Logo, Kinana apareceu com a caixa de primeiros socorros, mas parou na metade do caminho com uma expressão confusa diante da repentina melhoria de seus amigos. Da última vez que os viu tinha certeza que estavam feridos. Não ousariam duvidar da sua sanidade, então lhe deu o crédito da razão.


Kinana: Perdi alguma coisa? – expressou sua desorientação. Todos riram da cômica situação.


 Freed: Mais importante agora, mestre – tentou retomar o foco principal – Precisamos levar a substância para Polyushka.


Makarov: Tem razão. Onde está Gray?


Mirajane: Ah, é verdade. Gray saiu com Natsu, Lucy, Erza e Happy para uma missão – anunciou pesarosa – E desconfio que essa missão vá durar uns três dias.


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A cidade de Oak Town não era tão longe de Magnólia, portanto, para alegria de Natsu, decidiram ir andando até o destino através da floresta. Lucy ainda continuava enfezada pela noite mal dormida; enquanto Gray, quase pelado, provocava Natsu, que correspondia ao embate. “É por culpa desses dois que estou com olheiras. Será que não sabem ficar juntos sem brigar?”, pensou irritada. Olhou para Erza em busca de contensão.


Lucy: Erza! – chamou manhosa – você não vai pará-los?


Porém a ruiva não parecia estar prestando atenção. Na realidade, não estava. Caminhava com o olhar perdido por entre as árvores, digerindo tudo que tinha vivido até agora; era a primeira vez que estava sem Nashi ao lado, de certa forma, sentia falta da garotinha sempre palpitando sobre tudo. Desde que ela chegou, os encontros com Jellal tem sido mais frequente, vê-lo quase todo o tempo abriu precedentes que ela não planejava ampliar: a cicatriz causada pela esperança de algo entre os dois.


Lucy: Erza? Está me ouvindo? – A guerreira despertou de seus devaneios e encontrou Lucy balançando a mão em frente ao seu rosto ao mesmo tempo que caminhava de costas.


Erza: Ah, desculpe. Perdi alguma coisa?


Gray: Ainda não acredito que você está com dificuldades no aluguel. Por que tem recusado a ir em missões com nós ultimamente? – indagou com real interesse. O distanciamento de Erza não deixou de ser notado pelo grupo. Natsu e Happy também a encaram para prestar atenção na resposta.


Erza: Eu... – que desculpa usaria? -  estou cumprindo um outro tipo de missão, rank S, e está me consumindo um bom tempo. Por isso, às vezes, me ausento.


Todos: Quê?!


Natsu: Ahn? Uma missão que até a Erza tem problemas? – bateu os punhos animado – Estou empolgado!


Erza: Nem pense nisso Natsu. Não vou levar nenhum de vocês. – já antecipando os pedidos – Além do mais, preciso de alguém para ficar com a Nashi quando eu me ausentar.


O combinado era que fossem atrás dos cristais juntas, no entanto, pensou bastante sobre isso. Erza desconfiava que não seria apenas uma coleta pacifica, não queria envolver a garota em situações perigosas, por mais que fosse a menina quem inicialmente cumpriria essa tarefa. Lucy, atenta à sugestão, aproveitou a brecha; queria conhecer mais a garotinha e satisfazer suas dúvidas.


Lucy: Posso cuidar dela quando precisar – ofereceu esperançosa.


Erza: Ah, obrigada. Seria de grande ajuda.


Gray: Ei, como conheceu ela? É um pouco estranho ainda de se acostumar.


Erza: Acredite ou não, foi ela quem me encontrou e implorou para que eu a treinasse. – ergueu a cabeça presunçosa. Era mentira, mas não em sua mente. Na imaginação de Erza isso realmente aconteceu: “Oh, grande Titânia, por favor, torne-me sua discípula e ensine essa humilde serva as artes da magia guerreira. Em troca, aceite esse pedaço de bolo de morango”, foi o que fantasiou Nashi dizendo.


Natsu: De alguma forma eu não consigo imaginar isso acontecendo – cochichou com Happy, semicerrando os olhos para Erza.


Happy: Não é? – devolveu ao amigo a mesma descrença – Provavelmente foi algo assim Natsu – então, começou a descrever a imagem que criou: “De agora em diante, garota, você está sob minhas ordens – olhando-a de cima, com voz de comando e um chicote na mão – Ande logo, prepare um bolo de morango, do contrário farei você correr por três cidades sem descansar – enquanto isso Nashi gritava por socorro” – Eles acertaram, ou quase.


A trilha levou-os ao fim do bosque, um pouco ao longe podiam avistar a cidade de destino. Chegaram à Oak Town por volta do horário de almoço, arrancando protestos dos conhecidos esfomeados. As ruas estavam movimentadas, porém a movimentação era descompassada quase zumbídica. As pessoas andavam cambaleantes, como se não houvessem vida dentro delas.


Happy: Natsu, estou com medo – pousou no ombro do amigo – Eles estão parecendo a Lucy hoje – a maga não falou nada, apenas lançou um olhar fulminante para o gato, que se escondeu atrás de Natsu.


Erza: Realmente, tem alguma coisa muito errada acontecendo nessa cidade.


Gray: Quem é o contratante?


Lucy: O prefeito, provavelmente, a missão deve ter algo relacionado ao estado dessas pessoas – deduziu.


Natsu: Haraheta! Oi vocês – chamando o grupo de magos que se dirigiam à prefeitura – vamos comer primeiro.


As meninas iriam discordar, mas foram traídas pelo barulho de seus estômagos ao pensar em comida. Procuraram um restaurante para se fartarem e encontraram um a duas quadras de onde estavam. Natsu, obtuso como sempre, saiu correndo já se lançando sobre uma mesa para exigir o pedido. Desconcertados, o restante o seguiu com reclamações de comportamento. De trás do balcão surgiu uma velha de expressão ácida e notoriamente ranzinza.


Balconista: O que vão pedir? – sua animação era tão evidente quanto Polyushka rindo de uma piada.


Natsu: Aí vovó, traz todo o cardápio – lançou um olhar afiado para Gray.


Gray: O mesmo para mim – internamente aceitando o desafio lançado.


Lucy: Argh! Vai começar – suspirou desanimada, sendo a única em se importou com o estado de espírito da anciã – Senhora, está tudo bem? – questionou ao notar que ela carregava os mesmos sinais de esgotamento que os demais na cidade.


Balconista: Já volto – saiu, ignorando Lucy como se ela não tivesse falado.


Erza: Tem algo muito, muito estranho acontecendo nesse lugar – todos assentiram em concordância.


Depois que terminaram de comer, restaram apenas duas garotas renovadas e três patetas, com suas barrigas inchadas, em difícil processo de digestão. Quando estavam para se dirigir a saída, ouviram um grito horroroso vindo da cozinha, não perderam tempo e invadiram o local à procura do que estivesse causando o alvoroço.


Viram a velha balconista agachada num canto da parede, com as mãos trêmulas tapando os olhos e os ouvidos freneticamente. Ela gritava e em seu grito ininterrupto havia pavor, medo e horror; aquela cena manifestava o pânico em seu estado mais puro. A senhora se balançava para frente e para trás, aparentemente, nenhum deles soube o que fazer ainda anestesiados com o que viam. Até que Natsu foi o primeiro a tomar atitude.


Natsu: Oi, oi, oi – chacoalhava a idosa – Acorda – ordenou, promovendo vários tapas em seu rosto.


Balconista: É ele! Ele está vindo – gritava aos prantos – Ele está vindo me pegar! – Natsu continuava tentando reanimar a velha, até que finalmente se acalmou e, como se tivesse despertado de um transe, voltou à realidade com um olhar cansado e perdido.


Erza: A senhora está bem? – pousou a mão em seu ombro, talvez para ofertar conforto – O que houve agora pouco?


Balconista: Ele vinha durante a noite, aparecia nos meus sonhos; agora ele vem durante o dia também – sussurrou, apoiando-se na borda de uma mesa.


Gray: Ele quem? – perguntou já a postos para atacar quem quer que estivesse por perto.


Balconista: O cogumelo – falou com uma voz firme e séria. Gray relaxou; Lucy soltou a respiração que estava prendendo; Happy, que estava flutuando apreensivo, deixou-se cair em alivio; e Natsu fez uma careta de incrédulo. – Um enorme cogumelo, com braços e pernas. Tem dentes afiados e olhos assustadores, a noite ele vem e sempre me persegue.


Happy: Ela é louca – sentenciou.


Erza: Entendido. Onde está o cogumelo? – encarou igualmente séria.


Happy: Aye! As duas são loucas – melhorou a zombaria.


Lucy: Ei Erza, acho que está na hora de irmos, não? – soltou uma risada nervosa, ainda abalada pelo susto. “Argh, que velha sinistra”, sentiu seu corpo arrepiar com a lembrança de agora pouco.


Erza: Está melhor, senhora? – repetiu a preocupação.


Balconista: Sim, já estou melhor. De qualquer forma não há nada que possam fazer. Ele só aparece para mim.


Deixaram a velha descansando no restaurante, depois de serem obrigados a fazer uma ronda apenas para provar a Erza que não tinha nada de preocupante ao redor. Lucy, porém, sentiu um ínfimo resquício de magia, mas era tão pequeno que quase não representava ameaça, portanto, acabou ignorando. Um pouco mais aliviados por deixar a velhota sozinha e não existir um perigo real, seguiram para a prefeitura com expressões desentendidas e uma bagagem de perguntas sem respostas.


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Romeo: Tadaima! – chutou a porta da guilda, anunciando sua entrada, em singela imitação ao exemplar ícone de cabelos rosas.


Mirajane: Bem-vindos de volta – sorriu cabisbaixa – como foram na missão?


Wendy: Terminamos sem problemas, apenas nos perdemos um pouco no caminho de volta – riu desconsertada, referindo-se ao tempo que demoraram desde que aceitaram a missão 3 dias atrás. Parou estática ao notar todos reunidos com semblantes entristecidos. – Mira-san, pessoal, está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?


Freed: Finalmente conseguimos o medicamento para Laxus, mas precisamos do Gray, que, infelizmente, saiu em missão e não sabemos quando poderá retornar.


Nashi: Mas se é de gelo que precisam, podem conseguir por outros meios. Deve haver alguém vendendo.


Makarov: Nashi tem razão, não podemos esperar até que Gray volte.


Nesse momento, Romeo, Wendy e Charlie repararam na presença da jovem rosada. Nashi se adiantou e, por recomendação do mestre, apresentou-se como novo membro da guilda, sendo recebida com abraços pela Dragon Slayer e com largo sorriso por Romeo; no entanto, apenas Charlie se recusou a cumprimenta-la, adotando uma postura hostil ao encara-la com desconfiança e depois virando o rosto com descaso.


Wendy: Charlie! – repreendeu a gata – Por favor, Nashi, perdoe minha amiga, às vezes, ela tem um temperamento difícil.


Nashi: Não se preocupe com isso – sorriu envergonhada. “Pobre Happy”, pensou em solidariedade.


Romeo: Mestre, não entendi ainda, para que vocês precisam de gelo? – perguntou curioso em relação ao assunto principal. Mira, então, explicou com detalhes o ocorrido no hospital.


Wendy: Ah! – exclamou como se tivesse uma epifania – Acabamos de nos encontrar com Chelia aqui em Magnólia. Ela disse que estava com Lyon-san. Tinham acabado de fazer uma missão aqui perto e resolveram passar pela cidade, talvez ele possa ajudar.


Romeo: Verdade, até onde eu sei, Lyon é um mago do gelo também, não é?


Juvia: Sim, ele é – confirmou contemplativa.


Makarov: Então não vamos perder tempo, peçam ajuda dele. Wendy, você poderia traze-los aqui?


Wendy: Sou muito amiga da Chelia, mas não conheço bem o Lyon. Juvia-san, você poderia ir comigo?


Juvia: Ju-Juvia precisa cuidar da Nashi, Juvia prometeu para Erza que ficaria com ela. – riu esquivando-se do pedido. Não pretendia se encontrar com Lyon.


Nashi: Não tem problema, posso ir com vocês também. Afinal, Laxus precisa de ajuda – comentou despreocupada. Diante da resposta, a maga aquática sentiu-se frustrada com a rosada e ao mesmo tempo resignada, visto que não poderia negar auxílio aos seus companheiros de guilda; portanto, não viu outra alternativa senão aceitar.


Mirajane: Obrigada todas vocês – agradeceu com as mãos juntas em uma prece.


Assim, as quatro decidiram se separar para iniciar as buscas pelas ruas da Magnólia. Charlie sobrevoava com Wendy, enquanto Juvia movimentava-se saltitante, com a leveza de uma bailarina, sob os telhados da cidade a fim de ter uma melhor visão. Adotando a mesma estratégia, Nashi sacou uma de suas chaves prateadas favoritas.


Nashi: Abra, Portão do Arauto dos Céus, Alado! – a partir de sua invocação um grande pássaro branco tomou forma, suas lustrosas penas brilhavam à luz do sol como seda. Rapidamente, a pequena maga subiu em seu dorso e com um forte impulso a ave levantou voo.


Do alto, as pessoas pareciam pequenas formigas, principalmente por conta da movimentação desordenada em fluxos de grande quantidade. Tudo que precisavam fazer era observar um ponto rosa perto de outro ponto branco. Procuraram por alguns minutos, mas não demorou muito até que Wendy e Charlie os encontrassem.  Estavam parados em frente a um restaurante, possivelmente tencionavam entrar para comer, assim, voaram para avisar as demais.


Quando se reagruparam, reconheceram os dois magos dentro do Restaurante de Quedaluna. Juvia pareceu tomar fôlego com um gole de coragem e deu o passo inicial para adentrar no local. Wendy, Charlie e Nashi foram logo atrás. Mal firmou sua presença e Lyon já conseguiu reconhece-la, saltou imediatamente da cadeira que estava sentado para ir ao encontro de sua amada com pele de porcelana.


Lyon: Juvia, está mais linda a cada dia. – tomou-lhe a mão para um beijo galante – Desde que cheguei contava os minutos para encontrá-la – virou-se para as demais meninas – Wendy, Senhorita, é um prazer – ambas retribuíram o cumprimento.


Juvia: Juvia fica contente em vê-lo também, Lyon – disse incerta, recolhendo a mão com agilidade acompanhada de rubor.


Wendy: Estamos precisando de ajuda na guilda, Lyon-san. Gostaria de saber se pode nos emprestar seu poder – sorriu um tanto envergonhada. Chelia, que se aproximava emburrada depois de ter sido abandonada a mesa, ouviu parte da conversa.


Chelia: Ajuda com o quê?


Charlie: Precisamos de um poder de gelo para ajudar na recuperação de Laxus. É algo relacionado ao tratamento dele.


Lyon: Não entendi, Gray não é capaz resolver isso? – insinuou com tom de deboche, alargando um sorriso.


Juvia: Não há nada que Gray-sama não possa resolver – falou altiva – o problema é que Gray-sama está em missão, não sabemos quando volta e o caso do Laxus é grave.


Lyon: Não acredito que aquele patife te abandonou para sair em uma missão e ainda te deixou com um encargo tão pesado – dramatizou – Venha comigo Juvia, eu nunca...


Nashi: Desculpe, mas você poderia nos ajudar? – interrompeu o discurso, ganhando a simpatia de Juvia.


Lyon: Eu não me importaria de ajudar, jovenzinha – então, direcionou-se à Juvia novamente – Desde que, como pagamento, a Juvia aceite passar um tempo comigo. O que acha de passar um mês na Lamia Scale?


Meninas: Que? – exclamaram em conjunto.


Nashi: Hm, olha só Lyon-san – falou com cuidado – a Juvia precisa cuidar de mim, foi uma ordem da Erza que ela não pode desobedecer – arriscou argumentar ao notar que a maga ficava desconfortável na presença de Lyon.


Juvia: Isso mesmo. Juvia está tão ocupada Lyon. Até que Erza volte não posso abandona-la – assumiu a cumplicidade – Além do mais, Juvia só vai sair com Gray-sama.


Lyon: Que pena – disse virando-se para partir – Sabe, também tenho afazeres que pedem urgência, desejo-lhes sorte com o infortúnio de vocês. Vamos Chelia. – chamou-a já posicionado na porta de saída.


Chelia: Lyon, não há necessidade disso – correu para ir atrás do mago, desculpando-se com as fadas.


Wendy: Juvia, e agora, o que faremos? – sussurrou entristecida.


Nashi: E depois ele fala do Gray, mas que panaca – cruzou os braços irritada.


Ambas olharam para Juvia esperando alguma manifestação, mas essa apenas se manteve calada como se processasse algo em sua mente. “Juvia ama Gray-sama, mas não quer ser responsável pela má condição do Laxus. Desde entrou para Fairy Tail, Juvia quer proteger seus amigos. Laxus também é um precioso companheiro que precisa ser protegido. Gray-sama, por favor, me perdoe. Juvia precisa fazer isso, mas saiba que Juvia nunca deixará de amar Gray-sama”. Com o rosto determinado e contorcido de desgosto, correu até a saída.


Juvia: Lyon, espere! – gritou pelo mago, que parou de andar já a alguns metros à frente.


Lyon: Não me diga que reconsiderou. – caminhou de volta com um sorriso triunfante.


Juvia: Juvia vai, mas com algumas condições. Primeiro, você tem que prometer ajudar o Laxus. Segundo, Juvia não vai ficar um mês, mas poucos dias, uma semana só. Terceiro, não vou enquanto estiver com a Nashi – impôs, ciente de que essa última condição era apenas para postergar sua ida.


Lyon: Aceito – concordou de imediato. Estava surpreso. Não esperava que fosse dar certo, no máximo, idealizava que ela voltaria com a proposta de passar apenas um dia ao seu lado; no entanto, uma semana era alto lucro.


Nashi: Juvia, você não precisa fazer isso. Podemos encontrar outro modo – ponderou.


Juvia: Juvia agradece à Nashi pela preocupação, mas a condição de Laxus é séria, quanto mais esperar mais ele irá piorar – suspirou fundo.


Lyon: Então estamos acertados. Não fique tão aborrecida Juvia, prometo que não será um sacrifício – tanto Nashi quanto Chelia o olharam com indignação.


Rumaram em direção à guilda, sendo recebidos por rostos aliviados e, repentinamente, otimistas. O mestre conversou com Lyon e passou as instruções necessárias, conforme os ensinamentos de Polyushka. Enquanto todos discutiam sobre fazer uma visita ao Laxus; Mira e Kinana encontravam-se em um dilema.


Mirajane: Kinana! – suplicou sentindo-se culpada por cogitar esse pedido.


Kinana: Mira! – outra suplica igualmente lastimável.


 As duas se encaravam culpadas e egoístas. Kinana sabia o quanto Mira gostaria de estar presente nesse momento com Laxus, para dar apoio. Mira sabia o quanto esse dia era importante para Kinana, pois eram raríssimas as oportunidades que tinha em dias assim. Inicialmente, haviam combinado uma troca de turno, no qual a albina assumiria os afazeres da guilda para que Kinana pudesse se ausentar. Por fim, Mira reavaliou a situação e concluiu que Laxus não sairia de lá tão cedo. Engoliu sua ansiedade e resolveu apoiar a amiga.


Mirajane: Tudo bem, Kinana – sorriu conformada – Não tenho o direito de te impedir. Posso vê-lo em outro horário. Já você não tem esse mesmo privilégio. Desculpe pedir algo assim.


Kinana: Não há o que desculpar, Mira – sorriu – Eu entendo perfeitamente. Apenas saiba que se fosse em qualquer outra situação eu não recusaria seu pedido.


Mirajane: Eu sei – abraçaram-se para selar a avença – Agora vai logo antes que eu me arrependa.


Kinana: Sim, obrigada – riu agradecida.


Mira observou a colega desaparecer pela porta da guilda. “Um encontro a cada dois meses, hein”, lamentou internamente. Desejou que tudo ocorresse bem e que passassem o dia sem complicações. Devido à perseguição pelo Conselho Mágico, esse compromisso de Kinana além de ser exclusivo também eram perigoso, tanto para ela quanto para Erik, o Cobra.


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Ao entardecer, estava de volta ao dormitório das meninas, porém agora dividindo o quarto com Juvia. Nashi se perguntava se a maga estaria bem. A negociação com Lyon pode não ter sido agradável para ela. No hospital, depois de visitarem Laxus, a maga pediu para inventarem alguma coisa que fosse despista-lo e aproveitar para ir embora. Mesmo assim, observando-a agora, concluiu que estava inquieta.


Nashi: Juvia, tem certeza que quer fazer isso? – referindo-se ao acordo.


Juvia: Juvia não quer – respondeu chorosa – Mas Juvia precisa. Juvia deu sua palavra. Gray-sama, me perdoe!


Nashi: Olha, não acho que Gray vá se importar com isso, mas pergunto mais por você. Porque você parece não gostar muito do Lyon.


Juvia: Juvia não tem nada contra o Lyon – franziu o cenho desentendida – Lyon sempre trata a Juvia muito bem.


Nashi: Então ele não fez nada de ruim para você? – perguntou espantada. Inicialmente tinha deduzido que os dois estavam brigados ou algo do tipo.


Juvia: Não. Juvia só não gosta que Lyon tente roubar Juvia do Gray-sama.


Sentiu vontade de rir, de alguma forma, aquela lógica estava um tanto distorcida. “Quem deveria ficar bravo com esse tipo de coisa seria o Gray, não seria? E não é como se tivessem algum envolvimento para que isso o perturbasse”, raciocinou não conseguindo encontrar algo sólido para sustentar a visão da Juvia. Olhou ao redor do ambiente e percebeu que o caso era grave: quadros, almofadas, cama, bonecos, balões, todos com o rosto do Gray. Suspirou chegando a um consenso consigo mesma.


Nashi: Juvia, acho que passar um tempo com Lyon vai te fazer bem.


Juvia: Como pode falar isso? – perguntou desesperada – Quando Gray-sama descobrir ele vai achar que Juvia o abandonou para fugir com outro homem. Juvia está tão triste.


O pouco tempo que Nashi passou ao lado da maga a fez perceber que a descrição de deram sobre a Juvia no passado não era mero eufemismo. “Meu deus, quem consegue aguentar? Gray-sama para cá, Gray-sama para lá. Alguém precisa dar um jeito nisso, não é possível! Vou ficar louca assim”.


Nashi: Talvez ele não precise saber e você possa ir tranquilamente – sugeriu apática. Na verdade, tinha se decidido, empurraria Juvia até Lamia Scale nem que fosse à força ou dopada.


Juvia: Ah! Gray-sama, Juvia queria estar com você agora. Por que nunca leva Juvia junto? Gray-sama... – lamentou consecutivamente.


“Ok. Isso está passando dos limites, preciso encontrar algo para distrai-la. Senão realmente vou enlouquecer antes da Erza retornar”, constatou em pensamento. Focalizou sua mente buscando alternativas para encerrar a novela que estava sendo obrigada a viver. Foi então que viu ao canto do sofá uma caixa com novelos de lã e longas agulhas. A rosada se recordou de uma história que ouviu de Juvia e Lucy.


 


Certa vez, Juvia estava na guilda conversando com Nashi sobre coisas do dia a dia e rotina escolar, até que comentou algo sobre sua mãe que a deixou curiosa. Pelo que a maga tinha dito, Lucy havia implorado para que ensinasse-a costurar e tricotar; em troca, Lucy a ensinaria a cozinhar, todavia, o resultado foi bem desastroso para ambos os lados. Assim, ao retornar para casa, foi atrás de sua mãe para saber mais a respeito.


Lucy: A ela contou essa história é? – riu com graciosidade.


Nashi: Sim. O que aconteceu? Por que quis aprender isso? Como foi desastroso? O que ela quis cozinhar? – questionou com sua curiosidade costumeira.


Lucy: Calma, calma. Vou contar desde o início – sentou a filha em seu colo e começou – Quando você e seu irmão completaram 2 anos, seu pai passou nas provas de classificação como mago rank SS, a partir de então, ele enfrentaria missões mais difíceis e, por isso, demoraria um pouco mais para voltar para casa. Ele não gostou muito da ideia de deixar vocês e, vocês podem não lembrar, mas deram muito trabalho para ele quando tinha que sair em missão.


Nashi: Acho que fazemos isso até hoje, né mamãe. – disse fazendo bico.


Lucy: Sim, até hoje temos problemas com isso mocinha! – provocou a filha fazendo cócegas e arrancando protestos risonhos – Ele é um grande mago, sei que vocês querem seu pai por mais tempo e também sei que ele se preocupa muito com vocês. Por isso, na sua terceira missão como mago SS, Natsu me entregou seu cachecol para dar a vocês. Esse cachecol não é algo comum, é um artefato mágico de proteção feito à base de escamas de dragão. Seu avô, Igneel, foi quem fez.


Nashi: Queria ter conhecido o vovô. Luke sempre sonha com isso. Ele era mesmo um dragão?


Lucy: Eu o conheci. Ele era um enorme dragão. Uma figura bem assustadora, mas bondosa. Tenho certeza de que ficaria agraciado por conhecer seus netos – virou-a de costas para fazer uma trança em seus cabelos enquanto continuava a história – Enfim, o problema é que havia apenas um cachecol e vocês eram dois. Não tive alternativa senão dividi-lo e refazer o tricô. O cachecol original era inteiramente cinza. Como agora há dois deles, o seu eu complementei com tecido rosa e o do seu irmão com tecido azul.


Nashi: Ah, por isso o meu tem as pontas e franjinhas rosas? – maravilhou-se com o trabalho.


Lucy: Sim. Mas para fazer esse trabalhinho tive que passar muito tempo aprendendo com a Juvia – riu com a lembrança – destruí vários cachecóis dela como esboço. Em troca ela destruiu minha cozinha na tentativa de fazer uma torta gelada para o Gray, francamente, era uma torta gelada! Ela só precisava lidar com sorvete, até hoje me pergunto como ela conseguiu fazer da cozinha um cenário de guerra – ambas riram ao imaginar Juvia cozinhando.


 


Nashi: Juvia, você costura muito bem, não é?


Juvia: Ah, acho que sim – respondeu enxugando as lágrimas.


Nashi: Pode me ensinar? – perguntou sorridente.


___________________________________


 


Agradeceu internamente, enquanto observava o céu estrelado, por ter se lembrado de pegar os mapas com o mestre depois de voltar do hospital. Quase esquecera desse detalhe importante devido ao choque de ver Laxus tão incapacitado. Sabia que ele iria melhorar, pois, no seu tempo futuro, ele seria um forte mestre da guilda. Prometeu à Levy que não intercederia desnecessariamente; mas, vendo-o como estava, experimentou alguns minutos de incerteza, teve dúvidas se deveria agir. A vontade de queimá-lo foi grande.


Recostou em uma das pedras e fechou os olhos. Nesse momento, apenas iria desfrutar o alivio de se ter uma folga da Juvia. Ainda bem que conseguiu despistá-la antes de vir, mas, se não quisesse atrair complicações para si, não poderia demorar. O que era irônico, pois seus pais não estavam ali para regular horários e, mesmo assim, teria que os cumprir. Infelizmente, o destino não colabora quando se está com pressa. Não, esse gosta de pregar peças! Fazia vinte minutos que estava sentada na campina e nada de Jellal aparecer. “Será que Erza realmente falou com ele?”, questionou-se. Passados mais uns poucos minutos, ouviu o barulho da grama sendo pisoteada. Abriu os olhos para reconhecer a presença familiar.


Jellal: Desculpe a demora. Tive que assumir algumas tarefas de um dos meus companheiros que estava ausente hoje à tarde – olhou ao redor sem entender – Cadê a Erza?


Nashi: Ela não falou com você? – perguntou espantada – Ela disse que tinha combinado para você vir aqui, achei que iria adiantar o assunto.


Jellal: Não, nossa comunicação é bem limitada – deu de ombros. Ele não sabia, mas para Nashi aquilo representava uma dica no seu jogo de descobertas.


Nashi: Hm. – processou a informação com cuidado – vocês mandam algum tipo de recado curto?


Jellal: Algo assim – respondeu vagamente sem interesse – Ela virá mais tarde?


NashiHm, então. Ela saiu em missão com o pessoal, parece que acabou esquecendo do seu aluguel esse mês. Mas pediu para que continuássemos sem ela, por enquanto, e a atualizássemos quando voltar.


Jellal: Entendo – respondeu desanimado – Sabe quanto tempo vai se ausentar?


Nashi: Não sei, não perguntei o conteúdo da missão, mas a Mira estima cerca de 3 dias.


Jellal: Certo – murmurou.


Nashi: Falamos com o mestre, ele vai dar apoio e ainda providenciou cópias do mapa que lhe mostrei – foi até sua bolsa para tirar alguns rolos de pergaminho – Aqui estão, acho que isso é o suficiente para os membros da sua guilda.


Jellal: Sim, deve bastar – recebeu a entrega – Estive investigando também e parece há alguém interessado em escavações que está envolvido com histórias parecidas. Não sabemos exatamente o que é ou quem por trás, sabemos apenas que é alguém enviando pedidos de missões a respeito. Parece que já contratou um mago e está trabalhando com ele agora. Meredy e Sorano estão coletando novas informações.


Nashi: Mesmo? – comentou surpresa – Não lembro de ninguém nessa época que saiba algo sobre os cristais, mas é sempre bom confirmar, né.


Jellal fez que sim com a cabeça. Encarou a seriamente e a estudou por longos segundos. Tinha uma hipótese, poderia estar certo ou errado, mas já fazia um tempo que a cogitava desde soube da história da garota. Garantiu que não faria perguntas sobre o futuro, no entanto, não se aguentava mais de ansiedade, pois esse assunto lhe interessava.


Jellal: Você não precisa responder se não quiser, mas tenho uma suposição – olhou-a fixamente, buscando alguma reação que denunciasse se estava correto – Você é a filha da Erza no futuro?


Nashi: O quê? – exalou subitamente seu espanto, não pretendia revelar sobre sua vida pessoal, mas diante da pergunta absurda não pôde conter a gargalhada, ria tão abertamente que lagrimas brotavam de seus olhos – Não sou filha da Erza. Por que acha isso?


Jellal: Bom, você está sempre com ela, achei que fosse procurar seus pais em primeiro lugar.


Nashi: Então você acha que eu também seria sua filha? – questionou astuta.


Jellal: Ahn? – corou com a suspeita. Percebeu que não tinha visto por esse lado também – Não, no meu caso você me procurou por um pedido, não foi? Aliás, me desculpe pela pergunta, acho que quebrei um trato nosso.


Nashi: Não se preocupe, não me incomodei. Até porque eu entendo o motivo da pergunta – sorriu.


Jellal: Do que está falando? – perguntou desentendido.


Nashi: Ora – assumiu feições alegres e saiu rodopiando saltitante ao redor do mago – Você estava curioso porque gosta da Erza.


Jellal: Como pode afirmar isso? – ruborizou desacreditado.


Nashi: Como pode não fazer nada a respeito? – devolveu com crítica, sem se incomodar em desmenti-lo.


Jellal: É complicado – rebateu.


Nashi: Não acho – insistiu – Vamos, revelei algo sobre mim que você queria saber, não posso exigir a mesma coisa?


Jellal: Eu... fiz coisas que não me permitem ficar ao lado dela.


Nashi: Besteira, sei quem você é. Estudamos sobre isso nas aulas de história, sobre a Torre do Paraíso, o sistema R, que você foi controlado e tudo mais. Sinceramente, sou ótima em quase todas as matérias, mas por pouco não fui mal nessa prova, já que não tinha dormido o suficiente no dia anterior – relembrou a ocasião com uma careta – Papai havia decidido fazer uma competição em casa com os amigos enquanto a mamãe não estava.


Jellal: Vocês aprendem esses tipos de coisa? – questionou espantado. Lá estava ele cogitando esconder os detalhes mais sórdidos de sua vida enquanto a garota revelava que seus pecados seriam de conhecimento geral, ao ponto de virar uma espécie de teste de conhecimento.


Nashi: Claro! Estudamos todas as grandes guerras e conflitos que deram origem ao estado atual do meu tempo. Vó Ultear é professora na escola de magia – parou para olhar o mago com mais atenção – Até ela optou por seguir em frente.


Jellal: Nashi, pode não parecer muito grave para você, mas consegue se imaginar perdoando alguém que matou seus próprios amigos e ainda fez coisas horríveis com a pessoa que ama? Eu quase matei Erza na Torre do paraíso, como supostamente posso me permitir ficar perto dela?


Ela o analisou com tristeza. Sim, ela imaginava alguém nessas condições e justamente por imaginar essa pessoa no lugar de Jellal é que se sentiu no dever de ajuda-lo a sair desse abismo de eterna expiação. Olhou chorosa para o céu noturno, faria de tudo para não ver a pessoa que ama no mesmo estado de depressão que Jellal, não suportaria se ele decidisse se afastar por vergonha ou medo de machucar mais aqueles que ama ou por não se sentir no direito de estar próximo a eles.


Nashi: Então você acha que se uma pessoa fizer algo realmente ruim ela não merece ser perdoada, mesmo que ela não estivesse no controle de sua vontade? – perguntou com a voz embargada.


Jellal: Você se perdoaria e agiria como se nada tivesse acontecido?


Nashi: Qual seu objetivo depois de tudo? Se tornar um mártir? – respondeu com irritação.


Jellal: Nunca pensei sobre isso, apenas vivo para apagar os males de Zeref e sua magia negra.


Nashi: Então você se permite mirar o futuro, redimindo-se dos seus pecados – declarou, fazendo-o relembrar das palavras de Erza em uma conversa antiga. Ele levou a mão à bochecha como se ainda sentisse o tapa que recebeu da guerreira – Mas você limitou sua linha de visão – continuou ela – Você pode se permitir muito mais do que apenas apagar o mal. O maior mal que carrega está dentro de você e ele não permite seu auto perdão, é contra esse mal que deve lutar Jellal, deve buscar se perdoar – suplicou. Pelas palavras e por seu comportamento, o mago presumiu que ela deveria ter alguém nesse estado também.


Jellal: De onde você tira essa maturidade? – encarava-a um tanto boquiaberto com admiração.


Nashi: Você parece com o filho do bruxo, dos Contos de Beedle, o bardo* – sorriu relembrando tempos de saudade – Mamãe costumava ler para nós antes de dormir. Uma das minhas histórias favoritas era ‘O bruxo e o caldeirão saltitante”.


Jellal: Então o belo sermão que recebo é baseado em contos infantis? – gargalhou com gosto. Nashi franziu o cenho, emburrada, diante da reação do azulado – Desculpa, desculpa. Eu não tive uma boa infância, nunca escutei essas histórias, portanto, achei irônico – ainda rindo com sons abafados.


Nashi: Nunca ouviu os contos de Beedle? – surpreendeu-se.


Jellal: Não. – suspirou pesaroso. Olhou para o céu estrelado, contemplando possibilidades – Mas agora me questiono se eu teria me tornado alguém como você, caso os tivesse escutado quando mais novo – internamente, desejou ter tido um destino diferente.


Nashi: Quer escutar agora? – perguntou animada.


Jellal: Por que não? – olhou-a com divertimento.


Estava radiante, sabia todas as palavras do texto original, ouviu muitas vezes Lucy contando. Sempre conseguia ficar acordada até o final da história, enquanto seu irmão adormecia na metade do conto. Agora que tinha a oportunidade de fazer o mesmo que sua mãe, mal podia esconder seu entusiasmo. Iniciou o conto imitando as vozes imaginárias, pausando em momentos de tensão e imitando caretas ao longo da trama. Jellal mostrou-se um ouvinte muito digno e concentrado, comentando ao final.


Jellal: É uma boa história – disse sincero.


Nashi: Sim – falou vaidosa, mas estudou Jellal, assumindo expressões mais sérias – O caso é que você, assim como o filho do bruxo, carrega um caldeirão de coisas ruins. Se você simplesmente ignorá-las, elas não vão desaparecer; ficaram lá, te incomodando e impedindo de seguir em frente e ser feliz. Não precisa se culpar para sempre Jellal, até o bruxo que fez e disse coisas horríveis para os aldeões tentou refazer suas ações em benefício do seu próprio futuro.


Jellal: ... – tentou dizer algo, mas não conseguia refutar a criança e sua lógica límpida.


Nashi: Você tem feito o certo desde que fundou a guilda, mas você precisa se perdoar, senão as coisas hostis do caldeirão não vão desaparecer e tenho um palpite de que você não quer que desaparecem. Está errado, você pode se permitir ser feliz. – sorriu em apoio. Percebeu que Jellal era um caso grave de autopunição, então permitiu-se ir mais além – Não deixe Erza escapar – o mago a olhou espantado.


Jellal: Fala isso com a sabedoria dos contos?


Nashi: Não, falo isso como alguém que já viu o futuro – um breve silêncio se instaurou entre os dois.


Jellal: Prometo que vou pensar a respeito – declarou finalmente.



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Autor(a): nuxa

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