Fanfic: A Aposta (Adaptada) | Tema: Vondy, RBD

Estamos no quartel-general de Ucker, aquele mesmo quarto zoado com cheiro de incenso e garotos. Hoje Ucker acendeu um bastão de pimenta e Christian não para de espirrar.

As duas janelas estão escancaradas e uma brisa fria sopra as cortinas, derrubando o contrato no chão laminado.

Christian está fuçando nas prateleiras feitas com shapes de skate. Notaram alguma semelhança com o quarto de Dulce? Sinistro. Eu poderia dizer que se trata de uma mera coincidência, mas não me parece correto, até porque não acredito em acaso. Algo me diz que esses dois combinam mãos do que podem imaginar.

Ucker se abaixa e recolhe o contrato, colocando-o sobre a bancada. Um peso de papel, no formato de guitarra, não deixa o papel sair voando novamente.

- O que está procurando? – Ucker pergunta, jogando-se na cama e pegando o violão que está ao lado. Começa a dedilha um som do Deep Purple.

- Aquela sua caixa de alfinetes. – Christian faz uma pausa. – Ah, aqui está.

- Para que você quer isso?

Christian não responde. Caminha até o quadro de cortiça de Ucker, com vários post-in colados. Arranca todos e deixa a cortiça nua. Em seguida, saca algo do bolso e alfineta no quadro. Quando se afasta, Ucker dá um pulo na cama.

- Onde conseguiu essa foto?

- O Bola me arrumou. – Christian pega uma cartela de adesivos sobre a bancada, descola um alvo e fixa –o sobre o peito de Dulce, na altura do coração. – Precisamos descobrir tudo o que pudermos sobre ela. Esse é o único caminho para o coração da gata.

Christian se afasta alguns centímetros, tombando a cabeça de lado. Deixa um sorriso escapar ao analisar a foto. Foi tirada pelo celular de Bola, no Halloween. Na imagem, Dulce empurra Ucker sobre um balde de bebida. O cara com quase dois metros de altura, da largura de uma jamanta, está congelado no ar, prestes a cair sobre pedras de gelo. A expressão da garota é o retrato da irritação desmedida. Ao se lembrar da cena em detalhes, um arrepio sobe pelas costas de Christian e ele se vira para encarar Ucker, com cara de pânico.

- Certo, essa é uma missão impossível.

- Agora que você sacou isso? – Ucker joga as mãos para o ar. – É, tudo culpa sua, só para constar. – Ele aponta o indicador na direção de Christian.

- Man, eu não queria estar na sua pele. – Christian provoca.

- Vá se ferrar! Você me colocou nessa enrascada e vai me tirar dela, Cabeçudo.

- Precisamos arrancar da Mai e da Annie qualquer coisa sobre a Dulce. Eu já vasculhei a internet e a garota não está em nenhuma rede social, nem no Facebook. Nunca vi uma garota que não está no Face.

- Estamos falando de Dulce Maria Saviñón, Christian. Ela não é uma garota, é o diabo encarnado.

- É, pode ser. – Christian observa as estrelas piscantes do lado de fora da janela. Bem que uma ideia poderia cair do céu neste exato momento. – A Mai e a Annie nunca contarão nada sobre a Dulce para nós.

- Cara, você é tão esperto para umas coisas e tão burro para outras.

- Do que está falando? – Christian eleva o tom de voz.

- A Mai está caidinha por você, seu otário. – Ucker desliza para fora da cama e bate com a mão espalmada na testa de Christian. – Só você ainda não percebeu isso.

- Como é? – Christian engasga, soltando um espirro quando Ucker acende outro incenso. – Porr a, apaga isso!

- Esse é de camomila, para acalmar. – Ucker joga o isqueiro sobre a bancada, displicentemente. – O fato é que a May está apaixonada por você e acho que ela contará tudo o que queremos saber se você largar de ser um trouxa, obviamente.

- Tem certeza disso? Man, como eu não percebi antes?

- É como eu disse: você é um otário.