Fanfic: As Crônicas de Um Amor Invernal | Tema: As Crônicas de Gelo e Fogo (Game of Thrones)
Um Príncipe deveria saber os seus direitos e os seus deveres, acima de tudo. Governar não era seu direito, e sim o seu maior dever, manter os Sete Reinos em ordem e torná-los fortes para o dia em que o “Príncipe que Fora Prometido” precisasse fazer o seu trabalho. Rhaegar Targaryen conhecia muito bem os seus direitos e os seus deveres, acima de tudo, tudo o que precisava saber estava dentro de sua mente e dali não deixaria sair. Naqueles bosques, cavalgando em direção ao torneio de Harrenhal, pensava sobre sua vida e tudo que ocorrera até ali.
Não pudera passar por Solarestival antes de continuar sua jornada com aquela comitiva, infelizmente, desejava ver o solo sagrado de seu nascimento antes do Torneio de Lorde Whent para ter sorte em nome dos Sete. As pedras queimadas, o palácio destruído, o lugar onde nascera se tornara uma pilha de destroços onde existira o maior palácio de verão da Casa Targaryen. Infelizmente fora destruído, graças ao Rei Aegon V, o Improvável, que desejava chocar os ovos ossificados de Dragão que possuía, utilizando fogovivo para fazê-los nascer.
Sua tentativa fora um fracasso total, resultando não somente a sua morte, mas também a morte de Duncan Targaryen, seu filho mais velho, mas também de Sor Duncan, o Alto, um cavaleiro andante de renome que se tornara seu Comandante da Guarda Real. Desde então Rhaella sempre lhe dissera para seguir em frente e esquecer que nascera durante o incêndio. Por mais que buscasse seguir e esquecer-se de tudo o que o incidente representava, sabia que jamais conseguiria.
Atravessou as árvores lentamente com o seu corcel negro, não tinha pressa para chegar ao Torneio. Sor Barristan Selmy, o Ousado, cavalgava lentamente ao seu lado esquerdo. Sor Arthur Dayne cavalgava a sua direita e logo atrás vinham Sor Oswell Whent e Sor Gerold Hightower da Guarda Real. Dentro das carruagens estavam Elia Martell, sua esposa, juntamente com Ashara Dayne. Lorde Jon Connington, seu bom e velho amigo se aproximava pela retaguarda.
– Um belo dia para respirar o ar puro das Terras do Rio. – disse Rhaegar, sem direcionar a afirmação.
– E um grande torneio que acontecerá, meu príncipe. – afirmou Sor Barristan. – Lanças quebradas, escudos partidos, uma Rainha do Amor e da Beleza ao final das listas a moda antiga, devemos dizer.
Olhou de soslaio para Arthur Dayne.
– Espero que venha combater, Barristan, o Ousado. – Rhaegar sorriu. – Seria um prazer enfrentar nas listas um cavaleiro com o seu renome.
– E seria um prazer derrubar um Príncipe com o seu renome.
Rhaegar Targaryen conhecia bem a simpatia que todos nutriam por ele, pelo seu jeito simples e melancólico, muitos o comparavam com Aegon, O Improvavél, mas com um toque a mais de seriedade e força. Abaixou a cabeça por alguns segundos e desejou estar próximo de Harrenhal, já se cansara da viagem. Logo estariam próximos ao Coração Alto, uma montanha onde incontáveis represeiros dos Primeiros Homens se erguiam em um passado distante, antes de Errog, o Fatricida, um Rei dos Andâlos destruir os represeiros e assassinar os Filhos da Floresta ali presentes.
Ali viviam fantasmas segundo as lendas, incluindo o Fantasma de uma filha da floresta que possuía poderes e fazia previsões, sabendo tudo que ocorreria no futuro. Ele é o Príncipe que foi prometido, e sua é a canção de Gelo e Fogo. Somente nele temos esperanças e em mais ninguém. Se falhar, todos falharemos, e a Longa Noite dominará a todos para todo o sempre. Pensou nas palavras que dissera a Elia no dia em que tomara bebê Aegon em seus braços pela primeira vez. O dia em que ele mesmo nascera, fora um dia doloroso e marcado pela morte de um bom Rei e um grande Comandante da Guarda, mas o dia em que o filho nascera, Aegon, fora completamente diferente. Ainda se lembrava da estrela vermelha cavalgando os céus, arrastando-se pela imensidão da abóbada celeste, prenunciando aquilo que fora pregado.
Quando a Estrela Vermelha sangra na escuridão, Azor Ahai renascerá da fumaça e sal para despertar os Dragões de Pedra. Relembrou a antiga profecia sobre o grande Herói, Azor Ahai, que acreditava estar em si mesmo, mas que agora acreditava estar em seu filho. Gelo e Fogo... Gelo e Fogo, Gelo e Fogo. Rhaegar se questionava a respeito do que as duas palavras significavam. Os Targaryen eram os Reis Dragões, Senhores do Fogo e sobreviventes da Antiga Valíria, mas quem representava o gelo?
– Espero que tenha se preparado, meu Príncipe. – Jon Connington surgiu ao seu lado com seus cabelos vermelhos esvoaçando com o vento, assim como o seu rosto delicado e sereno, interrompendo os seus pensamentos. – Muitas lanças para quebrar, estou muito excitado.
– Posso ver. – resmungou Rhaegar. – Não gaste suas energias antes de chegarmos em Harrenhal, por favor.
Logo atrás da comitiva de Elia estava a comitiva de seu pai, o Rei Aerys II Targaryen, chamado de louco por muitos desde o Desafio de Valdocaso. Inicialmente deveriam vir sozinhos, mas a insistência do Rei em vir fora demasiada até mesmo para Rhaegar. Pensava que às vezes Varys, a despeito de seus bons e úteis conselhos frente as idiotices de Meistre Pycelle, tentava manipular o Rei. Seria bom, realmente bom se alguém pudesse manipulá-lo e fazê-lo parar de agir como um Rei Louco muitas vezes. Pensou.
– Tentarei não gastar minhas energias, meu bom Príncipe.
Seus pensamentos estavam fixos no Coração Alto e naquele maldito fantasma. Não descansaria até vê-la.
– Arthur e Jon. – disse o Príncipe. – Quero os dois comigo, vamos até o Coração Alto.
Barristan parecia incrédulo.
– Desviar o caminho para o Coração Alto? Nós passaremos perto, mas não tão perto de lá.
– O Torneio é em uma semana, tenho tempo de sobra. – rebateu Rhaegar.
– Então eu vou junto. – disse Oswell Whent. Barristan também se dispôs.
Mas Rhaegar não pretendia levá-los.
– Você deve ficar, Oswell, o que seu irmão diria se a comitiva chegasse e o irmão do Manto Branco dele estivesse longe em uma aventura? – olhoou para o Ousado. – E meu pai vai precisar de um homem forte como você, Sor Barristan, com ele.
– Sor Gerold e Sor Oswell estarão com o Rei em Harrenhal. – rebateu Barristan.
– De fato, mas você o salvou em Valdocaso. É o único em quem ele confia no momento, Sor, preciso que mantenha seus olhos bem abertos. Mantenha meu pai seguro até o meu retorno, serei breve.
– Mas meu Príncipe, acho que devo insistir que...
Virou o cavalo para o noroeste, provavelmente a montanha deveria estar a um dia de cavalgada, então poderia consultar o Fantasma a respeito da profecia. Fora profetizado ao seu avô que a semente de Aerys e Rhaella faria nascer o Príncipe que foi prometido, mas nunca foi dito que seriam seus filhos, nem mesmo que seriam seus filhos legítimos e quem eles seriam. Precisava saber a verdade e se preparar para tal, tinha de consultar o Fantasma. Faria qualquer coisa para saber.
Sor Arthur Dayne e Lorde Jon Connington colocaram seus cavalos a postos ao lado do garanhão negro do Príncipe, então começaram uma cavalgada incessável até a montanha. Um dia de cavalgada, espero que valha a pena. Pensou. Lorde Jon o alertou que, provavelmente, encontrariam a comitiva da Casa Stark no caminho. Lorde Rickard Stark sem dúvida estaria acompanhado pelos filhos. Brandon Stark era o mais velho, mais selvagem, mais duro e forte. Eddard era tranquilo e silencioso, um homem de muita honra e poucas palavras. Benjen era o mais novo, mais sorridente, o mais tímido e o mais belo, diziam, porém com um rosto muto suave para um Stark de Winterfell. Lyanna era filha única de Rickard e ouvira dizer que nunca existira mulher mais bela e doce no mundo. “Uma dama de gelo, devo dizer. Bela, suave, tão forte e determinada, feroz como Brandon, honrada e determinada como Eddard e tão bela quanto Benjen”. Dissera Barristan certa vez.
Pouco importava naquele momento, existiam coisas mais importantes a serem resolvidas. Às vezes se perguntava se toda aquela estória sobre Azor Ahai e o Príncipe que fora prometido faria a diferença quando se tornasse rei. Talvez eu seja jovem demais para tal, talvez ainda me falte maturidade e outras coisas mais. Pensou. Mas ainda sim era somente o Príncipe de Pedra do Dragão, jovem e enventualmente impulsivo. Se o avô confiara nas palavras de uma feiticeira para casar seus pais, por que não procuraria outra para saber mais sobre a Pofecia?
Cavalgaram por pelo menos meio dia até finalmente encontrarem um bosque seguro e sereno para acamparem. Arthur seu comida e água para os cavalos, limpou-os e os amarrou em uma árvore. Jon preparou um ensopado para passarem a noite com as barrigas cheias, havia cerveja suficiente para a outra metade do dia que levariam para chegar a montanha e mais um pouco para os três dias de viagem restantes até Harrenhal. O entardecer se aproximava e Rhaegar desejava encontrar o rio mais próximo, sentar antes do crepúsculo e dedilhar em sua harpa uma homenagem a Tragédia de Solarestival.
Não foi difícil encontrar o rio, caminhou por menos de dez minutos até encontrá-lo. Usaria o som da água corrente como tema de fundo da sua música e então esperaria o anoitecer. Por aproximadamente uma hora dedilhou cuidadosamente a sua harpa, sorridente e feliz por estar ali, mesmo que apreenssivo pela missão que dera a si mesmo.
Ouviu alguns estalos de galhos se quebrando, passos eram dados por detrás dele. Rhaegar continuou dedilhando, mas a espada estava embainhada e preparada para ser utilizada a qualquer momento. Deixou aquele que tentava se aproximar chegar ainda mais perto, então o puxaria e enfiaria seu punhal na garganta do homem. Espero que não seja você, Jon. Arthur não tentaria me assustar, sei disso. Pensou. Esperou um pouco mais e quando sentiu a presença do seu atacante ainda mais perto, virou-se rapidamente e puxou-o, empurrando-o contra o chão e pousando seu punhal na garganta dele.
Ficou estupefato ao ver o rosto dela, não sabia quem era, mas tinha medo do que acabara de ver. Um Lobo Cinzento bordado no gibão. Se veste como homem,mas é uma mulher, uma bela mulher.Pensou. Seu rosto cinzento e delicado formularam um sorriso sem jeito, sua pele era alva como a neve e seus cabelos castanhos, tão lindos que brilhavam a última luz do dia. Respirou fundo.
– Quem é você?
– Diga seu nome primeiro e então lhe direi o meu. – rebateu a garota.
– Não pode ver? Sou o Príncipe Rhaegar da Casa Targaryen. Estava tentando me matar? O que pensa que estava fazendo?
– Nobres não andam matando nobres nestes dias, seja como for. – respondeu a moça. – Pode afrouxar o punhal, por favor?
– Seu nome primeiro.
Ela não tinha escolha.
– Meu nome é Lyanna da Casa Stark.
– Seu nome é Lyanna ou Lyanna da Casa Stark?
– Lyanna.
Rhaegar afroxou o punhal devagar e colocou-o na bainha. Levantou-se e ajudou-a a ficar de pé. Respirou fundo e olhou para os lados enquanto Lyanna tentava tirar a sujeira do calção e do gibão. Ela é linda mesmo como disseram. Sabia que poderia encontrá-los, mas não assim. Pensou. Ficou encantado pela moça.
– Perdão por isso. – disse Rhaegar.
– Príncipes não pedem perdão.
– Mas estes pedem. – tomou a mão direita de Lyanna e beijou-a delicadamente. – É um prazer conhecê-la, Milady.
– O prazer é somente seu, meu Príncipe. – Lyanna se desvencilhou da mão dele e correu na direção do bosque. – Preciso voltar para meu pai ou ficarão preocupados. Até logo! – foi a última coisa que ouviu ao vê-la correndo pela floresta.
Eu diria: Até Harrenhal, Milady.
Autor(a): henriquevietri
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