Fanfic: As Crônicas de Um Amor Invernal | Tema: As Crônicas de Gelo e Fogo (Game of Thrones)
– Você é a criatura mais teimosa e selvagem dos Sete Reinos! – vociferou Eddard. – Pelos Antigos deuses!
Estava tão acostumada com seu irmão sério e irritadiço que não se importava mais. Respirou fundo e continuou caminhando pela floresta, as árvores eram tão grandiosas e belas que poderia construir um ninho próprio ali. As folhas negras balançavam com os ventos, sentiu o frescor na sua pele, amava a floresta acima de tudo, mas a despeito do costume Stark, amava as Terras do Rio, onde os ventos eram frescos e os tempos úmidos o suficiente para não fazê-la congelar, mas também não fazê-la cozinha como em Dorne.
Deixou o irmão falando sozinho enquanto caminhava até o local onde Lorde Rickard Stark estava juntamente com Brandon e Benjen para um descanso antes de prosseguir até Harrenhal. Eddard cuspia fogo, mas pouco se importava com as censuras dele. Sou livre, Ned, faço o que bem entendo da minha vida. Pensou. Adorava sentir o cheiro do ar fresco e caminhando pela floresta se sentia ainda mais livre e selvagem do que nunca, algo que ninguém poderia lhe tirar. Nem mesmo Robert. Robert Baratheon e seu amor impossível, Lyanna nunc lhe daria nada além do seu carinho.Um homem de várias mulheres não é um homem para mim.
Pensou no que o Príncipe Rhaegar Targaryen estaria fazendo na floresta, tão distante dos seus cavaleiros e completamente vulnerável. Pouco me importa. Não era do seu interesse. Se aproximava da mesa de seu pai, um objeto de cedro redondo do tamanho de um boi, era feito de cedro talhado com a face do Lobo Gigante da Casa Stark de Winterfell. A madeira branca como a neve fora adornada com rebites dourados nas laterais, coisas pomposas de uma nobreza tosca, ao seu ver. Seu pai tragava um bom Dourado da Árvore, apreciava o vinho fino da Campina, diferentemente de Brandon, que preferia o vinho quente e amargo de Dorne. Benjen compartilhava o gosto do pai, exceto o seu irmão Ned. Ele não bebia nunca, jamais, odiava o efeito que fazia nas pessoas. Por isso sempre bebia água e de vez em quando meia taça de um Dourado da Ávore, apenas para acompanhar seu velho pai.
Lyanna Stark apreciava o sabor do Dourado, o amargo do vinho dornense, mas preferia mesmo a boa e velha cerveja, quanto mais escura melhor, gostava do sabor, da textura, e o seu efeito muito mais do que as duas primeiras qualidades. Uma mulher tão selvagem quanto ela não seria dominava por um Lorde de Ponta Tempestade bêbado e mulherengo, mesmo que apreciasse a sua presença e as suas piadas, além do seu jeito sincero. Robert e Eddard foram criados no Vale por Jon Arryn, cresceram juntos e se tornaram irmãos. Sabia o quanto Robert a amava e mesmo que pudesse gostar dele, jamais retribuíria o sentimento, assim como não se casaria com o Senhor da Tempestade para cumprir a regra dos casamentos arranjados de Westeros.
Brandon e Rickard conversavam sobre algo que não pudera compreender, o pai gargalhou e bebeu um pouco mais do seu vinho. Sentou-se na cadeira ao lado do pai, sob a sombra de um carvalho antigo que lhes dava a visão vislumbrante de uma grande campina cortada por rios. Não era a toa que conheciam aquela região como Terras do Rio, já que desde que saíram de Winterfell nunca tivera visto tanta água desde os poços e Fosso Cailin. A ideia fazia parte da velha mania de casamentos arranjados, Brandon Stark deveria se casar com Catelyn Tully, filha de Lorde Hoster de Correrrio, e então firmar uma aliança entre o Norte e as Terras do Rio.
Apreciou a visão enquanto almoçava peixe ensopado com batatas, queijo e porco cozido. Deliciou-se com cada pedaço, atacando primeiramente o ensopado, carne de peixe nadava dentro de um prato com sopa vermelha e bem temperada com ervas do campo. Atacou o porco, a carne mole estava saborosa, ainda mais temperada com tomates, cebolas e um molho delicioso do Norte. Terminou tudo e limpou as mãos com um pano feito de linho, sua boca estava muito suja, então aproveitou para limpá-la também.
– Come como uma selvagem. – disse Brandon com um sorriso sério. Seus olhos cinzentos eram alegres, diferentemente dos de Ned. Sua barba era grossa e seu nariz grosso em uma face completamente masculina e séria, a despeito de ser muito belo. – Logo vai começar a caçar os cervos nos campos e comê-los crus!
– Talvez você vá, não eu. – rebateu Lyanna.
Lorde Rickard gargalhou.
– Uma verdadeira Loba do Norte. – completou Brandon.
– Uma selvagem sem noção alguma do perigo. – interveio Eddard. – Que sai por aí andando sozinha sem nenhuma guarda, sem ninguém. Não sei onde ela pensa estar, mas estes são os Sete Reinos não se deve andar sozinho por aí.
Ned, Ned, sempre o mais estressado. Deixaria de lado os comentários toscos do irmão e aproveitaria mais um belo dia nas Terras do Rio. Sugou todo o ar possível e levantou-se, procuraria caminhar nos bosques e, quem sabe, reencontrar o Príncipe. Por mais que fosse selvagem, admitia em seu coração que Rhaegar Targaryen era belo, atraente, com aqueles cabelos louros-prateados e seus cabelos do mais puro índigo. Coçou a cabeça e deixou de lado aqueles pensamentos, um príncipe casado não merecia nenhum lugar em seus pensamentos, ainda mais aquele que se casara com Elia Martell, os mais leais partidários dos Targaryen.
Interessante como as coisas mudam, no entanto, de mais ferozes inimigos dos Targaryen, os que mais resistiram a conquista, derrotando Aegon, o Conquistador, Daeron, o Jovem Dragão, conhecido por perder dez mil homens na conquista de Dorne e outros cinquenta mil tentando mantê-la em seu domínio. Às vezes a paz exige mais tato do que guerra. Baelor, o Santo, irmão de Daeron, negociou a paz com Dorne e casou sua irmã, Daenerys, com o Príncipe Maron Martell. Já que o Rei era santo e, portanto, não se casaria, deu seu primo e sucessor em casamento a princesa Myriah Martell que seria mãe de Baelor Quebra-Lanças.
Conhecia a história dos Sete Reinos e pouco a emocionava a história da Conquista, amava mais a história de Azhor Ahai, o Último Herói, que lutou contra os Outros durante a Longa Noite, utilizando Luminífera, a Espada Vermelha dos Heróis, que construiu utilizando a alma da sua amada esposa, Nissa Nissa, derrotando os Outros e se tornando o primeiro grande Herói. Conhecia a história do Rei da Noite, o Lorde Comandante a Patrulha da Noite que tomou uma Outra como sua esposa e rainha, apenas sendo derrotado por uma aliança entre o Rei do Norte e Joramun, Rei Para-lá-da-Muralha. Amava as histórias selvagens de seu povo, os Primeiros Homens, e as preferia em detrimento das histórias valirianas.
Levantou e começou a se afastar da mesa devagar, sendo repreendida por Eddard. Seu pai cuspiu no chão um pouco de fumo e sorriu.
– Deixe-a, Eddard, sua irmã não é criança.
– Talvez Ned pense que ela o é. – comentou Brandon. – Deveria deixá-la em paz, Ned, deixe-a ser feliz.
Eddard Stark parecia exaltado.
– Não quero controlá-la, quero protegê-la. – resmungou. – Westeros não é uma casa de pantomimeiros, é um reino perigoso e repleto de loucos, desde os que se sentam no Trono de Ferro até os que estão no Norte, especificamente no Forte do Pavor. – Está falando dos Boltons, Roose Bolton. Pensou. Lyanna suspirou. – E daqueles que se chamam de leões, comandados por Tywin Lannister e...
– Ned, Ned! – interrompeu Lyanna. – Não preciso de lições de história, apenas preciso de paz, tudo bem? – deu de ombros para o irmão. – Vou procurar um pouco de paz longe de você.
Lyanna Stark se afastou sem nenhum medo, deixando os seus irmãos e seu pai sentados lá. Brandon gargalhava enquanto Lorde Rickard mantinha o mesmo jeito sério, mesmo que houvesse um sorriso escondido em seu rosto. Seu pai valorizava o seu jeito rebelde e selvagem, a considerava tipicamente uma Stark por isso. Benjen permaneceu com o mesmo sorriso silencioso observando a paisagem enquanto Eddard praguejava sem cessar. Correu pela floresta com um sorriso estampado no rosto, sentiu o calor do dia e o suor escorrendo pelo seu corpo enquanto finas gotículas de água se precipitavam, molhando-a ainda mais. Aquele ár úmido era típico das Terras do Rio, deveria se acostumar com aquilo por enquanto.
Correu até um pequeno monte que dava uma visão esplêndida para a paisagem gigantesca diante dela, rios e mais rios a sua frente, que cortavam a terra e muitas árvores circuncidando os rios. Descobriu que amava aquela paisagem e agradecia pelo Torneio de Harrenhal, que deveria durar pelo menos três semanas. Sentou na beirada do monte e cruzou as pernas, fechou os olhos e tentou sentir o calor, a umidade, e o sabor daquele momento único. No Norte era apenas neve e neve, nada mudava muito e nada era tão belo para ela quanto as Terras do Rio. Deitou-se sobre a rocha e manteve os olhos fechados, estava no paraíso.
– Aproveitando o dia belo, milady?
Lyanna Stark se levantou rapidamente e virou-se para ver quem era, preparada para qualquer coisa, para atacar se necessário.
– O que está fazendo aqui?
Howland Reed, o Cranogmano.
– Eu que deveria perguntar o que está fazendo aqui, Lady Lyanna, sozinha e no meio da floresta. – disse Howland. – É perigoso.
– E você é Ned agora?
Howland Reed era pequeno, não deveria ter menos de um metro e meio. Seus cabelos negros eram longos, seus olhos pareciam verdes escuros como musgo e seu corpo não era musculoso, porém forte o suficiente.
– Não sou Ned, meu melhor amigo e companheiro. – disse. – Somente estou preocupado com você, senhorita.
– Não se preocupe. – respondeu. – Sou grande o suficiente para cuidar de mim mesma.
O Cranogmano sorriu.
– O que está fazendo aqui, Reed?
– Vou até Harrenhal ver o Torneio, estava próximo da montanha Coração Alto antes de encontrá-la aqui. Encontrei um Targaryen lá e tudo me faz acreditar que era Rhaegar Targaryen.
Lyanna estava confusa.
– Sabe o que ele estava fazendo lá?
Reed gargalhou.
– Milady... Sou apenas um humilde Cranogmano, os Dragões não me diriam o que estão fazendo em um covil de fantasmas como Coração Alto. Mas o que sei é que o príncipe é supersticioso, nada mais.
Ela se levantou e abraçou Howland, que ficou sem entender o motivo daquele abraço. Virou-se para ela.
– Aonde vai?
– Para Coração Alto. – continuou caminhando.
Reed pôs a mão no ombro dela com firmeza e suspirou.
– Conheço-a, Milady, então não tentarei impedi-la de ir. – suspirou. – Mas se esse for mesmo o seu desejo, vou com você.
Lyanna Stark se irritou.
– Não preciso.
– Não importa. Vou com você, para mantê-la segura. – Howland Reed sorriu. – Ou nunca ouviu falar da teimosia dos Cranogmanos?
Autor(a): henriquevietri
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