Fanfic: O Nosso Amanhã | Tema: Rebelde, Ponny, RBD, Anahí, Alfonso, Los A

Anahí estava próxima do bairro onde moravam seus pais, ela dirigiu todo o trajeto rindo uma vez ou outra ao lembrar do dono do imóvel, a forma como ele falava, a forma como ele a olhava, a maneira fácil que ele usava para deixa-la envergonhada, ele a achara engraçada e bonita e ainda queria saber se era inteligente, segundo ele se ela fosse inteligente seria a mulher perfeita! Anahí sorria sozinha ao lembrar daquelas palavras. Os dois haviam trocado os números de celular para marcarem o local e o horário em que se encontrariam para organizarem os papéis do apartamento, mas Anahí sentia que para ele não era apenas um encontro formal, mas sim um jantar que seria para que se conhecessem melhor.

   "Se cura um amor, com outro amor" pensava Anahí amenizando a velocidade do carro ao passar a mão sobre a macha.

    Ela pôs o carro dentro da garagem e saiu do veículo como se estivesse com pressa, em seguida caminhou até o gramado que havia na frente da residência, a grama estava tão verde e bem aparada que ela preferiu senti-las nos pés, descalços, retirou os saltos e sentou em um banco de cimento que havia na frente da casa, ela ria sozinha, gargalhadas altas e bonitas. Alguns vizinhos passavam e a cumprimentavam e ela acenava e sorria sem prestar muita atenção em quem falara com ela, sua mãe apareceu em seguida sentando ao seu lado no banco de cimento.

    -Pode-se ouvir suas risadas da cozinha! –Disse a mãe pondo o vestido entre as pernas enquanto juntava-se a filha no banco – O que foi? O que está te fazendo rir desse jeito? Pensei até que o Christian estava aqui com você -Seus olhos sorriram.

    -O dono do apartamento que vou comprar –Ela sorriu lembrando do olhar de Velasco para ela -Eu acho que ele gostou de mim! –Anahí costumava contar tudo para sua mãe e isso as tornavam além de mãe e filha, também melhores amigas –Ele ficou me olhando com aquele olhar, sabe! -Ela apertou os dedos das mãos em frente a mão como se espremesse uma fruta invisível.

    -Sei! –Tisha sorriu –Aquele olhar quarenta e três! –As duas sorriram –Foi assim que seu pai me olhou pela primeira vez.

    Anahí foi diminuindo cada vez mais a risada até terminar apenas com um sorriso fino no rosto olhando o céu azul cheio de nuvens e passando a mão por todo o comprimento de seus cabelos. A mãe dela a olhava e ela sabia.

    -Como a senhora soube que era amor? –Ela perguntou ainda alisando os cabelos, como se estivesse os arrumando para alguém  –Com o papai? Como soube que era o cara certo?

    -Eu tinha brigado com meu ex-namorado, eu estava disposta a não voltar para ele nunca mais, mas aquela decisão me doía muito! –Dizia a mãe de Any fazendo com que a filha prestasse bastante atenção, ela não imaginava sua mãe apaixonada por outro cara que não fosse seu pai –Então eu estava caminhando por uma rua escura sozinha, a noite, chorando alto e de repente do nada seu pai apareceu no início da rua...quando meus olhos encontraram os dele a dor parou e eu nunca mais sofri por outro homem! Ele me olhava com tanta ternura! –Ela sorriu –E até hoje me encanta com o mesmo jeito de olhar.

    Anahí ouviu cada palavra e elas tocaram profundamente seu coração, sei que esta frase soa clichê, mas não havia outra forma de descrever. Seus braços se arrepiaram e ela pensou em Velasco e Alfonso, como se eles estivessem em sua frente, ambos com finos sorrisos simpáticos e mãos estendidas em sua direção.

    -Filha –Continuou Tisha – Tem um poema do escritor brasileiro Paulo Coelho que eu gosto muito!

    -Paulo Coelho! –Any sorriu ao lembrar dele –Grande amigo, ele é realmente um grande escritor! Que poema é mamãe?

    -“O segundo amor”, já ouviu? –Ela passou um olhar misterioso para Any que respondeu balançando a cabeça negativamente. Havia muito tempo que tivera tempo para uma boa leitura –então vou recitar para você –Ela segurou as mãos de Anahí como se quisesse passar sua energia para a filha – “Dizem que ao longo de nossas vidas teremos dois grandes amores; um com quem você vai a casar ou viver para sempre, poderá ser o pai ou a mãe de seus filhos...essa pessoa com quem você conseguirá ter a harmonia máxima para estar o resto de sua vida junto a ela -Anahí pensou em Poncho e baixou o olhar pensativa enquanto ainda segurava as mãos da mãe - E dizem que há um segundo grande amor –Ela demonstrou grandeza com uma das mãos –uma pessoa que você sempre perderá. –Aquelas palavras fizeram Anahí tremer rapidamente como se estivesse recebendo um aviso oculto -Alguém com quem você nasceu conectado, tão conectado que as forças da química entre os dois escapam a razão e os impedirão, sempre, de alcançar um final feliz. Até que um certo dia deixará de tentar...se renderá e buscará a essa outra pessoa que acabará encontrando. Mas eu te asseguro que não passará uma só noite, sem desejar outro beijo seu ou ao menos discutir mais uma vez...você sabe de quem estou falando, porque enquanto você estava ‘ouvindo’ isto, veio em sua mente, seu nome na cabeça. Você se livrará dele ou dela, deixará de sofrer, conseguirá encontrar a paz (se substituirá pela calma), mas te asseguro que não passará um dia em que não desejes que aquele alguém estivesse aqui para te perturbar. Porque as vezes, se segue mais feliz discutindo com alguém que amas, do que fazendo amor com alguém que aprecias.

    Anahí pareceu abalada pelas palavras e Tisha a olhava fixamente em silêncio, com um rosto quase que preocupado e tristonho pela filha. Ficaram se olhando, os dois grandes olhos azuis, a mãe de Anahí parecia estar lendo toda a vida da filha pelo olhar e sabia que ela sofria por algo ou por alguém, aquele poema não havia saído fluentemente, ela sabia que talvez aquela fosse a ocasião certa para dizer-lhe o que disse.

     -Eu...-Anahí procurou algumas palavras, mas o que dizer? Era necessário dizer alguma coisa? Acho que não. Tisha pôs a mão no rosto de Anahí e foi mais para perto, abraçou a filha que parecia estar precisando de um abraço.

   -Eu sei o que sente, Any -Ela passava as mãos nas costas daquele ser que tanto amava de uma forma inexplicável -Mas vai passar...acredite!

   -Eu acredito.

   O abraço foi desfeito, mas continuaram com o contato visual por mais um tempo. O queixo de Anahí se contraindo como se ela tentasse controlar os lábios que tremiam em acompanhamento de (talvez) um futuro choro. Tisha passou a mão sobre o rosto da filha mais uma vez, antes de quebrar o silêncio:

    -Eu vou entrar, seus sobrinhos e suas irmãs já estão lá dentro. Vamos? –Ela levantou-se e puxou Anahí pela mão, mas ela se recusou dizendo que entraria em seguida.

   A loira observou Tisha caminhar sobre o gramado em direção a entrada da casa enquanto ficava sozinha com seus pensamentos perigosos e sofridos.

    Anahí abraçou suas pernas e ficou olhando em um ponto fixo da grama verde, aquele poema havia conseguido tocar no seu interior. Ela ficou aprofundada em pensamentos, pensou que talvez Poncho fosse aquele amor que nunca se realizaria e que o melhor a fazer era não adiar a despedida já que não ficariam juntos no final, mas apenas deixa-lo partir em busca da felicidade e livrar-se dele para que pudesse conhecer o outro amor que lhe aguardava. Resumindo seus pensamentos uniram-se e viraram um só: “Ela já não queria sofrer, já não queria chorar”, mas não podia negar que pensar em perder o grande amor da sua vida definitivamente lhe trazia angústia, só de pensar em ele sorrindo com outra garota seu coração ficava pequeno e apertado. Mas se ela o amava:

    -Eu vou deixar você seguir seu caminho, Poncho, porque eu te amo como nunca amarei nenhum outro homem nesta vida! -Falou olhando para o azul do céu.