Fanfic: Simplesmente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
Prometendo a mim mesma que voltaria mais tarde para uma nova inspeção, dei as costas aos livros, só para me chocar com um corpo grande e rígido, parado no meio da sala.
— Ai! — dei um gritinho, mais pelo susto do que pela dor que atingiu minha testa.
Ainda não tinha visto o rosto do dono daquela parede que se chocou contra mim quando uma voz meio rouca e profunda disse, em inglês:
— O Andrej está maluco atrás de você.
O tom era meio ríspido, por isso dei um passo para trás e ergui os olhos. Dei de cara com um homem jovem, de rosto bonito, mas sério, encarando-me com um olhar irritado. Vestia uma roupa casual — jeans e camiseta de malha — e parecia muito à vontade naquele ambiente.
Tive que engolir em seco, porque aqueles olhos duros — e verdes — estavam me queimando.
— Você pode bisbilhotar mais depois — prosseguiu ele, agora, sim, deixando-me indignada. Como assim, bisbilhotar?
— O que disse? — engasguei.
Ele só balançou a cabeça e me pegou pelo braço, guiando-me porta afora. Não sou nenhuma leitora de linguagem não verbal, mas podia jurar que o cara bonito estava detestando a função de me levar até meu pai.
— Ei, eu posso andar sozinha — protestei. Ele soltou meu braço sem pensar duas vezes, como se eu estivesse pegando fogo ou fosse transmitir uma doença contagiosa.
Em silêncio, caminhamos por mais um corredor e descemos um longo lance de escadas — eu tinha que guardar esse caminho — até chegar a uma sala decorada por uma mesa enorme, onde Andrej e Irina conversavam de pé perto de uma das cabeceiras. Eles abriram um sorriso ao me verem e acho que meu pai respirou aliviado. Será que ele achou que eu havia fugido?
— Dulce! Você sumiu! — observou ele, todo feliz com minha súbita aparição. Chegou perto e beijou meu rosto.
— Desculpa — encolhi os ombros, realmente envergonhada. — Primeiro eu me perdi. Não sabia que direção tomar. Constrangedor, eu sei. Depois, descobri a biblioteca e, bom, quase desmaiei de empolgação diante daqueles livros todos.
Andrej e Irina soltaram uma gargalhada contagiante, mas meu “salvador” continuou rígido e sério como os Dragões da Independência.
— Tudo bem, filha. Fique à vontade para explorar tudo o que quiser neste castelo. Tem minha permissão. Só ficamos preocupados com seu sumiço.
— Desculpa — repeti —, vou ficar mais atenta.
— Então, vamos jantar! — Andrej esfregou uma mão na outra, demonstrando o tamanho da fome que sentia.
Foi então que percebi que eu também estava faminta. Só de pensar na comida, senti meu estômago estremecer. Apertei-o discretamente para que não fosse flagrada por ninguém. Seria uma humilhação se minha barriga rugisse naquela hora.
— Parece que você já conheceu o Chis — Irina comentou.
Meus olhos, mais que depressa, voaram até o homem emburrado, que levantou uma das sobrancelhas, numa atitude meio blasé.
— Oh! É claro! Que cabeça a minha! — Andrej me pegou pela mão e se aproximou do sujeito, todo cheio de afeto — Filho, esta é a Dulce, minha menina perdida. E este é o Christopher, Dulce. Meu filho postiço.
Nós dois nos encaramos por um instante e, quando eu já ia estender a mão para cumprimentá-lo, coisa que nenhum dos dois tinha feito até então, ele arqueou uma das sobrancelhas e disse:
— Que providencial ela ter sido encontrada justo agora, não é mesmo?
Não sei se Andrej e Irina perceberam o tom, mas para mim ficou claro: Chis foi extremamente sarcástico, o que me levou a acreditar que ele não me queria ali. Fiquei magoada. Até poucos dias atrás, eu mesma relutara em aceitar conhecer essa outra parte de minha vida. Será que aquele playboyzinho estava pensando que eu tinha segundas intenções, tipo, dar um golpe em meu próprio pai? O que não seria pouca coisa, já que ele era um rei. Fala sério!
Ninguém respondeu àquela provocação. Fechei a cara para ele e me sentei na cadeira que Andrej puxou para mim, bem a seu lado. Chis ficou de frente para nós e nem por um momento relaxou a expressão. Por isso, o jantar foi tenso. Quero dizer, não só por isso. A comida também não ajudou. E olha que eu estou acostumada a comer de tudo, já que minha mãe é dona de buffet e tal, mas nunca havia experimentado aquelas coisas, como, por exemplo, salada de estrela-do-mar! Só de ver os tentáculos do bicho espalhados no meio da travessa, quase passei mal.
Eu queria picanha, arroz, feijão, farofa. Será que eles não conheciam esse tipo de comida? Será que eu teria que fazer um regime forçado pelos próximos seis meses?! Ah, não. Se fosse preciso, eu mesma iria para a cozinha. Aprendi com minha mãe a fazer muitas receitas e sei me virar muito bem. Fome eu não passaria.
Percebendo minha relutância em engolir, Irina quis saber:
— A refeição não está do seu agrado, meu bem?
Fiquei roxa de vergonha, até porque Chis semicerrou os olhos, de um jeito maligno, aguardando minha resposta.
Eu poderia mentir e dar uma desculpa qualquer. Aliás, as frases mentirosas chegaram até a ponta de minha língua. Mas mudei de ideia a tempo. Se eu quisesse sobreviver na Krósvia, precisaria ser sincera com todos — e comigo também.
— É que eu não conheço esses pratos — confessei. — Estou acostumada com outras coisas, tipo arroz e feijão. Já ouviram falar?
Andrej caiu na gargalhada e, para minha surpresa, Chis também sorriu. E, Nossa Senhora das Graças, quando ele sorriu, tudo mudou naquele rosto. A carranca desapareceu e deu lugar a uma boca muito sexy, meio torta, com dentes branquíssimos e enfileirados. Muito charmosa a combinação.
De repente, peguei-me perdida naquela imagem, como uma garotinha de olho na Barbie Castelo de Cristal. Chis percebeu e fechou a cara novamente. Ainda bem. Se não, até que horas eu ficaria ali pagando aquele mico?
— Claro que conhecemos arroz e feijão — esclareceu Irina, paciente. — Na verdade, mais o arroz. Mas ele não faz parte das refeições diárias dos krosvianos. Nosso clima não é muito favorável ao seu cultivo.
— Certo. E vocês suprem as necessidades diárias de carboidratos com...?
— Pães e massas, é claro. — Irina foi rápida no gatilho. Mais parecia uma guia de excursão, com suas respostas para todos os tipos de pergunta. O engraçado é que não vi nenhum pão e nenhuma massa naquele jantar. Se eles tivessem sido servidos, eu não estaria passando fome.
No final das contas, Andrej me salvou. Pediu à criada que trouxesse um sanduíche de presunto e queijo para mim, o que me deixou imensamente grata.
Chis, depois do sorriso não intencional, voltou à careta de sempre e ficou quieto, só falando quando a palavra era dirigida a ele.
Consegui observá-lo um pouco mais e concluí que, mesmo bonito, ele era dominado por seu mau temperamento. Queria muito saber se ele agia assim sempre, com todo mundo, mas não tive coragem de perguntar nem para Andrej, nem para Irina. Pareceria invasivo demais, além de dar margem para possíveis especulações.
Então, no momento em que Christopher virou as costas e foi embora para seu apartamento, que ficava sei lá onde em Perla, grudei a língua no céu da boca para não perguntar nada e também saí, refugiando-me em meu novo — e maravilhoso — quarto.
Queria notícias de meu povo e aproveitei a falta de sono e a solidão para entrar em contato com todos. Assim que liguei o computador e me conectei à Internet, as mensagens começaram a pipocar.
De: Blanca Saviñon
Para: Dulce Maria Saviñon Assunto:
Chegou bem?
Minha querida filhinha,
Tudo bem aí? Chegou bem? Por que não deu notícias até agora? Aconteceu alguma coisa? Você quer voltar? Saiba que estaremos aqui, de braços abertos, caso queira retornar ao Brasil, que é seu lar.
Sei que essa mudança não deve estar sendo nada fácil para você e compreendo se estiver em dúvida. Aliás, todo mundo entende. Não quero que se sinta obrigada a nada.
Então, não me deixe nessa agonia e dê sinal de vida, O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL, tá?
Te amo muito, minha flor. Sempre.
Beijos...
Mamãe
Ai, ai. Essa é minha progenitora. Às vezes, ela é tão dramática, tão superprotetora. Acho que, no fundo, ela estava torcendo para que eu estivesse bem deprimida e voltasse correndo para seu colo. Manhê, não vai rolar, tá? Ainda estou inteira.
A próxima mensagem era de Anahí, toda animada, perguntando sobre tudo, especialmente sobre a aparência dos krosvianos. Queria saber se eram charmosos como os italianos ou rústicos e misteriosos como os russos. Como assim? No final do e-mail enorme, ela aconselhou:
De: Anahí Portilla
Para: Dulce Maria Saviñon
Assunto: Conta tudo!
(...)
Não deixe que seu lance recente com o Alfonso te impeça de paquerar muuuuito por aí. Independente de os krosvianos serem parecidos com os italianos ou com os russos, aposto que são gatos demais, uns gostosos de cabelos claros e olhos verdes. Ah! Com uns narizes charmosos, claro.
Quando puder, tire umas fotos daí e me mande por e-mail. Estou megacuriosa, pode crer.
Agora tenho que ir. Minha irmãzinha quer que eu a leve ao cinema.
Se cuida, amiga.
BJKS!
Anahí
Olha só o conselho da menina! Como poderia achar graça em qualquer outro cara estando completamente apaixonada por Alfonso? Aliás, meu coração perdeu uns dois ou três compassos assim que avistei o nome dele em minha caixa de entrada.
De: Alfonso Herrera
Para: Dulce Maria Saviñon
Assunto: Oi
Princesa (rs),
Já estou morrendo de saudades. Falei com a Anahí mais cedo, mas ela ainda não tem notícias suas. Entendo. A viagem deve ter sido cansativa e desde que chegou aí você provavelmente tem passado por muitas coisas!
Mas isso não me impede de sentir sua falta. Ontem, quando saí com meus amigos e fomos àquela nova boate nas Seis Pistas, fiquei me lembrando do dia em que a gente se conheceu. Tive que tomar todas para ficar numa boa e não deprê.
E você? Está com saudades também? Aposto que ainda não conseguiu processar direito essa nova realidade, né?
Espero que esteja gostando de tudo. É muito importante que você fique bem e curta muuuuuuito sua viagem. Escreva depois, contando as novidades. E não se esqueça de mim!
Mil beijos, gatinha.
Alfonso
Peraí! Para tudo! Boate nova? Seis Pistas? Tomar todas? Era assim que ele estava sofrendo de saudades? Até parece... Tudo bem que eu mesma não tivera tempo de parar para sofrer e lamentar a distância. Nós também não estávamos namorando nem nada. Mas nem por isso eu já tinha caído na noite e tomado um porre com a desculpa de me animar. Essa não colava!
Mas tudo bem, tudo bem. Foco, Dulce. Não era o fim do mundo. As palavras dele demonstraram afeto e carinho e, no momento, isso era tudo de que eu precisava. Né?
Ainda li outras mensagens, de mais amigos e da vovó, e todas continham basicamente o mesmo tema. Bateu uma saudade danada de todo mundo e, depois daquele jantar esquisito, com comida estranha e olhares assassinos, fiquei me perguntando se valia a pena insistir nessa maluquice de ser princesa.
Autor(a): leticialsvondy
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Os dias seguintes à minha chegada foram de reconhecimento de terreno. Ou seja, fui levada de um lado para o outro por Irina, mas meio clandestinamente. Por mais que Andrej não tivesse divulgado oficialmente a minha existência, ele temia por minha segurança. Isso era muito engraçado porque, até então, a única preocupa&cce ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 01:05:59
Eu posso morder esse rapaz *--*
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 00:34:25
Sério, tou lendo o capítulo 20 e qndo ela falou luan Santana pensei logo nessa música kkkkk
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Isy_Rocker Postado em 31/07/2016 - 18:56:43
Ameeeeeeeeei *------* Ansiosa por De Repente Dulce <3 Ficoou demais <3 ----- <3
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Isy_Rocker Postado em 30/07/2016 - 21:18:23
Meu na moral, eu quero que eles fiquem juntos mais que tudo, mas eu to morrendo de raiva da Dulce pqp, tipo ela errou com ele e tudo que ela fez foi mandar um email e agora outro e já desistiu, ela n luta por ele e isso da raiva, acho que ele devia dar um gelo nela sim e ela correr atrás, mas continuaaaaaaaaa pooor favooor *---*
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 30/07/2016 - 19:44:04
A dulce bebada é muito engraçada mas coitada dela.....Chris não ignora ela dessa vez......continua estou amando
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Isy_Rocker Postado em 29/07/2016 - 23:17:10
Cara, se ele tivesse feito alguma coisa seria a um tempo atrás e ja teria cancelado tudo, então talvez pode ser sei lá que ele mudou de ideia e a puta lá continuou com a armação ou alguma coisa assim, eu só que eu tenho certeza absoluta que ele ama ela demais e nunca armaria algo assim, muito menos na primeira vez dela eu sei que a Dul vai se arrepender de não dar UM voto de confiança, sério to deduzindo um monte aqui neh? Parei shaushas poosta loogo <3
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 29/07/2016 - 21:47:17
Já não sei mas no que acreditar seu eu acredito no Cris ou nos paparazes......coitada da Dulce......amei a maratona continua
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millamorais_ Postado em 29/07/2016 - 11:06:25
Isso tá cheirando a armação daquela cobra, rezando para que tudo se resolva logo, preciso deles juntos *---*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:19:11
Ameeeei, amei amei demaaaais *-------* Só que agr to chorando aqui, o Chris não fez isso neh? Eu sei que ele n fez '-.- E acho q a Dul deveria ter dado ao menos um voto de confianças, sei que a maratona acabou, mas sacanagem neeh, parar bem nessa parte '-.- shashuahsa Continuaaa logooo *-*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:18:56
OOOOOOIII, leitora nova aqui *------------*