Fanfic: Simplesmente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
Tudo lindo... até eu chegar em casa. Irina e eu entramos no castelo pela entrada secundária, destinada aos funcionários e moradores por ser mais curta e de acesso mais fácil.
A essa altura, ou seja, quando eu já estava havia quase duas semanas na Krósvia, todo mundo no palácio sabia quem eu era e conhecia meus hábitos — principalmente os gastronômicos.
Amiga que fiquei de Karenina, a principal cozinheira do castelo, sempre passava pela cozinha antes de me enfiar na biblioteca e ficar entocada lá até que a noite caísse. E não era só para bater papo com ela que eu ia até lá. Era também para provar tudo o que ela preparava, principalmente as massas maravilhosas. Eu ficara, sim, assustada com a comida servida em meu primeiro dia na Krósvia. Mas agora Karenina conhecia minhas preferências e adorava me paparicar.
Exausta com as compras desenfreadas, entrei encurvada na cozinha, resmungando algo ininteligível, principalmente porque falei em português.
— Kare, preciso de energia — implorei, fazendo uma voz de criança carente e usando o apelido carinhoso que dera a ela.
Karenina sorriu, mostrando sua dentição perfeita, mas quem respondeu não foi minha cozinheira favorita — depois de minha mãe, claro.
— Estou vendo que participou de uma orgia consumista.
A voz profunda me atingiu em cheio. Desde aquele jantar fatídico, eu não vira mais o dono daquela voz. Ainda bem, pois não estava preparada para suportar as indiretas e os olhares mordazes outra vez.
Passara uns dias andando feito lagartixa pelas gretas, com medo de dar de cara com ele. E, quando eu já nem me lembrava mais de sua existência, Christopher me vinha com essa frase carinhosa.
Respirei fundo para responder à altura, mas foi só olhar para ele que esqueci o que pretendia dizer.
Chris parecia um deus grego. Como eu não notara isso da primeira vez? Talvez fosse a roupa. De calça jeans desbotada e rasgada na coxa, botas marrons e camisa de malha demarcando seus músculos peitorais — Jesus, que tórax era aquele? —, ele estava de parar o trânsito.
Senti-me obrigada a admitir que o cara era uma coisa e tinha um corpo muito apetitoso. Não sei por que, mas nessa hora meu cérebro resolveu se lembrar das lingeries novas da Victoria’s Secret. Que belo senso de oportunidade!
— É — concordei, mais por impulso do que por concordar com ele. — Não resisti à tentação.
Epa! Frase ambígua. Droga, droga, droga! O sorrisinho safado que Chris esboçou era a prova de que tinha captado o duplo sentido.
— Fico feliz que esteja aproveitando seu tempo aqui da melhor maneira possível. Afinal, de alguma forma tem que valer a pena, né?
Franzi a testa. Não tinha a menor ideia do que exatamente ele estava falando. Estaria tirando uma da minha cara? Provavelmente. O santo dele definitivamente não tinha batido com o meu.
— Quer comer o que, meu bem? — quis saber Karenina, indiferente a toda a estranheza do diálogo entre mim e Christopher.
— Tem café? Se tiver, preciso de uma garrafa inteira. E pão.
Minha resposta me levou a um arrependimento imediato. Deu a entender que eu estava desesperada, isto é, mais munição para a língua ferina do enteado de meu pai.
— Também quero, Karenina — disse Chris. — Não pelos mesmos motivos, mas também estou um bagaço.
Chatinho ele, não? Coisa de mauricinho, só podia ser. De repente, deixei de ter fome e só queria ir para meu quarto e fugir daquele olhar verde e provocador.
Mas, resignada e com o estômago reclamando, sentei-me em frente à mesa da cozinha, enquanto Karenina servia um lanche com muito mais itens do que eu havia pedido. Chris fez o mesmo, mas sentou-se de um jeito bem mais despojado, com um braço sobre o encosto da cadeira e as pernas meio abertas. Ficou me encarando descaradamente, uma sobrancelha arqueada, desafiando-me a fazer o mesmo.
No entanto, tudo o que eu consegui encarar foi a tatuagem que se insinuou debaixo da manga da camisa dele, bem no tríceps. Não sei ao certo o que era. Parecia uma dessas tribais, toda preta. E sexy. Muito. Engoli com dificuldade enquanto desviava o olhar para o armário das louças, para minha própria segurança.
— Estava reparando daqui — disse ele, começando uma conversa mansa, aparentemente despretensiosa, mas que eu sabia que era pura fachada. — Seus olhos são bonitos.
Oi?
— Meio puxados, né? Cílios longos... — Christopher me estudava como se eu fosse um rato de laboratório. Senti que fiquei vermelha e não havia jeito de disfarçar isso. — Muito sensuais. E a cor é meio indefinida. Não sei ainda se são castanhos-claros ou esverdeados.
Karenina riu e se intrometeu na conversa, salvando-me de um constrangimento ainda maior.
— Menino, para com isso! Não vê que a Dulce ficou envergonhada? E é claro que os olhos dela são cinzentos, não percebeu ainda, seu tonto?
Se era para melhorar a situação, adianto que ela não alcançou seu objetivo. Fiquei ainda mais sem graça. E, sim, Karenina estava certa. Meus olhos são cinzentos, um tom tão morno quanto um dia nublado.
Christopher sorria de modo irritante. Senti que as engrenagens do cérebro dele estavam trabalhando a mil, provavelmente para soltar mais uma pérola.
Distraí-me mordendo um pãozinho de batata bem quente, recheado com requeijão, recém- saído do forno. A sensação dele em minha boca era tão boa que, por um instante, esqueci que aquele idiota gostosão permanecia plantado diante de mim.
— Sabe de uma coisa? — perguntou ele, enquanto terminava de engolir um pedaço de pão. — Embora eu não acredite muito nessa história de filha perdida no mundo, até que você se parece com o Andrej. Nem precisa fazer o exame de DNA, eu acho.
Quase cuspi o café naquela cara safada. Quer dizer que a birra toda dele era porque pensava que eu era uma fraude, uma golpista de quinta, de olho na fortuna de Andrej? Seria possível que ninguém tivesse feito o favor de contar para o ordinário que fora meu pai quem me encontrara, que ele viera atrás de mim, e não o contrário?
Mas não consegui abrir a boca para protestar. E não foi só por causa do enorme choque e da indignação, mas principalmente porque fiquei magoada. Isso mesmo. Eu não queria que Christopher pensasse mal de mim, mesmo não entendendo o motivo de eu me importar com isso.
Levantei-me da cadeira, já sem apetite. Lutando contra um nó dolorido que subia por minha garganta, finalmente disse:
— Você não sabe nada sobre mim. Nada. Então, não fique falando do que não conhece.
Por mais que ele tenha se assustado, pelo menos um pouco, com minha reação, ficou parado como uma estátua.
Enquanto eu me dirigia para fora da cozinha, sem me despedir de Karenina, escutei-a ralhar com Christopher como se ele fosse um garotinho levado. E não era isso mesmo o que ele era? Um filhinho de papai mimado?
EU: — Aí eu saí pisando duro e deixei o metido a besta sem fala!
Já fazia quase meia hora que falava ao telefone com Anahí. Já que Andrej resolvera me dar carta branca para gastar à vontade, que mal havia em abusar das chamadas internacionais? Proporcionalmente à minha vida em Belo Horizonte, era o mesmo que comprar balas na cantina da faculdade. Mixaria.
EU: — Até agora estou sem acreditar que o idiota teve a coragem de dizer na minha cara que duvida das minhas intenções. Vê se pode, Anahí! Até outro dia eu nem sabia onde a Krósvia ficava no mapa!
ANAHÍ: — Dulce, eu...
EU: — Desde o primeiro dia ele fica me encarando de um jeito irônico, com uma das sobrancelhas meio repuxada para cima, me avaliando como se eu fosse uma biscateira.
ANAHÍ: — Sinceramente...
EU: — Você acredita que ele disse que nem vou precisar fazer o teste de DNA porque eu “até” pareço com o Andrej? É muita cara de pau.
ANAHÍ: — Bom, talvez...
EU: — O pior é ter que olhar para aqueles olhos verdes profundos, porque é difícil, levando em consideração a estatura do idiota. Sabe, Anahí, você precisa ver, ele é superalto. E tem uns músculos bem definidos, deu para perceber.
ANAHÍ: — Bom...
EU: — Mas isso não quer dizer nada, já que ele perde todo o charme assim que abre a boca e solta uma daquelas frases sarcásticas, tipo, que eu participei de uma orgia consumista hoje cedo.
ANAHÍ: — Orgia consumista!
EU: — Vou falar com o Andrej, se você quer saber. Isso! Vou pedir para ele evitar encontros entre nós dois. Senão, vai ser insuportável ficar aqui, entende?
ANAHÍ: — Puxa...
EU: — Já não está muito fácil, embora eu esteja recebendo mimos e paparicos de todos aqui na casa. Mas meu pai mal tem tempo para mim e a gente quase não se vê, exceto na hora do jantar, que é sagrada. Mas eu não o culpo, porque sei que a rotina dele é complicada.
ANAHÍ: — Dulce...
EU: — Está resolvido! Nada de contato com o mauricinho gostosão do Christopher.
ANAHÍ: — Mauricinho gostosão?
EU: — Nem se ele aparecer sem camiseta, exibindo aquela tatuagem sex... digo, brega. De agora em diante vou ignorá-lo solenemente. Nada vai me fazer mudar de ideia. E então? O que você acha?
ANAHÍ: — ...
EU: — Ei, você está aí?
ANAHÍ: — Ah! Agora você percebeu, né? Não notou que eu não consegui formular uma única frase desde que você me ligou? Dulce, está tão nervosa que ficou falando sozinha, de um jeito totalmente alucinado. Parece que o mauricinho-gostosão-com-tatuagem-sex-digo-brega mexeu mesmo com seus nervos.
GiovannaPuentePortillaherrera: Postado!!
Autor(a): leticialsvondy
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EU (tomando fôlego): — Desculpa, Anahí. Mil vezes desculpa. Realmente não estou nos meus melhores dias, tudo por causa desse, desse... Aaaai! Nem consigo dizer o nome dele sem ficar brava! E era para eu estar no céu, já que comprei quase o shopping inteiro hoje. ANAHÍ: — Ah, tá! A tal orgia consumista. EU: — ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 01:05:59
Eu posso morder esse rapaz *--*
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 00:34:25
Sério, tou lendo o capítulo 20 e qndo ela falou luan Santana pensei logo nessa música kkkkk
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Isy_Rocker Postado em 31/07/2016 - 18:56:43
Ameeeeeeeeei *------* Ansiosa por De Repente Dulce <3 Ficoou demais <3 ----- <3
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Isy_Rocker Postado em 30/07/2016 - 21:18:23
Meu na moral, eu quero que eles fiquem juntos mais que tudo, mas eu to morrendo de raiva da Dulce pqp, tipo ela errou com ele e tudo que ela fez foi mandar um email e agora outro e já desistiu, ela n luta por ele e isso da raiva, acho que ele devia dar um gelo nela sim e ela correr atrás, mas continuaaaaaaaaa pooor favooor *---*
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 30/07/2016 - 19:44:04
A dulce bebada é muito engraçada mas coitada dela.....Chris não ignora ela dessa vez......continua estou amando
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Isy_Rocker Postado em 29/07/2016 - 23:17:10
Cara, se ele tivesse feito alguma coisa seria a um tempo atrás e ja teria cancelado tudo, então talvez pode ser sei lá que ele mudou de ideia e a puta lá continuou com a armação ou alguma coisa assim, eu só que eu tenho certeza absoluta que ele ama ela demais e nunca armaria algo assim, muito menos na primeira vez dela eu sei que a Dul vai se arrepender de não dar UM voto de confiança, sério to deduzindo um monte aqui neh? Parei shaushas poosta loogo <3
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 29/07/2016 - 21:47:17
Já não sei mas no que acreditar seu eu acredito no Cris ou nos paparazes......coitada da Dulce......amei a maratona continua
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millamorais_ Postado em 29/07/2016 - 11:06:25
Isso tá cheirando a armação daquela cobra, rezando para que tudo se resolva logo, preciso deles juntos *---*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:19:11
Ameeeei, amei amei demaaaais *-------* Só que agr to chorando aqui, o Chris não fez isso neh? Eu sei que ele n fez '-.- E acho q a Dul deveria ter dado ao menos um voto de confianças, sei que a maratona acabou, mas sacanagem neeh, parar bem nessa parte '-.- shashuahsa Continuaaa logooo *-*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:18:56
OOOOOOIII, leitora nova aqui *------------*