Fanfic: Simplesmente Dulce(adaptada) | Tema: Vondy
Sabe quando o professor marca prova oral e você fica esperando sua vez de ser chamada? As mãos ficam geladas, o coração bate acelerado, a garganta se fecha. Não é assim?
Pois eu estava me sentindo desse jeito a caminho de Craiev. Tudo bem que Andrej estava a meu lado — ou melhor, no banco da frente — e, pela primeira vez desde que cheguei à Krósvia, éramos só nós dois. Exceto pelo motorista, Jorgensen.
Para não chamar a atenção, Andrej abrira mão de visitar a irmã num dos carros da família real. Fomos num veículo alugado por Jorgensen, como dois meros mortais. Aparentemente, a viagem seguia tranquila. Sem o celular na orelha e o notebook no colo, meu pai e eu estávamos conseguindo desenvolver uma conversa com mais de cinco frases. Falamos do tempo, de meus passeios com Christopher, de minha adaptação, da festa de apresentação da filha do rei para o povo... Assuntos não faltavam.
Andrej é um sujeito interessante. Ele sabe escutar quando alguém fala com ele e raramente julga as atitudes das pessoas. Quando revelei que estava com medo de aparecer na frente de todo mundo, ele concordou com a cabeça e se virou para apertar meu joelho. Em momento nenhum disse que seria fácil. Não mentiu. Isso, de certa forma, era reconfortante, pois eu soube que podia confiar nele.
Apesar disso, nada tirava de mim a aflição por estar indo conhecer meus parentes. Agora a tal da tia Marieva já sabia sobre mim. Andrej não quisera chegar à casa dela de supetão e dizer: Eis aqui minha filha Dulce. Preferira prepará-la primeiro. Melhor assim, eu acho.
E até que a reação dela fora bem tranquila. De acordo com meu pai, minha nova tia recebera a notícia com euforia. Eu queria só ver.
Mas não era só isso que estava me atormentando. Desde o dia anterior, eu sentia meu coração perder um ou dois compassos sempre que pensava em Chris e naquela despedida esquisita. Duas coisas ficavam martelando minha cabeça: ele ter dito “nossos momentos” e “assuntos complicados”. Por que, como assim? O pronome nosso é tão íntimo, não é? Eu acho. Nosso é meu e seu, é compartilhamento. Se os momentos eram nossos, é porque deviam ser especiais. Será que eu estava viajando nas ideias?
E se os assuntos eram complicados, significava que o relacionamento deles não estava bom? Por mais que eu não fosse “a melhor amiga” de Christopher, era muito esquisito eu nunca ter sido apresentada a tal Laika. Namorados não vivem sempre juntos? Pelo menos, é isso que se espera deles, ora.
Eu não deveria me preocupar tanto. Christopher era apenas um ser humano a mais no mundo e, se eu ficava pensando nele de vez em quando, era por estar longe de meus amigos e das pessoas que amo. Enfim, nada de mais. Também havia a questão da aparência e tal. Nós, garotas, somos muito suscetíveis à beleza. Gostamos de sapatos por serem belos, minha gente!
Desculpe se pareço superficial, mas a beleza externa serve para ser apreciada. Claro que num relacionamento de verdade isso conta muito pouco. Ou só um pouco.
O que eu precisava mesmo era deixar aquela maldita frase de lado e esquecer tudo. Estava só de passagem na Krósvia e, em breve, tudo voltaria ao normal. Ou seja, eu, no Brasil, sendo simplesmente Dulce Maria Saviñon, sem Markov.
Por falar nisso, Andrej queria porque queria mexer em minha certidão de nascimento. Ele fazia questão de preencher o campo PAI em meu documento, vazio desde que nasci. Tudo bem. Eu aceitei acrescentar o sobrenome Markov a meu já comprido nome. Tá, tá... Fiquei feliz. Muito. Pronto, falei.
— Olhe ali a casa da sua tia, Dulce.
De repente, a viagem acabou. Meu pai interrompeu meus pensamentos e meu nervosismo subiu à quinta potência.
Enquanto Jorgensen manobrava o carro, fiquei olhando para o lugar. Craiev era uma cidade do interior, mas nem por isso parada no tempo. O bairro de Marieva era bem moderno e cheio de construções novas — e caras.
— Dê uma olhada para lá.
Ao virar o rosto na direção apontada por Andrej, dei de cara com três crianças paradas na varanda. Atrás delas, uma mulher mais velha do que eu acenava para nós com um imenso sorriso nos lábios. Respirei fundo para adquirir confiança.
Desci do carro com as pernas bambas. E, antes de dar dois passos, fui atingida por três cabeças loiras e seis braços branquíssimos. Meus primos.
— Crianças, deem espaço para a Dulce. — Marieva também se aproximou. — Ela deve estar cansada. — Então ela me viu de perto. E abriu a boca num “o” chocado. — É a sua cara, Andrej!
A constatação foi imediata, assim como o abraço que recebi em seguida. Afinal, a tia Marieva parecia ser tão simpática quanto o irmão. Ufa!
— Oi — respondi, meio sem graça.
As crianças continuaram me rodeando, como se eu fosse um duende do Papai Noel. E eram tão fofas! Duas meninas e um menino, o menorzinho de todos. A euforia deles era tanta que me abaixei para igualar nossos tamanhos. Falei:
— Oi! Eu sou a Dulce. Tudo bem?
A garotinha do meio, desde já mostrando-se a mais articulada, respondeu em inglês, que é definitivamente a segunda língua do país:
— Sim! Eu sou a Giovana, minha irmã é a Luce e o pequeno aqui é o Luka. É verdade que somos primos?
Uns fofos mesmo. Aquele pedacinho de gente não poderia ter mais do que 6 anos.
— Sim — disse Marieva, puxando-me pela mão e mais uma vez me encarando. — Estávamos ansiosos para conhecer você, Dulce. Quando seu pai contou a história sobre vocês, fiquei muito contente. Só achei um absurdo ele ter demorado tanto para me contar. Eu teria ido a Perla para recebê-la.
Sorri. E completei:
— Também estava ansiosa. Até com medo — confessei. — Não sabia como seria recebida.
— Que bobagem! — Ela passou o braço sobre meus ombros, um gesto tão casual, mas ao mesmo tempo carinhoso. — Andrej merecia esse prazer na vida.
Vi meu pai revirar os olhos. Estava constrangido, sim, mas também orgulhoso, como pude constatar pelo brilho no olhar.
Fomos caminhando em direção à casa, tão chique como as que vemos nas revistas de decoração. Meus três priminhos saltitavam atrás de nós e volta e meia tentavam chamar minha atenção. Tão lindos! Todos loirinhos. Mas, enquanto as meninas tinham cabelos lisinhos e cortados à altura das costas, Luka parecia um anjo. Era cheio de cachinhos que desciam pela testa, orelhas e nuca. Os olhos dos três eram tão azuis que lembravam o mar num dia bem ensolarado.
Marieva também era assim: muito loira, muito branca, de olhos muito azuis. Somente o formato do rosto lembrava um pouco o de Andrej. Mas ela também era bem bonita e jovem. Calculei que devia estar na casa dos 37 anos.
— O Marcus está lá nos fundos — anunciou minha nova tia. — Insistiu em preparar um churrasco, porque leu não sei onde que os brasileiros adoram. Verdade, Dulce?
— Sim. Adoramos. Nós, brasileiros, amamos comer e eu, particularmente, sou fã de uma boa carne.
Andrej deu uma gargalhada forte e comentou:
— É verdade, Mari. A Dulce é uma comilona e também sabe cozinhar muito bem. Outro dia ela ensinou a Karenina a fazer pão de queijo. Você acredita nisso?
Agora foi a vez de Marieva gargalhar.
— Como foi que conseguiu essa mágica? Aquela lá não deixa ninguém entrar na cozinha dela.
Dei de ombros. Não era nada de mais, de qualquer forma.
Fui conduzida pelo andar de baixo da casa, sempre escoltada pelos três irmãos. Não pude reparar em muita coisa, pois poderia parecer bisbilhotice, mas notei a decoração de excelente bom gosto e o estilo moderno do lugar. Bem diferente do Palácio Sorvinski, com certeza.
Andrej me contou que minha tia era uma mulher muito engajada em causas sociais, embora tivesse dinheiro para comprar uma ilha. Era formada em antropologia, trabalhava como pesquisadora numa universidade de renome na Krósvia e ainda era voluntária numa entidade assistencial que cuidava de crianças órfãs. Além de ser mãe e esposa. Que jornada, hein!
Já o marido dela, o tal Marcus, era empresário. Nascera na Itália e se mudara para a Krósvia para expandir os negócios do pai, que consistiam em nada mais, nada menos do que uma vinícola superfamosa. Com a mudança, ele levara a marca para o país vizinho e simplesmente multiplicara o faturamento da empresa. Andrej disse que Marcus exportava vinho para o mundo inteiro, inclusive para o Brasil. E passava mais tempo na fazenda — em Craiev mesmo — do que em casa. Agora, não me pergunte quando é que esses dois pais atarefados tinham tempo para aquelas três crianças. Vai saber.
Depois de percorrer uma sala ampla e clara e atravessar uma cozinha cheia de aço inoxidável, chegamos ao que só podia ser o jardim de tia Marieva. Ou terreiro, sei lá. Na verdade, era uma área enorme, toda gramada, com uma piscina no centro, contornada por um caramanchão ornamentado por trepadeiras floridas, muito parecidas com as nossas conhecidas buganvílias.
Para um dia frio como aquele, nadar era uma opção descartada. Mas as crianças estavam mais interessadas em mim do que em diversão. Ou será que eu era a diversão do dia?
Marcus largou a churrasqueira para vir nos receber. Ele tinha o porte de um homem bem- sucedido, sem sombra de dúvida. Caminhou até nós com altivez e elegância, sem deixar de sorrir por um segundo sequer. Mas não um sorriso simplesmente simpático ou amistoso. Isso também, mas muito mais de sondagem misturada com poder, se é que eu tenho feeling para perceber esses pormenores.
Feitas as apresentações, iniciamos nossa jornada em busca do clima perfeito, ou seja, todo mundo tentando me deixar relaxada, apesar de quererem me encher de perguntas. Mas ficaram nas amenidades, tipo:
— Está gostando da Krósvia?
— Já se acostumou com o clima?
— Tem tido tempo de passear?
E por aí vai.
Claro que eu respondia tudo na maior boa vontade, até porque preferia falar sobre essas coisas a entrar num terreno mais constrangedor. Por exemplo, não seria nada confortável contar a história de como Andrej e eu nos conhecemos. Ou por que minha mãe nunca dissera nada sobre mim a meu pai.
Mas captei toda a curiosidade saindo pelos poros de Marcus, que estava se segurando para não ultrapassar a barreira do constrangimento. Mais em respeito a meu pai, óbvio. Não sei, não, mas o cara ficava me olhando de um jeito desconfiado, mais até do que Christopher nos primeiros dias. Ah, não! Mais um para achar que sou biscateira. Fala sério.
— É verdade que as brasileiras usam biquíni fio-dental?
De repente, passamos a escutar o canto dos pássaros. E o zunir dos mosquitos. Dá para acreditar que a pequena Luce tinha acabado de me fazer essa pergunta? Parecia brincadeira.
Tia Marieva, vermelha feito a bandeira da China, tossiu, mas logo recuperou o ar e disparou:
— O que é isso, menina? De onde tirou essa ideia?
— Ué, meu p...
— Ninguém disse nada, não é, meu bem? — Luce foi interrompida por um Marcus encabulado. — Ela deve ter ouvido isso na televisão.
— Mas como é um biquíni fio-dental? — insistiu ela, com a carinha mais inocente do mundo.
Não sei por que, mas é incrível como brasileiro tem fama ruim. Vira e mexe alguém dá a entender que somos todos depravados, liberais e sem censura. Em parte eu sei o porquê. Basta assistir a um desfile de escola de samba no carnaval e ao festival de nudez promovido principalmente por artistas — ou aspirantes a artistas — desesperados por atenção. Mas, puxa! Nós nem fazemos topless com tanta frequência quanto as europeias, que são bem mais liberais do que nós em muitos aspectos. Dá tanta raiva!
Juju Uckermann_: Muito interessado nesse assunto ñ? kkkk Postado Gatenha!
Autor(a): leticialsvondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 01:05:59
Eu posso morder esse rapaz *--*
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millamorais_ Postado em 01/08/2016 - 00:34:25
Sério, tou lendo o capítulo 20 e qndo ela falou luan Santana pensei logo nessa música kkkkk
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Isy_Rocker Postado em 31/07/2016 - 18:56:43
Ameeeeeeeeei *------* Ansiosa por De Repente Dulce <3 Ficoou demais <3 ----- <3
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Isy_Rocker Postado em 30/07/2016 - 21:18:23
Meu na moral, eu quero que eles fiquem juntos mais que tudo, mas eu to morrendo de raiva da Dulce pqp, tipo ela errou com ele e tudo que ela fez foi mandar um email e agora outro e já desistiu, ela n luta por ele e isso da raiva, acho que ele devia dar um gelo nela sim e ela correr atrás, mas continuaaaaaaaaa pooor favooor *---*
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 30/07/2016 - 19:44:04
A dulce bebada é muito engraçada mas coitada dela.....Chris não ignora ela dessa vez......continua estou amando
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Isy_Rocker Postado em 29/07/2016 - 23:17:10
Cara, se ele tivesse feito alguma coisa seria a um tempo atrás e ja teria cancelado tudo, então talvez pode ser sei lá que ele mudou de ideia e a puta lá continuou com a armação ou alguma coisa assim, eu só que eu tenho certeza absoluta que ele ama ela demais e nunca armaria algo assim, muito menos na primeira vez dela eu sei que a Dul vai se arrepender de não dar UM voto de confiança, sério to deduzindo um monte aqui neh? Parei shaushas poosta loogo <3
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GiovannaPuentePortillaherrera Postado em 29/07/2016 - 21:47:17
Já não sei mas no que acreditar seu eu acredito no Cris ou nos paparazes......coitada da Dulce......amei a maratona continua
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millamorais_ Postado em 29/07/2016 - 11:06:25
Isso tá cheirando a armação daquela cobra, rezando para que tudo se resolva logo, preciso deles juntos *---*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:19:11
Ameeeei, amei amei demaaaais *-------* Só que agr to chorando aqui, o Chris não fez isso neh? Eu sei que ele n fez '-.- E acho q a Dul deveria ter dado ao menos um voto de confianças, sei que a maratona acabou, mas sacanagem neeh, parar bem nessa parte '-.- shashuahsa Continuaaa logooo *-*
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Isy_Rocker Postado em 28/07/2016 - 23:18:56
OOOOOOIII, leitora nova aqui *------------*